Durante o trajeto, Hazel não consegue conter o sorriso que insiste em se formar em seus lábios. Cada detalhe dessa noite parece ter sido meticulosamente planejado para despertar as lembranças que ela guarda com tanto carinho. Agora, ela está a caminho do restaurante italiano próximo ao seu antigo apartamento, o lugar onde ela e ele jantaram juntos pela primeira vez. Saber que ele se lembra desses momentos, que poderiam facilmente ter se perdido com o tempo, a enche de uma alegria silenciosa, quase mágica. É como se, para ele, cada segundo compartilhado tivesse o mesmo valor que tem para ela, cada instante preservado como um tesouro.Quando o carro para em frente ao prédio familiar, Hazel observa a fachada por um instante, permitindo que as memórias fluam. Ela então pede ao motorista que avance um pouco mais, até pararem em frente ao restaurante. Ao descer, o ar é imediatamente invadido pelo cheiro irresistível de massas e temperos italianos, transportando-a de volta àquela primeira no
Ainda ajoelhada, com as lágrimas deslizando silenciosamente pelo rosto, Hazel sente o peso das emoções misturadas a cada movimento. Seus dedos trêmulos abrem a bolsa, e ela retira cuidadosamente as peças do quebra-cabeça que havia coletado, como se cada uma carregasse um fragmento de uma verdade maior. Ela as organiza com precisão sobre a toalha, uma por uma, até que as dezesseis peças estejam dispostas diante dela. O ambiente ao redor parece suspenso no tempo, carregado de uma expectativa silenciosa, como se o próprio ar esperasse o próximo passo.Antes de começar a montar, uma dor aguda em suas costas a faz parar. A dor se move, lenta e inesperada, para seu abdômen, trazendo um leve desconforto. Hazel fecha os olhos por um segundo, tentando processar a sensação.— O que foi, bebezinho? — Murmura, as mãos envolvendo a barriga num gesto instintivo de proteção. Sua expressão se mistura entre a preocupação e o carinho enquanto ela se ajusta, sentando-se com cuidado sobre a toalha. A dor
Ao descer diante dos imponentes portões da luxuosa mansão, Hazel é envolvida por uma emoção tão profunda que quase a faz perder o fôlego. Aquele lugar, que sempre representou a felicidade e o refúgio de Hunter, agora também simbolizava uma parte essencial de sua própria história. Um sorriso suave, cheio de significado, toma conta de seu rosto enquanto os portões se abrem lentamente, revelando o caminho que a levaria até ele. Cada batida de seu coração parecia mais forte, mais viva, à medida que a antecipação crescia em seu peito.Ao dar o primeiro passo, ela quase vacila. Não por cansaço, mas pela surpresa que a aguarda. O caminho de pedras, já naturalmente encantador, agora estava transformado em um cenário digno de conto de fadas. Balões em forma de corações flutuavam graciosamente ao longo do percurso, cada um trazendo pequenas palavras escritas com carinho, “Te amo”, “amor eterno”, “nós dois”, palavras que pareciam sussurrar a promessa de um futuro feliz. Luzes delicadas, em tons s
Hazel leva as mãos à barriga, sentindo novamente o leve desconforto no abdômen, e no mesmo instante, Hunter se levanta apressadamente. Ele fecha a pequena caixa e a coloca no bolso, o nervosismo estampado em seu rosto pálido, embora tente manter a compostura. — Acho que me emocionei um pouco demais. — Declara Hazel, tentando minimizar a situação com um sorriso sem graça, mas ela observa o leve sorriso dele desaparecer num segundo, substituído por puro pavor.— Certo, tudo bem, calma. — Responde Hunter, tentando respirar fundo, mas falhando miseravelmente. — Vamos ficar calmos. — Tenta soar confiante, mas sua voz sai em um tom mais alto e apressado do que o esperado, o que faz Hazel segurar a risada. — Precisamos ir para o hospital. — Anuncia, já se inclinando para pegá-la no colo, com os olhos arregalados, como se o mundo estivesse desmoronando.— Não, não precisamos disso. — Retruca, colocando a mão firme no peito dele, tentando pará-lo. — Eu disse sim, Hunter. Agora, coloque o anel
