Os dias que se seguiram foram marcados por uma mistura de felicidade e apreensão. Mesmo com o vínculo profundo e a esperança que surgiu entre elas, Kristen ainda se sentia insegura. Sua aparência, as mudanças que o câncer trouxe, a faziam se sentir vulnerável, e ela começou a evitar as visitas de Liang, sempre arranjando uma desculpa diferente para não o ver.Enquanto isso, Hazel mergulhava em seu trabalho, tentando manter a mente ocupada. Em sua sala, concentrada na análise de um problema complicado, ela é subitamente arrancada de seus pensamentos quando a porta se abre bruscamente. Hazel salta da cadeira, o susto evidente em seu rosto.— Você quer me matar de susto? — Pergunta Hazel, colocando a mão no peito, sentindo o coração acelerado.— Me desculpa. — Responde Liang, sua voz tensa enquanto ele fecha a porta atrás de si. — Mas preciso saber o que está acontecendo. — Afirma, se aproximando da mesa de Hazel, seu olhar preocupado. — Por favor, me diga, por que Kristen está me evitan
Na porta, parado e observando-a com uma intensidade silenciosa, está Liang, segurando um buquê de rosas. Mas o que realmente chama atenção não são as flores, e sim o gesto surpreendente que ele fez, ao entender o motivo pelo qual Kristen o estava evitando, ele tomou uma decisão que ia além das palavras. Liang raspou os próprios cabelos, em um ato de amor e solidariedade, para Kristen saber que ele estava com ela, em cada momento, até nas partes mais difíceis.Os olhos dele encontram os de Kristen, e um sorriso suave, cheio de admiração e ternura, se forma em seus lábios. Ele a contempla, não com piedade, mas com uma reverência silenciosa, como se ela estivesse mais linda do que nunca. Kristen, sentindo o coração acelerar de uma maneira que não esperava, devolve o sorriso, tímido. Liang está ali, da forma que ela temia, mas também da forma que ela mais precisava, presente, inteiro, sem julgamentos.As lágrimas começam a encher os olhos de Kristen, mas agora são de um tipo diferente. O
No quarto, Hazel encara o vestido vermelho sobre a cama com um misto de surpresa e admiração. O presente, que Kristen estava tão empolgada para que ela abrisse, era elegante e sofisticado, cada detalhe parecia pensado para fazê-la se sentir especial. O tecido fluía delicadamente, o corte perfeito para acentuar suas curvas de maneira sutil, mas marcante.— Ela te ouviu reclamando na frente do espelho, dizendo que nada estava ficando bom em você. — Confessa Eva, antecipando o que Hazel provavelmente perguntaria. — Kristen quer que você se sinta linda no evento. — Completa com um sorriso terno.— Isso é realmente lindo. — Elogia Hazel, ainda admirada, passando os dedos pelo tecido macio. — Espero que me ajude a levantar minha autoestima, porque ela anda lá embaixo. — Admite com uma risada leve. — Sério, quem inventou que toda mulher fica radiante na gravidez? Eu, com certeza, não fiquei. — Brinca, tentando rir de si mesma, enquanto Eva lhe lança um olhar firme.— Para de bobagem, menina!
