ISABELALogo que ouvi as batidas na porta, soube que Henrique tinha chegado. Liberei a entrada e logo Cíntia abriu a porta da minha sala. Tinha decidido fazer essa reunião na minha sala, até porque éramos só três e tínhamos poucas coisas para resolver.Quando pousei os olhos em Henrique, senti as borboletas em meu estômago despertarem. Ele estava usando uma calça jeans de lavagem clara e uma camisa azul claro com as mangas dobradas até a altura dos cotovelos, que abraçavam perfeitamente seus músculos do braço.— Por favor, sentem-se.Tentei me concentrar no que o agente de Henrique falava, mas a verdade era que eu não estava conseguindo tirar os olhos do pai do meu filho, que parecia um pouco deslumbrado com tudo o que estava vendo ao seu redor.Fiz de tudo para ignorar a presença de Henrique, afinal, eu precisava ser profissional e eles estavam ali para tratar de negócios, ou melhor dizendo, sobre a primeira campanha publicitária dos nossos produtos com a cara de Henrique. Que aument
HENRIQUEO plano era passar o dia inteiro jogado no sofá, mas eu não consegui. Pela primeira vez, o silêncio estava me incomodando, nenhum programa que estava passando na televisão estava me interessando então peguei as chaves e saí de casa.Dirigi até o único lugar onde eu sabia que acalmaria minha mente. Por causa do horário, a arena estava vazia então rapidamente calcei os patins e entrei no gelo, aproveitando para dar algumas voltas pela pista. Depois de alguns pucks arremessados contra o gol, eu já me sentia outra pessoa.— Trovato! — Ouvi alguém me chamar.Olhei ao meu redor e acabei encontrando o treinador do time infantil apoiado sobre a proteção lateral da pista, fui até onde ele estava e o cumprimentei.— Oi, treinador.— Está precisando querendo matar alguém?— Não. Por que acha isso?— Com a fúria que você estava arremessando aqueles pucks, imaginei que estivesse precisando conversar.— Estava aí há muito tempo?— Só alguns minutos.— Nem tinha percebido sua presença— Eu
ISABELAQuando aceitei ir trocar duas palavras com Henrique, não esperava parar dentro de uma despensa, cheia de produtos de limpeza, tão apertada que ao menor movimento de um de nós dois, acabava tocando o outro. A voz na minha cabeça gritava que era muito errado estar ali com ele.— Henrique, eu não acho que é certo... — Minha voz não era nada mais do que um sussurro.Antes que pudesse terminar de falar, senti os lábios dele tocarem os meus. Um beijo casto. O toque de nossos lábios foi rápido e ao mesmo tempo cheio de intensidade. Fui transportada para quando éramos apenas dois adolescentes, apaixonados e com hormônios à flor da pele. Enquanto eu ainda tentava assimilar o que tinha acabado de acontecer entre a gente, Henrique começou a falar:— Desculpa, eu...— Você ficou doido, Henrique? — Tentei soar irritada, mas minha voz saiu quase que esganiçada.— Eu queria ter feito isso há muito tempo.Não pude negar que as palavras dele me atingiram e, de alguma forma, os muros que constr
HENRIQUEPela manhã, quando acordei, me sentia um pouco melhor do que estava no dia anterior. O beijo que tinha dado em Isabela me fez sentir que todos os sentimentos que tinha por ela e que estiveram mascarados por todos esses anos, estavam de volta à tona. Tinha sido bom, mas eu queria mais muito mais do que apenas um beijo roubado.Depois de tomar café, segui para a arena, mas antes decidi passar numa floricultura e enviar um pequeno presentinho para Isabela. Escolhi as flores mais bonitas e frescas do lugar e, como sabia que ela estaria na empresa, pedi que entregassem lá.Quando cheguei à academia reservada para o time, encontrei alguns dos meus companheiros já fazendo seus exercícios, cumprimentei-os e então fui me encontrar com meu preparador físico para começar a me exercitar.— Ei, Trovato. — A voz do meu preparador físico me chamou a atenção.— O que foi, Max?— Você parece diferente hoje.— Deve ter passado a noite com alguma garota gostosa. — Jasper foi o responsável pelo
ISABELADepois de deixar Nicolas na escola, aproveitei para ir até a academia e depois fui até o mercado, precisava comprar as coisas da lista que a diarista tinha deixado preso na porta da geladeira além de alguns petiscos e uma garrafa do meu vinho favorito já que tinha marcado com Piper de conversarmos na parte da tarde.Depois de um banho rápido para me livrar do suor, preparei uma salada com filé de frango grelhado para o almoço. O que era para ser só uma verificada na minha caixa de emails, acabou se transformando em muito trabalho e quando vi, Piper já tinha chegado.Contei para Piper tudo sobre Henrique e eu, desde a época da faculdade e, claro que, ela ficou um pouco chocada por ele ser pai de Nicolas e indignada por eu não ter contado a verdade para ela durante todo esse tempo que somos amigas. Recebi vários conselhos dela sobre a melhor forma de abordar o assunto com meu filho e trataria de colocar em prática.— Promete que não vai comentar nada desse assunto com ninguém?
