Cap 03- Fiorella Fortunatto

Fiorella Fortunato

Por Deus, o que farei? Vi a maneira que Dante olhou para mim, o olhar intenso que sempre me fez estremecer. Sai da sala ainda sentindo todo o meu corpo arrepiar, Fiorella sua burra, não deveria sentir essas coisas. Sabe muito bem que Dante não é um homem para se amar, ele não é mais aquele garotinho assustado que passou a noite deitado ao seu lado quando perdeu a mãe há treze anos.

Entro na cozinha e encostei minhas costas na parede tentando conter as batidas do meu coração. Eu sabia que ficaria assim, por mais que eu tentasse arrancar esse sentimento que existia dentro do peito, jamais consegui esquecê-lo.

Ele continua lindo, mas existe algo diferente em seus olhos azuis. Não consigo mais enxergar a pureza e a doçura, vejo uma névoa sombria e pesada, ele me olhou com desejo e não com carinho, isso me deu medo. Preciso me afastar, não posso me aproximar de Dante. É perigoso para minha sanidade e para o meu coração!

— Filha, está tudo bem?

Desvio os olhos e encaro minha mãe. Ela sabe que eu sempre o amei e que jamais consegui arrancar esse sentimento de dentro do peito, um amor diferente, um amor puro, um amor protetor… mas tenho que entender que aquele garotinho não existe mais. Sorrio fraco e respondo:

— Sim mamãe, está tudo bem!

Minha mãe me encara sabendo que estou mentindo, mas não diz nada, apenas completa:

— Vamos, o senhor Giácomo está pedindo que leve uns drinks para o escritório.

— Ma-mamãe por favor eu…

— Fiorella já conversamos sobre isso. Esqueça o que aconteceu, Dante não é mais aquele garotinho, se transformou num homem frio e cruel.

— Eu sei.

— Se vai morar aqui, tem que aceitar de uma vez por todas. Não poderá ficar fugindo dele.

Suspiro derrotada. Mamãe tem razão, preciso agir com naturalidade e esquecer aquela noite há treze anos. Com determinação encaro os olhos verdes de minha mãe e digo:

— Tudo bem mamãe, pode deixar comigo!

✲ ✲ ✲

Dante Moretti

Escuto a discussão calorosa que acontece entre meu pai e um dos membros. Velhos ultrapassados que insistem em manter as leis e tradições. Nada disso me importa, estou aqui porque minha presença é fundamental, como único herdeiro da máfia tenho que ficar por dentro de tudo o que me rodeia, não concordo com metade do que é discutido aqui.

Quando eu assumir a máfia no lugar do meu pai, muitas coisas vão funcionar do meu jeito. Não viverei preso a tradições impostas por velhos burros e medíocres que não ambicionam.

Degusto minha bebida e minha mente me leva para longe… aquela linda morena, aqueles olhos verdes são tão familiares, mas de onde? Fecho os olhos apenas imaginando as inúmeras coisas que pretendo fazer com aquela menina… A porta é aberta e a dona de meus pensamentos mais pecaminosos acaba de entrar.

Ela caminha com ternura até próximo a mim, com a bandeja nas mãos, ela serve a todos os membros do conselho que estão inertes a sua beleza. Não desvio o olhar um minuto sequer dela e percebo que ela sente isso, pois me encara e ruboriza. – Oh minha menina, não imagina o que estou prestes a fazer com você. — penso. Ela se afasta para sair da sala, mas me antecipo e seguro o seu braço. Assustada ela me encara e os lábios rosados entreabertos é um convite para mim. Ficamos nos olhando por segundos quando escuto o meu nome:

— Dante, o que acha?

Desvio meu olhar apenas para saber quem falava comigo e logo sinto o corpo pequeno se esquivar de minha mão. Olho novamente para a garota que parece assustada, ignorando a pergunta que me foi feita.

— Por que tirou minha mão?

Ela me encara parecendo surpresa e assustada ao mesmo tempo, naquele momento sou invadido por lembranças de um passado que quis esquecer. Meu padrinho se aproxima e diz:

—Dante?

— Oi padrinho? – respondo sem olhar em seus olhos.

— Precisamos da sua opinião.

A garota baixa a vista e se afasta deixando algo dentro de mim inquieto. Preciso descobrir o porquê dessa menina mexer comigo. Não sou um homem inocente, já tive milhares de mulheres na minha cama, sexo para mim deve ser intenso, selvagem, bruto, mas por que com essa menina sinto uma necessidade de algo que nunca tive? O que ela tem de especial além de ser linda?

— Dante?

Meu padrinho fala novamente. Encaro por onde ela passou e volto para ele dizendo:

— Não ouvi o que foi dito, poderia repetir?

Henrico se aproxima de mim e me olha nos olhos. Ele me conhece o suficiente para saber que algo me incomoda, mas é discreto o suficiente para não dizer nada.

Volto para a mesa onde estão reunidos todos os membros e finalmente fico a par do que é discutido, uma aliança matrimonial para solidificar a máfia. Em outras palavras a porra de um contrato de casamento. Suspiro fundo e prevejo dor de cabeça, mas não posso fugir das obrigações que carrego no meu nome.

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