Gustavo Eu mal havia percebido o momento em que Alexandre havia entrado na casa. Ainda estava perdido nas últimas palavras da Kara e na maneira como ela havia me desafiado. — Está tudo bem, Gustavo? – tocou em meu braço, e quando levantei o olhar até ele, percebendo que Alexandre estava confuso. — Preciso de um favor – eu disse, olhando nos olhos dele e sabendo que o pedido iria parecer estranho - entregue a Jasmim para a Kara. Depois volte para podermos conversar. Inclinei o corpo e coloquei Jasmim no colo dele. Alexandre gaguejava, mas dos seus lábios não saia nenhuma palavra a qual eu pudesse entender. Embora confuso, ele me obedeceu. Pegou jasmim desajeitadamente e formulou um sorriso forçado no rosto. Eu sabia que a intenção dele era me perguntar muitas coisas, mas eu não dei nenhuma chance. Virei as costas e fui para o andar de cima. Me tranquei no quarto e fui para o banheiro. Eu precisava me enfiar debaixo daquele chuveiro para que água fria acalmasse os meus nervos. Eu t
Gustavo Henri Foi difícil observar o Allan e ver os olhos dele brilhando em direção a Kara. Havia um fascínio no rosto dele, de modo que eu não gostei do que vi e nem mesmo sabia explicar por quê. Pigarreei para chamar ele de volta a realidade. Embora não entendesse o que ele havia enxergado de tão especial nela, eu tinha certeza de que não queria vê-lo envolvida com a babá da minha filha. — Está tudo bem? - me coloquei na frente dele para que ele parasse de olhar para o nada – a Kara disse algo a você? — Por que está perguntando isso? - sorriu para mim, um sorriso bobo e prepotente. — Se pudesse ver o seu rosto no espelho agora, perceberia o quanto está patético, olhando para essa garota. Alan olhou para mim e um sorriso debochado atravessou seu rosto. Ele se sentou na poltrona logo a frente e tentou disfarçar que eu estava certo. — Você precisa ir ao oftalmologista, urgentemente – continuou zombando - não consegue enxergar o quanto a Kara é encantadora. Soltei uma sonora g
Kara JimenezEu entrei no quarto com tanta presa, que acabei batendo meu joelho fortemente na quina da mesa. Eu quase gritei de dor e a sensação de desespero se misturou com o joelho, que latejava e sangrava ao mesmo tempo.Caminhei com dificuldade até a cama e me sentei, fechando os olhos e tentando não chorar de dor. Aquele joelho mal havia se recuperado do último acidente e já estava me causando dores novamente. A sensação que eu tinha era que eu nunca mais voltaria aos meus dias felizes. A amargura tomou conta do meu coração quando eu pensei que dali a alguns minutos, Gustavo entraria naquele quarto, furioso comigo.Por que tive a brilhante ideia de sair desse quarto para tomar água? Tive tanta presa de saciar minha sede que não vi aquele maldito jarro de flores e me esbarrei nele. Não foram os cacos espalhados no chão que decretou minha ruína, mas certamente o que eu ouvi naquela sala.Bruna traiu o Gustavo com o empresário dele? Aquilo era horrível e alguma coisa me dizia que eu
Gustavo HenriOlhei para a camisa manchada de sangue e fiquei pensando sobre o que eu havia feito. Decerto, Alexandre tinha razão quando dizia que eu estava me permitindo ser afetado pelo que a Bruna havia feito comigo. Eu não tinha nenhum motivo para odiar a Kara, mas nem eu mesmo entendia os meus próprios sentimentos.Foi uma enorme falha ter saído do quarto dela sem exigir minhas condições. Obrigá-la a se manter calada em relação aos meus segredos, mas eu não conseguir reagir. Ouvi-la dizer que não me trairia como a Bruna fizera, me fez baixar todas as minhas defesas.O que afinal estava acontecendo comigo?Me levantei e joguei a camisa ensanguentada no lixo do meu banheiro. A camisa era nova e havia sido um presente dado pela Bruna no meu aniversário. Eu era um homem totalmente desapegado das coisas e não teria nenhuma dificuldade em me desfazer de objeto ou pessoas.Mas, eu não conseguia me desfazer da Kara. Embora soubesse que bastaria dizer que eu estava à procura de uma babá e
