RachelMinha impaciência aumentava, e comecei a sentir algumas pontadas no baixo ventre, o que parecia bastante estranho. Suspeitei que fosse devido à ansiedade. Lindsay havia saído para lidar com detalhes relacionados ao pagamento da minha internação há algum tempo e ainda não tinha retornado. Isso me preocupava, especialmente depois de quase uma hora de espera.Eu entendia que ela deveria estar conversando com Joseph e seu filho – nem queria pensar no nome Enrico –, mas o tempo transcorrido era excessivo, e só conseguia pensar que algo estava errado em relação ao pagamento. Poderia ser o valor sendo muito mais alto do que o que eu tinha disponível, e talvez Lindsay estivesse lutando para resolver a situação.À medida que minha preocupação com minha amiga aumentava, meu desconforto também crescia, assim como as batidas desenfreadas do meu coração, sugerindo um possível aumento da minha pressão arterial, como a enfermeira havia alertado naquela manhã. Eu estava nervosa, e não consegui
EnricoAinda não conseguia acreditar que minha mãe estava viva e que, mesmo assim, ao longo de todos esses anos, ela nunca tinha me procurado. Isso era completamente incompreensível para mim, considerando que eu não sabia sobre ela, mas Dorothy Bianchi sabia da existência do filho que deixou para trás quando escolheu ir embora com outro homem.Lembrei das fotos dela em meu quarto e de como praticamente a idolatrava, acreditando durante todos esses anos que ela tinha partido deste mundo, quando, na verdade, a mulher que idolatrei me abandonou, fazendo-me sentir um completo idiota. Agora, ela estava de volta, mas não tinha a intenção de lhe dar a oportunidade de tentar mudar tudo o que eu estava pensando sobre ela naquele momento. Foram quase trinta anos de abandono, sem uma única notícia ou tentativa de descobrir algo sobre o próprio filho.Para ser honesto comigo mesmo, Dorothy tinha escolhido um momento péssimo para retornar, justamente quando eu estava lidando com uma situação compl
SarahRecebemos uma ligação de Ryan naquela manhã, informando o resultado do exame de ultrassom de Rachel. Eu ainda não conseguia acreditar que Rachel havia perdido um de seus bebês. Era uma notícia muito dolorosa, e era difícil aceitar que alguém, especialmente Rachel, tivesse que passar por uma tragédia tão devastadora.— Eu sei que você está tentando esconder o quanto isso te afeta, Sarah, mas está claro para qualquer pessoa que te veja agora que você está sofrendo com essa notícia — comentou Kael, segurando minha mão com delicadeza.— Está tão óbvio assim? — Tentei brincar, forçando um sorriso.— Sim, é evidente para todos nós — concordou Kael, subindo na cama usando apenas uma cueca branca e me abraçando carinhosamente. — Mas há algo muito importante que eu quero te dizer, meu amor.Apesar de Kael geralmente conseguir desviar minha atenção de problemas ou coisas desagradáveis em nossas vidas, priorizando minha completa recuperação, naquela noite, ele não conseguiria fazê-lo. A si
RachelAntes mesmo de abrir os olhos, eu sabia que Enrico ainda estava aconchegado comigo, me abraçando junto ao seu corpo e me proporcionando uma sensação de segurança e carinho, mesmo que ele não estivesse verdadeiramente oferecendo esses sentimentos, o que criava uma contradição em nossa situação atual.No entanto, permiti-me permanecer o máximo de tempo possível em seu abraço. Era uma sensação maravilhosa estar assim, próxima de alguém por quem tinha sentimentos profundos, embora soubesse que nunca poderia expressar completamente a intensidade desses sentimentos por ele.Desejar e poder eram duas coisas distintas, e quanto mais tentava permanecer quieta, na esperança de que ele dormisse por mais tempo, mais minhas necessidades fisiológicas insistiam em se manifestar. Tornou-se inevitável evitar que meu estômago emitisse um alto ronco de fome.— Você não comeu nada desde ontem — Enrico sussurrou perto do meu ouvido.Nós tínhamos vindo para o meu quarto na casa de Joseph logo após m
