Natasha Lewis
A semana no trabalho passou correndo, uma semana típica de muito trabalho, por sorte eu consegui resolver no mesmo dia a fofoca sobre Xavier já que aparentemente o furo não vazou, mas a campanha estava a todo vapor, tivemos muitas reuniões de alinhamento, brainstorm, discussão de como seria o marketing para divulgar que a campanha estaria chegando, depois claro começamos a pensar quais entrevistas seria dada, quais meios seriam e todas as coisas mais que envolvem essas campanhas, além disso Xavier acabou me carregando para que eu visse os esboços das roupas que viram para essa coleção e dos acessórios, ele sempre pergunta minha opinião antes de tudo pronto de fato, e sempre me dá algo exclusivo da coleção. Graças a Deus hoje já é sexta feira, e eu só me imagino aproveitando a noite com um bom livro, uma música lofi de fundo, pedir uma massa com um vinho e relaxar, amanhã seria meu dia de auto cuidado, spa Day e claro precisava ir no shopping comprar umas coisas e quem sabe aproveitar um cineminha. A porta da minha sala é aberta e nem levanto a cabeça para saber quem estava entrando, o único que fazia esse ato "educadíssimo" era Xavi. — qual o seus planos pra hoje a noite? - pergunta se jogando na cadeira em frente a minha mesa.⠀ ⠀ — ler um bom livro, uma musiquinha relaxante, pedir um vinho e massa e relaxar ⠀ ⠀ Ele revira os olhos — resumindo nada, nesse caso você eu e Pablo iremos para a The Beats essa noite dançar e se divertir ⠀ — continuo preferindo meu programa – digo sem muito entusiasmo já que achei que ia me convidar para um programa nós dois ⠀ — pequena você precisa se divertir mais, se continuar assim nunca vai encontrar o seu príncipe de cavalo Branco - ele diz — e eu não aceito não como resposta, te pego as 22:00.⠀ ⠀ — você não vai desistir né ? - suspiro derrotada ⠀ — você sabe que não pequena - ele pisca pra mim saindo da minha sala.⠀ ⠀ Acho que Xavier tem razão, eu preciso me distrair mais, arrumo minhas coisas, já que já deu meu horário, fecho minha sala e vou pra casa, começo fazendo unha, depois hidratação nos cabelos.⠀ ⠀ Como combinado as 22:00 em ponto Xavi estava na porta da minha casa, ao entrar no seu carro sinto seu perfume que eu tanto amo.⠀ ⠀ Xavier - espero que se divirta essa noite - ele diz dando partida no carro.⠀ ⠀ Natasha - eu vou - sorri de leve. A boate estava razoavelmente cheia quando chegamos, a música alta e as luzes coloridas criando um ambiente animado. Xavier e Pablo se dirigiram diretamente ao bar, então me juntei a eles. O barulho de fundo, o cheiro de álcool misturado com suor, e a multidão dançando pareciam um cenário fora da realidade, mas isso fazia parte do charme. O local estava repleto de pessoas à procura de diversão, uma cena que sempre me deixava um pouco ansiosa. — Não acredito no que eu estou vendo — disse Pablo, rindo enquanto me abraçava assim que nos aproximamos do bar. — Santa Natasha em uma boate! — Vocês me subestimam demais, gente — respondi, rindo também. Mesmo com meu sorriso, ainda me sentia desconfortável naquele ambiente. Estava longe de ser o tipo de lugar onde eu costumava me divertir, mas talvez fosse hora de sair da zona de conforto. Xavier se aproximou com o braço por cima do meu ombro. — Trouxe arrastada — ele disse com um sorriso convencido. — O que vamos beber? — Whisky duplo — respondeu Xavier com confiança. — Nada, obrigado — disse, tentando ser firme. Não estava realmente a fim de beber naquela noite. — Natasha não tem essa de nada — insistiu Pablo, olhando para mim com um sorriso desafiador. — Hoje você vai beber e aproveitar a noite. Concordei, sorrindo sem muita convicção. Não queria ceder às insistências dos meninos, mas também não queria ser chata. — Pequena, você precisa se divertir mais — disse Xavier, num tom sério. — Se continuar assim, nunca vai encontrar o seu príncipe encantado. Respirei fundo, sentindo um nó na garganta. Às vezes, Xavier parecia ter razão, mas a verdade era que eu só sabia como ser eu mesma ao seu lado. Mesmo que isso