KaraEu acordei com o choro de Jasmim e demorei mais do que deveria para me levantar. As noites pareciam intermináveis. Eu acordava a cada duas horas para dar a comida dela e quando amanhecia eu queria ficar na cama por mais oito horas.Aquele trabalho estava de certo modo acabando comigo.Dei um grito agudo assim que coloquei o pé no chão e sentir meu joelho latejar de dor. Caminhei com dificuldade até o berço de Jasmim, pegando-a no colo e indo em direção à cozinha.A primeira pessoa que vi foi a Marta. Olhou para mim com puro desdém e nem sequer me cumprimentou. Enquanto eu caminhava em direção a Antônia, o choro de Jasmim se intensificou e eu estava ao ponto de chorar de tanta dor que eu sentia.— Você está péssima, Kara – eu mal havia reparado que Antônia vinha me observando desde a hora em que eu entrei na cozinha, me analisava minunciosamente, de modo que eu até fiquei sem graça - penso que a Jasmim está dando bastante trabalho para você.”Soltei outro gemido de dor, quando Ant
KaraAntônia percebeu a fúria estampada no meu rosto, e como se lesse meus pensamentos, colocou o corpo na minha frente, impedindo-me de prosseguir.Eu estava pronta para avançar e ir ao encontro de Gustavo para exigir uma explicação.— Eu não posso deixar você ir perturbar o patrão – disse ela, e sua atitude fez minha fúria transcender.— Você não percebe o que ele está fazendo? – meu rosto esquentou, e eu sabia que havia ficado vermelha.— Esse é o seu trabalho, Kara – disse, apontando para Jasmim, que dormia tranquilamente no meu colo – ele não exigiu nada além disso de você.Antônia estava certa. Embora as palavras dela saíssem como um raio que instantaneamente me assustaram, eu não contestei. Engoli toda a minha frustração e recuei. Eu estava enfurecida, mas eu precisava me colocar no meu lugar e entender que ali, dentro daquela mansão, eu era apenas mais uma funcionária.— Não estou dizendo isso para magoá-la, menina – a voz dela continha traços de arrependimento, embora eu não
Tudo era uma grande armação. Não havia encontro nenhum. Eu saí da mansão naquela noite para ir até a casa do Allan e passar um tempo conversando, embora soubesse que ele estaria bastante contrariado com a minha decisão de não permitir que Kara se encontrasse com ele.Um dia ele entenderia os meus motivos, disso eu tinha certeza.Estacionei o carro em frente à casa dele, pensando nas desculpas que eu inventaria para estar ali àquela hora da noite. Toquei o interfone várias vezes, até que um dos funcionários apareceu me avisando que o Alan não estava em casa.O homem não tinha ideia para onde ele havia ido e eu fiquei parado no meio da rua por longos minutos sem saber o que fazer daquele momento em diante. Dirigir de volta para casa, afinal, nada disso importava, uma vez que o meu objetivo principal havia sido alcançado: Kara não sairia para jantar com Allan.Eu precisava arrumar uma maneira de fazer o Allan entender que a Kara não podia ser nada além da minha babá. Com ele por perto, K
Kara Jimenez O silêncio no carro foi avassalador. O maxilar do Allan permaneceu contraído o caminho inteiro como se travasse os lábios dele, impedindo-o de falar qualquer coisa para mim. Me questionei se eu havia feito algo de errado, se a raiva dele era direcionada a mim, porque foi nítido que o Allan estava contrariado devido algo que aconteceu. Enquanto as dúvidas me consumiam, o carro avançava, nos aproximando do nosso destino. Eu não poderia sair daquele carro sem antes entender o que havia acontecido e quando o veículo parou em frente a mansão do Gustavo, eu não me contive e comecei a falar. — O que o Gustavo disse a você para agir assim? Allan girou o pescoço na minha direção e fixou os olhos nos meus. Tentei decifrá-los, mas não conseguir. O Allan soltou um longo e pesado suspiro e manteve-se em silêncio, pensativo. Eu soube que as coisas eram mais graves do que eu imaginei. — Ele pediu para que eu ficasse longe de você. As palavras dele rasgaram minha mente, deixand