SarahAntecipei várias reações possíveis de Kael, desde raiva até decepção por ter sido enganado. No entanto, o que vejo em seu rosto é a mais pura e genuína alegria, uma reação que me pega de surpresa.— Não posso acreditar! — Ele comemora, levantando as mãos para o alto como se estivesse agradecendo aos céus. — Que notícia maravilhosa, meu amor.Em um instante, ele está me abraçando, superando as dificuldades da minha posição deitada e da sua altura. Sinto seus braços fortes ao meu redor, e a alegria dele é contagiante.— Me desculpe por ter mentido sobre isso. — Peço, minha voz um sussurro ao lado de seu ouvido.Ele se afasta ligeiramente, olhando nos meus olhos com uma ternura que faz meu coração se derreter.— A única coisa que importa agora é que você voltará a andar. O resto é só isso, Sarah. — Ele fala suavemente. — Eu te amo. E vou fazer tudo o que for necessário para que você volte a me amar também.Minhas palavras saem com sinceridade:— Eu nunca deixei de te amar, Kael.Ou
SarahApesar do clima pesado não ter desaparecido por completo, a tensão diminuiu consideravelmente, e admiro a maneira como Kael não hesitou em se desculpar por seu comportamento anterior.— Vou deixá-los a sós. — Ele anuncia, embora seja claro que ele não queira realmente fazer isso. — Se precisar de algo, é só chamar.Kael tocou meus lábios levemente com um beijo suave e saiu da sala, e sinto meu coração acelerar com aquele simples gesto.— Você está balançando a perna. — Enrico observa, com um sorriso divertido.— O quê? — Ainda estava distraída pensando no beijo de Kael.— Suas pernas… você está movendo elas de um lado para o outro.Somente agora percebo o que ele quer dizer, e uma onda de felicidade toma conta de mim. É um gesto simples, mas representa um marco importante em minha jornada de recuperação.— Fico feliz que você tenha seguido seu coração, Sarah, e não tenha se deixado influenciar por outros. Também vejo que não permite que a arrogância do Graham a domine.— Estou f
Kael Com habilidade, Sarah trouxe a cadeira até o lado da cama e me olhou intensamente. Ajustei-me confortavelmente entre os travesseiros e devolvi seu olhar sem pestanejar. — Por que estamos dormindo em quartos separados? — ela fez a pergunta que eu não esperava. — Porque imaginei que você desejava ter mais privacidade. — confessei, ciente de que minha explicação poderia soar ingênua. — E se eu disser que prefiro estar aqui, com você? — É isso que você deseja? Meu coração começou a bater descompassado, um nervosismo adolescente tomou conta de mim, como se estivesse diante da minha primeira namorada. — Quero estar onde você estiver, Kael. Sempre. Cheguei até a beira da cama e ajoelhei-me sobre o colchão, auxiliando Sarah a sentar-se. Antes que eu pudesse beijá-la, ela já está tocando seus lábios nos meus de maneira impetuosa. Nos entregamos ao beijo faminto, como dois sedentos, nossas línguas dançando num duelo deliciosamente sensual. Aproveitei a posição dela na cama para d
RachelHoje completa um mês desde que deixei Seattle praticamente foragida. Aproveitei o fato de Kael Graham, aquele tolo, estar em viagem para Londres. Ele inventou a desculpa de ter adquirido uma escuderia de Fórmula Um, mas a verdade é que estava perdidamente apaixonado pela minha ingênua irmã e encontrava qualquer desculpa para estar perto dela, mesmo que isso significasse maltratar a pobre da Sarah.De toda forma, isso não me interessava. O que importa é que consegui tirar dois milhões desse sujeito, que se achava esperto, mas na verdade era um completo idiota. Agora, estou aproveitando esse dinheiro em Mônaco, o lugar perfeito para desfrutar das melhores coisas da vida. No entanto, apesar da maravilha que é estar nesse pequeno e luxuoso país, é também extremamente caro. Meu dinheiro não vai durar para sempre, algo que meu pai sempre me alertava e que eu nunca dei ouvidos. Ele costumava dizer que de onde se tira e não se repõe, há apenas um destino inevitável: o fim.E agora, aos
EnricoDirigi pelas ruas de Seattle, enquanto minhas reflexões giravam em torno dos eventos recentes. Entre as coisas que mais me atormentavam, estava o fato de Rachel não demonstrar a menor preocupação pelo que aconteceu com sua própria irmã. Como alguém pode ser tão egoísta a ponto de não sentir o desejo de estar ao lado da gêmea no momento em que ela mais precisa? Esse pensamento tem me atormentado todos os dias desde o acidente que vitimou Sarah.Embora eu tenha saído da casa de Sarah sentindo-me um pouco mais tranquilo em relação à situação como um todo - afinal, ela parecia estar lidando bem com as mudanças drásticas em sua vida -, o fato de que o apoio de Graham estava fazendo bem a ela era evidente e reconfortante. Embora eu ainda mantivesse uma dose de desconfiança em relação a esse homem, tendo em vista tudo o que ocorreu, eu reconhecia que ele estava genuinamente tentando corrigir seus erros. Se sua presença estava trazendo felicidade a Sarah, eu jamais interferiria nisso.
