Fiquei pasma.Como se precisasse confirmar algo, eu olhei várias vezes para o e-mail com atenção.Sim, era isso mesmo. Rosa foi nomeada como diretora de design, a minha chefe imediata.— Nora, você a conhece?Zoe percebeu que algo estava errado, balançou a mão na frente dos meus olhos e falou sobre a sua suspeita.— Sim, ela é a irmã de Lucas por parte de pai, — Coloquei o celular de lado ao mencionar. — Já te falei sobre ela antes.Depois da formatura, nós seguimos caminhos diferentes, mas Zoe e eu, que éramos muito próximas durante a universidade, decidimos ficar no Rio de Janeiro, sem planos de ir para outro lugar.— Poxa, nepotismo, né! — Zoe fez uma careta ao constatar.Eu não respondi de imediato. Pensando bem, isso era mais do que simples nepotismo.— Lucas está maluco? — Zoe continuou reclamando, indignada com minha situação. — Por que ela? Nunca ouvi falar dela no mundo do design, e Lucas, do nada, dá a ela o cargo de diretora? E quanto a você? Em que posição ele vai te coloca
Ele aceitou quase que imediatamente, sem vacilar. Enlacei seu pescoço com os braços, com um leve sorriso, olhando-o intensamente.— Dez por cento, você está realmente disposto a me dar isso?— É para você, não para um estranho. — Seu olhar era sereno quando redarguiu; Naquele momento, eu tive de admitir que o dinheiro era mesmo uma excelente maneira de mostrar lealdade. A emoção que suprimi durante toda a tarde finalmente encontrou alívio. Quase como querendo provar algo, perguntei sorrindo: — E se fosse a Rosa, você daria?Lucas vacilou por um instante até que finalmente, os seus olhos encararam os meus.— Não. — Ele respondeu com veemência.— Sério?— Sim, tudo que posso oferecer a ela é aquela posição.— Vou pedir para o Felipe Moura te entregar o contrato de transferência de ações esta tarde. — A voz estava mais calma e firme quando Lucas me abraçou. — A partir de agora, você é uma das proprietárias do Grupo Franco. Os outros, vão trabalhar para você.— E quanto você? — Bem-humo
Lucas estava me esperando e Rosa estava sentada no banco do passageiro. Eu realmente queria dar meia volta e ir embora, mas a razão me fez ficar. — A chave do carro. — Estendi a mão para Lucas ao pedir.Lucas não falou nada, apenas colocou a chave na minha mão. Contornei o automóvel e fui diretamente para o assento do motorista, sorrindo sob o olhar confuso e surpreso de Rosa.— Não se preocupe, querida! Você é quase como uma irmã para o Lucas, então pegar carona é algo absolutamente comum. — Em seguida, olhei para Lucas, que ainda estava em pé do lado de fora. — Anda logo, o vovô já está nos esperando.O silêncio se perpetuou durante todo o percurso. Tudo estava quieto como se estivéssemos num caixão.Rosa queria conversar com Lucas, mas provavelmente por ter que ficar virando a cabeça, pareceria um pouco estranho.Percebendo que eu estava desconfortável, Lucas de repente abriu uma garrafa de bebida e me passou.— Você quer um pouco de Suco de manga? Esse é o seu favorito.Tomei um g
Eu me senti como se tivesse caído num poço de gelo. O sangue em minhas veias parecia ter se solidificado. Por um momento, cheguei a duvidar se havia ouvido errado. Às vezes, eu realmente suspeitava que havia algo errado entre eles, mas toda vez que essa ideia surgia, era imediatamente rejeitada. Apesar de não haver laços de sangue entre os dois, um era referido como o herdeiro do Grupo Franco e a outra, era a senhorita da Família Franco, efetivamente tratados como irmãos. Além disso, ambos estavam casados. Lucas era visto como um verdadeiro príncipe por todos e parecia improvável que ele agisse de forma tão absurda. No entanto, não muito longe dali, ele, com os olhos cheios de raiva, pressionava Rosa contra a parede, sua voz carregada de sarcasmo e frieza ressoava nitidamente.— Divorciar-me por tua causa? Foi você quem escolheu casar-se com outro, que direito você tem de exigir algo agora?— Eu… — As incessantes acusações deixaram Rosa sem palavras, lágrimas caindo como pérolas
