SavannahAs horas vão passando e eu continuo tentando falar com o meu tio, mas sem sucesso. Notei, é claro, que o Hayden está a cada minuto mais ansioso. Sei que ele não confia no meu tio e que sabe de mais coisas do que realmente me conta, mas eu gosto dele e quero fazer essa viagem. Mesmo que o meu tio não deixe, eu vou. Sinto que preciso ir, preciso sair um pouco desse ambiente de mentiras. Talvez, dessa forma, eu encontre um pouco de paz para o meu interior. Sei que sou uma patricinha mimada, até fútil, se preferir, mas algo em mim é vazio. Sempre tentei preencher esse vazio com amizades, compras, namorados, sexo, mas nada disso me completa realmente. É um vazio na alma, como se algo faltasse dentro de mim. Quando eu era mais nova, contava aos meus amigos e cheguei a falar com um psicólogo da escola, mas nada explica essa sensação que sinto, esse vazio na alma. Por isso, com o passar dos anos, deixei essa sensação de lado.Durante estes dias que estou na casa do Hayden, me deu von
HaydenEu não consegui aguentar ver a cena da minha Savannah ali na escada, escutando o que o homem que a vida inteira ela chamou de tio estava falando ao telefone. Ao notar ela querendo dar um passo para descer a escada, optei por puxá-la de volta para o quarto. Não posso simplesmente deixar que a descoberta que ela fez venha colocar os nossos planos a perder. Claro que eu também escutei os planos maquiavélicos do nojento do chefe do Richard, mas se para mim, que sei que o homem não presta, foi horrível de ouvir, para a minha garota foi uma faca cravada no coração. Ele sempre soube qual seria o destino dela e, mesmo assim, ele nada fez para impedir. Estou impressionado com a frieza com a qual ele agiu; criou a garota para entregar ao inimigo quando ela crescesse, apenas para ferir um avô já tão machucado. Desde o desabafo que ela escutou na noite passada e agora essa conversa, tenho certeza de que é o momento certo para tirá-la dessa casa, mas preciso apenas deixar ele sair. Dessa fo
**Los Angeles****Richard**Saí de casa muito cedo, mal consegui falar com a minha menina. Ela gosta de correr de manhã e, como estava com o namorado, eu não quis interromper. Mas notei que ela estava meio distante; vai saber o que aconteceu. Deve ter brigado com aquele fedelho, mas ao menos ela não estará sozinha enquanto eu não estou em casa. Ao menos para isso, esse filhote de cruz credo me serve. Eles saem e, pouco depois, eu também. Entro no carro e ligo o som para tentar esfriar a cabeça. A noite passada não foi nada fácil; lembranças que eu gostaria de verdade poder esquecer estavam bastante presentes em minhas memórias. Eu nunca esquecerei aquele olhar...Volto à realidade. Hoje tenho uma reunião muito importante, apesar das perdas que, segundo o meu gerente geral, não são tão alarmantes, mas que precisam de atenção. Tenho um investidor querendo injetar renda e, se estou perdendo dinheiro, não posso me dar ao luxo de me negar a aceitar um investidor em minha empresa. Vesti-me
As horas passam e eu não tenho nenhum retorno da minha Savannah. Volto a ligar e, desta vez, o telefone está dando que não existe. Começo a ficar preocupado e decido que o melhor é ir para a minha casa. Saio da empresa vendo todos os funcionários me olhando, provavelmente querendo saber alguma declaração sobre as notícias que já estão rolando na mídia, e nem eu faço ideia de como as informações vazaram tão rapidamente. Com a cabeça cheia, chego ao meu carro disposto a ir para casa. O trânsito, como sempre, estava infernal na Sunset Boulevard, e parece que nunca vou chegar em casa. Mas, depois de um bom tempo dirigindo e tentando ligar para o imprestável do Hayden e para a minha Savannah, e sem conseguir, finalmente chego em casa.Assim que estaciono, entro correndo em casa na esperança de que minha menina esteja talvez dormindo, mas tudo está na mais perfeita ordem que eu deixei de manhã. Sinto que tem algo errado. Vou até o quarto dela, abro o guarda-roupa e está tudo normal. Procuro
