Gustavo Henri A Kara precisava de mim. A ansiedade voltou a passar pela minha cabeça, eu segurei a mão de Olivia com mais força, quando o silêncio se tornou constrangedor entre mim e Afrodite. — Você continua aí, Gustavo? – a pergunta dela trouxe um grande sorriso ao meu rosto, eu veria finalmente a Kara depois de tanto tempo. Existia alguma chance dela ainda me amar? — Estou – disse, prendendo o ar dentro dos meus pulmões – por que a Kara precisa de mim depois de tanto tempo longe? Essa não era exatamente o tipo de pergunta que eu deveria fazer. Eu era um tolo, que ao invés de não questionar e arrumar minhas coisas, dificultava, criando uma barreira ainda maior entre mim e a mulher que eu amava. Assim que ouviu o nome da Kara, Olivia saltou com os olhos brilhando e um sorriso ingênuo no rosto. — Você está falando com a Kara? – eu não podia respondê-la agora e não respondi, porém, a expectativa não fugiu de seus traços. Olivia esperou pacientemente que eu respondesse sua pergu
Gustavo henri. Meu semblante denunciou o quanto eu estava aborrecido com a atitude de Alexandre em levar a Bruna até a minha casa. Eu não queria mais vê-la, a não ser em frente a um juiz determinando nossa sentença. Voltei a me sentar, depois que a cadeira foi levantada pelas mãos de Alexandre. Nada do que ele dissesse amenizaria o que eu sentia no momento. — Como advogado você deveria ser mais inteligente – eu o recriminei incapaz de olhar em seus olhos e perceber sua reação – foi um erro trazer a Bruna aqui. Minhas palavras perfuraram o coração de Alexandre. Durante aqueles anos em que trabalhou para mim eu nunca havia duvidado de sua competência. — Eu não pude impedir – eu realmente estava curioso para ouvir suas justificativas, mas Alexandre não me ofereceu nenhuma delas – acho que chegou a hora do senhor resolver de uma vez por todas suas diferenças com sua ex mulher, antes de partir ao encontro da Kara. Ele era ótimo na persuasão, eu não podia negar, mas dessa vez meu dese
Kara Ximenez Afrodite sumiu por alguns dias. A impressão que tinha, enquanto morria de tédio dentro desse hospital, era que ela estava tão zangada comigo que já não suportava mais minha presença. Meu coração ardia em dor quando me lembrava de que poderia perder minha única melhor amiga por um erro bobo que cometi. A cada dia que passo dentro desse hospital, percebo o quanto a maternidade é difícil e dolorosa. Eu já havia experimentado as noites em claro quando cuidei de jasmim ainda recém-nascido, mas eu não sabia a dor de amamentar. Às vezes achava que Caleb arrancaria os meus seios a qualquer momento. Eu até desejei voltar para a lanchonete do que ter que alimentar o meu próprio filho. Ele era a coisa mais linda que esse mundo não conheceu e olhar para ele me fazia lembrar dos momentos fraternos que vivi ao lado de Jasmim. Eu sentia tanta falta dela, como se fosse minha própria filha, e lamentava que precisasse passar por tantas coisas ruins ainda tão pequena. O Gustavo ainda es
Gustavo Henri. Desembarquei no aeroporto, sentindo minhas pernas tremerem. Estava frio em Nova Iorque e eu mal me lembrava da última vez em que vim nesse lugar. O sentimento dentro de mim era completamente desconhecido. Eu não sabia se minhas mãos suavam porque eu veria a Kara, ou porque saberia finalmente seus motivos por ter me abandonado. Assim que saí pela sala de desembarque, procurei por Afrodite, mas não a encontrei. Às vezes eu me esquecia de que, sendo um jogador de futebol, era reconhecido no mundo inteiro e que em todos os lugares haveria brasileiros para pedir um autógrafo. Fui logo cercado por algumas pessoas. Um turbilhão de emoções parecia me dominar, enquanto eu queria fugir dali e encontrar a Kara, eu não podia desapontar as pessoas que tanto me admiravam. Quando finalmente achei que havia terminado, uma voz familiar ecoou nos meus ouvidos, fazendo-me eu erguer a cabeça e ficar completamente desnorteado. — O jogador de futebol tem tempo para me dar um autógrafo
