ISABELAQuando cheguei à empresa, vi uma grande aglomeração de fotógrafos e jornalistas na porta de entrada do prédio. O que era muito estranho. Para evitar os abutres, decidi subir pelo elevador privado do estacionamento que levava direto para o andar da minha sala.Logo que as portas metálicas se abriram e eu pisei para fora do cubículo, encontrei Cíntia sentada atrás de sua mesa em uma ligação que parecia importante, mas logo que me viu, cobriu o fone com a mão e me desejou um bom dia rápido.Segui para a minha sala e encontrei sobre a mesa uma pilha de pastas com documentos que precisavam da minha assinatura. Já tinha me cansado dó de olhar. Deixei a bolsa pendurada no gancho, o celular sobre a mesa então peguei a primeira pasta da pilha e dei uma lida antes de assinar.— Bom dia, Isa. — A voz de Cíntia chegou primeiro que ela na sala.— Bom dia!— E como foi o seu final de semana?— Uma verdadeira loucura.— Era sobre isso que precisava conversar comigo ontem?— Sim, mas principa
HENRIQUEGabriel não querendo me deixar sozinho depois de tudo o que eu tinha passado na noite anterior, acabou me convencendo a ir para a casa dele. Lá eu poderia distrair minha mente, pelo menos por um pouco. Daphene fez minha comida favorita para o almoço o que me deixou um pouco mais feliz.Por volta das duas da tarde, saímos para a reunião que teríamos na empresa de Isabela. Me sentia ansioso por poder vê-la novamente, tinha tanta coisa que eu precisava conversar com ela, mas não sabia se ela aceitaria.— Henrique!— O que foi, Gabriel?— Vai descer ou prefere ficar dentro do carro pelo resto do dia?Tinha ficado tão perdido em meus pensamentos que nem tinha percebido que já tínhamos chegado à empresa. Será que o caminho tinha encurtado e eu não havia percebido? Soltei o cinto de segurança e desci do carro.— Você está bem mesmo para encarar essa reunião?— Sim.— Mesmo que tenha que ficar frente a frente com Isabela.— Eu preciso dessa parceria, Gabriel.— Na verdade, você não p
ISABELALogo que ouvi as batidas na porta, soube que Henrique tinha chegado. Liberei a entrada e logo Cíntia abriu a porta da minha sala. Tinha decidido fazer essa reunião na minha sala, até porque éramos só três e tínhamos poucas coisas para resolver.Quando pousei os olhos em Henrique, senti as borboletas em meu estômago despertarem. Ele estava usando uma calça jeans de lavagem clara e uma camisa azul claro com as mangas dobradas até a altura dos cotovelos, que abraçavam perfeitamente seus músculos do braço.— Por favor, sentem-se.Tentei me concentrar no que o agente de Henrique falava, mas a verdade era que eu não estava conseguindo tirar os olhos do pai do meu filho, que parecia um pouco deslumbrado com tudo o que estava vendo ao seu redor.Fiz de tudo para ignorar a presença de Henrique, afinal, eu precisava ser profissional e eles estavam ali para tratar de negócios, ou melhor dizendo, sobre a primeira campanha publicitária dos nossos produtos com a cara de Henrique. Que aument
HENRIQUEO plano era passar o dia inteiro jogado no sofá, mas eu não consegui. Pela primeira vez, o silêncio estava me incomodando, nenhum programa que estava passando na televisão estava me interessando então peguei as chaves e saí de casa.Dirigi até o único lugar onde eu sabia que acalmaria minha mente. Por causa do horário, a arena estava vazia então rapidamente calcei os patins e entrei no gelo, aproveitando para dar algumas voltas pela pista. Depois de alguns pucks arremessados contra o gol, eu já me sentia outra pessoa.— Trovato! — Ouvi alguém me chamar.Olhei ao meu redor e acabei encontrando o treinador do time infantil apoiado sobre a proteção lateral da pista, fui até onde ele estava e o cumprimentei.— Oi, treinador.— Está precisando querendo matar alguém?— Não. Por que acha isso?— Com a fúria que você estava arremessando aqueles pucks, imaginei que estivesse precisando conversar.— Estava aí há muito tempo?— Só alguns minutos.— Nem tinha percebido sua presença— Eu