significasse me enfiar numa boate barulhenta. Pablo pediu um drink rosa para mim, mas eu o bebi devagar, mantendo os olhos atentos a cada movimento à minha volta. A pista de dança estava cheia e, como sempre, não pude evitar a tentação de balançar o corpo no ritmo da música. Dançar me fazia sentir viva, ainda que eu sempre tivesse um pouco de vergonha de admitir. O tempo foi passando e, enquanto dançávamos com os meninos, o show da dançarina Pérola começou. Ela entrou no palco com movimentos graciosos, hipnotizando o público com sua coreografia cheia de sensualidade. Mesmo sabendo que estava fora do meu estilo, senti uma pontada de inveja ao ver como todos os olhos estavam nela. Xavier, claro, parecia fascinado. Foi aí que uma ideia ousada começou a tomar forma em minha mente. Decidi que deveria tentar chamar sua atenção. Talvez, só talvez, se mostrasse uma versão diferente de mim mesma — mais ousada, mais descontraída — ele começasse a me enxergar de outra forma. Quando o show acabou, Pérola saiu rapidamente pelo corredor ao fundo do palco. Aproveitei a brecha, seguindo em seu encalço. Cheguei ao pequeno corredor e bati na porta. Ouvi uma voz suave e encorajada-me a entrar. — Precisa de ajuda? — perguntou Pérola enquanto se encarava no espelho. — Na verdade, gostei muito do que você fez no palco — respondi, tentando manter a compostura. — Não sou prostituta — ela disse com um tom firme, virando-se para me encarar. — Preciso ganhar um dinheirinho e estou aqui. E você? Não é bem o tipo de garota que parece precisar dessa grana. Revirei os olhos, tentando manter o controle. — Pelo simples prazer e jogo de sedução. — Respondi sem graça, enquanto ela parecia mais desconfiada a cada palavra. — Não me convenceu — Pérola cruzou os braços. — Por que está realmente interessada nisso? Suspirei, tentando pensar numa resposta convincente. — Pelo desafio, pelo jogo, pela adrenalina — disse, tentando parecer genuína. — Só queria experimentar algo novo. Ela ainda me olhava desconfiada, mas enfim cedeu. — Não sou uma prostituta, mas também não sou amadora. Se for dançar aqui, será sob minhas regras. — Ela sorriu um pouco. — Você tem algum nome de cena? — Ruby — respondi rápido, sem pensar muito. Era o nome que eu sempre usei quando queria uma identidade diferente. Pérola pareceu aceitar, e logo foi chamar o dono do lugar. Serginho chegou pouco depois, um homem baixo, mas com uma postura de autoridade. Ele nos observou com atenção, analisando cada detalhe antes de falar. — Pérola me explicou a situação — disse Serginho com um tom direto. — Podemos fazer um teste com você amanhã. Se o público gostar, você fica. Mas lembre-se, sem contrato fixo. — Ele pareceu desconfiado. — E sobre horários, o show começa às 23:30. Você pode escolher com a Pérola quem apresenta primeiro. — Combinado — respondi firme. — Só tenho um pedido: quero dançar de máscara, e total discrição sobre mim. Serginho acenou com a cabeça. — Sem armações, madame. Se for para fazer alguma loucura, que seja de boa fé. — Ele saiu rapidamente após fazer um breve aceno, e Pérola também se despediu. Voltei para a boate com o coração batendo forte. Meu plano estava em andamento. Estava determinada a provar a mim mesma que podia ser mais do que "a pequena Nat" para Xavier. Mas quando cheguei de volta ao bar, lá estava ele, com uma loira nos braços, a língua socada na boca dela. Uma pontada de ciúmes me invadiu, mas rapidamente consegui afastar. Respirei fundo, passando por eles e indo direto para o bar, onde Pablo ainda estava. Eu já tinha bebido o suficiente para saber que estava pronta para ir embora. — Ei, Pablo, eu já estou indo para casa — disse, parando ao seu lado. — Se por um acaso Xavier lembrar que viemos com ele, avise que eu já fui. Ele acenou confirmando, e eu saí da boate, aliviada por estar finalmente indo para casa. Pedi um Uber e em poucos minutos estava em casa. Tomei um banho relaxante e me joguei na cama, imaginando como seria o show amanhã. Estava animada, mas também nervosa. Talvez