ISABELATer que admitir que Nicolas era mesmo filho de Henrique não tinha sido a coisa mais fácil de dizer, mas era bom, poder finalmente, tirar o peso desse segredo das minhas costas. Se ele ficar bravo comigo por ter escondido esse fato por tanto tempo, aí já não era problema meu. No fundo do meu coração, eu desejava que ele fosse daqueles que virava as costas e fingia que nada tinha acontecido, porque assim eu poderia tendo meu filho só para mim.— E por que não me procurou quando descobriu que estava grávida? Por que nunca me ligou?Já não era ruim o suficiente estar tendo que admitir que escondi um filho dele por oito anos, mas ficou ainda pior com a desconfiança por parte dele. Expliquei que tinha tentado procurá-lo, mas que tinha sido informada que ele já tinha se mudado.Interrompemos nossa conversa quando o garçom se aproximou com nossos pedidos, até porque, era um assunto particular e por Henrique ser um jogador famoso, qualquer coisa da nossa conversa que saísse num jornal
HENRIQUEDepois que Isabela foi embora do restaurante, paguei a conta e decidi voltar para casa. Ainda estava inconformado com tudo o que Isa tinha me contado sobre as coisas que minha mãe tinha feito. Esse era um lado da minha mãe que eu não conhecia, para mim ela sempre tinha sido um exemplo de mulher.— Eu preciso tirar isso a limpo — falei enquanto esperava o semáforo ficar verde.Peguei meu celular no painel do carro e liguei para Gabriel. Depois de uns dois toques, ouvi a voz sonolenta dele do outro lado da linha.— O que foi, Henrique?— Estou precisando de um jatinho com urgência.— Para onde você vai com um jatinho num domigo à tarde?— Eu preciso ir à casa dos meus pais.— Aconteceu alguma coisa, cara? Eles estão bem?— Sim, eles estão bem, eu só... preciso ir até lá.— Mas você sabe que precisa estar aqui amanhã para uma reunião com sua nova patrocinadora?— Sim, eu sei. Devo estar de volta hoje à noite.— Vou fazer umas ligações e ver o que eu consigo fazer.— Faço o impos
ISABELAQuando voltei para casa, paguei a neta da vizinha por ter ficado de olho em Nicolas e ao ficar sozinha com meu filho, abracei-o apertado, aproveitando os últimos dias em que ele é só meu. Ele reclamou, como todo menino da idade dele.— Me solta, mamãe.— Não era você que estava querendo que eu voltasse para casa logo, hein?— Sim, mas não era para ficar me apertando.— Tudo bem. Eu não vou mais te apertar.Afrouxei o abraço e ele se desvencilhou, voltando a brincar com seu bonequinhos sobre a mesa de centro da sala e assistir seu desenho que passava na televisão. Fiquei ali, parada, apenas observando ele brincar tão inocentemente, mal sabendo que em breve seu mundinho seria virado de cabeça para baixo. Eu tinha que pensar na melhor maneira de começar a abordar o assunto "pai" com Nicolas. Arrumar uma maneira de contar sobre Henrique sem deixar a criança traumatizada ou com raiva de mim pelo resto da vida.Peguei meu celular dentro da bolsa e entrei na minha rede social, procur
HENRIQUEEra inacreditável que minha mãe estava tendo aquele tipo de reação, tentando parecer indiferente a tudo o que eu estava falando. Esse era um lado da minha mãe que eu, realmente, não conhecia. Será que ela tinha agido assim com minhas outras namoradas por isso elas caíam fora?— A senhora pode não querer saber o nome do seu neto, mas isso não muda o fato de que ele continua sendo meu filho.— E como você pode ter certeza? Tem um teste de DNA para comprovar?— Eu não preciso de um teste de DNA para ter certeza de que Nicolas é meu filho.Ela estava com o rosto virado na direção oposta a minha, mas pude ouvir ela bufar.— Mãe! Não adianta você tentar ser indiferente e continuar mentindo, eu já sei de toda a verdade.— Aquela garota voltou a aparecer só para te colocar contra mim, não foi?— A verdade é que Isabela nunca deveria ter ido embora da minha vida... Ela era a mulher que eu amava e ainda amo.— Ela não era e continua não sendo boa o suficiente para você.— Será que você
