ANA..Aquela sensação e aquele ambiente tão acolhedor, aquele cheiro de torradas e de café recém saído do fogo fez os meus olhos ficarem marejados, eu cheguei na porta da cozinha e vi aquela senhora preparando a mesa calmamente e pensei: " Então é essa a sensação de ter uma avó"...Pra alguém que nunca teve aquilo, era natural se emocionar.O sorriso e o olhar amoroso dela quando me viu me desmontou inteira, e algumas lágrimas furtivas acabaram escorrendo pelos meus olhos.— Que bom que você acordou meu amor, venha tomar o seu café da manhã.Eu caminhei em direção a ela, e beijei a mão dela pedindo sua benção, e ela acabou reparando nas lágrimas.— Porque você está chorando? — A senhora promete viver por mais uns 100 anos pra gente aproveitar o tempo perdido?— Eu prometo que vou me esforçar meu amor.Ela falou me dando um abraço com aqueles braços pequenos que mal me cabiam dentro, mas foi o suficiente pra me preencher por completo.Como eu pude sentir tanta saudade do que eu nunc
Como um abraço se transformou em sexo?Como a emoção se transformou em tesão? Ou melhor, como a raiva e o confronto terminou com nós dois pelados na cama, e eu soltando gemidos contidos enquanto ele me devorava de todas as formas possíveis.Eu odiava o fato de ter que admitir pra mim mesma que a minha força e agressividade não serviam de nada diante de um Kall terrivelmente tarado.— Oh droga, você é uma fraca Ana.Falei baixinho dentro do banheiro.Eu saí do quarto confiante de que ele me deixaria ir com ele quando ele fosse resgatar a minha mãe e a Sam, e ele não seria louco de me deixar pra trás, e ainda existia o problema com a Aysha.Sim, ela era um problema.Se tudo o que ele havia me falado era verdade, então a permanência dela na casa dele era algo impossível de manter.Quem seria louca de deixar uma ex- namorada claramente obsessiva dentro da casa do namorado?Bom, teoricamente ele não era o meu namorado, mas eu não iria compartilhá-lo com ninguém.Eu tinha algumas ideias em
KALL..O maior desafio da minha vida com toda certeza era estar me envolvendo com uma maluca que achava normal ameaçar arrancar o meu pau.Depois de ter provado um pouco do humor ácido da Ana, eu me retirei do banheiro e me vesti pra finalmente resolver o futuro da nossa vida.Quando eu cheguei na sala, o primeiro lugar que o avô dela olhou, foi pro meu cabelo, ele se inchou todo, ficou parecendo um baiacu.Eu desviei o olhar pro Valente que estava conversando com ele, e não teve jeito, nós dois começamos a rir.— Vocês estão vendo algum palhaço aqui?O avô dela perguntou com raiva aparente.— Não sabia que era proibido rir.Falei ficando sério também, afinal aquele velho já estava me enchendo o saco.— Mantenha sua ferramenta longe da minha neta, garoto, agora vamos.Ele se levantou na poltrona, e eu caminhei atrás dele sem falar mais nenhuma palavra.— Nós vamos interrogar o Félix e o Leonel.O Valente cochichou no meu ouvido e eu apenas balancei a cabeça.Entramos em uma sala com
Quando eu voltei pra casa e vi a Aysha, eu fiquei pensando no que a Ana mandou eu fazer, mas eu não sabia como fazer aquilo com uma das poucas pessoas da família que ainda faziam parte da minha vida.— Onde você estava Kall? Você nunca está aqui quando procuro você.— Eu estava com a Ana.O rosto da Aysha endureceu, mas era necessário deixar claro pra ela a nossa condição, naquele momento da minha vida, ela deveria fazer o papel apenas de prima.— Você disse pra mim que não tinha namorada.— Eu não tenho, mas pretendo mudar esse status em breve, e vou pular a parte do namoro e partir logo pro casamento. Agora boa noite Aysha, já está muito tarde e eu preciso muito descansar.— Espera, você disse casamento? Você está ficando louco?— Louco, porque? — Porque mafiosos não se casam.— Isso não é uma regra.— Porque ela e não eu?Ela se aproximou de mim, e o olhar dela parecia suplicar por uma chance.— Eu não amo você.— Mas você já me amou, eu tenho certeza que esse sentimento ainda est