ISABELAQuando aceitei ir trocar duas palavras com Henrique, não esperava parar dentro de uma despensa, cheia de produtos de limpeza, tão apertada que ao menor movimento de um de nós dois, acabava tocando o outro. A voz na minha cabeça gritava que era muito errado estar ali com ele.— Henrique, eu não acho que é certo... — Minha voz não era nada mais do que um sussurro.Antes que pudesse terminar de falar, senti os lábios dele tocarem os meus. Um beijo casto. O toque de nossos lábios foi rápido e ao mesmo tempo cheio de intensidade. Fui transportada para quando éramos apenas dois adolescentes, apaixonados e com hormônios à flor da pele. Enquanto eu ainda tentava assimilar o que tinha acabado de acontecer entre a gente, Henrique começou a falar:— Desculpa, eu...— Você ficou doido, Henrique? — Tentei soar irritada, mas minha voz saiu quase que esganiçada.— Eu queria ter feito isso há muito tempo.Não pude negar que as palavras dele me atingiram e, de alguma forma, os muros que constr
HENRIQUEPela manhã, quando acordei, me sentia um pouco melhor do que estava no dia anterior. O beijo que tinha dado em Isabela me fez sentir que todos os sentimentos que tinha por ela e que estiveram mascarados por todos esses anos, estavam de volta à tona. Tinha sido bom, mas eu queria mais muito mais do que apenas um beijo roubado.Depois de tomar café, segui para a arena, mas antes decidi passar numa floricultura e enviar um pequeno presentinho para Isabela. Escolhi as flores mais bonitas e frescas do lugar e, como sabia que ela estaria na empresa, pedi que entregassem lá.Quando cheguei à academia reservada para o time, encontrei alguns dos meus companheiros já fazendo seus exercícios, cumprimentei-os e então fui me encontrar com meu preparador físico para começar a me exercitar.— Ei, Trovato. — A voz do meu preparador físico me chamou a atenção.— O que foi, Max?— Você parece diferente hoje.— Deve ter passado a noite com alguma garota gostosa. — Jasper foi o responsável pelo
ISABELADepois de deixar Nicolas na escola, aproveitei para ir até a academia e depois fui até o mercado, precisava comprar as coisas da lista que a diarista tinha deixado preso na porta da geladeira além de alguns petiscos e uma garrafa do meu vinho favorito já que tinha marcado com Piper de conversarmos na parte da tarde.Depois de um banho rápido para me livrar do suor, preparei uma salada com filé de frango grelhado para o almoço. O que era para ser só uma verificada na minha caixa de emails, acabou se transformando em muito trabalho e quando vi, Piper já tinha chegado.Contei para Piper tudo sobre Henrique e eu, desde a época da faculdade e, claro que, ela ficou um pouco chocada por ele ser pai de Nicolas e indignada por eu não ter contado a verdade para ela durante todo esse tempo que somos amigas. Recebi vários conselhos dela sobre a melhor forma de abordar o assunto com meu filho e trataria de colocar em prática.— Promete que não vai comentar nada desse assunto com ninguém?
HENRIQUEÀs sete horas em ponto, cruzei o belo e bem cuidado jardim da casa de Isabela. Toquei a campainha, mas ninguém apareceu, esperei alguns segundos e como ainda não tinha aparecido ninguém, colei o ouvido na porta para tentar ouvir alguma movimentação.Toquei novamente a campainha e então Isa abriu a porta. Ela estava usando uma calça jeans e uma camiseta mais larguinha, seus cabelos estavam presos em um coque bagunçado no alto da cabeça, mas ainda sim, estava bonita. Natural.Ela ficou parada apenas me encarando e para quebrar o clima estranho que tinha ficado, decidi quebrar o silêncio:— Oi.— Oi! — Ela respondeu assim que desviou o olhar. — Entre, por favor.Isabela chegou para o lado, abrindo passagem para que eu pudesse entrar na sua casa. Eu já tinha estado ali antes, no dia que descobri a marca de nascença em Nicolas, mas agora, era um pouco estranho, porque estávamos só nós dois ali.— Quer beber alguma coisa? — Ela parecia um pouc nervosa.— Um copo de água seria ótimo