Em Veneza, o primeiro raio de sol começava a romper o horizonte, enquanto Hunter estava apoiado no parapeito da sacada, uma xícara de café quente entre as mãos, observando o amanhecer com olhos distantes. A cidade parecia acordar lentamente, mas dentro dele, a inquietude não dava trégua. Não importava o quanto se mantivesse ocupado durante o dia, era nas noites e nas manhãs silenciosas que a ausência de Hazel o esmagava com mais força. Esses momentos de quietude, em que o mundo ao redor desacelerava, eram os mais cruéis. Eram as horas em que ele mais sentia falta dela, quando o vazio parecia consumir tudo ao seu redor. Era sempre nesse intervalo, entre a escuridão e a luz, que ele fraquejava, a vontade de pegar o telefone e ouvir a voz dela se tornando quase insuportável. Mas ele se segurava, lutando contra o impulso, sabendo que ouvir Hazel o faria afundar ainda mais naquela saudade que o devorava a cada dia.O telefone de Hunter vibra na mesa, quebrando o silêncio e o arrastando de
Ao ouvir a voz dela, Hunter congela. Por um momento, é como se o mundo ao seu redor parasse. Ele não consegue acreditar que ela realmente atendeu. As palavras, que antes lhe pareciam urgentes, se dissipam na garganta, sufocadas pela surpresa e pela incredulidade. Sua mente, num caos, grita para ele desligar, para fugir antes que tudo desmorone de vez. Mas seus dedos permanecem imóveis, firmes no celular, incapazes de obedecer. O silêncio que preenche a linha é carregado de tensão, cada segundo se arrasta enquanto ele tenta encontrar desesperadamente o controle perdido. Seu coração b**e acelerado no peito, as mãos trêmulas, e todas as emoções que ele passou tanto tempo tentando sufocar agora explodem com força, prendendo-o num nó impossível de desatar.— Te acordei? — Pergunta Hunter, finalmente, quebrando o silêncio que o sufocava. Sua voz está tensa, quase trêmula, e ele força um sorriso patético, como se ela pudesse vê-lo, como se isso pudesse disfarçar a intensidade do momento. Sent
Hazel afunda o rosto no travesseiro, tentando abafar o pranto que sacode seu corpo. Mas o travesseiro não consegue silenciar a dor, a saudade, a tristeza e, acima de tudo, o arrependimento que a consome. Ela se sente como se estivesse desmoronando por dentro, incapaz de escapar da prisão emocional em que se colocou. Perdeu Hunter, o melhor homem que já conheceu, e tudo por se permitir viver acorrentada à armadilha que Liam armou para ela.Cada dia que passava, a coragem de contar a verdade se distanciava mais, escapando entre seus dedos como areia. A vida parecia conspirar contra ela, trazendo apenas mais dificuldades, dramas e tristezas para o seu caminho. Como poderia contar seu segredo agora, quando tudo parecia desmoronar ao seu redor? Imersa no seu próprio sofrimento, Hazel abraça a convicção de que merece tudo aquilo. A culpa e o arrependimento são companhias constantes, pesando sobre seus ombros. Ela chora até não restarem mais lágrimas, até que, exausta e vazia, seu corpo ced
Sob o olhar atento de Owen, Hazel começa a se questionar se voltar ao trabalho é realmente a melhor ideia. Por um momento, o mundo ao seu redor parece desaparecer, e ela se vê perdida em uma série de pensamentos e dúvidas, como se estivesse completamente sozinha.— Senhorita Lee, espero que você retorne logo. — A voz de Owen a traz de volta bruscamente, tirando-a de suas reflexões. — O contrato do grupo RenewaTech Solutions continua esperando por você. — Informa, sua postura formal, mas suas palavras carregando um incentivo deliberado, como se soubesse o quanto aquilo poderia tocá-la.— Achei que o substituto já estivesse dando continuidade ao projeto. — Responde Hazel, com surpresa, o coração acelerando levemente. Aquela era uma responsabilidade imensa, e ela havia imaginado que já estivesse nas mãos de outra pessoa.— Não. — Responde, encarando-a com intensidade, como se estivesse esperando para ver a reação que suas palavras provocariam. — O senhor Hill foi claro. Ele informou a to