ISABELAQuando cheguei à empresa, vi uma grande aglomeração de fotógrafos e jornalistas na porta de entrada do prédio. O que era muito estranho. Para evitar os abutres, decidi subir pelo elevador privado do estacionamento que levava direto para o andar da minha sala.Logo que as portas metálicas se abriram e eu pisei para fora do cubículo, encontrei Cíntia sentada atrás de sua mesa em uma ligação que parecia importante, mas logo que me viu, cobriu o fone com a mão e me desejou um bom dia rápido.Segui para a minha sala e encontrei sobre a mesa uma pilha de pastas com documentos que precisavam da minha assinatura. Já tinha me cansado dó de olhar. Deixei a bolsa pendurada no gancho, o celular sobre a mesa então peguei a primeira pasta da pilha e dei uma lida antes de assinar.— Bom dia, Isa. — A voz de Cíntia chegou primeiro que ela na sala.— Bom dia!— E como foi o seu final de semana?— Uma verdadeira loucura.— Era sobre isso que precisava conversar comigo ontem?— Sim, mas principa
HENRIQUEGabriel não querendo me deixar sozinho depois de tudo o que eu tinha passado na noite anterior, acabou me convencendo a ir para a casa dele. Lá eu poderia distrair minha mente, pelo menos por um pouco. Daphene fez minha comida favorita para o almoço o que me deixou um pouco mais feliz.Por volta das duas da tarde, saímos para a reunião que teríamos na empresa de Isabela. Me sentia ansioso por poder vê-la novamente, tinha tanta coisa que eu precisava conversar com ela, mas não sabia se ela aceitaria.— Henrique!— O que foi, Gabriel?— Vai descer ou prefere ficar dentro do carro pelo resto do dia?Tinha ficado tão perdido em meus pensamentos que nem tinha percebido que já tínhamos chegado à empresa. Será que o caminho tinha encurtado e eu não havia percebido? Soltei o cinto de segurança e desci do carro.— Você está bem mesmo para encarar essa reunião?— Sim.— Mesmo que tenha que ficar frente a frente com Isabela.— Eu preciso dessa parceria, Gabriel.— Na verdade, você não p
ISABELALogo que ouvi as batidas na porta, soube que Henrique tinha chegado. Liberei a entrada e logo Cíntia abriu a porta da minha sala. Tinha decidido fazer essa reunião na minha sala, até porque éramos só três e tínhamos poucas coisas para resolver.Quando pousei os olhos em Henrique, senti as borboletas em meu estômago despertarem. Ele estava usando uma calça jeans de lavagem clara e uma camisa azul claro com as mangas dobradas até a altura dos cotovelos, que abraçavam perfeitamente seus músculos do braço.— Por favor, sentem-se.Tentei me concentrar no que o agente de Henrique falava, mas a verdade era que eu não estava conseguindo tirar os olhos do pai do meu filho, que parecia um pouco deslumbrado com tudo o que estava vendo ao seu redor.Fiz de tudo para ignorar a presença de Henrique, afinal, eu precisava ser profissional e eles estavam ali para tratar de negócios, ou melhor dizendo, sobre a primeira campanha publicitária dos nossos produtos com a cara de Henrique. Que aument
HENRIQUEO plano era passar o dia inteiro jogado no sofá, mas eu não consegui. Pela primeira vez, o silêncio estava me incomodando, nenhum programa que estava passando na televisão estava me interessando então peguei as chaves e saí de casa.Dirigi até o único lugar onde eu sabia que acalmaria minha mente. Por causa do horário, a arena estava vazia então rapidamente calcei os patins e entrei no gelo, aproveitando para dar algumas voltas pela pista. Depois de alguns pucks arremessados contra o gol, eu já me sentia outra pessoa.— Trovato! — Ouvi alguém me chamar.Olhei ao meu redor e acabei encontrando o treinador do time infantil apoiado sobre a proteção lateral da pista, fui até onde ele estava e o cumprimentei.— Oi, treinador.— Está precisando querendo matar alguém?— Não. Por que acha isso?— Com a fúria que você estava arremessando aqueles pucks, imaginei que estivesse precisando conversar.— Estava aí há muito tempo?— Só alguns minutos.— Nem tinha percebido sua presença— Eu