O médico observa o olhar de Hazel, e o desespero silencioso que transborda de seus olhos o atinge com força. Ela implora por respostas, mas ele sabe que nada que ele disser agora poderá apagar o impacto brutal da revelação. O arrependimento o consome, cada palavra se tornando um peso insuportável. Kristen havia dado a entender que Hazel sabia da doença, que ela só não estava acompanhando-a nas consultas devido ao repouso. Agora, o erro é claro, e a verdade paira entre eles, esmagadora.Hazel sente o pranto subir de sua garganta como um grito sufocado, a dor intensa golpeando seu peito, como se algo a esmagasse por dentro.— Não, isso não é possível. — Sussurra Hazel, sacudindo a cabeça, o mundo ao seu redor se desfazendo. — Ela teria me contado. — Sua voz sai fraca, despedaçada, enquanto tenta, em vão, se convencer de que tudo aquilo é um terrível mal-entendido. A ideia de sua irmã, doente, é uma dor que ela não consegue sequer processar. Cada pensamento sobre a possibilidade de perde
Apenas no dia seguinte, Hazel finalmente consegue visitar a irmã. Sentada ao lado dela na cama, ela observa Kristen, a cabeça enfaixada, o rosto pálido e frágil, deixando clara a gravidade de sua condição, algo que Hazel não havia percebido antes com tanta nitidez. Uma dor silenciosa aperta seu peito enquanto segura a mão de Kristen, seus dedos acariciando com ternura, desesperada para transmitir alguma força, mesmo sabendo que nunca se sentiu tão fraca e impotente como agora, com a gravidez pesando sobre seu corpo e sua alma.— Ela ainda não acordou? — A voz de Eva ecoa pelo quarto, baixa e carregada de ansiedade, ao entrar discretamente.— Ainda não. — Responde Hazel, forçando um sorriso gentil, tentando manter a calma por todos ali. — E você, conseguiu descansar? — Pergunta, preocupada com o bem-estar de Eva.— Sim. — Responde, aproximando-se e beijando levemente a testa de Kristen, repetindo o gesto em Hazel, em um carinho silencioso. — O senhor Zhang está na recepção. — Informa,
Kristen se ajeita na cama, seus olhos seguindo Hazel e Eva enquanto saem do quarto. Ela passa as mãos pelas pontas do cabelo, tentando se arrumar, mesmo que de forma tímida, para parecer apresentável. Quando a maçaneta da porta se move, seu coração dispara, e, ao ver Liang entrar, um sorriso largo ilumina seu rosto. Ele se aproxima rapidamente, sem hesitar, e seus lábios encontram os dela em um beijo intenso e urgente.— Como você está? — Pergunta Liang, ofegante, segurando o rosto dela entre as mãos, seus dedos acariciando sua pele enquanto deposita beijos suaves em seus lábios.— Estou bem. — Responde Kristen, sorrindo entre os beijos, como se a presença dele aliviasse todo o peso do mundo. — E você, como está?— Agora estou melhor, com você nos meus braços. — Responde, baixando a cabeça para beijar levemente sua testa, os olhos repletos de ternura e alívio. — Fiquei tão apavorado quando soube do que aconteceu. — Confessa, acariciando sua bochecha com o polegar, como se precisasse s
Evan segue absorvendo as palavras de Liam, cada uma corroendo sua mente. A situação em que se encontra é mais sombria do que jamais imaginou. Ele havia perdido o controle no dia anterior, mas nunca, em sua vida, cogitou matar alguém. Agora, uma risada amarga se arranca de sua garganta, cheia de desespero e ironia. Ele, um fugitivo, procurado por tentativa de assassinato. — Posso fazer isso, mas quero uma negociação melhor. — Propõe Evan, consciente de que está prestes a mergulhar em um abismo do qual não há retorno. Mas a ideia de ser preso o enoja.— Você não pode negociar. — Rebate Liam, despreocupado, quase entediado. — Então, nem pen...— Cale a porra da boca, Liam. — Corta com uma fúria controlada, sua voz grave e carregada de autoridade. — Se eu for para a prisão, você vai junto, porque eu não cairei sozinho. E a última coisa que você quer é me ver abrindo a boca. — A ameaça desliza de seus lábios como veneno, cada palavra impregnada de uma frieza letal, o gosto da traição amar
