Rachel Eu estava me sentindo terrível depois de ser literalmente abandonada no meio da rua, sem ter ideia para onde ir. Era algo que eu nunca poderia imaginar que aconteceria comigo, e estava completamente perdida, sem saber como sair dessa situação humilhante.Tudo ficava ainda mais difícil porque não conseguia raciocinar direito, pois tudo estava acontecendo de forma tão rápida e confusa, deixando-me atordoada e com a sensação de que não havia saída.O que mais me abalava era que, em nenhum momento, passou pela minha mente que a garota a quem pedi ajuda poderia simplesmente abrir a boca e divulgar para todos que eu agora era mais uma daqueles que lutavam para sobreviver em Seattle, trabalhando na cozinha de um hotel de baixa categoria apenas para quitar uma dívida absurda. Apesar disso, eu não sentia raiva de Lindsay.No final das contas, ela conseguiu despertar a compaixão de Ryan, e ele concordou em nos dar uma carona daquela rua estranha. Era pelo menos algo positivo em um dia
EnricoMais um dia na casa de repouso, e eu continuava sem a menor ideia de como fazer Joseph recuperar sua normalidade, permitindo-me retornar a Londres com um sentimento de tranquilidade. O chefe da equipe já havia me ligado, pedindo meu retorno o mais rápido possível, pois tínhamos que testar o carro para a próxima etapa do Circuito Mundial de Fórmula Um, e em apenas três dias, toda a equipe partiria para o próximo país onde vai acontecer mais uma corrida.No entanto, eu não vislumbrava uma solução para esse problema a curto prazo, a menos que Joseph desejasse isso, o que, no momento, parecia altamente improvável. Retornar a Londres e seguir para o próximo destino, sabendo que meu pai enfrentava essa situação, estava completamente fora de questão. Não conseguiria me concentrar nem manter a calma para enfrentar uma corrida, quando minha mente só conseguia pensar no que estava acontecendo em Seattle.Rachel nem passava pelos meus pensamentos, ou pelo menos eu tentava evitar pensar ne
RachelEsse era apenas o meu segundo dia de trabalho no hotel, e antes da abertura do restaurante, o gerente me designou para ajudar como camareira. Tive que realizar tarefas que nunca imaginei que faria, incluindo limpar banheiros. Em um momento, precisei me isolar em um dos banheiros e desabei em lágrimas. A ideia de fugir de tudo passou pela minha mente, pois não sabia como conseguiria suportar mais sete dias fazendo tudo aquilo e ainda manter minha sanidade. No entanto, descobri que o que me impedia de fugir era um sentimento poderoso que me dominava e me levava a cometer diversos erros: a covardia.Sim, eu sou uma grande covarde, com medo de sofrer retaliações ou de ser desprezada por meu círculo de amizades caso o odioso gerente realmente chamasse a polícia. Também havia o temor de passar horas em uma delegacia e ainda mais medo de ficar lá, já que não poderia pagar por um advogado e não tinha certeza se alguém se disporia a fazer isso por mim.Quando a noite chegou e fui enviad
RachelNunca tinha visto Enrico tão irritado. Contudo, nosso contato tinha sido limitado até então, e eu começava a acreditar que ele estava apenas revelando sua verdadeira natureza. Não estava disposta a aceitar que mais alguém viesse me tratar de maneira desrespeitosa.— Não grite comigo, não! — eu disse firmemente, recusando-me a ser desrespeitada.— Adeus, Rachel — Enrico se despediu, indicando que eu deveria sair de seu carro.Optei por não responder. Não sentia vontade de fazê-lo, e saí do veículo sem um pingo de arrependimento. Ele que encontrasse outra pessoa para cuidar de seu pai.Entrei rapidamente no prédio antigo e malcuidado onde Lindsay morava e subi as escadas com pressa. Estava movida pela raiva que Enrico conseguia despertar em mim só por existir. Não conseguia esquecer que foi por causa dele que não pude vender minha virgindade para Kael, evitando todos os problemas que se seguiram. Tinha certeza de que poderia ter feito Graham, o idiota, se apaixonar por mim da mes