fosse loucura, mas eu tinha que tentar. E talvez, só talvez, esse fosse o passo que eu precisava para fazer Xavier enxergar quem eu realmente era.Natasha Lewis O dia começou em um frenesi que não me dava espaço para dúvidas. Se eu ia fazer isso, precisava fazer bem. Era a primeira vez em anos que tomava as rédeas da situação, decidida a conquistar algo — ou alguém — pelo meu próprio esforço. Madruguei no shopping, observando as vitrines com mais determinação do que nunca. Cada peça que escolhi fazia parte de um plano calculado. A máscara preta foi a primeira: simples, mas elegante, cobrindo boa parte do rosto, o suficiente para me proteger e, ao mesmo tempo, provocar curiosidade. Em seguida, lingeries ousadas em preto e vermelho, meias 7/8 com renda, cinta-liga, mini saias que mal passavam da coxa. Saltos pretos de tirar o fôlego. Até os batons escarlates, que eu quase nunca usava, encontraram espaço nas inúmeras sacolas que estava comigo A tarde foi dedicada à preparação. A manicure transformou minhas unhas em armas vermelhas, afiadas e brilhantes. No salão, meus cabelos ganharam um brilho sedutor com a hidratação, caindo
Xavier Alcântara Frustração. Era o que eu sentia quando saí da boate naquela noite. O show da Ruby tinha sido hipnotizante, uma experiência quase transcendental, mas o camarim? Um desastre. Eu fui até lá com o propósito claro de falar com ela, talvez entender quem estava por trás daquela máscara. Mas saí de mãos abanando, como se tivesse perdido algo que nunca foi meu. Naquele momento, a boate deixou de ser interessante. Não havia mais por que ficar ali, então voltei para casa. Só que o problema não era o lugar; o problema estava em mim. A imagem dela, o jeito como se movia no palco, a maneira como ela me olhou – se é que realmente olhou para mim – ficou gravada na minha mente como uma tatuagem. No domingo, eu não resisti. Fui até a The Beats para tentar saber se ela estaria lá. Talvez fosse minha chance de vê-la novamente. Mas a resposta foi fria, impessoal. Ruby, a dançarina mascarada, só se apresentaria na próxima sexta ou sábado, e mesmo isso não era certo. Saí de lá com a
Natasha Lewis Entrei no escritório com um misto de ansiedade e determinação. Não era apenas um dia comum, era o início de uma nova fase. Minha decisão de mudar não foi fácil, mas, depois de anos sendo a “Pequena Nat”, eu precisava romper com essa imagem. Xavier sempre me via como a amiga fofinha, confiável, a que estava lá para ouvir seus desabafos e rir de suas piadas. Hoje, eu queria que ele me visse como algo mais.Vesti um blazer ajustado de couro preto por cima de uma blusa decotada de cetim vinho. Minha saia lápis delineava minhas curvas, e os saltos que escolhi – altos, mas elegantes – faziam ecoar cada passo meu pelos corredores. Finalizei com uma maquiagem que realçava meus olhos e batom vermelho, um tom ousado que eu nunca tinha usado antes. Era como se eu tivesse vestido outra pessoa, mas ao mesmo tempo, era uma versão de mim que sempre quis explorar.O burburinho começou no momento em que passei pela recepção. Sara, que geralmente me cumprimentava distraída, quase derrubo
Xavier Alcântara Era sexta-feira, e eu mal podia conter a ansiedade. Ruby tinha algo que me deixava fora de controle. A maneira como ela dominava o palco com seus cabelos curtos brilhando sob a luz, o olhar desafiador que parecia encarar cada homem e dizer “você não pode me ter”. Ela era como uma tempestade: fascinante, imprevisível e impossível de ignorar. Hoje, decidi que tentaria algo diferente. Cheguei cedo ao The Beats, determinado a encontrá-la antes do show.O bar ainda estava se ajustando. Luzes sendo testadas, garçons organizando as mesas. Um vazio antecipado preenchia o espaço, mas minha mente estava ocupada demais para perceber os detalhes. Tudo o que importava era encontrá-la, decifrá-la, ter a chance de conhecer o que existia por trás daquela máscara de sedução.No balcão, Pablo já estava acomodado como se aquele lugar fosse sua extensão natural. Ele segurava um copo de uísque com a familiaridade de quem entende mais sobre álcool do que sobre pessoas.— Chegou cedo — ele