OITO ANOS ATRÁSEu me apaixonei por Henrique Trovato.Henrique era um filho da puta sortudo. Um cara popular que vivia rodeado de garotas como todos os seus companheiros do time de hóquei, mas, que, por algum motivo, acabou se apaixonando por mim. Eu era Isabela, só uma garota comum e ele o melhor jogador do time da faculdade.Era comum ouvir pelos corredores que seu desempenho durante os jogos era notável, que ele tinha o mundo nos patins e uma carreira promissora se seguisse jogando depois da formatura. Eu tinha que admitir que ele era mesmo um ótimo jogador e totalmente diferente do estereótipo de jogador popular.Apesar clara diferença entre a gente, Henrique acabou me conquistando e se tornando o meu mundo em pouco tempo. Tentávamos passar o maior tempo possível juntos, já que a rotina dele era atribulada demais. Treinos, estudos extras, aulas e os jogos.Pensei que esse seria o meu final feliz, mas eu era jovem e tola. Depois da formatura, por conta de uma decisão errada, destru
ATUALMENTEEu esperava ter um final de semana tranquilo com meu filho, mas bastou uma ligação de Cíntia às oito da manhã para bagunçar tudo. Uma reunião de última hora com um atleta que estava atrás de um patrocínio e como a responsável pela empresa, não tinha outra opção a não ser comparecer.Quando, finalmente, consegui chegar à empresa já passava das dez e meia da manhã. Tive que levar Nicolas junto comigo, afinal conseguir uma babá disponível de última hora era uma missão impossível e eu tinha dado folga à minha.Fui direto para a minha sala, onde deixei meu filho distraído com um joguinho no tablet e Cíntia apareceu logo atrás de mim, estava esbaforida.— Até que enfim você chegou, Isa.— Não tenho culpa se você me ligou em cima da hora.— Me desculpe por isso, mas o tal jogador de hóquei confirmou a presença de última hora ontem à noite.— E onde ele está?— Estão esperando na sala de reuniões.— Ok. Vou precisar que fique de olho em Nicolas para mim e não o deixe sair dessa sal
ISABELADepois que saí da sala de reuniões, voltei direto para a minha sala, onde encontrei Nicolas concentrado enquanto jogava no tablet enquanto usava fones de ouvido. Abracei meu filho tão apertado que ele reclamou para soltá-lo. Eu ainda não conseguia acreditar que meu pesadelo estava de volta.Ouvi duas batidas na porta e logo Cíntia colocou a cabeça para dentro. Sua expressão era de total arrependimento e eu estava mesmo furiosa com ela. Depois de tudo o que eu passei sozinha, me virando como dava para trabalhar e criar o meu filho, ela ainda teve a ousadia de trazer Henrique de volta para minha vida.— Isa, eu queria te pedir desculpas, eu...— Só preciso que você me responda uma pergunta. — Interrompi sua fala.— Tá bom.— Você sabia que era ele que estaria na reunião desde o início?— Sim, mas... Eu achei que seria bom esse reencontro entre vocês.— Bom para quem? Você é a única pessoa que sabe de toda a verdade, que acompanhou tudo o que eu tive que passar.— Eu... Só estava