KaelApós assistir ao vídeo de Bianchi beijando Sarah na TV, parecia que ele estava em todos os lugares onde eu ia. Como sempre acompanhava as notícias do automobilismo, devido ao meu grande investimento nesse setor, especialmente na categoria representada por Bianchi, o vídeo repetindo diante de mim corroía meu interior. Perceber que Sarah não fazia mais parte da minha vida e me dizer para não me incomodar com o que ela estava fazendo ou deixando de fazer naquele momento só piorava as coisas.— Você está com uma aparência péssima, Kael. — Ryan comentou, entrando na minha sala.— E então, alguma novidade sobre os suspeitos de roubarem os bebês da maternidade? — perguntei, ao vê-lo sentar na cadeira à minha frente.Ryan não se deixou enganar e contradisse:— Não adianta fingir que está tudo bem, Kael. — Ryan falou, me contrariando. — Eu sei perfeitamente que você não está conseguindo dormir direito e o quão difícil é seguir com a sua determinação de tirar Sarah da sua vida.— Eu não qu
SarahAo entrar no salão de festas ricamente decorado, a primeira pessoa que vi foi Kael, e isso me deixou extremamente nervosa, mesmo que eu já esperasse encontrá-lo ali. Tentei me preparar para esse momento, mas minhas emoções estavam tão intensas que meu corpo tremia.— Apenas finja que não o viu. — Enrico sussurrou. — Ele não merece sequer um segundo olhar.— Quem? Não vejo ninguém, na verdade.Decidi seguir o conselho de Enrico, pois estava na hora de retribuir às pessoas com a mesma consideração que eu recebia delas. Ele riu do que falei, apreciando minha atitude, e juntos, ainda de mãos dadas, seguimos em direção ao centro da festa.
SarahTudo o que eu queria agora era ir embora daquela festa. Sumir. Eu não tinha a menor ideia do que Kael estava falando. Como aquela mulher poderia ser nossa irmã?Enrico parece ter lido os meus pensamentos e me guia em direção à saída, onde várias pessoas parecem aguardar pelos seus respectivos carros. Há também alguns jornalistas, todos com cameras a postos, prontos a conseguir uma boa foto para fazer sensacionalismo, pensei com desgosto. — Eu preciso pedir o meu carro — Enrico avisou.Ele olhou em torno, parecendo em dúvida sobre me deixar sozinha pelo tempo que levaria para conseguir fazer isso. Nós estávamos um pouco mais afastados, mas não demorou para Kael e a “nossa” irmã nos encontrar.— Não acredito que seja um bom momento. — Enrico disse.— Você realmente não tem nenhuma ideia sobre o que eu estou falando? — ele insiste no mesmo assunto de antes.Decidi tomar as redeas, afinal, aquele assunto é de extrema seriedade e provavelmente nem poderia dormir, pensando sobre aqui
Kael Desespero. Foi isso que senti quando vi Sarah ser atingida pelo carro. Meu coração parou por um momento, e o mundo ao meu redor pareceu desaparecer. Gritei o nome dela com todas as forças que tinha, como se pudesse alcançá-la através da força da minha voz. Minhas pernas agiram por conta própria, e eu corri em direção ao local onde ela estava caída no chão. Meu coração batia descompassado, e uma onda de pânico percorreu todo o meu corpo. As pessoas ao redor se aglomeraram, algumas ligando para a emergência, outras tentando me segurar, mas eu estava determinado a chegar até ela. Ajoelhei-me ao lado de Sarah, ignorando tudo e todos ao redor. Seu rosto estava pálido, seus olhos fechados, e meu medo se transformou em angústia. — Não toque na vitíma! — Alguém gritou, ao tentar impedir a minha aproximação. Eu tinha uma noção básica de primeiros socorros e estava ciente da recomendação de não tocar em uma pessoa naquela situação, mas a palavra “vitíma” me fez estremecer. — Ele é na
EnricoJamais poderia ter antecipado que a noite terminaria daquela maneira, com Sarah em uma sala de cirurgia, e nós aguardando notícias em uma sala de espera hospitalar insípida. O máximo que havia passado pela minha mente era que ela faria as pazes com Graham e que eu ficaria em segundo plano, sem a minha namorada de mentira e sendo alvo de piadas vindas do meu colega de equipe, Bruno Garcia.De qualquer forma, decidi que seria melhor ficar de olho na situação, afinal, eu realmente gosto de Sarah. Ela havia se tornado uma boa amiga e eu estava disposto a ajudá-la, caso a conversa com Graham não tivesse o desfecho que ela esperava. Jamais imaginei que terminaria daquela forma.Após horas de incerteza aguardando na sala de espera do hospital, finalmente um médico veio até onde estávamos, trazendo com ele notícias sobre o atual estado de saúde da minha amiga. Porém, as notícias não eram animadoras.— Quando ela vai acordar? — Kael pergunta, ansioso.— Não podemos determinar com precis
KaelA revelação feita por Maira me atingiu profundamente, deixando-me surpreso e incapaz de compreender, muito menos aceitar, essa situação. Eu estava em Londres com a única intenção de vê-la, afinal. Então, minha irmã me ligou com as notícias que tanto aguardava: Sarah havia acordado e estava até conversando após os exames realizados pela equipe médica. Essa notícia havia gerado uma expectativa enorme em mim.— Você tem certeza disso, Maira? — insisto. — Ela falou com todas as letras que eu não posso entrar? — Eu estava compartilhando com ela o quanto todos nós estávamos preocupados e felizes com a notícia. No entanto, ela deixou claro que não se importava nem um pouco com o que essas pessoas estavam ou não sentindo.A perplexidade que eu sentia antes se transformou em uma consternação ainda maior.— Esse não é o comportamento normal da Sarah, Maira! Ela não é essa pessoa insensível.Nós estávamos no corredor que levava ao quarto de Sarah, eu estava prestes a entrar, quando Maira s
SarahMesmo tendo concordado com as palavras do médico, continuo atenta ao meu próprio corpo e genuinamente preocupada com a falta de sensibilidade na parte inferior do meu corpo, embora eu saiba que ainda é tudo muito recente.— Tem alguém aqui para te ver de novo. — Maira me avisa, depois de ter saído por um tempo do quarto.— Não quero receber visitas.Não estou com disposição para encontrar ninguém, especialmente agora, com essa nova preocupação me perturbando. E também não estou nem um pouco interessada em perguntar quem é o visitante.— Nem mesmo o Enrico, Sarah? — ela insiste. — Ele está chateado com o fato de você não querer vê-lo.— Eu... não quero... ver... ninguém! — digo pausadamente, quase gritando com Maira, para deixar claro o quão sério estou falando.Percebo que ela fica triste com minha reação, e me sinto um pouco culpada por tratá-la assim. Ela tem sido gentil comigo o tempo todo, me apoiando em todos os momentos, mesmo que tenhamos nos conhecido apenas na noite do
SarahHillary se acomoda na poltrona ao lado da cama, que Maira tinha colocado praticamente colada ao móvel e onde Enrico também esteve até alguns minutos atrás. A proximidade dela é reconfortante.— Tentando não surtar, deitada aqui nessa cama, sem poder me levantar. — reclamo, sentindo-me frustrada.— É compreensível que esteja chateada. — Hillary responde, com uma expressão triste. — Em breve, você estará fora do hospital e de volta em casa.— Assim espero.A ideia de voltar para casa me faz refletir sobre o quanto estou sozinha neste mundo e sobre o fato de minha irmã gêmea não ter demonstrado preocu