Lucas ficou surpreso, mas não disse nada. Apertei os lábios e então, eu comecei a falar baixinho:— O que aconteceu entre vocês na noite do nosso casamento?Lembro-me vagamente de ter passado a noite inteira esperando na varanda. Na noite de núpcias, ele me deixou sozinha logo após a cerimônia e saiu sem mais nem menos. Pensei que fosse algo urgente e me preocupei com sua segurança, imaginando se tinha feito algo para desagradá-lo, ao mesmo tempo, em que esperava ansiosamente por seu retorno. Eu tinha apenas vinte e três anos e, por um capricho do destino, casei-me com o homem que secretamente amei por anos. Como não poderia ter esperanças em nosso casamento e nele?No entanto, só naquele dia do jantar, eu descobri que, enquanto eu esperava ansiosamente por ele em casa, ele estava com outra mulher. Tudo isso parece uma piada cruel. Lucas não estava mais disposto a esconder nada de mim.— Naquela noite, a Rosa se envolveu num acidente de carro enquanto corria pelas ruas da cidade co
Eu não queria entender de imediato, mas acabei compreendendo que Orfeu disse.— Só isso, nada demais. — Zoe riu com desdém ao comentar.Eu a olhei surpresa, perguntando com o olhar:— Uma única noite, e foi horrível.Zoe não tinha papas na língua, e não se importou com a presença de Orfeu, que protestou:— Foi minha primeira vez, você sabe!— Para, para, para, eu não quero carregar essa culpa. Você, sendo um conquistador, não venha me falar da “primeira vez”. Mesmo que fosse, deveria ter sido com isso ou aquilo, — Zoe interrompeu, apontando para as mãos dele.Vi Orfeu sempre tão desapegado, mas quando ele ficou vermelho com os comentários de Zoe, entendi finalmente o relacionamento deles. Uma aventura de uma noite. Orfeu estava tentando conquistar a minha amiga.Zoe, ignorando Orfeu, me puxou em direção ao camarote:— É um veterano que voltou do exterior, Orfeu e o grupo dele organizaram esse encontro, me chamaram para animar.— Qual veterano? — perguntei baixinho.— Você deve conhece
Cada movimento era como um tapa no meu rosto. Até meus ossos doíam com isso. Imaginei essa cena inúmeras vezes. Olhando em volta, apesar de estar em casa, senti um frio percorrer todo o meu corpo.— Nora, você acordou? — Rosa virou-se ao me ver e me saudou com um sorriso. — Vem provar o que o Lucas preparou, garanto que está uma delícia.Assim que terminou de falar, ela levou o prato para a mesa, agindo como se fosse a dona da casa. Respirei fundo, ignorei-a e perguntei diretamente a Lucas:— Como ela veio parar aqui em casa?Lucas, serviu o último prato e tirou o avental. — Ela vai embora depois do jantar, — ele respondeu friamente:— Você não tem coração? — Rosa o encarou. — Vai mesmo me mandar embora?— Rosa, não me provoque! — Lucas falou num tom sério, parecendo perder a paciência. — Não quero mais problemas.— Mesquinho — Rosa murmurou e me puxou para comer. Como se a pessoa que implorou chorando pelo divórcio ontem não fosse ela. Como se não fosse ela quem tentou levar meu mar
Depois de uma consulta de revisão no hospital pela manhã, eu pretendia visitar meus pais no cemitério. Não ia demorar muito. Mas, por algum motivo, sempre me senti inquieta, incapaz de falar. Não consegui dizer diretamente a Lucas que estava grávida no dia anterior. E naquele dia, não podia dar certeza a Zoe de que levaria Lucas comigo. Receava que os planos não acompanhassem as mudanças. A relação entre Lucas e Rosa em minha mente era como uma bomba-relógio. Vendo meu desânimo, Zoe olhou em direção ao escritório de Rosa e perguntou:— E aquela história do Patek Philippe, Lucas resolveu?— Quase lá.Conversamos mais um pouco, e ela finalmente se sentiu aliviada para voltar ao departamento de marketing._____________Não sei se Rosa mudou ou simplesmente viu as coisas de outra maneira. Por vários dias, ficamos em paz. Estava preocupada que o design especial de Ano Novo fosse bloqueado por ela, mas entrou suavemente na fase de prototipagem.— O que vocês acham, qual é a relação daqu