EnricoApós Rachel sair do meu carro, minha única intenção era me distanciar dela o máximo possível e partir o mais rápido que pudesse. No entanto, quando olhei para o banco do qual ela acabara de sair, percebi que ela havia deixado uma bolsa para trás, uma pequena mochila preta brilhante, com o logotipo de uma famosa grife de moda feminina.Respirei fundo e decidi que o melhor a fazer era subir e devolver imediatamente aquela bolsa. Eu deveria esquecer que Rachel existia, como me prometi várias vezes antes, embora sem sucesso. Parecia que aquela mulher me perseguia, mesmo quando eu estava dormindo.Estacionei o carro de forma mais adequada e me dirigi à entrada do prédio, que não tinha qualquer segurança, apenas a vontade de entrar no local, pois não havia trancas ou barreiras.Antes de seguir com meu objetivo, notei um homem saindo de um carro estacionado ao lado do meu e o reconheci imediatamente. Aguardei que ele se aproximasse.— Olá, Ryan — cumprimentei o recém-chegado. — Não im
RachelEu me senti à beira do desespero ao ouvir as palavras da garota desconhecida sobre a ameaça iminente de criminosos que poderiam aparecer a qualquer momento. Mesmo nunca tendo estado em situações como a de Fred, o que testemunhei no pequeno quarto de Lindsay me fez perceber que esses indivíduos eram capazes de qualquer coisa.Se já me consideravam uma pessoa pessimista, naquele momento, eu estava verdadeiramente aterrorizada com a ideia de que a situação pudesse piorar. Além disso, o ferimento em meu rosto estava me fazendo tremer de medo.— Vamos embora daqui! — gritei, completamente fora de controle. — Se Lindsay está nos alertando sobre o perigo, é porque ela conhece esses sujeitos e sabe do que são capazes. Ela mora aqui!Enrico ainda parecia hesitante, e eu sentia uma vontade intensa de continuar insistindo até que ele compreendesse o perigo que estávamos enfrentando ao permanecer naquele lugar. No entanto, Lindsay segurou meu braço de forma fraca, seu rosto perdendo totalm
EnricoA solução para o impasse estava clara, mas eu não estava disposto a insistir com Rachel mais uma vez, na esperança de que ela entendesse qual era a melhor opção naquele momento. Porém, eu toquei no braço de Rachel, para reitirar a proposta.— Concordo com o Rachel, Lindsay — Falei. — Você não deve voltar para aquele apartamento, e de fato, você tem uma escolha.Lindsay me olhou com uma expressão confusa, então Rachel explicou melhor o que estavamos tentando dizer.— Recebemos uma oferta de emprego do Enrico — disse de forma mais clara. — Ele precisa de duas pessoas para ajudá-lo com os cuidados de seu pai e nos ofereceu essas vagas.— Isso mesmo, Lindsay — confirmei rapidamente. — Como o trabalho exige que fiquemos na mesma casa que meu pai, se aceitarem, devem viajar comigo para Londres.Foi notável a transformação no rosto de Lindsay. Onde antes havia tristeza e desespero, agora havia alegria e vitalidade.— Cuidar do seu pai, Enrico? — Ryan questionou, com a testa franzida.
RachelEnquanto me observava no modesto espelho do banheiro, sem nenhum toque de luxo, foi impossível não pensar sobre os eventos recentes em minha vida. Cheguei à conclusão de que só poderia ter cometido algum algo de muito errado em minha vida, pois não era possível que eu estivesse passando por tudo aquilo sem ter algo para pagar!É verdade que fui negligente com minha irmã quando ela sofreu o acidente, não oferecendo nenhum tipo de conforto ou apoio. No entanto, naquele momento, eu não sabia o que havia acontecido, e não acredito que mereça ser julgada tão severamente pelo que ocorreu.— Eu não sabia! — Falei em voz alta, à beira das lágrimas, mas tentando segurá-las a todo custo — Eu… não… sabiaaaaa!Não consegui impedir que o pranto rolasse por meus olhos, ainda mais copioso ao ver a enorme e horrível cicatriz que o maldito do Fred tinha feito em minha face, aquele desgraçado.— Rachel!? — Lindsay me chamou, batendo de maneira insistente na porta do banheiro quando eu não respon