SarahKael e eu estávamos saindo do restaurante onde tínhamos acabado de jantar com Ryan e Madison. Enquanto procurava meu celular dentro da bolsa, percebi que havia várias chamadas perdidas, todas do mesmo número desconhecido. Decidi não retornar, afinal, todas as pessoas realmente importantes já estavam salvas nos contatos da minha agenda do aparelho.Kael me ajudou a entrar no carro e depois guardou a cadeira de rodas na mala com a ajuda do manobrista do restaurante. Quando finalmente se sentou no banco do motorista, eu soltei um suspiro profundo, chamando imediatamente a atenção dele.— O que houve? — Ele perguntou, ligando o carro e saindo da frente do restaurante — Está muito cansada?Kael tinha uma expressão de culpa, e eu sorri ao perceber que ele estava se sentindo mal por ter insistido em sair para jantar naquela noite. Decidi criar um pouco de suspense antes de explicar o motivo.— Algumas chamadas perdidas no meu celular — eu disse, olhando pela janela do carro. — Todas de
RyanSaí do restaurante com meus irmãos após o jantar e, ao lado, encarei na garota sentada relaxadamente no banco do carro. Ela parecia claramente contrariada. Quando percebeu que a observava, Madison demonstrou desconforto, mas acabou sorrindo para mim.— Estou tão cansada, Ryan — ela reclamou novamente, repetindo algo que já havia dito várias vezes naquela noite. — Não deveríamos ter saído para jantar hoje.Embora ela já tivesse expressado essa queixa algumas vezes, eu não me aborreci, pois compreendia completamente seu desconforto. Acabávamos de retornar de uma longa viagem a Londres, que durou alguns dias, e ainda não nos recuperamos completamente do jet lag. Era compreensível que ela estivesse exausta. Eu também me sentia cansado, mas estava ansioso para ver Sarah após tantos dias. Dadas as circunstâncias de minha irmã naquele momento, insisti que saíssemos naquela noite, embora entendesse que Madison não concordasse com minha ideia.— Desculpe, querida — eu disse com culpa. — P
Rachel Eu estava me sentindo terrível depois de ser literalmente abandonada no meio da rua, sem ter ideia para onde ir. Era algo que eu nunca poderia imaginar que aconteceria comigo, e estava completamente perdida, sem saber como sair dessa situação humilhante.Tudo ficava ainda mais difícil porque não conseguia raciocinar direito, pois tudo estava acontecendo de forma tão rápida e confusa, deixando-me atordoada e com a sensação de que não havia saída.O que mais me abalava era que, em nenhum momento, passou pela minha mente que a garota a quem pedi ajuda poderia simplesmente abrir a boca e divulgar para todos que eu agora era mais uma daqueles que lutavam para sobreviver em Seattle, trabalhando na cozinha de um hotel de baixa categoria apenas para quitar uma dívida absurda. Apesar disso, eu não sentia raiva de Lindsay.No final das contas, ela conseguiu despertar a compaixão de Ryan, e ele concordou em nos dar uma carona daquela rua estranha. Era pelo menos algo positivo em um dia
EnricoMais um dia na casa de repouso, e eu continuava sem a menor ideia de como fazer Joseph recuperar sua normalidade, permitindo-me retornar a Londres com um sentimento de tranquilidade. O chefe da equipe já havia me ligado, pedindo meu retorno o mais rápido possível, pois tínhamos que testar o carro para a próxima etapa do Circuito Mundial de Fórmula Um, e em apenas três dias, toda a equipe partiria para o próximo país onde vai acontecer mais uma corrida.No entanto, eu não vislumbrava uma solução para esse problema a curto prazo, a menos que Joseph desejasse isso, o que, no momento, parecia altamente improvável. Retornar a Londres e seguir para o próximo destino, sabendo que meu pai enfrentava essa situação, estava completamente fora de questão. Não conseguiria me concentrar nem manter a calma para enfrentar uma corrida, quando minha mente só conseguia pensar no que estava acontecendo em Seattle.Rachel nem passava pelos meus pensamentos, ou pelo menos eu tentava evitar pensar ne
