HENRIQUEO sofá da casa de Isabela até que era muito confortável para dormir, mas teria sido ainda melhor dormir na cama com ela. Pela manhã quando acordei, notei que estava sozinho. Não sabia em que momento ela tinha conseguido se desvencilhar e ido embora do sofá.Fiquei por mais alguns minutos deitado até que comecei a ouvir um leve resmungo então tive que me levantar e fui até o quarto de Isabela. A porta entreaberta, o que facilitou minha entrada no ambiente ser menos barulhenta. Peguei o bebê conforto com Mira e voltei para a sala.— Bom dia, bomba de cocô do padrinho.Mira sorriu e deu um gritinho como estivesse entendendo o que eu estava falando. Entreguei a ela o mordedor de borracha que a babá tinha colocado na bolsa e logo fui surpreendido pela chegada repentina de Nicolas.— Tio Henrique?— Oi, campeão.— Por que você tá nosso sofá?— É que ontem eu precisei da ajuda da sua mãe.— De quem é esse neném?— Ela é filha do meu amigo.— Então porque você está com ela?— A mãe e
ISABELADepois que Henrique saiu da cozinha para trocar a fralda da pequena afilhada, continuei tomando, tranquilamente, meu café da manhã. Só quando terminei de comer as deliciosas panquecas é que fui ao meu quarto para ver se ele tinha conseguido e, foi inevitável não rir da situação. Ele estava assistindo um vídeo para trocar a fralda da criança.— O que há de tão engraçado? — Ele quis saber assim que notou minha presença.— Se você dependesse de trocar fralda de criança para viver, seria um homem morto.— O que eu fiz de errado?Entrei no quarto, peguei a menina do braços deles e a coloquei deitada de novo enquanto tirava as tiras adesivas trocadas e colei-as no lugar certo. Aproveitei para fazer cócegas na barriga de Mira, que gargalhou enquanto mexia as perninhas gorduchas.— Saudade do tempo que Nicolas era desse tamanho — comentei.— Mesmo com toda a dificuldade que passou?— Sim. Apesar das dificuldades, foi uma época boa.— Nicolas também era uma bomba de cocô? Chorão?— Às
HENRIQUEPoder passar um tempo só com Nicolas era tudo o que eu mais queria, poder me conectar com ele sem interferências. Ele, como bom admirador de hóquei, ficou encantado com meus objetos de hóquei e os vários troféus na estante.— Você ganhou isso tudo, tio?— Sim.— Quando eu crescer quero ganhar um monte de troféus também.— Então você vai ter que se esforçar muito para ser o melhor jogador.— Eu vou.Baguncei seus cabelos e fui até o meu quarto, peguei algumas peças de roupa e coloquei tudo o que precisava na mochila. Logo que voltei para a sala, encontrei Nicolas sentado no sofá enquanto folheava uma revista com uma foto minha na capa.— O que está lendo aí?— Nada. Só estou vendo você na revista.— O que acha de tomar um sorvete?— Minha mãe não gosta de que eu tome sorvete antes do almoço.— Ela está certa, mas podemos ir de tarde. O que acha?— Eu quero muito.— E a gente pode dar um passeio no parque também.— Oba!Peguei Mira do tapete enquanto Nicolas deixava a revista s
ISABELALogo depois do almoço, Henrique e eu ficamos sentados no balanço da varanda e conversando e diante de tudo o que estávamos vivenciando, pelo modo carinhoso que os dois se davam, acabei tomando a decisão de que não demoraria muito mais para contar a verdade sobre ele ser o pai de Nicolas.— Sabe, eu andei pensando.— Sobre o quê?— Eu não quero adiar mais.— Está se referindo a contar a verdade para o Nicolas?— Sim.— O que te fez mudar de ideia?— Muitos motivos.— Quer me contar quais são?— Não!— E quando você pretende contar?— O que acha de contarmos, juntos, para ele hoje?— Por mim está ótimo, mas você está bem com isso?— Sim, ele merece saber a verdade logo, já escondi por tempo demais.Ele me surpreendeu ao entrelaçar nossos dedos e dando um leve aperto. Diante de seu gesto incentivador e carinhoso, sorri e retribui o aperto.— Pode contar comigo.— Obrigada, Henrique — apoiei a cabeça em seu ombro.— Você sabe que não precisa me agradecer.Era tão bom saber que eu
HENRIQUETer contado para Nicolas que eu sou o pai dele foi bem mais tranquilo do que eu poderia ter imaginado. Achei que seria um pouco mais dramático, afinal, ele era apenas uma criança e poderia não entender. O que mais me incomodou foi ter percebido que Isa não estava muito confortável ali no parque, ficava olhando ao nosso redor.Quando olhei na direção em que ela olhava, logo notei o motivo. Havia um homem por detrás de uma das árvores, com uma câmera nas mãos, com certeza tirando fotos nossas. Fiquei de pé em um segundo e fui em direção ao maldito, ele percebeu e começou a correr, fugindo, porém não exitei em ir atrás dele. Minha vontade era socar a cara dele.Quando finalmente alcancei o homem, o prendi contra a grade de proteção e exigi que me desse sua câmera, ele não cedeu, então não tive outra escolha a não ser segurá-lo pela gola da blusa. Graças a minha altura, ele ficou alguns centímetros acima do chão.— Me solte, por favor!— Só depois que você me entregar sua câmera.