Kara Jimenez Era inacreditável que a Afrodite tivesse me traído dessa forma. Como ela pôde levar o Gustavo de volta para mim, após me ver sofrendo tanto para fugir dele? Naquele momento, eu estava apavorada e certamente minha reação demonstrou sentimentos que o Gustavo interpretou equivocadamente. Ele pensou que eu sentia medo dele. Transpareci isso quando recuei e me encolhi na parede logo atrás de mim. A verdade era, eu queria ser engolida pela parede e desaparecer. Eu queria que alguém arrancasse o meu coração e levasse com ele todas as emoções que eu sentia ao olhar nos olhos do meu jogador preferido. Gustavo deu um passo na minha direção e ficou tão próximo que minhas pernas estremeceram. O cheiro que exalava dele ainda era o mesmo. Uma lagrima escorreu dos meus olhos e eu não consegui evitar mostrar tudo o que eu sentia no nosso reencontro. — Por que você fugiu de mim? – Ele sussurrou e eu fechei os olhos, apenas sentindo o dedo dele limpar minhas lágrimas. Abri os olhos
Decidi parar de ouvir e simplesmente deixei que as lágrimas falassem por mim. Ainda paralisado no mesmo lugar, eu apenas olhava para aquela criança que dormia tão tranquilamente e não acreditei no que Kara dizia a mim. — Meu filho? – Certamente minha pergunta poderia ofendê-la – um menino? Os olhos de Kara se estreitaram e ela sorriu. Eu tentei acompanhar o seu ritmo, mas Kara estava visivelmente mais emocionada do que eu. No silêncio, ela apenas balançou a cabeça. Ainda que se esforçasse para dizer algo a mais, ela não conseguiu. Nem mesmo eu sabia o que dizer naquele momento. Kara o entregou para mim e minhas mãos tremulas denunciaram o quanto aquele momento era único em minha vida. — O nome dele é Caleb Henri – ela disse e eu olhei para ela sem acreditar que, mesmo decidindo ter um filho longe de mim, ela havia pensado em absolutamente tudo – e ele nasceu há três dias. Peguei Caleb em meus braços. Jamais negaria que seria meu filho, ele se parecia comigo quando eu era criança.
Kara Jimenez Aquilo era um pesadelo que eu não conseguia acordar. De repente o Gustavo bateu na minha porta, voltou para minha vida e quando descobriu que tivemos um filho juntos ficou com raiva e partiu, me deixando com um nó enorme na garganta cheio de palavras que eu ainda precisava dizer a ele. Observei da janela Afrodite tentar convencê-lo de voltar e terminar nossa conversa. Aliás, foi isso que pedi a ela para que fizesse por mim, já que a ideia brilhante de levar o Gustavo de volta para minha vida havia sido exclusivamente dela. Mas a conversa pareceu não terminar bem. Ele olhou para mim pela última vez e entrou no carro de Afrodite. Meu coração disparou e eu concluí que agora era a vez dele partir da minha vida para sempre. Caleb dormia tranquilamente no berço quando eu o deixei e corri na direção da rua, mas Gustavo já havia partido. — Para onde o Gustavo foi? – temi a resposta, tanto que nem olhei nos olhos de Afrodite. Ela demorou para me responder e até tentou disfa
Gustavo Henri. Os olhos de Kara escureceram. Ela não conseguia entender. Eu imediatamente me culpei por dar uma notícia dessa forma. Não foi assim que planejei e, quando percebi, ela, perdendo as forças, a agarrei, segurando-a com força contra o meu corpo. Silenciosamente, Kara chorou e naquele momento considerei o silêncio minha melhor opção. Eu apenas a segurei em meus braços enquanto permitia que ela colocasse para fora toda a dor. — Como descobriu isso? – ela se afastou e eu lamentei – porque eu não fiquei sabendo… — A notícia estava em todos os jornais da cidade – respondi, mas Kara permanecia de cabeça baixa - não tinha como você ficar sabendo. Lamento muito. Ela permaneceu ali como se estivesse congelada no tempo ou afundada pelas próprias memórias. Percebi então que eu sabia muito pouco sobre esse lado da vida da Kara. Desde quando a conheci, ela nunca gostou muito de falar sobre sua família, seus pais e o relacionamento que havia tido com eles. Era tudo muito vago, aind