Apenas no dia seguinte, Hazel finalmente consegue visitar a irmã. Sentada ao lado dela na cama, ela observa Kristen, a cabeça enfaixada, o rosto pálido e frágil, deixando clara a gravidade de sua condição, algo que Hazel não havia percebido antes com tanta nitidez. Uma dor silenciosa aperta seu peito enquanto segura a mão de Kristen, seus dedos acariciando com ternura, desesperada para transmitir alguma força, mesmo sabendo que nunca se sentiu tão fraca e impotente como agora, com a gravidez pesando sobre seu corpo e sua alma.— Ela ainda não acordou? — A voz de Eva ecoa pelo quarto, baixa e carregada de ansiedade, ao entrar discretamente.— Ainda não. — Responde Hazel, forçando um sorriso gentil, tentando manter a calma por todos ali. — E você, conseguiu descansar? — Pergunta, preocupada com o bem-estar de Eva.— Sim. — Responde, aproximando-se e beijando levemente a testa de Kristen, repetindo o gesto em Hazel, em um carinho silencioso. — O senhor Zhang está na recepção. — Informa,
Kristen se ajeita na cama, seus olhos seguindo Hazel e Eva enquanto saem do quarto. Ela passa as mãos pelas pontas do cabelo, tentando se arrumar, mesmo que de forma tímida, para parecer apresentável. Quando a maçaneta da porta se move, seu coração dispara, e, ao ver Liang entrar, um sorriso largo ilumina seu rosto. Ele se aproxima rapidamente, sem hesitar, e seus lábios encontram os dela em um beijo intenso e urgente.— Como você está? — Pergunta Liang, ofegante, segurando o rosto dela entre as mãos, seus dedos acariciando sua pele enquanto deposita beijos suaves em seus lábios.— Estou bem. — Responde Kristen, sorrindo entre os beijos, como se a presença dele aliviasse todo o peso do mundo. — E você, como está?— Agora estou melhor, com você nos meus braços. — Responde, baixando a cabeça para beijar levemente sua testa, os olhos repletos de ternura e alívio. — Fiquei tão apavorado quando soube do que aconteceu. — Confessa, acariciando sua bochecha com o polegar, como se precisasse s
Evan segue absorvendo as palavras de Liam, cada uma corroendo sua mente. A situação em que se encontra é mais sombria do que jamais imaginou. Ele havia perdido o controle no dia anterior, mas nunca, em sua vida, cogitou matar alguém. Agora, uma risada amarga se arranca de sua garganta, cheia de desespero e ironia. Ele, um fugitivo, procurado por tentativa de assassinato. — Posso fazer isso, mas quero uma negociação melhor. — Propõe Evan, consciente de que está prestes a mergulhar em um abismo do qual não há retorno. Mas a ideia de ser preso o enoja.— Você não pode negociar. — Rebate Liam, despreocupado, quase entediado. — Então, nem pen...— Cale a porra da boca, Liam. — Corta com uma fúria controlada, sua voz grave e carregada de autoridade. — Se eu for para a prisão, você vai junto, porque eu não cairei sozinho. E a última coisa que você quer é me ver abrindo a boca. — A ameaça desliza de seus lábios como veneno, cada palavra impregnada de uma frieza letal, o gosto da traição amar
Em Veneza, o primeiro raio de sol começava a romper o horizonte, enquanto Hunter estava apoiado no parapeito da sacada, uma xícara de café quente entre as mãos, observando o amanhecer com olhos distantes. A cidade parecia acordar lentamente, mas dentro dele, a inquietude não dava trégua. Não importava o quanto se mantivesse ocupado durante o dia, era nas noites e nas manhãs silenciosas que a ausência de Hazel o esmagava com mais força. Esses momentos de quietude, em que o mundo ao redor desacelerava, eram os mais cruéis. Eram as horas em que ele mais sentia falta dela, quando o vazio parecia consumir tudo ao seu redor. Era sempre nesse intervalo, entre a escuridão e a luz, que ele fraquejava, a vontade de pegar o telefone e ouvir a voz dela se tornando quase insuportável. Mas ele se segurava, lutando contra o impulso, sabendo que ouvir Hazel o faria afundar ainda mais naquela saudade que o devorava a cada dia.O telefone de Hunter vibra na mesa, quebrando o silêncio e o arrastando de