No dia seguinte, Hazel retorna ao trabalho, o nervosismo queimando em seu estômago como se fosse seu primeiro dia. Caminhar pelos corredores da empresa, entrar no elevador, agora rodeada de colegas, parecia uma experiência diferente do que estava acostumada. Na maior parte do tempo, era ao lado de Hunter que ela compartilhava aquele espaço, e a lembrança do primeiro beijo que trocaram ali, naquele espaço apertado, a faz sorrir, mesmo que por um breve segundo.Chegando no andar, ela acena para Georgina e entra em sua sala, notando que tudo permanece exatamente como ela deixou. Sem hesitar, se acomoda em sua cadeira e mergulha no trabalho, atualizando-se sobre tudo o que havia acontecido em sua ausência. As horas passam voando, até que leves batidas na porta a fazem despertar de sua concentração.— Entre. — Ordena Hazel, sem tirar os olhos da tela por um instante, até que a porta se abre e ela vê um homem entrar. — Bom dia, senhorita Lee. — O homem sorri de forma cortês. — Joshua Green
Hazel puxa rapidamente o braço, tentando esconder o medo que sobe por sua espinha. Ela prometeu a si mesma que nunca mais mostraria fraqueza diante de Liam. Seu coração acelera, mas por fora, ela mantém a postura firme. Liam, com aquele olhar sempre cheio de desprezo, percorre os olhos pelo corpo dela, detendo-se na barriga agora visivelmente mais saliente.— Até que você ficou gostosa redondinha. — Declara Liam, a voz soando provocativa, cheia de malícia, claramente tentando diminui-la, como sempre faz.— Não tenho tempo para você. — Responde Hazel friamente, tentando manter o controle enquanto levanta a mão para chamar um táxi. No entanto, Liam é mais rápido, segurando-a com firmeza novamente.— Demorei muito tempo para conseguir falar com você. — Afirma com um sorriso insidioso, claramente satisfeito quando ela puxa a mão de volta. — Por que você não atende o celular?— Não atendo números desconhecidos. — Retruca, a voz afiada. Após atender uma vez e ouvir a voz dele do outro lado
Assim que o carro estaciona em frente à casa da irmã, Hazel retira uma nota da carteira e paga o taxista. Ao descer do carro e caminhar em direção à porta, ela força um sorriso no rosto, tentando mascarar o que acabou de acontecer. Antes de entrar, respira fundo, determinada a não deixar que seus problemas transpareçam. Ao se aproximar da sala, escuta as risadas animadas de Kristen e Liang, e por um breve instante, sente uma leve felicidade ao perceber o quanto sua irmã está se reencontrando, voltando a se amar, especialmente depois que ele entrou em sua vida.— Boa noite. — Cumprimenta Hazel com um sorriso mais sincero, finalmente entrando na sala de jantar. — Desculpem o atraso. — Desculpa-se, beijando a cabeça de Kristen, um gesto familiar que ela sempre faz, antes de assumir seu lugar à mesa.— Está tudo bem, irmã? — Pergunta Kristen, observando Hazel atentamente, percebendo o leve desconforto nos olhos da irmã, como se algo estivesse fora do lugar. — Apenas cansada, irmã. — Res
Ainda surpresa com o e-mail recebido, Hazel continua olhando para a tela, se sentindo uma idiota por sua própria reação. Claro, em algum momento ele faria contato, afinal, ele é seu chefe. Ela sacode a cabeça, tentando afastar as fantasias que se formavam em sua mente. Respirando fundo, leva a mão ao mouse. Seus dedos, agora trêmulos, clicam para abrir a mensagem, enquanto tenta recuperar o controle sobre suas emoções.“Senhorita Lee,Gostaria de parabenizá-la pelo desenvolvimento notável no projeto o grupo RenewaTech Solutions. A maneira precisa com que conduziu cada etapa reflete o nível de excelência que sempre esperamos em nossos trabalhos. Sua dedicação foi essencial para os resultados alcançados.Atenciosamente, Hunter HillFundador e CEO da NexGen”— O que você esperava, Hazel? — Murmura, frustrada, enquanto encarava a tela do e-mail. — Parabéns seguidos de um “eu te amo”? Não seja ridícula. — Repreende-se, ciente de que tudo o que está acontecendo é apenas resultado de suas p