Faith estava feliz. Tão feliz que se sentia em um sonho. Estava na casa de sua avó, um lugar que lhe era praticamente sagrado, com as três pessoas que lhe eram mais importantes no mundo: Rowan, sua irmã e sua prima. Cailey ainda tinha uma ferida aberta no peito, uma mágoa enorme, mas Faith tinha esperança que em breve estaria curada. Pelo menos já sorria, já voltava a fazer algumas de suas brincadeiras usuais, o que era um avanço. Tatianna, por sua vez, era pura alegria. Estava prestes a voltar a estudar, que era o que lhe faltava. E Rowan, tão lindo, tão apaixonante, parecia à vontade no meio daquelas mulheres tão complexas. Contudo, ela sabia que ele só ficaria em paz quando descobrisse o autor da morte de sua irmã, aquele impasse que parecia não ter fim. Ele sofria calado por ainda não ter respostas, mesmo depois de tanto tempo.
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─ Adivinhem! — Cailey exclamou animada, assim que entrou na floricultura, depois de levar um lanche para Morris. — Não faço ideia — respondeu Tatianna, que também as estava ajudando, pois havia muito trabalho. — Aceitei o convite de Morris para ir ao cinema amanhã — estava empolgada e contagiou as outras duas. — Que bom, Cailey! — Faith vibrou. Era um grande passo para que ela superasse o trauma do estupro de uma vez por todas. — Faz muito bem, ele é um gato! — completou a prima. — Acho que pode ser legal, não é? Quer dizer... somos praticamente amigos, conversamos sobre tudo, e eu gosto dele — Cailey ainda estava
Cansado, Steve sustentava o peso da cabeça nas mãos, suspirando. Queria estar em casa. Já era quase meia-noite, estava com fome, sem se alimentar direito há dias e desejava passar mais tempo com Emily. Chegava tarde, e ela estava quase sempre dormindo. Sua barriga parecia maior a cada dia, mas ele não conseguia acompanhar a evolução de sua gravidez. Não fora a nenhuma ultrassonografia, e tudo aquilo o estava deixando muito impaciente. Além das dificuldades em casa e com a família, ele não conseguia tirar da cabeça o fato de que Debra não era a primeira colega que via morrer e, com certeza, não seria a última. Presenciar aquelas mortes precoces tornava-se cada dia mais difícil. Ainda respirava fundo quando escutou o barulho do Outlook avisando que um e-mail havia chegado. O remetente era anônimo
Faith acordou cedo, decidida a ir trabalhar normalmente, para colocar sua vida nos eixos. Rowan já tinha saído, mas lhe deixara um bilhete carinhoso e o café da manhã pronto. Aquelas pequenas demonstrações de carinho davam-lhe mais e mais força para ultrapassar as pequenas barreiras que insistiam em se formar ao redor de sua vida. Ela ainda não sabia que havia outra pessoa lhe querendo mal. Rowan não tivera coragem de contar nada, mas seria apenas uma omissão temporária. Logo, Faith precisaria saber o que estava acontecendo. Enquanto tomava café, ela lia as notícias pela Internet no notebook de Rowan. Cada vez que fazia aquilo, tinha medo de se deparar com alguma novidade sobre o serial killer, talvez alguma outra vítima. Após termina
Depois de recuperado da lúgubre missa em homenagem a Debra, mas ainda marcado por suas olheiras e sua morbidez, Jayce acompanhou Steve em sua visita à casa de Elmett Granger. Fizeram, portanto, o mesmo que haviam feito com Anne Palmer; mostraram-lhe o bilhete suicida de Melinda, que também o deixou bastante estupefato, e lhe perguntaram se aquela era a letra de sua ex-namorada. Mais uma vez, tiveram a constatação de que aquela caligrafia ordenada era completamente diferente da de Melinda. Contudo, sua verdadeira intenção não era essa. Sorrateiramente, enquanto Steve fazia algumas perguntas a Elmett, Jayce pegou um papel dentro de sua pasta do trabalho, com um texto manuscrito e assinado por ele. Observou-o com cuidado e o colocou de volta em seu lugar. 
Jayce acordara bem cedo, depois de rolar na cama por horas durante a madrugada, pensando na morte de Melinda e em quem poderia ter cometido aquele crime. Vários nomes passaram por sua cabeça, mas nenhum que lhe despertasse qualquer certeza. Ao menos ainda estava lutando. Mais ainda, ele se sentia vivo, embora não soubesse por quanto tempo. Com uma ideia fixa na cabeça, ele pulou da cama e correu para o telefone. Apesar de seu apartamento estar em pura desordem, ele ainda sabia o local em que havia guardado o telefone do hotel onde Melinda fora encontrada morta. Precisava falar com aquela recepcionista, que não ficou nem um pouco feliz em atendê-lo. — Aqui é o detetive Hernandez, espero que se lembre de mim — foi firme e não demonstrou nenhuma simpatia.
Já na delegacia, Steve pegou o braço de Carla, com um pouco mais de delicadeza do que Jayce faria, e conduziu-a para uma sala onde seria interrogada. Os dois a deixaram lá dentro, sob observação de outro policial, e foram falar com o comandante, que se surpreendeu ao ver Jayce ali. — Hernandez, o que faz aqui? Pensei que estivesse de férias — o comandante desaprovava a permanência de Jayce na delegacia, enquanto a morte de Debra ainda fosse recente. — Férias que eu nunca quis tirar! — retrucou o policial, inquietando-se ao ver o olhar reprovador do comandante. — Senhor, Jayce descobriu, por conta própr
Faith estava sentada em uma grama muito verde, cercada por flores, plantadas tão caprichosamente quanto ela mesma as plantaria. O cheiro de néctar era maravilhoso, a temperatura estava agradável e seu corpo parecia leve, como se ela pudesse flutuar. A sensação de familiaridade veio como uma rajada de vento, percorrendo sua mente. Se antes estava absorvida pela beleza do local e por seus sentimentos em relação a ele, naquele momento, começou a se preocupar. Ficou com medo do que viria a seguir, com medo de ser guiada a mais alguma flor com um significado subliminar, e, talvez, até mesmo obscuro, que a deixaria ainda mais confusa. Porém, olhava ao seu redor e não via nenhuma flor ou planta em destaque, não sentia nada de diferente, não ouvia nenhum som que lhe remetesse a qualquer coisa.&nbs
Sem esperar mais nenhum segundo, os dois se dirigiram até o local onde Carla fora encontrada morta. Daquela vez, o corpo não fora jogado no mar. Ela estava em casa, confortavelmente deitada na cama. Qualquer um que olhasse para ela, de longe, pensaria que estava dormindo, mas se essa pessoa ousasse se aproximar um pouco mais, veria seus belos olhos esbugalhados, completamente apavorados, presos em um ponto fixo do teto. Esse mesmo observador, facilmente veria um imenso e profundo corte em sua garganta, que fora fatal. E a poça de sangue que manchara seus lençóis brancos era nauseante. Carla estava sozinha em casa, pois provavelmente sua companheira já não morava mais ali. Com certeza ficara assustada com a possibilidade de estar morando com uma assassina. O mais suspeito de tudo era que ela vestia uma roupa social e havia duas xícaras de café sobre