RachelEsse era apenas o meu segundo dia de trabalho no hotel, e antes da abertura do restaurante, o gerente me designou para ajudar como camareira. Tive que realizar tarefas que nunca imaginei que faria, incluindo limpar banheiros. Em um momento, precisei me isolar em um dos banheiros e desabei em lágrimas. A ideia de fugir de tudo passou pela minha mente, pois não sabia como conseguiria suportar mais sete dias fazendo tudo aquilo e ainda manter minha sanidade. No entanto, descobri que o que me impedia de fugir era um sentimento poderoso que me dominava e me levava a cometer diversos erros: a covardia.Sim, eu sou uma grande covarde, com medo de sofrer retaliações ou de ser desprezada por meu círculo de amizades caso o odioso gerente realmente chamasse a polícia. Também havia o temor de passar horas em uma delegacia e ainda mais medo de ficar lá, já que não poderia pagar por um advogado e não tinha certeza se alguém se disporia a fazer isso por mim.Quando a noite chegou e fui enviad
RachelNunca tinha visto Enrico tão irritado. Contudo, nosso contato tinha sido limitado até então, e eu começava a acreditar que ele estava apenas revelando sua verdadeira natureza. Não estava disposta a aceitar que mais alguém viesse me tratar de maneira desrespeitosa.— Não grite comigo, não! — eu disse firmemente, recusando-me a ser desrespeitada.— Adeus, Rachel — Enrico se despediu, indicando que eu deveria sair de seu carro.Optei por não responder. Não sentia vontade de fazê-lo, e saí do veículo sem um pingo de arrependimento. Ele que encontrasse outra pessoa para cuidar de seu pai.Entrei rapidamente no prédio antigo e malcuidado onde Lindsay morava e subi as escadas com pressa. Estava movida pela raiva que Enrico conseguia despertar em mim só por existir. Não conseguia esquecer que foi por causa dele que não pude vender minha virgindade para Kael, evitando todos os problemas que se seguiram. Tinha certeza de que poderia ter feito Graham, o idiota, se apaixonar por mim da mes
EnricoApós Rachel sair do meu carro, minha única intenção era me distanciar dela o máximo possível e partir o mais rápido que pudesse. No entanto, quando olhei para o banco do qual ela acabara de sair, percebi que ela havia deixado uma bolsa para trás, uma pequena mochila preta brilhante, com o logotipo de uma famosa grife de moda feminina.Respirei fundo e decidi que o melhor a fazer era subir e devolver imediatamente aquela bolsa. Eu deveria esquecer que Rachel existia, como me prometi várias vezes antes, embora sem sucesso. Parecia que aquela mulher me perseguia, mesmo quando eu estava dormindo.Estacionei o carro de forma mais adequada e me dirigi à entrada do prédio, que não tinha qualquer segurança, apenas a vontade de entrar no local, pois não havia trancas ou barreiras.Antes de seguir com meu objetivo, notei um homem saindo de um carro estacionado ao lado do meu e o reconheci imediatamente. Aguardei que ele se aproximasse.— Olá, Ryan — cumprimentei o recém-chegado. — Não im
RachelEu me senti à beira do desespero ao ouvir as palavras da garota desconhecida sobre a ameaça iminente de criminosos que poderiam aparecer a qualquer momento. Mesmo nunca tendo estado em situações como a de Fred, o que testemunhei no pequeno quarto de Lindsay me fez perceber que esses indivíduos eram capazes de qualquer coisa.Se já me consideravam uma pessoa pessimista, naquele momento, eu estava verdadeiramente aterrorizada com a ideia de que a situação pudesse piorar. Além disso, o ferimento em meu rosto estava me fazendo tremer de medo.— Vamos embora daqui! — gritei, completamente fora de controle. — Se Lindsay está nos alertando sobre o perigo, é porque ela conhece esses sujeitos e sabe do que são capazes. Ela mora aqui!Enrico ainda parecia hesitante, e eu sentia uma vontade intensa de continuar insistindo até que ele compreendesse o perigo que estávamos enfrentando ao permanecer naquele lugar. No entanto, Lindsay segurou meu braço de forma fraca, seu rosto perdendo totalm