SarahA vida como cadeirante é uma jornada desafiadora, mas o apoio das pessoas ao meu redor é o que me motiva todos os dias a continuar, a não desistir das metas que tracei para mim mesmo, como voltar a andar. Meu médico garantiu que a capacidade de caminhar depende principalmente de meu esforço e dedicação em seguir as orientações dos profissionais que supervisionam minha recuperação. E é exatamente isso que venho fazendo, me esforçando ao máximo.Entretanto, meu lado emocional frequentemente me sussurra que há uma ausência dolorosa: a de minha irmã gêmea, Rachel. Ela não deu sinal de vida, não tentou entrar em contato, nem mesmo uma única vez. A última conversa que tivemos foi logo após a mídia noticiar o beijo entre Enrico e eu. Ela ligou indignada com a situação, mas depois disso, silêncio. Nenhuma mensagem breve, nada.Meu lado racional, por outro lado, tenta me lembrar de não dar espaço a esses pensamentos sobre Rachel. Ele insiste para que eu esqueça que ela existe e foque em
RachelContemplo a cena diante de mim e ao olhar para Kael, consigo imediatamente perceber o quão diferente ele parece em comparação ao homem que conheci poucos meses atrás. Kael e Sarah encontram-se sentados em um banco de pedra no jardim bem cuidado. A maneira como ele segura a mão da minha irmã revela um toque delicado, como se estivesse protegendo algo frágil e extremamente precioso. Isso deixa evidente o quanto os seus sentimentos evoluíram em relação a ela.Para ser bastante honesta, acredito que não foram os sentimentos do Kael que mudaram, e sim que ele decidiu assumir aquilo que sempre sentiu pela Sarah e expô-los ao mundo.À frente do casal, encontra-se uma mulher cuja vestimenta completamente branca e a situação em que ela se encontra me fazem supor que seja a enfermeira de Sarah.O aspecto verdadeiramente surpreendente dessa cena, revelado quando a governanta me acompanhou até o jardim, é a atitude rígida e o tom de voz inflexível com os quais Sarah repreende a própria enf
RachelAs palavras de Sarah são duras, extremamente grosseiras, mas eu preciso ser realista e aceitar que elas eram também totalmente compreensíveis. A forma como a minha irmã estava me tratando agora era em decorrência a tudo o que eu já aprontei, que foi muita coisa, e aparentemente, Sarah tinha caído na real e entendido que nem todos merecem o seu melhor.Ainda assim, me machucaram. E a minha defesa para a dor sempre foi magoar também.— Não precisa ser tão rude comigo, Sarah — falei, soltando a sua mão — Eu vim de Mônaco apenas para te ver, e você me trata assim?— Você está recebendo o tratamento que merece, Rachel — Kael toma as dores de sua amada — Então, se a Sarah não a quer aqui, você deve ir embora agora.— Eu sou sua irmã, Sarah — Ainda tentei, mas sem apelação — Você vai mesmo me escorraçar daqui?— Eu estou cansada das suas armações e maldades, Rachel — Sarah agora usou um tom mais ameno, mesmo que as palavras ainda fossem grosseiras — E eu quero que vá embora.Eu nunca