SarahMesmo tendo concordado com as palavras do médico, continuo atenta ao meu próprio corpo e genuinamente preocupada com a falta de sensibilidade na parte inferior do meu corpo, embora eu saiba que ainda é tudo muito recente.— Tem alguém aqui para te ver de novo. — Maira me avisa, depois de ter saído por um tempo do quarto.— Não quero receber visitas.Não estou com disposição para encontrar ninguém, especialmente agora, com essa nova preocupação me perturbando. E também não estou nem um pouco interessada em perguntar quem é o visitante.— Nem mesmo o Enrico, Sarah? — ela insiste. — Ele está chateado com o fato de você não querer vê-lo.— Eu... não quero... ver... ninguém! — digo pausadamente, quase gritando com Maira, para deixar claro o quão sério estou falando.Percebo que ela fica triste com minha reação, e me sinto um pouco culpada por tratá-la assim. Ela tem sido gentil comigo o tempo todo, me apoiando em todos os momentos, mesmo que tenhamos nos conhecido apenas na noite do
SarahHillary se acomoda na poltrona ao lado da cama, que Maira tinha colocado praticamente colada ao móvel e onde Enrico também esteve até alguns minutos atrás. A proximidade dela é reconfortante.— Tentando não surtar, deitada aqui nessa cama, sem poder me levantar. — reclamo, sentindo-me frustrada.— É compreensível que esteja chateada. — Hillary responde, com uma expressão triste. — Em breve, você estará fora do hospital e de volta em casa.— Assim espero.A ideia de voltar para casa me faz refletir sobre o quanto estou sozinha neste mundo e sobre o fato de minha irmã gêmea não ter demonstrado preocu
KaelOuvi atentamente as palavras de Maira e senti meu coração se apertar com tristeza. Queria estar ao lado de Sarah naquele momento, oferecendo o apoio que por orgulho e até por ser um tolo completo, eu não havia dado antes – o amor que eu sinto por ela.— Não entendo por que o médico não conta logo a verdade para a Sarah! — desabafei, genuinamente indignado. — Não vejo motivo para mantê-la no escuro assim.Maira tinha acabado de me informar que Sarah já tinha percebido a falta de movimento e sensibilidade em suas pernas, e agora eu tinha muitas dúvidas, especialmente após a visita do médico pela manhã.— Algo mais aconteceu hoje. — Maira disse,
Kael Apesar de Enrico ter deixado bem claro que não concorda com minhas escolhas do passado, não me arrependo de ter compartilhado essa história com ele. O que importa neste momento é o bem-estar da Sarah. Embora eu queira tê-la de volta e ele seja meu rival na disputa pelo coração dela, é crucial que tudo esteja transparente. Agora, a honestidade é primordial. Nada de ocultar segredos ou contar mentiras. Foi justamente essa falta de clareza que levou a toda essa confusão e à situação em que Sarah se encontra, deitada em um leito de hospital, com a possibilidade real de não voltar a andar. — Conseguiu falar com Rachel? — Maira pergunta, quando estamos de volta à sala de espera. — Fui informado de que ela ainda está em Mônaco. Mas não atende as nossas ligações e, honestament
SarahApesar de ninguém ter tido a coragem, ou talvez seja mais apropriado dizer "integridade", de me informar sobre a significativa probabilidade de eu estar enfrentando a paraplegia, essa preocupação já rondava meus pensamentos. Mesmo tentando ignorar, eu sabia que não era normal não sentir nada e não conseguir mexer as pernas, quando o resto do meu corpo funcionava bem. No entanto, aceitar essa realidade e confrontar a inevitável conclusão não era tarefa simples. Aparentemente, eu também escolhi me auto enganar, preferindo acreditar nas atitudes inadequadas daqueles ao meu redor. Mas após a conversa com Lorenzo, não pude mais adiar a aceitação da verdade. Eu preciso aceitar que isso estava acontecendo e aprender a lidar com todas as dificuldades que as pessoas na mesma situação de paraplegia enfrentam, algo que eu provavelmente desenvolvi por causa do acidente.— Ainda não é nada definitivo, Sarah. — Maira repete seu discurso motivacional. — O diagnóstico final ainda não foi dado
KaelEntrar naquele quarto de hospital e deparar-me com Sarah deitada na cama, ciente das reais chances de ela talvez nunca voltar a andar, fez com que me sentisse o pior ser humano do mundo. No fundo, eu sabia que minha responsabilidade era grande naquilo tudo, e o peso da culpa me atingiu como uma avalanche.Decidi naquele momento que, não importando o que ela dissesse agora, faria tudo o que estivesse ao meu alcance para ajudá-la. Ainda que ela não me quisesse mais por perto, estava decidido a continuar cuidando dela, mesmo que fosse à distância.— Deixe-nos a sós, Maira.A voz de Sarah não soou como um pedido, mas sim como uma ordem firme. Apenas por essa frase curta, percebi o quanto o acidente havia transformado s
SarahDepois que Kael fez sua promessa de provar o seu amor por mim através de ações, apesar de ter achado aquilo ridículo, os meus sentimentos estavam em completo tumulto. Sem sequer pensar no que estava prestes a fazer, peguei o objeto mais próximo e o atirei contra a porta.Era meu celular, e acabei danificando-o, o que só aumentou minha agitação. Nunca antes tinha jogado objetos por aí, muito menos com o intuito de liberar minha frustração.— O que houve? — Maira perguntou, entrando no quarto.Desviei o olhar para o chão onde estava o celular, ainda inteiro, mas provavelmente não funcionando mais. Ela seguiu meu olhar e percebeu o que eu havia feito, pegando o aparelho do c
KaelO horário agendado para compromissos de trabalho passou despercebido, pois minha mente estava em um emaranhado de preocupações. Sabia que Ryan precisaria lidar com a ausência, mas naquele momento eu não tinha capacidade de me concentrar em negócios. Eu não estava em condições de pensar sobre negócios e o Ryan iria precisar se virar sem mim, afinal, a empresa também é seu patrimônio, visto que é o meu irmão e a metade das ações são da nossa mãe.Liguei para Ryan, com a intenção de explicar a minha ausência e a minha mente tumultuada.— Já suspeitava que você não conseguiria comparecer à reunião hoje. — A voz de Ryan soava compreensiva, como se lesse meus pensamentos. — Tentei entrar em contato com a Sarah, agora que o diagnóstico é confirmado, mas ela não quer falar comigo.A menção a um diagnóstico definitivo me pegou de surpresa. Confuso, questionei:— Diagnóstico definitivo? Do que você está falando?— Consegui falar brevemente com a Maira por telefone há alguns minutos. Ela me