ANA..No dia seguinte eu acordei com uma movimentação intensa na casa, todos os computadores estavam ligados e havia uma equipe acompanhando o andamento de uma invasão.— Que porra é essa Valente? — Não tenho tempo agora Ana, eu estou de saída.Eu ouvi o som de helicópteros e o Valente correu pra parte externa, o meu avô estava em pé falando ao telefone, e eu ouvi que a invasão seria onde o Daylon estava escondido.A minha avó me puxou pelo braço e me olhou com preocupação.— Ana, fique calma, vamos pra cozinha.— É isso o que eu entendi? Estão se preparando pra invadir a casa do Daylon?— Vão resgatar a sua mãe e a Sam, você precisa confiar no trabalho dos rapazes.— Eu vou matar aquele filho da puta do Kall. Falei caminhando pra parte externa onde vi cinco homens do Kall conversando com o Valente e o Trevis.— Eu vou também.Falei ao me aproximar deles.— Ana, você pode por favor ficar fora disso?— Se vocês não me levarem eu vou dar um jeito de ir sozinha, eu sei muito bem onde
Quando o Valente chegou junto com os outros homens, vieram carregando o Trevis que havia sido atingido no abdômen.— A casa estava sendo vigiada, pensamos ter matado todos, mas o Trevis acabou sendo pego de surpresa por um que havia se escondido, ele perdeu muito sangue.O Valente explicou pro médico e pro meu avô.Levaram ele pro ambulatório, e eu fiquei preocupada com a situação, mas o médico disse que ele ficaria bem.A casa estava uma verdadeira bagunça, tinham pessoas desconhecidas pra todos os lados.Em menos de trinta minutos, vários carros estacionaram em frente a casa com policiais civis, da Pds e agentes da CIA.— Ana, você vai pra casa do Kall agora, mas não vai de helicóptero, pois podemos precisar deles pra coisas emergenciais, você vai voltar de carro com dois dos homens do Kall, a sua mãe e a Sam estão com ele.Disse o Valente.— Ele já tirou a Aysha de lá?— Não, com tudo o que aconteceu, o Kall não teve tempo de fazer isso.— Não teve tempo morando na mesma casa? Ele
KALL..Eu ainda não havia encontrado o meu propósito de vida, pra alguém que viveu anos pensando apenas em vingança, era difícil chegar a uma conclusão da noite pro dia.Tudo aquilo era somente pela Ana e a vontade de ficar com ela? Ou era também a vontade de provar pra mim mesmo que eu era capaz de fazer escolhas pensando na minha própria vida?Eu tive muito pouco tempo pra planejar uma invasão em que poderia custar a minha vida e a de outros, os homens que estavam comigo surpreendentemente estavam bem preparados, eles tinham escuta, localizador, tinham tudo, eles estavam esperando por aquele momento a bastante tempo, e somente eu não sabia do plano.Era perca de tempo lembrar novamente a mim mesmo o quanto eu havia sido idiota, naquele momento não dava mais pra se prender a esses detalhes.Quando os meus homens chegaram até o Valente, eu e os que ficaram comigo seguimos com o plano, eu sabia que naquele momento haviam pessoas importantes ouvindo exatamente tudo o que acontecia, e
ANA..Desde que o meu pai se foi eu andei tendo muitas conversas difíceis, eu não imaginei que iria viver em pouco tempo tudo que eu deixei de viver durante a minha vida.Tudo parecia tão surreal, e ter que contar para minha mãe e pra minha melhor amiga tudo que eu tinha ouvido do meu avô e do Valente, parecia coisa de filme, mas era uma realidade bem presente.Eu não conhecia o mundo da forma como ele realmente era, eu fui privada o tempo todo de conhecer de perto a maldade humana, e eu fiquei me perguntando se isso era motivo para agradecer.A verdade era que eu estava prestes a começar a viver, e enxergar a dor no olhar daquelas duas, fez eu pensar um pouco melhor na vida, eu não queria mais me enganar, eu queria ter uma vida diferente, eu queria voltar a sonhar, terminar o meu curso e investir o meu tempo em uma geração que acreditava no poder da educação.— Eu estou me sentindo usada e suja, eu acreditei estar ajudando o meu pai a combater o crime, e ele era o criminoso? Eu fui