EnricoComo poderia ela evitar uma conversa comigo, quando tínhamos tanto para compartilhar, e ao mesmo tempo aceitar a visita de um quase estranho, estando ainda tão vulnerável? Isso era algo que eu simplesmente não conseguia compreender e aceitar de maneira alguma.— Para onde você vai, Enrico? — Joseph perguntou no momento em que eu estava prestes a abrir a porta de saída da mansão. — Precisamos conversar, concorda?Aquela pergunta pareceu quase irônica. Enquanto Rachel evitava falar comigo, eu estava considerando fazer o mesmo com meu pai, pois tinha certeza de que o assunto que ele desejava discutir era algo com o qual eu não estava preparado para lidar. Mais um assunto complicado, na verdade.— Este não é o momento adequado para falar sobre a mamãe — respondi imediatamente. — Estou lidando com muitas outras coisas agora.— Ela entrou em contato comigo — Joseph disse com urgência. — Está vindo para cá e deseja vê-lo.Sem conseguir evitar, soltei uma risada alta diante da audácia
RachelAinda não consegui me recuperar do impacto das palavras de Thompson. Estava me questionando se havia ouvido corretamente ou se estava apenas criando ilusões em minha mente. Talvez eu devesse ter cuidado melhor da minha alimentação, pois parecia que estava tendo alucinações.— Você está me pedindo em casamento? — perguntei, completamente perplexa, precisando de confirmação.— Sim, ficaria muito feliz em fazer isso pela filha do meu grande amigo — ele confirmou o que eu ainda achava difícil de acreditar que ele havia dito.Antes que eu pudesse recusar, o tom de Enrico soou extremamente rude e cheio de raiva.— Rachel não vai se casar com você!— Enrico!?Eu não tinha percebido sua entrada e meu coração deu um salto de surpresa diante de suas palavras. A única pessoa que pode dar aquela resposta sou eu!— Só Rachel pode responder a isso! — Thompson respondeu com arrogância, antes que eu pudesse intervir. — Este assunto não diz respeito a você.— Você está enganado se pensa assim —
LindsayEu ainda não consegui compreender por que Rachel havia aceitado o pedido de casamento daquele homem que parecia ser um grande mau caráter. No entanto, não podia contar a ela o que Ryan havia me dito, especialmente quando não tínhamos certeza de nada e ele estava tentando investigar melhor a vida do homem.Agora, eu precisava convencer minha amiga a não tomar nenhuma decisão apressada, pelo menos até que seu irmão descobrisse a conexão entre Thompson e todos os outros eventos.— Vamos com calma, Rachel — tentei trazer um pouco de sensatez para aquela mente impulsiva. — Se você quer casar com Thompson, tudo bem, mas não precisa se apressar. Joseph tem sido maravilhoso conosco, e eu vou trabalhar por você pelo tempo que for necessário.Notei que Rachel estava prestes a contestar minhas palavras, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, meu telefone tocou. Era um dos seguranças da casa, informando que a mãe de Enrico desejava falar com Joseph.— Quem? — perguntei surpresa.Fiqu
EnricoOlhei com verdadeiro desgosto para a mulher diante de mim, sem sentir nenhum tipo de sentimento positivo por ela, muito menos o amor de um filho. Isso me fez perceber algo crucial naquele momento: ser filho biológico de alguém não necessariamente nos faz amar essa pessoa.Ser filho vai além do laço de sangue; envolve amor e convivência. Às vezes, temos pessoas em nossas vidas que amamos como pai, como irmão, e temos parentes por quem não sentimos absolutamente nada. Eu estava diante de um daqueles casos agora.O fato de saber que aquela mulher era a mesma da foto que reverenciei por anos e estar diante da minha "mãe" não me fez sentir amor de filho por ela. Ela era apenas uma mulher como qualquer outra. Diferente do homem que cresci chamando de pai e que me criou da melhor forma possível, como ele mesmo fez questão de afirmar.Tivemos problemas, desentendimentos, e senti raiva de Joseph muitas e muitas vezes. Mas sempre o amei, e isso é um fato inegável. Agora, diante da verdad