Em Veneza, o primeiro raio de sol começava a romper o horizonte, enquanto Hunter estava apoiado no parapeito da sacada, uma xícara de café quente entre as mãos, observando o amanhecer com olhos distantes. A cidade parecia acordar lentamente, mas dentro dele, a inquietude não dava trégua. Não importava o quanto se mantivesse ocupado durante o dia, era nas noites e nas manhãs silenciosas que a ausência de Hazel o esmagava com mais força. Esses momentos de quietude, em que o mundo ao redor desacelerava, eram os mais cruéis. Eram as horas em que ele mais sentia falta dela, quando o vazio parecia consumir tudo ao seu redor. Era sempre nesse intervalo, entre a escuridão e a luz, que ele fraquejava, a vontade de pegar o telefone e ouvir a voz dela se tornando quase insuportável. Mas ele se segurava, lutando contra o impulso, sabendo que ouvir Hazel o faria afundar ainda mais naquela saudade que o devorava a cada dia.O telefone de Hunter vibra na mesa, quebrando o silêncio e o arrastando de
Ao ouvir a voz dela, Hunter congela. Por um momento, é como se o mundo ao seu redor parasse. Ele não consegue acreditar que ela realmente atendeu. As palavras, que antes lhe pareciam urgentes, se dissipam na garganta, sufocadas pela surpresa e pela incredulidade. Sua mente, num caos, grita para ele desligar, para fugir antes que tudo desmorone de vez. Mas seus dedos permanecem imóveis, firmes no celular, incapazes de obedecer. O silêncio que preenche a linha é carregado de tensão, cada segundo se arrasta enquanto ele tenta encontrar desesperadamente o controle perdido. Seu coração b**e acelerado no peito, as mãos trêmulas, e todas as emoções que ele passou tanto tempo tentando sufocar agora explodem com força, prendendo-o num nó impossível de desatar.— Te acordei? — Pergunta Hunter, finalmente, quebrando o silêncio que o sufocava. Sua voz está tensa, quase trêmula, e ele força um sorriso patético, como se ela pudesse vê-lo, como se isso pudesse disfarçar a intensidade do momento. Sent
Hazel afunda o rosto no travesseiro, tentando abafar o pranto que sacode seu corpo. Mas o travesseiro não consegue silenciar a dor, a saudade, a tristeza e, acima de tudo, o arrependimento que a consome. Ela se sente como se estivesse desmoronando por dentro, incapaz de escapar da prisão emocional em que se colocou. Perdeu Hunter, o melhor homem que já conheceu, e tudo por se permitir viver acorrentada à armadilha que Liam armou para ela.Cada dia que passava, a coragem de contar a verdade se distanciava mais, escapando entre seus dedos como areia. A vida parecia conspirar contra ela, trazendo apenas mais dificuldades, dramas e tristezas para o seu caminho. Como poderia contar seu segredo agora, quando tudo parecia desmoronar ao seu redor? Imersa no seu próprio sofrimento, Hazel abraça a convicção de que merece tudo aquilo. A culpa e o arrependimento são companhias constantes, pesando sobre seus ombros. Ela chora até não restarem mais lágrimas, até que, exausta e vazia, seu corpo ced
Sob o olhar atento de Owen, Hazel começa a se questionar se voltar ao trabalho é realmente a melhor ideia. Por um momento, o mundo ao seu redor parece desaparecer, e ela se vê perdida em uma série de pensamentos e dúvidas, como se estivesse completamente sozinha.— Senhorita Lee, espero que você retorne logo. — A voz de Owen a traz de volta bruscamente, tirando-a de suas reflexões. — O contrato do grupo RenewaTech Solutions continua esperando por você. — Informa, sua postura formal, mas suas palavras carregando um incentivo deliberado, como se soubesse o quanto aquilo poderia tocá-la.— Achei que o substituto já estivesse dando continuidade ao projeto. — Responde Hazel, com surpresa, o coração acelerando levemente. Aquela era uma responsabilidade imensa, e ela havia imaginado que já estivesse nas mãos de outra pessoa.— Não. — Responde, encarando-a com intensidade, como se estivesse esperando para ver a reação que suas palavras provocariam. — O senhor Hill foi claro. Ele informou a to