– Está bem, Tom, mas eu realmente preciso ir?
Ele tirou os óculos, esfregou os olhos, massageou as têmporas e disse-lhe que sim pela terceira vez.
Houve um momento de silêncio enquanto Jane percebia que ele estava falando sério, então ela revirou os olhos impacientemente.
– Estás lembrada de que o dono do teatro está financiando teu livro, certo? – ele perguntou. – Tu tens que ir. E é melhor que leves alguns amigos porque há seis ingressos!
– Seis? – ela ergueu as sobrancelhas. – O que o faz pensar que eu sequer tenho cinco amigos para convidar?
Tom franziu o cenho.
Escritores eram, geralmente, bastante dramáticos, mas Jane conseguia levar as coisas a um outro nível.
– Está bem! – ela disse, devolvendo-lhe dois ingressos. – Aqui um para ti e outro para tua esposa.
– Jane, por Deus! – ele bateu
Não havia passado nem vinte minutos desde a chegada delas no teatro e Ge já estava ameaçando Jane de assassinato. –Eu não o convidei, Georgie. Eu juro! Os lábios de Ge se contorceram em descrença. Jane era uma boa mentirosa, mas era coincidência demais; não havia como convencê-la desta vez. –Chega, Jane. Eu sei que sim. Bem, de qualquer forma, não importa. Eu disse que jamais falaria com ele novamente e pretendo permanecer firme nesta decisão. Jane franziu o cenho. –Então, se o sr. Dawson vier até nós, tu vais simplesmente correr e se esconder? Ge sorriu de maneira irônica. –Precisamente. –Então vais simplesmente me largar aqui sozinha? Tu sabes que preciso ficar aqui no salão por ao menos um tempinho... –Ora, por favor, não sejas tão dramática! Teus amigos chegarão em breve, se alguém ficará sozinha esta noite, este alguém sou eu. Aliás, acho que irei procurar meu ass
Devia ser mesmo coisa do destino. Quais eram as chances de ver o homem sobre o qual ela estava escrevendo há poucos instantes passar pela janela da Casa de Chá no exato momento em que ela levantara a cabeça para olhar através dela? Ela até tentou, por alguns segundos, dizer a si mesma que ele parecia estar com pressa, mas a vozinha em sua mente dizendo que aquilo não podia ser coincidência logo a convenceu a ir atrás dele e então ela correu pela rua movimentada até alcançá-lo. –Edmund! Ele deu a volta e sorriu ao vê-la. –Que bom encontrá-lo, quanto tempo...–disse ela, imediatamente se arrependendo, pois não havia tanto tempo assim. –Sim, que bom! Nossa... Não a vejo desde a peça e, bem, pensei que a veria com mais frequência agora que tua amiga está noiva do meu amigo. Infelizmente, continua sendo só o casal e eu... a dois metros de distância deles–ele deu de ombros, fazendo-a dar uma risadinha. – 
Ed estava verdadeiramente agradecido pela oportunidade que Jane havia proporcionado a ele. Lord Hartford estava ensinando-lhe coisas que ele jamais aspirara aprender e era claramente um privilégio compartilhar de seu conhecimento. As aulas aconteciam na mansão Bridgewood e era realmente difícil para ele olhar a pintura de Jane no corredor que levava ao escritório e não desejar que pudesse mencioná-la. Ou quando conversava com a sorridente Lady Hartford, cuja bondade lembrava-o tanto dela. Ou mesmo quando via o pequeno Charles correndo pelos jardins com a mesma energia que ela possuía sempre que tinha uma pena na mão direita. Ele queria falar com Lord Hartford sobre ela, queria consertar as coisas como uma maneira apropriada de agradecer a ela por tudo que havia feito por ele, mas sempre que sugeria isto, ela o interrompia. Jane achava que o pai ficaria furioso a ponto de pôr um fim na pupilagem de Edmund. Não valeria à pena. Ed tinha a chance de estar em uma