Ao ouvir a voz dela, Hunter congela. Por um momento, é como se o mundo ao seu redor parasse. Ele não consegue acreditar que ela realmente atendeu. As palavras, que antes lhe pareciam urgentes, se dissipam na garganta, sufocadas pela surpresa e pela incredulidade. Sua mente, num caos, grita para ele desligar, para fugir antes que tudo desmorone de vez. Mas seus dedos permanecem imóveis, firmes no celular, incapazes de obedecer. O silêncio que preenche a linha é carregado de tensão, cada segundo se arrasta enquanto ele tenta encontrar desesperadamente o controle perdido. Seu coração b**e acelerado no peito, as mãos trêmulas, e todas as emoções que ele passou tanto tempo tentando sufocar agora explodem com força, prendendo-o num nó impossível de desatar.— Te acordei? — Pergunta Hunter, finalmente, quebrando o silêncio que o sufocava. Sua voz está tensa, quase trêmula, e ele força um sorriso patético, como se ela pudesse vê-lo, como se isso pudesse disfarçar a intensidade do momento. Sent
Hazel afunda o rosto no travesseiro, tentando abafar o pranto que sacode seu corpo. Mas o travesseiro não consegue silenciar a dor, a saudade, a tristeza e, acima de tudo, o arrependimento que a consome. Ela se sente como se estivesse desmoronando por dentro, incapaz de escapar da prisão emocional em que se colocou. Perdeu Hunter, o melhor homem que já conheceu, e tudo por se permitir viver acorrentada à armadilha que Liam armou para ela.Cada dia que passava, a coragem de contar a verdade se distanciava mais, escapando entre seus dedos como areia. A vida parecia conspirar contra ela, trazendo apenas mais dificuldades, dramas e tristezas para o seu caminho. Como poderia contar seu segredo agora, quando tudo parecia desmoronar ao seu redor? Imersa no seu próprio sofrimento, Hazel abraça a convicção de que merece tudo aquilo. A culpa e o arrependimento são companhias constantes, pesando sobre seus ombros. Ela chora até não restarem mais lágrimas, até que, exausta e vazia, seu corpo ced
Sob o olhar atento de Owen, Hazel começa a se questionar se voltar ao trabalho é realmente a melhor ideia. Por um momento, o mundo ao seu redor parece desaparecer, e ela se vê perdida em uma série de pensamentos e dúvidas, como se estivesse completamente sozinha.— Senhorita Lee, espero que você retorne logo. — A voz de Owen a traz de volta bruscamente, tirando-a de suas reflexões. — O contrato do grupo RenewaTech Solutions continua esperando por você. — Informa, sua postura formal, mas suas palavras carregando um incentivo deliberado, como se soubesse o quanto aquilo poderia tocá-la.— Achei que o substituto já estivesse dando continuidade ao projeto. — Responde Hazel, com surpresa, o coração acelerando levemente. Aquela era uma responsabilidade imensa, e ela havia imaginado que já estivesse nas mãos de outra pessoa.— Não. — Responde, encarando-a com intensidade, como se estivesse esperando para ver a reação que suas palavras provocariam. — O senhor Hill foi claro. Ele informou a to
No dia seguinte, Hazel retorna ao trabalho, o nervosismo queimando em seu estômago como se fosse seu primeiro dia. Caminhar pelos corredores da empresa, entrar no elevador, agora rodeada de colegas, parecia uma experiência diferente do que estava acostumada. Na maior parte do tempo, era ao lado de Hunter que ela compartilhava aquele espaço, e a lembrança do primeiro beijo que trocaram ali, naquele espaço apertado, a faz sorrir, mesmo que por um breve segundo.Chegando no andar, ela acena para Georgina e entra em sua sala, notando que tudo permanece exatamente como ela deixou. Sem hesitar, se acomoda em sua cadeira e mergulha no trabalho, atualizando-se sobre tudo o que havia acontecido em sua ausência. As horas passam voando, até que leves batidas na porta a fazem despertar de sua concentração.— Entre. — Ordena Hazel, sem tirar os olhos da tela por um instante, até que a porta se abre e ela vê um homem entrar. — Bom dia, senhorita Lee. — O homem sorri de forma cortês. — Joshua Green