OITO ANOS ATRÁSEu me apaixonei por Henrique Trovato.Henrique era um filho da puta sortudo. Um cara popular que vivia rodeado de garotas como todos os seus companheiros do time de hóquei, mas, que, por algum motivo, acabou se apaixonando por mim. Eu era Isabela, só uma garota comum e ele o melhor jogador do time da faculdade.Era comum ouvir pelos corredores que seu desempenho durante os jogos era notável, que ele tinha o mundo nos patins e uma carreira promissora se seguisse jogando depois da formatura. Eu tinha que admitir que ele era mesmo um ótimo jogador e totalmente diferente do estereótipo de jogador popular.Apesar clara diferença entre a gente, Henrique acabou me conquistando e se tornando o meu mundo em pouco tempo. Tentávamos passar o maior tempo possível juntos, já que a rotina dele era atribulada demais. Treinos, estudos extras, aulas e os jogos.Pensei que esse seria o meu final feliz, mas eu era jovem e tola. Depois da formatura, por conta de uma decisão errada, destru
ATUALMENTEEu esperava ter um final de semana tranquilo com meu filho, mas bastou uma ligação de Cíntia às oito da manhã para bagunçar tudo. Uma reunião de última hora com um atleta que estava atrás de um patrocínio e como a responsável pela empresa, não tinha outra opção a não ser comparecer.Quando, finalmente, consegui chegar à empresa já passava das dez e meia da manhã. Tive que levar Nicolas junto comigo, afinal conseguir uma babá disponível de última hora era uma missão impossível e eu tinha dado folga à minha.Fui direto para a minha sala, onde deixei meu filho distraído com um joguinho no tablet e Cíntia apareceu logo atrás de mim, estava esbaforida.— Até que enfim você chegou, Isa.— Não tenho culpa se você me ligou em cima da hora.— Me desculpe por isso, mas o tal jogador de hóquei confirmou a presença de última hora ontem à noite.— E onde ele está?— Estão esperando na sala de reuniões.— Ok. Vou precisar que fique de olho em Nicolas para mim e não o deixe sair dessa sal
ISABELADepois que saí da sala de reuniões, voltei direto para a minha sala, onde encontrei Nicolas concentrado enquanto jogava no tablet enquanto usava fones de ouvido. Abracei meu filho tão apertado que ele reclamou para soltá-lo. Eu ainda não conseguia acreditar que meu pesadelo estava de volta.Ouvi duas batidas na porta e logo Cíntia colocou a cabeça para dentro. Sua expressão era de total arrependimento e eu estava mesmo furiosa com ela. Depois de tudo o que eu passei sozinha, me virando como dava para trabalhar e criar o meu filho, ela ainda teve a ousadia de trazer Henrique de volta para minha vida.— Isa, eu queria te pedir desculpas, eu...— Só preciso que você me responda uma pergunta. — Interrompi sua fala.— Tá bom.— Você sabia que era ele que estaria na reunião desde o início?— Sim, mas... Eu achei que seria bom esse reencontro entre vocês.— Bom para quem? Você é a única pessoa que sabe de toda a verdade, que acompanhou tudo o que eu tive que passar.— Eu... Só estava