RachelAntes mesmo de abrir os olhos, eu sabia que Enrico ainda estava aconchegado comigo, me abraçando junto ao seu corpo e me proporcionando uma sensação de segurança e carinho, mesmo que ele não estivesse verdadeiramente oferecendo esses sentimentos, o que criava uma contradição em nossa situação atual.No entanto, permiti-me permanecer o máximo de tempo possível em seu abraço. Era uma sensação maravilhosa estar assim, próxima de alguém por quem tinha sentimentos profundos, embora soubesse que nunca poderia expressar completamente a intensidade desses sentimentos por ele.Desejar e poder eram duas coisas distintas, e quanto mais tentava permanecer quieta, na esperança de que ele dormisse por mais tempo, mais minhas necessidades fisiológicas insistiam em se manifestar. Tornou-se inevitável evitar que meu estômago emitisse um alto ronco de fome.— Você não comeu nada desde ontem — Enrico sussurrou perto do meu ouvido.Nós tínhamos vindo para o meu quarto na casa de Joseph logo após m
EnricoComo poderia ela evitar uma conversa comigo, quando tínhamos tanto para compartilhar, e ao mesmo tempo aceitar a visita de um quase estranho, estando ainda tão vulnerável? Isso era algo que eu simplesmente não conseguia compreender e aceitar de maneira alguma.— Para onde você vai, Enrico? — Joseph perguntou no momento em que eu estava prestes a abrir a porta de saída da mansão. — Precisamos conversar, concorda?Aquela pergunta pareceu quase irônica. Enquanto Rachel evitava falar comigo, eu estava considerando fazer o mesmo com meu pai, pois tinha certeza de que o assunto que ele desejava discutir era algo com o qual eu não estava preparado para lidar. Mais um assunto complicado, na verdade.— Este não é o momento adequado para falar sobre a mamãe — respondi imediatamente. — Estou lidando com muitas outras coisas agora.— Ela entrou em contato comigo — Joseph disse com urgência. — Está vindo para cá e deseja vê-lo.Sem conseguir evitar, soltei uma risada alta diante da audácia
RachelAinda não consegui me recuperar do impacto das palavras de Thompson. Estava me questionando se havia ouvido corretamente ou se estava apenas criando ilusões em minha mente. Talvez eu devesse ter cuidado melhor da minha alimentação, pois parecia que estava tendo alucinações.— Você está me pedindo em casamento? — perguntei, completamente perplexa, precisando de confirmação.— Sim, ficaria muito feliz em fazer isso pela filha do meu grande amigo — ele confirmou o que eu ainda achava difícil de acreditar que ele havia dito.Antes que eu pudesse recusar, o tom de Enrico soou extremamente rude e cheio de raiva.— Rachel não vai se casar com você!— Enrico!?Eu não tinha percebido sua entrada e meu coração deu um salto de surpresa diante de suas palavras. A única pessoa que pode dar aquela resposta sou eu!— Só Rachel pode responder a isso! — Thompson respondeu com arrogância, antes que eu pudesse intervir. — Este assunto não diz respeito a você.— Você está enganado se pensa assim —
LindsayEu ainda não consegui compreender por que Rachel havia aceitado o pedido de casamento daquele homem que parecia ser um grande mau caráter. No entanto, não podia contar a ela o que Ryan havia me dito, especialmente quando não tínhamos certeza de nada e ele estava tentando investigar melhor a vida do homem.Agora, eu precisava convencer minha amiga a não tomar nenhuma decisão apressada, pelo menos até que seu irmão descobrisse a conexão entre Thompson e todos os outros eventos.— Vamos com calma, Rachel — tentei trazer um pouco de sensatez para aquela mente impulsiva. — Se você quer casar com Thompson, tudo bem, mas não precisa se apressar. Joseph tem sido maravilhoso conosco, e eu vou trabalhar por você pelo tempo que for necessário.Notei que Rachel estava prestes a contestar minhas palavras, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, meu telefone tocou. Era um dos seguranças da casa, informando que a mãe de Enrico desejava falar com Joseph.— Quem? — perguntei surpresa.Fiqu