Assim que Hazel desaparece de vista, as instruções que ela havia dado parecem evaporar da mente de Hunter como se nunca tivessem sido ditas. Ele começa a andar de um lado para o outro em frente à escada, o celular na mão, tentando desesperadamente se lembrar de qualquer coisa útil. — Droga! — Murmura, batendo levemente o dedo indicador na testa, como se isso fosse milagrosamente fazer sua mente funcionar melhor. — Ligar para Eva. — Repete para si, abrindo a agenda de contatos, encontra finalmente o nome dela, e fazendo a ligação, andando de um lado para o outro. — Anda, atenda logo! — Resmunga, cada segundo de espera parece uma eternidade. Quando a ligação é finalmente atendida, ele praticamente grita. — Eva, a Hazel precisa da bolsa do bebê!— O quê? — Pergunta Eva, claramente pegando metade da informação. — Por quê? O que está acontecendo?— Eu, eu acho que o bebê está nascendo! — Dispara, apontando inutilmente para o topo da escada.— Você acha que o bebê está nascendo? — Indaga,
Enquanto Hunter acelera pela estrada, o silêncio entre eles é quebrado apenas pelo som constante do motor, mas dentro dele, um verdadeiro turbilhão de pensamentos e preocupações continua a crescer. Ele sabe que precisa estar à altura da situação, mas a pressão da responsabilidade parece pesar cada vez mais sobre seus ombros. A cada quilômetro, ele sente o nervosismo apertar como uma corda que não para de tensionar.— Hunter, conseguiu falar com a minha irmã? — Pergunta Hazel, a voz dela quebrando o silêncio, mais calma do que antes, como se a dor tivesse momentaneamente cedido.— Não, ela não atendeu. — Responde Hunter, o olhar ainda preso na estrada, seus músculos tensos enquanto continua dirigindo. Ele solta um suspiro leve e tira a mão do volante por um momento para pegar o celular no bolso. Com um movimento quase automático, ele entrega o aparelho a Hazel. — Tenta de novo. — Instrui, forçando-se a soar calmo, mesmo que a pressão ainda pese sobre ele. Hunter respira fundo, tentando
Assim que passaram pela recepção, Hazel foi rapidamente levada para a sala de atendimento. Vestida com a camisola hospitalar, ela se deita na cama, tentando encontrar um ritmo em sua respiração, que agora vem em ondas rápidas, acompanhando o fluxo incontrolável das contrações. Hunter está ao seu lado, segurando sua mão com uma firmeza que transmite muito mais que apoio, é como se, naquele gesto, ele estivesse tentando absorver parte da dor que ela sentia. Seus polegares desenham círculos suaves na pele dela, e, mesmo em meio à tempestade de dor, esse toque constante a faz sentir que não está sozinha.Hazel fecha os olhos por um momento, tentando bloquear tudo ao redor, concentrando-se em se preparar mentalmente para o que está por vir. A porta se abre com um rangido suave, e a enfermeira entra na sala com um sorriso acolhedor, seus movimentos rápidos e precisos. Ela ajeita os equipamentos com eficiência, enquanto sua presença tranquila tenta amenizar o ambiente carregado.— Vou monit
A sala muda, mas Hazel mal registra as luzes sendo ajustadas, ou os preparativos sendo feitos ao seu redor. O único som que consegue realmente ouvir é o ritmo irregular de sua respiração e os batimentos acelerados do próprio coração. A enfermeira se aproxima e ajuda Hazel a mudar de posição na cama, mas cada movimento traz uma nova onda de dor, mais aguda e dolorosa. Hazel grita mais uma vez, os músculos de seu corpo se contorcendo com a intensidade. Tudo parece apertar ao redor dela, como se estivesse presa dentro de seu próprio corpo.A médica se posiciona aos pés da cama, pronta para o momento do parto, mas Hazel sente o mundo à sua volta se dissolver. Cada segundo é um novo desafio para se manter consciente, para não sucumbir à dor esmagadora que parece não ter fim. O medo, a exaustão, e a sensação de estar completamente à beira do colapso a dominam, enquanto ela tenta desesperadamente encontrar forças dentro de si. O apoio de Hunter, as palavras da equipe médica, tudo parece dist