No começo, Jane pensou que Arthur estivera exagerando, mas a casa dos Bentley realmente estava um pandemônio. Aparentemente, quase todas as pessoas que já haviam comparecido aos jantares estava lá e cada uma delas tinha uma opinião diferente de como deveriam prosseguir no momento de crise. Alguns argumentavam que este era um momento para se ter paciência, para observar cuidadosamente os passos dos adversários e se preparar para retaliação. Outros acreditavam que esperar era muito perigoso e que esta era a única chance que teriam de revidar. Peter Langley estava entre os últimos e acreditava firmemente que todos estariam condenados se não agissem imediatamente, mas Thomas Harvey discordava. –Pensa bem–Tom tentou explicar mais uma vez.–Isto é exatamente o que eles querem. O povo está tomado pelo medo. Por mais que esse governo seja instável, ninguém quer voltar para a instabilidade que imperava durante o fim da Monarquia. Não tería
A resistência era tímida no começo, mas sua determinação e a união rapidamente a levaram a outro patamar. Philip Millman se sentia culpado por vender o Jornal do Amanhã, então doou todo o lucro da venda para o novo projeto de Thomas Harvey e Henry Bentley: A Voz do Povo, uma revista semanal que informava e atraía as pessoas para as reuniões das quais Murray falava tão mal. Ela dependia principalmente de doações, era impressa no porão de Henry e muitos dos colunistas eram convidados regulares nos jantares, que nem sequer eram pagos para escrever. Georgie teve de aceitar um emprego como garçonete na Casa de Chá de Grace Brown para ajudar Jane com as contas; Eleanor começou a consertar vestidos de amigas para permitir que Peter continuasse a escrever para a revista; e entre os trabalhos da universidade, seu trabalho numa loja de sapatos e suas aulas com Lord Hartford, Edmund ainda conseguia arranjar um tempinho para ajudar a distribuir a revista com Tom, Henry e
–Eu sinto muito, sr. Hawkins–disse Lady Hartford tomando um gole de chá.–Era realmente uma emergência. Do contrário, ele teria tido ao menos a cortesia de cancelar a aula. Peço que o senhor o perdoe, pois ele tem muitas preocupações agora com o julgamento tão próximo...Edmund sorriu educadamente.–Eu entendo, Lady Hartford–ele garantiu.–Nem consigo imaginar a pressão que ele deve estar sofrendo desde que o caso chegou ao Tribunal Supremo... Não se fala em outra coisa.–De fato–ela pausou.–Estou bastante surpresa com a maneira como ele tem lidado com isso. Aparenta estar muito paciente quando as pessoas o perguntam sobre, mas Deus sabe o quanto tem perdido o sono como todos os outros! Eu tento acalmá-lo, mas admito que não estou muito melh
Edmund agora tinha absoluta certeza de sua teoria. Os crimes de Sutton haviam sido perdoados e ele fora libertado da prisão para realizar o plano. Afinal, Murray e os outros precisavam de um profissional, alguém que não os mataria acidentalmente. Após o ataque, o sniper, então, tivera ajuda para escapar do país, como haviam concordado previamente. A colaboração de Sutton na investigação da corrupção nada fora além de uma história inventada para acobertá-los, o que promoveu a popularidade deles entre as pessoas comuns. O objetivo principal do esquema era, desde o começo, dividir a oposição e aumentar seus poderes a partir de uma guerra ao medo que eles mesmos criaram. Ed não podia mais suportar não fazer nada. Jane havia enchido a mente dele com a ideia de fazer a diferençade verdade, pois não sabia que os dois interpretavam essa frase de maneira bem diferente. Ed tentou não quebrar sua promessa e por isso não mencionou nem Jane nem Jude para Lord Hartfo
Eleanor Bentley observou Jane Hartford. Então, olhou para Edmund Hawkins. A amiga e ela haviam acabado de ouvir Lord Hartford dizendo a ele que nunca mais aparecesse na Mansão Bridgewood novamente e ela não conseguia decidir se ficava ali com Jane ou deixava os dois a sós. Ela os encarou mais uma vez. As sobrancelhas de Edmund estavam quase unidas e os lábios de Jane torcidos. Talvez fosse melhor não presenciar a discussão mesmo. –Jane, eu...–ele caminhou na direção delas. –Deixarei que os dois conversem–disse Eleanor antes de dar um apressado abraço em Jane. Assim que Eleanor se afastou o suficiente, Ed parou de frente para Jane e murmurou seu nome outra vez. –Eu não acredito que fizeste isso–sibilou ela. Edmund pensou que ela gritaria com ele, mas ela apenas sussurrava e isso partiu o seu coração. –A única coisa que pedi que não fizesses...&nb