Após tantos meses de distância, a simples visão de Hunter deixava Hazel sem ar. O tempo parecia desacelerar quando seus olhares se encontraram, como se o espaço entre eles deixasse de existir. Naquele instante, tudo o que Hazel havia cuidadosamente reprimido retornou com uma força avassaladora. Saudade, desejo, dor, todas as emoções se misturavam e a consumiam por completo. Era como se o tempo e o espaço ao redor perdessem o sentido, deixando apenas Hunter, ali, diante dela.Seu coração batia descontroladamente, enquanto sua mente era engolida por uma torrente de sentimentos. A dor da separação, o desejo de reviver tudo o que haviam compartilhado, e a saudade do toque dele, tudo isso se chocava dentro dela, criando uma mistura intensa de emoções que parecia impossível de controlar.Por um breve, intenso momento, ela se esqueceu de onde estava, de quem estava ao seu lado, e tudo o que importava era Hunter. Ele estava ali, de volta em sua vida, trazendo consigo todas as emoções que ela
O impacto do corpo de Hunter contra o de Hazel a empurra com força. O estalo seco do salto quebrando reverbera no ar enquanto ela perde o equilíbrio, caindo desajeitadamente no chão. Um gemido suave de dor escapa de seus lábios, mas para Hunter, é como se aquele som ecoasse em sua mente, ampliando o pânico que se instala de imediato. A visão dela no chão, vulnerável, faz seu coração disparar. O mundo ao redor parece parar, e tudo o que resta é a imagem de Hazel, caída diante dele, a dor estampada em sua expressão.— Ai meu Deus! — Exclama Hunter, a voz trêmula, carregada de pânico, enquanto se abaixa com uma pressa desesperada. Suas mãos tremem quando a toca, o medo de tê-la machucado mais do que poderia suportar refletindo-se em seus olhos arregalados. — Você está bem? — Pergunta com urgência, mas antes mesmo de ouvir uma resposta, ele a ergue nos braços. O desespero comanda cada movimento, enquanto ignora completamente os olhares curiosos ao redor. Naquele momento, o mundo inteiro d
O médico pausa o exame, trocando um olhar silencioso e significativo com Hunter, que instantaneamente percebe o peso da situação. Sem hesitar, ele senta-se ao lado de Hazel, suas mãos grandes e firmes pousando delicadamente sobre as dela. Com um cuidado quase reverente, ele afasta as mãos dela do rosto, revelando o desespero profundo em seus olhos, um mar revolto de sentimentos que transbordava sem controle. O choro incessante dela parecia preencher o quarto, como se cada lágrima carregasse o peso de tudo o que ela vinha guardando.Hunter não diz uma palavra, mas seus gestos falam por ele. Ele a envolve em um abraço firme, aconchegando-a contra seu peito, onde ela podia ouvir o batimento constante do coração dele, uma tentativa desesperada de acalmá-la, de dar a ela algum tipo de conforto no meio daquele caos interno. Sua mão acaricia suavemente as costas dela, num movimento reconfortante, quase como se estivesse tentando segurar os pedaços dela que estavam desmoronando.Com um olhar
Hunter enfia as mãos nos bolsos, os punhos cerrados, numa tentativa desesperada de conter a raiva que lateja em cada fibra do seu corpo, alimentada pelo ciúme intenso que o consome naquele momento.— Hazel, você está bem? — Pergunta Liang ao se aproximar, sua preocupação evidente, ignorando completamente a presença de Hunter.— Estou bem, Liang, não se preocupe. — Responde Hazel com um sorriso tenso, tentando manter a calma, enquanto seus olhos captam a expressão de Hunter endurecendo a cada segundo. — Só que…— Achei que você já tivesse retornado ao seu país, senhor Zhang. — Interrompe Hunter, a voz cortante, cada palavra carregada de hostilidade. — Meus planos mudaram, senhor Hill. — Responde Liang, com um sorriso sutil, percebendo claramente o ciúme que ferve em Hunter. — Surgiram motivos interessantes para eu ficar. — Acrescenta, levando o olhar deliberadamente para Hazel, numa tentativa de intensificar o desconforto e provocar ainda mais ciúmes. O brilho de diversão em seus olho
As portas de um dos elevadores se abrem, e Hunter se move sem hesitar, caminhando até ele e segurando a porta aberta. Seu olhar permanece fixo em Hazel, que faz de tudo para ignorá-lo, seus olhos inquietos saltando de um ponto ao outro, como se qualquer coisa fosse mais segura do que encarar a presença imponente dele.— Você vai entrar? — A voz de Hunter corta o silêncio, chamando sua atenção, forçando-a a olhar para ele.— Sim. — Responde Hazel, quase apressada, suas mãos nervosas passando pela ponta dos cabelos em um gesto automático. Com passos hesitantes, ela caminha em direção ao elevador. — Desculpa, estava distraída. — Mente, sabendo muito bem que sua verdadeira intenção era evitá-lo. O pensamento de dividir um espaço pequeno com ele a fazia sentir-se exposta, vulnerável de um jeito que ela não queria admitir.— Como você está? — Pergunta ao entrar no elevador, parando ao lado dela, sua presença irradiando uma intensidade silenciosa.— Por que as pessoas nunca entram no elevado