ANA..Depois do banho, eu me vesti e fui atrás do Valente, o meu pé estava doendo muito, então eu tive que chamar por ele do corredor.— O que aconteceu, Ana?Ele perguntou preocupado.— Está difícil andar, eu estou sentindo muita dor.Ele caminhou em minha direção e me pegou nos braços.— Eu vou te levar ao ambulatório.— Isso aqui tá parecendo a casa do Kall.Eu falei enquanto ele me carregava.— Nós não podemos chegar no hospital com perfuração de bala, pois os próprios médicos mandam chamar a polícia, por isso temos um ambulatório particular, o seu pai foi quem mandou o Kall providenciar um pra casa dele, e aqui não poderia ser diferente.— Mas ele não era da CIA? Qual o problema chegar no hospital com perfuração de bala? Afinal ele poderia alegar que fazia parte do trabalho dele.Ele entrou comigo numa enorme sala, com macas e equipamentos de ponta, e lá haviam dois médicos e um enfermeiro.— Braga, essa é a Ana, ela levou um tiro de raspão no calcanhar, é possível que tenha af
A Carmem se retirou me deixando sozinha com o Valente.— Primeiro me fala exatamente tudo o que o Daylon disse a você.Eu concordei com a cabeça e comecei a falar tudo o que eu ouvi, desde o pai dele ser envolvido com o tráfico de mulheres, até a entrega do corpo do Kall pra família, falei tudo.— Pronto, agora é a minha vez de falar a versão correta dessa história, mas antes eu vou chamar os meninos pra nos fazer companhia.Ele chamou o Trevis e o Martini que apareceram em segundos.— Chegou a hora.Ele falou olhando pros dois, e eu acompanhei os olhares deles pra entender o que estava acontecendo.— Pra quê tanto suspense? Eles vão participar da conversa?— Não, a conversa será só entre nós dois.— E porque você os chamou? Porque precisou avisá-los?— Porque você vai ver coisas que vai fazer você querer ir atrás do Kall, e eles vão fazer o que for preciso pra te impedir.— Você acha que eles dois podem me segurar? Valente? Tá me estranhando?Falei com deboche, mas ele apontou pro me
Eu ouvi um zumbido no meu ouvido tirando completamente o meu foco daquela conversa, a última frase do Valente se repetia na minha mente como um disco arranhado...— Ana? Você está me ouvindo?— O meu avô está vivo? Ele está vivo?Perguntei com os olhos encharcados pelas lágrimas, enquanto olhava pro Valente esperando ele repetir aquela frase mais uma vez...— Sim, Ana, ele não só está vivo, como cuida e monitora você desde o seu nascimento.— Como assim monitora?— Vamos por partes, posso voltar a contar a história?Eu balancei a cabeça concordando.— A sua avó sempre falou pro Lion que o pai dele havia sumido no meio do mundo, e realmente ele havia feito isso, mas ele não sabia que a sua avó estava grávida do Lion.— Porque ele sumiu no meio do mundo?— Ele foi atrás dos sonhos dele, ele achou que a vida pacata e humilde que estava vivendo não era pra ele, e foi assim que ele lutou pra ter o cargo que ele tem hoje, mas isso não vem ao caso agora.— Desculpe, continue...— Quando o se
Eu sabia que existia algo no Leonel que me deixava desconfortável, era o meu sexto sentido apitando, e se eu tivesse descoberto tudo aquilo antes, ele teria apanhado mais.— Você precisa dizer pro Kall que o Leonel é um traidor Valente, ele tá correndo perigo dentro da própria casa.— Nada vai acontecer com o Kallyon por enquanto Ana, não até o Daylon fazer a "Pasta Verde" chegar até ele.— Mas não seria mais fácil mandar o próprio Leonel implantar a pasta entre as coisas do Kall?— Não é só implantar, o Daylon quer se aproximar do Kallyon, fazer ele se comunicar com essas pessoas poderosas, fazer ele ter negócios com eles, e assim terá como provar que o Kallyon havia dado continuidade aos negócios obscuros da família.— Então, porque a propriedade do Kall foi invadida e tentaram matar os homens dele? Não foi o Daylon que mandou atirarem neles?— Você lembra do dia do enterro do seu pai, que alguns homens importantes foram se despedir dele?— Sim, e eu me lembro exatamente do impacto