Natasha Lewis O motor do carro ronronava suavemente enquanto eu dirigia pela cidade, o brilho das luzes da rua refletindo no para-brisa. Pérola estava ao meu lado, o olhar curioso voltado para mim. Havia algo reconfortante nela, uma simplicidade que contrastava com o caos que meu coração carregava.— Ainda não quer falar sobre aquele assunto? — ela perguntou, lançando-me um olhar paciente.Suspirei, fixando meus olhos na estrada à frente.— É complicado. Acho que nem eu entendo direito. — Minha voz saiu hesitante, quase engolida pelo som do motor.— Sou boa ouvinte, sabe? — Pérola disse, dando de ombros com um sorriso pequeno. — E não sou do tipo que julga.Olhei para ela rapidamente, surpresa com sua espontaneidade. Não fazíamos amizade há muito tempo, mas algo em sua presença era acolhedor. Decidi arriscar.— Aquele homem que estava no camarim é o Xavier. Somos melhores amigos desde o ensino médio, trabalhamos juntos
Xavier Alcântara Sábado à noite. Mais uma vez, a boate estava lotada, os clientes se amontoavam para ver o show, mas minha mente estava longe dali. Meu olhar mal conseguia acompanhar a apresentação da outra dançarina no palco. Não que eu não apreciasse o talento das mulheres que subiam ali, mas meu foco estava em uma só: Ruby.Enquanto os homens lá fora buscavam qualquer distração momentânea, eu atravessava os corredores iluminados por luzes vermelhas, rumo ao camarim. Era o meu novo ritual nas noites de sábado. O que começou como uma brincadeira para atrair a atenção dela agora havia se tornado quase uma obsessão. Eu precisava vê-la, nem que fosse por poucos minutos.Empurrei a porta do camarim e lá estava ela. Ruby. Sentada diante do espelho, concentrada em passar o batom vermelho que marcava seus lábios cheios. A cena era quase teatral — o reflexo dela me encarando, o sorriso malicioso brincando no canto da boca. Uma rainha no próprio reino.— Você é insistente — ela disse, sem se
Xavier Alcântara Esse último mês tem sido um caos, uma verdadeira loucura. A coleção de primavera está prestes a ser lançada, e parece que a pressão do mundo inteiro caiu sobre os meus ombros. Os dias se arrastam entre reuniões, ajustes de última hora e a correria para garantir modelos para o evento. Eu mal consigo respirar, quanto mais me concentrar.E como se o estresse do trabalho não bastasse, tem Ruby. Aquela mulher me consome, me domina até nos momentos em que eu deveria estar focado. Não importa o que eu faça, ela não sai da minha cabeça. A cada segundo livre, minha mente volta para o jogo de sedução que estamos jogando — ou que ela está jogando comigo, pra ser mais preciso.Ruby é fogo puro, e eu me sinto cada vez mais atraído pelas chamas. Cada sorriso malicioso, cada palavra dela é uma provocação, e isso me deixa louco. É como se eu estivesse preso em uma corda bamba entre desejo e frustração. Eu quero ela de um jeito que nunca quis ninguém antes, e isso me assusta tanto qu
Natasha Lewis A semana inteira foi estranha. Apesar de ainda almoçarmos juntos e conversarmos como de costume, algo entre mim e Xavier havia mudado. A conexão que sempre tivemos parecia perdida, e isso me matava por dentro. Mas hoje, sexta-feira, eu decidi que seria diferente. Se ele ainda insistia em estar por perto, era porque não havia desistido de mim. E eu? Bem, eu decidi que essa noite ele seria meu. Estava de costas quando ouvi a porta se abrir. Seu perfume chegou antes dele, aquele cheiro amadeirado e familiar que fazia minha pele arrepiar. Virei-me lentamente, um sorriso desenhando-se nos meus lábios. — Sempre insistente, Xavier? — provoquei, inclinando a cabeça enquanto ele fechava a porta atrás de si. Ele devolveu o sorriso, aquele olhar penetrante que fazia meu coração disparar. — Se eu quero algo, corro atrás. Caminhei em sua direção, lenta e calculadamente. — Que bom que veio. Porque hoje... — pausei, mordendo levemente o lábio, vendo sua atenção fixar-se ali.