EnricoOlhei com verdadeiro desgosto para a mulher diante de mim, sem sentir nenhum tipo de sentimento positivo por ela, muito menos o amor de um filho. Isso me fez perceber algo crucial naquele momento: ser filho biológico de alguém não necessariamente nos faz amar essa pessoa.Ser filho vai além do laço de sangue; envolve amor e convivência. Às vezes, temos pessoas em nossas vidas que amamos como pai, como irmão, e temos parentes por quem não sentimos absolutamente nada. Eu estava diante de um daqueles casos agora.O fato de saber que aquela mulher era a mesma da foto que reverenciei por anos e estar diante da minha "mãe" não me fez sentir amor de filho por ela. Ela era apenas uma mulher como qualquer outra. Diferente do homem que cresci chamando de pai e que me criou da melhor forma possível, como ele mesmo fez questão de afirmar.Tivemos problemas, desentendimentos, e senti raiva de Joseph muitas e muitas vezes. Mas sempre o amei, e isso é um fato inegável. Agora, diante da verdad
RachelFiquei intrigada com a visita inesperada da mãe de Enrico, já que ele nunca havia mencionado sua existência antes. Inicialmente, suspeitei que ela talvez tivesse falecido, ao refletir sobre as fotos dela em seu quarto, notando a semelhança física entre os dois.Apesar do meu desejo de ver a pessoa que estava lá embaixo, meu repouso forçado me impedia de descer e confirmar se era realmente a mesma mulher das fotos no quarto de Enrico. Enquanto eu estava deitada, essas questões ecoavam incessantemente em minha mente.Subitamente, alguém bateu à porta com pressa. Antes que eu pudesse perguntar quem era ou dar permissão para entrar, a pessoa invadiu o quarto de maneira abrupta, surpreendendo-me. — O que faz aqui, Enrico? — Perguntei com irritação, deixando transparecer em meu tom toda a minha contrariedade — Você não pode invadir o meu quarto deste modo!Enrico, indiferente às minhas palavras, aproximou-se com tranquilidade, sentou-se ao meu lado na cama e segurou minha mão delica
EnricoOlhei para Rachel, aguardando uma resposta ao meu pedido de casamento. A tensão tomava conta de mim, e um pressentimento terrível me fazia temer um sonoro "não" em resposta à minha pergunta. Essa foi a dedução que fiz ao observar sua postura e sua hesitação em me dar uma resposta direta a uma pergunta aparentemente simples.— Não há motivo para tanto suspense, Rachel — pressionei, ansioso demais. — A resposta é bem simples, na verdade. Sim ou não?A resposta de Rachel começou com um vacilo preocupante. — Eu não sei como dizer isso, mas...Ah, não! Não podia ser verdade. Rachel não faria isso. Não agora!— Quer saber!? — Interrompi, perdendo a paciência e jogando os braços ao lado do corpo. — Estou cansado desse jogo de gato e rato. Cansado de perder tempo! Cansado!Diante de uma Rachel literalmente boquiaberta, com uma expressão entre horror e choque, dirigi-me até a porta do quarto e girei a chave, trancando-a para proporcionar mais privacidade a nós dois. Então, retornei à c
RachelAcordei naquela manhã com uma sensação estranhamente angustiante, um frio no estômago e uma incapacidade de me concentrar, ansiosa por algo que nem mesmo conseguia explicar. Compartilhei isso com Lindsay e Joseph durante o café da manhã, mas eles tentaram me convencer de que não era indicativo de nada extraordinário. Provavelmente, eu estava apenas exausta depois de praticamente uma semana de repouso quase absoluto.Eu realmente queria acreditar que seria apenas isso e decidi sair um pouco do meu quarto, já me sentindo fisicamente melhor. Desci para a sala de TV da mansão, onde escolhi me distrair assistindo a um filme ou série. Surpreendi-me ao ficar totalmente envolvida em uma comédia romântica, algo muito parecido com o que Sarah gostava de assistir.Lembrar de Sarah apertou meu coração. Havia meses desde que não tínhamos uma relação de irmãs, e eu estava sentindo falta de sua companhia e até mesmo de seus conselhos, antes considerados maçantes e idiotas, mas que agora eu vi