Não havia chances pra arrependimentos, não dava pra voltar atrás na palavra.— Ana...Eu...— Eles morreram mesmo?Ela perguntou com a voz embargada, e o Valente tentou amenizar a situação.— A gente não tem certeza Ana, eles poderiam estar apenas desmaiados.— Meu Deus, eu sou uma assassina.Ela começou a entrar em desespero, a se tremer e a perder o fôlego, e eu segurei o rosto dela a obrigando a olhar pra mim.— Presta atenção em mim Ana...Ana, olha pra mim, só pra mim.Ela me encarou com os olhos transbordando de lágrimas, e eu a acalmei.— Você se defendeu, entendeu? Era você ou eles, você não é uma assassina e isso não faz de você uma pessoa igual a mim, você lutou pela a sua vida, é nisso que você tem que pensar todas as vezes que a culpa tentar consumir você. Entendeu?...Ana, você entendeu?— E se o Daylon me incriminar? E se ele fazer de mim uma procurada? Afinal ele tem poder pra isso.Antes que eu pudesse compreender o que ela estava falando, o Valente interferiu na conversa
ANA..Eu imaginei que aquela movimentação de carros fossem os homens do Daylon, eu não vou negar que senti medo, na verdade estar naquela situação completamente sozinha, me fez compreender tudo o que o meu pai tentou me alertar.Ser teimosa nunca foi algo que eu deveria controlar, a teimosia nunca me colocou em risco, mas parecia que depois da morte do meu pai, eu não estava mais ligando pra porra nenhuma.Quando eu fui até aquele lugar, mesmo com os olhos vendados pelas incertezas, eu pensei que a minha mãe conseguiria me defender, ou pelo menos me dar a esperança de um futuro longe da máfia, mas depois de tudo o que vi, o Daylon era quem dava às ordens, e ela obedecia, e talvez naquele momento ela tivesse em perigo por ter me ajudado, sem contar na Sam que havia traído o próprio pai.Quando eu ouvi o som de carros estacionando próximo a cerca, o meu coração perdeu algumas batidas, pois se estavam lá, era porque iriam procurar por ali, a minha primeira ideia foi sair correndo, mas
KALL..Saber interpretar situações de perigo foi essencial pra que eu chegasse até aquele ponto da minha vida, então ao ouvir aquilo fez com que eu questionasse a minha própria inteligência.— Você está me dizendo que o meu homem de confiança na verdade estava me espionando e tramando a minha queda?Eu perguntei completamente fora de mim, eu estava tão esgotado que já era de se esperar que eu fosse explodir a qualquer momento.Eu dei alguns passos e chutei a mesa de centro e ela foi parar longe.— Calma Kall, não é o que parece.O Valente tentou se aproximar, mas eu apontei a arma pra cabeça dele, e a Ana apontou outra pra minha, logo em seguida o Martini e os outros chegaram e também apontaram a arma pra mim.Eu encarei a Ana com decepção, aquela arma apontada pra mim deixou bem claro sobre de que lado ela estava.— Eu vim aqui salvar você e é assim que você me agradece?As lágrimas começaram a cair dos olhos dela de forma mais intensa, mas nada poderia me convencer de que ela havi
ANA..Foi erro meu acreditar que o Kall aceitaria aquela informação de forma tranquila, enquanto eu estava alimentando o meu orgulho, ele estava sendo consumido por uma revolta que eu não fui capaz de conter.Em poucos segundos a mesinha de centro foi jogada pra longe pelo chute que ele deu, e o caus estava instalado, todos estavam apontando as armas um para os outro, mas a minha única intenção era impedir que o Kall matasse o Valente.Mesmo diante da minha explicação, o Kall acreditou que eu havia feito a escolha de ficar contra ele, mas a verdade era que não existiam lados opostos ali, todos estávamos do mesmo lado, caso contrário já teriam matado o Kall, mas ele não quis enxergar isso.O olhar dele de decepção me destruiu, mas nada foi pior do que vê-lo partir sem mim, deixando a promessa de não me poupar caso me visse outra vez.Eu corri atrás dele com um desespero que eu nunca senti, era como se ele fosse água escapando das minhas mãos, como se eu fosse morrer desidratada sem e