Montar um grande quebra-cabeça, não era uma tarefa fácil, eu já tinha visto casos que nunca foram solucionados, casos de pessoas que chegaram a esperar a vida toda por justiça e ela nunca chegar, mas eu sentia no fundo do meu coração que aquele quebra-cabeça iria finalmente ser montado por completo.— E então? Onde estava o filho da puta do Daylon durante todos esses anos?— O Daylon passou um tempo morando com a Carmem depois da morte da mãe deles, ele estava satisfeito por ter conseguido impedir que o Lion fosse pra Harvard, mas começou a ficar incomodado com a aproximação do Kall com o Lion, embora o Lion no início estivesse preso sem possibilidade de sair da vista do Kall, o simples fato do Daylon ver o irmão precisando do Lion pra tudo, já foi motivo o suficiente pra ele se enfiar dentro da mansão e pedir pra trabalhar com o Kall.— Mas não era ele que queria ter uma vida diferente da família? Uma vida dentro da lei?— O problema do Daylon sempre foi a inveja, o Augusto Bellini,
Estava faltando pouco pra última peça daquele quebra-cabeça, mas já dava pra ter uma boa visão de todo o jogo.— Como o meu avô conseguiu se aproximar do Daylon?— Nosso avô passou alguns anos acompanhando os passos do Daylon, com quem falava, pra quem ligava, mas a maioria das conversas eram codificadas, nós acreditamos que esses códigos estão na pasta verde.— Que tipo de códigos são esses?— Quando existe uma mulher a caminho do país, eles usam a sigla A1, e as outras siglas são especificamente pra dizer onde ela seria levada, e o que iriam fazer com ela, porém existem mais de trezentos códigos, e isso dificulta muito chegar até os culpados, então depois desses anos seguindo os passos do Daylon, o nosso avô mandou o Lion entrar em contato com o Daylon, e dizer que sabia onde ele estava, e que sabia que ele e a sua mãe haviam trocado de nome.— E porque o meu avô pediu pro meu pai fazer isso?— Nosso avô queria que o Lion fizesse um acordo com o Daylon em troca de não entregar o par
Quando eu acordei, a lembrança da longa conversa que tive com o Valente ficou martelando na minha cabeça, por mais surreal que aquilo tudo parecesse, não era nada impossível pra mim, o meu sentimento pelo Kall era real, apesar de eu nunca ter admitido aquilo pra ele, então não seria uma tarefa difícil pra mim, pelo menos foi o que eu pensei.Eu levantei da cama, caminhei com o máximo de cuidado até o banheiro, tomei um banho, escovei os meus dentes e me arrumei com a intenção de ir pra casa do Kall, pra mim não importava o que tinha acontecido no meio tempo em que eu estive dormindo, eu estava decidida a voltar pra casa dele e confronta-lo, mesmo ele tendo dito que não queria mais me ver.Eu abri a porta do quarto e chamei pelo Valente, que apareceu com moletas.— Você jura que eu vou andar com esse negócio?— É melhor do que depender de mim pra te carregar. Se eu não tiver em casa, como vai se virar? — Mas eu não vou ficar aqui Valente, eu vou hoje mesmo pra casa do Kall.— Ana, sob
Todo mundo ficou olhando um pro outro como se tivessem decidindo sobre o que fariam comigo, e àquilo só aumentou a minha raiva.— Se ninguém vai me levar, eu vou sozinha, mesmo que eu leve várias horas pra chegar lá.Falei caminhando até o Valente.— Me dê as chaves do carro.Falei de forma ameaçadora.— O seu pé não está bom pra dirigir.— Não importa, me dá logo esse caralho ou eu vou te dar uma surra Valente.Ele riu na minha cara e apontou pro meu pé.— Você não...Antes que ele pudesse concluir a frase, eu dei um tapa no pé do ouvido dele.— Minha mão tá boa.Ele ficou sério me encarando por alguns segundos, talvez tentando decidir se devolveria o tapa.— Deixa que eu te levo.— Que bom que estamos nos entendendo.— Mas antes vai no ambulatório fazer a limpeza dos pontos, é o tempo que eu levo pra verificar se está tudo certo com o helicóptero.— Então vamos de helicóptero mesmo? Como você é adorável.— Ana, eu vou te levar, mas se você for mesmo inteligente, vai saber que criar