Rachel
Eu não iria, de forma alguma, à garagem do prédio buscar uma mala, e tinha certeza de que Ryan também não o faria, pois ele parecia empenhado em me contrariar. Estava determinada a encontrar uma maneira de irritá-lo o suficiente para que ele acabasse trazendo as malas.
No final das contas, aquela situação apenas reforçava o quanto Ryan e eu nos irritamos mutuamente. O clima tenso entre nós não prometia nada de bom para o restante da noite.
Quando a refeição chegou, nós nos reunimos na sala de jantar e comemos em silêncio por longos minutos, e já de volta à sala, eu tentei o convencer novamente a ir buscar a minha mala.
— As
KaelRyan passou a mão várias vezes pelos cabelos, deixando-os ainda mais desalinhados.— Eu sou irmão de vocês, filho do Patrick e da Mary. — ele revelou, suspirando resignado.— Então você é o irmão gêmeo desaparecido? — afirmei em voz alta, sem ter dúvidas sobre aquela informação.Meu agora irmão caminhou até um dos sofás e se sentou, aparentemente abatido. Eu o acompanhei, pois também não me sentia em condições de permanecer de pé depois de receber essa notícia bomba tão poderosa.Meu assistente é meu irmão perdido? Essa revela&cc
SarahNo dia seguinte, ao menos uma das coisas que Enrico havia dito se provou correta, pois ele realmente venceu a corrida e garantiu o lugar mais alto no pódio, colocando-se à frente na disputa pelo primeiro lugar no campeonato daquele ano.Antes de subir ao pódio para a comemoração, Enrico se aproximou de onde eu estava acompanhando tudo. A equipe estava em festa com mais uma vitória no circuito de disputas da temporada. Ele segurou meu braço e cochichou:— Fica aqui perto. Vou te beijar durante a comemoração. Quero estar em todos os jornais.Embora pudesse ter ficado chateada com a ideia, não estava. Enrico se afastou e seguiu para o seu lugar, recebendo cumprimentos e felicitaç&
KaelNo dia seguinte, quando eu cheguei ao andar inferior, a minha mãe e a Maira aguardavam por mim, as duas pareciam prontas para sair e eu estranhei a novidade.— Posso saber onde as duas pretendem ir, ou é segredo? — perguntei, sorrindo.Era gratificante ver minha mãe tão bem, independentemente de qualquer outra coisa. Maira estava hospedada em nossa casa e parecia ser uma mulher centrada, disposta a criar vínculos com sua mãe biológica, o que era reconfortante considerando a situação.Eu sabia que em casos de adoção, algumas pessoas criavam raiva e até mesmo ódio pelos pais biológicos, mas esta era uma situação completamente diferent
SarahDe volta a Londres, Enrico fez questão de me buscar e me levar para a escuderia no primeiro dia de retorno às atividades, reforçando ainda mais a imagem de casal perfeito que queríamos passar. Embora não estivéssemos realmente apaixonados um pelo outro, éramos verdadeiramente bons amigos, e eu gostava da companhia daquele cínico inveterado.— Deve estar muito feliz com toda a atenção da mídia em torno de nós dois. — comentei com Enrico.— Claro que estou feliz. — confirmou ele, como eu já sabia. — Mas ficarei ainda mais feliz quando Rachel se pronunciar sobre o assunto.— Não acredito que Rachel vá entrar em contato comigo por causa disso. — disse.Na verdade, não falava com Rachel desde a noite na boate, exatamente uma semana atrás, e não seria uma foto de um beijo entre Enrico e eu que a faria me ligar. Além disso, Enrico havia me dito que ela estava em Seattle.Sem ele, eu não teria notícias de qualquer um deles, pois até mesmo Ryan não me mandava mensagem há dias. A situação
KaelApós assistir ao vídeo de Bianchi beijando Sarah na TV, parecia que ele estava em todos os lugares onde eu ia. Como sempre acompanhava as notícias do automobilismo, devido ao meu grande investimento nesse setor, especialmente na categoria representada por Bianchi, o vídeo repetindo diante de mim corroía meu interior. Perceber que Sarah não fazia mais parte da minha vida e me dizer para não me incomodar com o que ela estava fazendo ou deixando de fazer naquele momento só piorava as coisas.— Você está com uma aparência péssima, Kael. — Ryan comentou, entrando na minha sala.— E então, alguma novidade sobre os suspeitos de roubarem os bebês da maternidade? — perguntei, ao vê-lo sentar na cadeira à minha frente.Ryan não se deixou enganar e contradisse:— Não adianta fingir que está tudo bem, Kael. — Ryan falou, me contrariando. — Eu sei perfeitamente que você não está conseguindo dormir direito e o quão difícil é seguir com a sua determinação de tirar Sarah da sua vida.— Eu não qu
SarahAo entrar no salão de festas ricamente decorado, a primeira pessoa que vi foi Kael, e isso me deixou extremamente nervosa, mesmo que eu já esperasse encontrá-lo ali. Tentei me preparar para esse momento, mas minhas emoções estavam tão intensas que meu corpo tremia.— Apenas finja que não o viu. — Enrico sussurrou. — Ele não merece sequer um segundo olhar.— Quem? Não vejo ninguém, na verdade.Decidi seguir o conselho de Enrico, pois estava na hora de retribuir às pessoas com a mesma consideração que eu recebia delas. Ele riu do que falei, apreciando minha atitude, e juntos, ainda de mãos dadas, seguimos em direção ao centro da festa.
SarahTudo o que eu queria agora era ir embora daquela festa. Sumir. Eu não tinha a menor ideia do que Kael estava falando. Como aquela mulher poderia ser nossa irmã?Enrico parece ter lido os meus pensamentos e me guia em direção à saída, onde várias pessoas parecem aguardar pelos seus respectivos carros. Há também alguns jornalistas, todos com cameras a postos, prontos a conseguir uma boa foto para fazer sensacionalismo, pensei com desgosto. — Eu preciso pedir o meu carro — Enrico avisou.Ele olhou em torno, parecendo em dúvida sobre me deixar sozinha pelo tempo que levaria para conseguir fazer isso. Nós estávamos um pouco mais afastados, mas não demorou para Kael e a “nossa” irmã nos encontrar.— Não acredito que seja um bom momento. — Enrico disse.— Você realmente não tem nenhuma ideia sobre o que eu estou falando? — ele insiste no mesmo assunto de antes.Decidi tomar as redeas, afinal, aquele assunto é de extrema seriedade e provavelmente nem poderia dormir, pensando sobre aqui
Kael Desespero. Foi isso que senti quando vi Sarah ser atingida pelo carro. Meu coração parou por um momento, e o mundo ao meu redor pareceu desaparecer. Gritei o nome dela com todas as forças que tinha, como se pudesse alcançá-la através da força da minha voz. Minhas pernas agiram por conta própria, e eu corri em direção ao local onde ela estava caída no chão. Meu coração batia descompassado, e uma onda de pânico percorreu todo o meu corpo. As pessoas ao redor se aglomeraram, algumas ligando para a emergência, outras tentando me segurar, mas eu estava determinado a chegar até ela. Ajoelhei-me ao lado de Sarah, ignorando tudo e todos ao redor. Seu rosto estava pálido, seus olhos fechados, e meu medo se transformou em angústia. — Não toque na vitíma! — Alguém gritou, ao tentar impedir a minha aproximação. Eu tinha uma noção básica de primeiros socorros e estava ciente da recomendação de não tocar em uma pessoa naquela situação, mas a palavra “vitíma” me fez estremecer. — Ele é na