TerniAssim que entro no bordel, o cheiro de perfume barato começa a tomar conta do meu nariz. Tento disfarçar o máximo que consigo. Estou vestindo uma camisa polo preta e calça jeans também preta. Meu bom porte e corpo chamam a atenção de imediato. Apenas abaixo um pouco a cabeça, virando-a de lado. Sei exatamente onde estão as câmeras deste salão, mas, por enquanto, não quero chamar a atenção de ninguém. Vou em direção ao bar e, pelo canto do olho, vejo mais dois dos meus homens entrarem, de terno escuro, para ficar de igual para igual com os caras do O Monopólio. Acendo um cigarro e fico ali jogando fumaça fora. Não costumo fumar; esse treco faz um mal danado para a saúde, mas aqui preciso manter a aparência.Durante a vida inteira, treinei para cada situação. Já no bar, uma bela moça que nunca vi aqui me atende de um jeito tímido. Peço uma garrafa de Royal Salute e a moça me olha de forma exageradamente estranha, o que, por um instante, me faz refletir, pois, apesar de nunca a ter
A notícia se espalhou como fogo, e assim que chegamos à nossa casa, encontrei o meu avô extasiado diante das notícias que viu na TV, dizendo que três bares bastante frequentados haviam sofrido atentados simultaneamente. Ele ia falando e rindo; não nego que me diverti um pouco com a alegria dele. Ele tem todo o direito de se divertir com o início da desgraça daquele que se intitula O Chefe. Mas assim que o meu avô olhou atrás de mim, seu sorriso se desfez imediatamente e ele voltou o seu olhar sério diante da moça que se escondia atrás de mim...— Tyler, quem é essa e por que está aqui? — a irritação clara em sua voz. — Calma, Don, ela veio aqui para trabalhar. Estou levando-a ao escritório para conversar e ver em que ela pode começar a trabalhar. Enquanto isso, tem uma coisa boa lá no galpão, eu não perderia tempo; é um presentinho especial, tenho certeza de que o Don vai adorar o que verá… — olho para ele e dou um pequeno sorriso.Ele me olha, olha a garota claramente amedrontada e
Entro no quarto e vou direto para o banheiro. Tiro a roupa e deixo a água fria cair sobre meus ombros, sentindo um alívio momentâneo enquanto tento relaxar os músculos tensos. A tensão acumulada ao longo do dia me lembra o quanto preciso de descanso, algo que parece cada vez mais difícil de alcançar. A água escorre pelo meu corpo, levando embora parte da exaustão, mas não os pensamentos que insistem em me acompanhar. Após o banho, seco-me rapidamente, visto uma boxer e me jogo na cama, esperando que o sono me acolha com misericórdia. Não demora muito até que eu adormeça, mergulhando em sonhos que me puxam para um passado distante e incômodo."Estou em um parque com meus pais, cercado por risadas e o som das folhas ao vento. De repente, o clima muda. Ouço barulhos estranhos, como estouros abafados. Vejo minha mãe correndo desesperada em minha direção, jogando-se sobre mim para me proteger. Meu pai, com algo nas mãos, olha ao redor com expressão tensa, os olhos alertas buscando um perig
Entro no meu quarto e vou direto tomar uma ducha. Tiro a minha roupa e deixo a água fria cair sobre os meus ombros. Sinto o quanto estou com meus músculos tensos e tento relaxar o máximo que posso ali. Talvez assim, e só assim, eu consiga ter algumas horas de sono. Estou realmente precisando. Após o banho, apenas me seco e visto uma box, jogando-me na cama em seguida. Não demora muito e consigo adormecer.“Estou em um parque com meus pais e escuto barulhos estranhos. Vejo minha mãe vir rápido, correndo em minha direção e se jogando em cima de mim, enquanto meu pai, com uma coisa na mão, olha para todos os lados. Os barulhos demoram um pouco, mas logo param. Minha mãe se levanta comigo nos braços e meu pai nos abraça, levando-nos de volta para o nosso carro. Voltamos pra casa…”Abro os olhos e respiro fundo. Passo a mão no rosto, olho o relógio e vejo que consegui dormir um pouco. Deito novamente, mas agora já era. Sempre que tenho esse sonho, essas lembranças tão raras, perco o sono.