7-ORGANIZANDO A CASA

BRIANA

Naquela primeira noite na fazenda não dormi, busquei nas minhas coisas um café solúvel, energético, e me coloquei a trabalhar.

Primeiro problemas, o esperto do "vaquinha" havia recebido um aviso de vistoria, que ia acontecer em dois dias. Por que isso é problema? Simples, aqui não tem nada certo, se os fiscais virem isso além de uma multa grande a fazenda vai entrar em quarentena, sem poder vendar nada.

Segundo problema, as notas dos medicamentos veterinários, eram falsas, nem precisava ser um génio para descobrir isso, ou seja, ele comprou de contrabando, mas as notas originais estavam ali, ele comprava e vendia os legais, e para uso da fazenda usava os falsos.

Os medicamentos eram falsos, com datas de validade vencidas, frascos m@l armazenados.

Os kits do laboratório também estavam na mesma situação.

Tabelas com a vacinação do rebanho, desatualizada, era impossível saber o que era certo, ou errado ali, sem falar que se receberam vacinação falsa, precisariam receber uma dose de reforço de tudo com uma urgência enorme.

Passei a noite em claro, analisando tudo, procurando soluções. Não queria mostrar apenas os erros ali, mas já ter em mãos algumas alternativas para resolver.

Às cinco da manhã, escutei o barulho dos peões no curral tirando o leite.

Preparei mais um café solúvel na minha garrafinha, e fui até lá, eles se assustaram quando me viram.

-Bom dia gente!

— BOM DIA MOÇA!

— Algum de vocês poderia tirar o leite aqui na minha garrafa de café.

— Já vamos levar o leite para Joana preparar o café da manhã lá na casa.

— Não irei à casa agora de manhã, preciso terminar um serviço.

— A moça não liga de tomar o leite direto da t*** da vaca não? — Um meio duvidoso perguntou.

— Cresci bebendo leite só assim. Na verdade, acho que não deu certo, porque não cresci.

Tirei risada de todos.

— Essa é das nossas, daqui que vou tirar o leite para a menina, vai dizer que também coloca um conhaque junto?

— Hoje não, o meu acabou. Então vai ter que servir o whisky mesmo.

Enquanto o moço tirava o leite, falei com Lúcio:

— Senhor Lúcio, por favor, avise a vovó que não ire tomar café, mas que ela assim que possível venha até aqui, e o senhor também.

— A menina acordou cedo.

— Na verdade, nem dormi, e talvez na próxima noite, nem vocês consigam dormir também.

Voltei para a farmácia, fui já elaborando algumas sugestões para resolver os problemas.

Era oito horas quando vovó chegou, com o meu café da manhã.

— Bom dia Bri, deve ser muito sério o que tem para falar, mas me recuso a escutar, sem antes ver você comer tudo isso, quero você saudável.

— Bom dia vovó, a sua bênção!

Falei tirando um sorriso dela, apenas fiz por respeito, e bênção sempre é bom.

— Deus te abençoe a minha neta, verdade que você não dormiu.

— Verdade, quis adiantar algumas coisas, precisamos resolver algumas situações.

Comi o saboroso café da manhã, e Lúcio chegou para conversarmos.

— Bem em primeiro lugar, não sei como vocês aceitaram o "vaquinha" aqui.

-QUEM?

— O antigo veterinário, o Rubens, na faculdade ele tem o apelido de "vaquinha"

— Não sei se irei querer saber o porquê? — O senhor Lúcio falou com uma cara feia.

— Eu que não ia ter coragem de contar. Mas, o que vale e que ele tem uma ficha grande de coisa errada.

Então comecei a explicar toda a bagunça que Rubens havia deixado.

Vovó até chorou nervosa. Aquilo doeu-me.

Quando terminei Lúcio fez a pergunta chave:

— Isso pode dar problemas para o patrão?

— Muitos, e para mim também se não fizer a denúncia.

— O que iremos fazer? Niko está sem comunicação.

— Na ausência dele quem assina os documentos?

-Sou eu.

— Tenho algumas soluções.

— Por favor, a minha neta pode falar.

— A primeira seria abrir uma ocorrência, com testemunhas, vamos conseguir colocar toda a culpa em Rubens. No muito o seu neto ficará com uma multa muito alta. Sem falar que ficará no mínimo dois anos sem poder comercializar o rebanho, o que vai ser um grande prejuízo.

-Isso seria terrivel. Tem outra saída.

— Tem, não é legal. Porém, se apenas nós três soubermos vai dar certo.

— Qual séria menina?

-Voces colocaram fogo na casa onde Rubens morava?

-Sim.

— Os entulhos continuam lá?

— Sim, vamos limpar quando Nikolay voltar.

-Ótimo! Primeiro passo seria jogar todos os remédios e equipamentos lá, e colocar fogo novamente. Faço um relatório, pedindo urgência de tudo que precisa aqui, dizendo que o material que tinha foi destruído na casa queimada, pois o Rubens pretendia roubar como fazia sempre. Vou mandar esse relatório de compra de emergência para um fornecedor que conheço, e fará a entrega até amanhã a tarde. Para isso precisamos de um documento com tudo que precisa, e também um boletim de ocorrência do sumiço dos produtos. Farei aos órgãos competentes um requerimento de vacinar todo o rebanho novamente. Farei isso, e assim amanhã quando chegar os produtos já iniciamos a vacinação. Essa precisa ser feita com certeza. Pois não sabemos o que o gado recebeu anteriormente.

— Você faria isso por nós?

— Claro, o que vocês tiveram aqui foi roubo, gostaria de o "vaquinha' preso, mas isso irá prejudicar ainda mais vocês.

— Não tem outro jeito, precisa comprar tudo realmente, e precisa fazer a vacinação. O que estaremos a omitir do fiscal será sobre esses remédios aqui.

— Então quando podemos tirar as coisas daqui.

— Agora, eu vou arrumar a parte burocrática, por favor passe o contato do advogado de vocês, se ele for rápido ainda hoje poderemos pedir os produtos.

Assim, vovó e Lúcio começaram tirar tudo e colocar numa camionete, para levar até a casa que iria ser incendiada pela segunda vez.

O que aconteceu nessa fazenda foi uma injustiça, o fazendeiro confiou em Rubens, mas esse usou o nome e prestígio de Nikolay apenas para ganhar dinheiro. Vou ajudá-los.

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