KALL..Eu tranquei tudo e voltei pro carro com a foto na mão, eu fiquei pensando se seria fácil localizar aquela mulher, já que a foto era antiga e os traços dela haviam mudado ao longo dos anos.Enquanto eu pensava em como eu iniciaria aquela busca, o Leonel chegou com os meus homens.— Senhor? Você está bem?Eu desci do carro, peguei a bolsa com as coisas da Ana, e caminhei até o nosso carro em silêncio, eu não queria responder a nenhuma pergunta, eu só queria chegar em casa, tomar um banho e descansar.— E esse outro carro, senhor? É pra deixar aqui?— Sim, agora vamos.Ele entrou no carro e fomos, mas eu não pude deixar de notar os olhares disfarçados que ele me dava, talvez na tentativa de entender o que estava acontecendo, mas aquele não era o momento de eu revelar nada, eu só estaria perdendo força e credibilidade informando que havia sido traído por dois dos meus melhores homens, fora a traição de parceiros de confiança como o Trevis e os outros.Durante todo o caminho eu fi
ANA..Depois do banho, eu me vesti e fui atrás do Valente, o meu pé estava doendo muito, então eu tive que chamar por ele do corredor.— O que aconteceu, Ana?Ele perguntou preocupado.— Está difícil andar, eu estou sentindo muita dor.Ele caminhou em minha direção e me pegou nos braços.— Eu vou te levar ao ambulatório.— Isso aqui tá parecendo a casa do Kall.Eu falei enquanto ele me carregava.— Nós não podemos chegar no hospital com perfuração de bala, pois os próprios médicos mandam chamar a polícia, por isso temos um ambulatório particular, o seu pai foi quem mandou o Kall providenciar um pra casa dele, e aqui não poderia ser diferente.— Mas ele não era da CIA? Qual o problema chegar no hospital com perfuração de bala? Afinal ele poderia alegar que fazia parte do trabalho dele.Ele entrou comigo numa enorme sala, com macas e equipamentos de ponta, e lá haviam dois médicos e um enfermeiro.— Braga, essa é a Ana, ela levou um tiro de raspão no calcanhar, é possível que tenha af
A Carmem se retirou me deixando sozinha com o Valente.— Primeiro me fala exatamente tudo o que o Daylon disse a você.Eu concordei com a cabeça e comecei a falar tudo o que eu ouvi, desde o pai dele ser envolvido com o tráfico de mulheres, até a entrega do corpo do Kall pra família, falei tudo.— Pronto, agora é a minha vez de falar a versão correta dessa história, mas antes eu vou chamar os meninos pra nos fazer companhia.Ele chamou o Trevis e o Martini que apareceram em segundos.— Chegou a hora.Ele falou olhando pros dois, e eu acompanhei os olhares deles pra entender o que estava acontecendo.— Pra quê tanto suspense? Eles vão participar da conversa?— Não, a conversa será só entre nós dois.— E porque você os chamou? Porque precisou avisá-los?— Porque você vai ver coisas que vai fazer você querer ir atrás do Kall, e eles vão fazer o que for preciso pra te impedir.— Você acha que eles dois podem me segurar? Valente? Tá me estranhando?Falei com deboche, mas ele apontou pro me
Eu ouvi um zumbido no meu ouvido tirando completamente o meu foco daquela conversa, a última frase do Valente se repetia na minha mente como um disco arranhado...— Ana? Você está me ouvindo?— O meu avô está vivo? Ele está vivo?Perguntei com os olhos encharcados pelas lágrimas, enquanto olhava pro Valente esperando ele repetir aquela frase mais uma vez...— Sim, Ana, ele não só está vivo, como cuida e monitora você desde o seu nascimento.— Como assim monitora?— Vamos por partes, posso voltar a contar a história?Eu balancei a cabeça concordando.— A sua avó sempre falou pro Lion que o pai dele havia sumido no meio do mundo, e realmente ele havia feito isso, mas ele não sabia que a sua avó estava grávida do Lion.— Porque ele sumiu no meio do mundo?— Ele foi atrás dos sonhos dele, ele achou que a vida pacata e humilde que estava vivendo não era pra ele, e foi assim que ele lutou pra ter o cargo que ele tem hoje, mas isso não vem ao caso agora.— Desculpe, continue...— Quando o se