Capítulo 2

Jessye Squared

Acordei com o chamado de Jack ao chegarmos em seu apartamento, a noite estava tão bela que dormi ao sentir o vento bater contra meu rosto e diferente do que pensei o apartamento de Jack é lindo.  

A decoração é clara, com móveis planejados e bem organizados, um lugar aconchegante que ao meu ver era pequeno, mas para duas pessoas seria o suficiente. A cozinha moderna com moveis planejados, fica bem à frente da sala em um conceito aberto e uma grande ilha de centro separa os dois locais, ao lado as portas de vidro dava a vista de uma bela sacada com vista para cidade e na parte superior provavelmente seriam os quartos. 

O apartamento, na verdade, é um Loft pequeno e bem aconchegante e eu gosto disso. 

-Fique à vontade. –O Voyaller limita-se em dizer passando por mim enquanto desabotoa o terno. 

Meu coração se acelera e sinto-me uma presa fácil. Seria o prato da noite para o homem que vem ignorando minha presença e sinceramente não sei como reagir a isso. 

Não que eu fosse tão santa, já havia beijado alguns garotos e rolado mãos bobas, mas nunca cheguei aos finalmente com nenhum deles, afinal minha vida era minuciosamente controla por meus pais e as poucas escapadas que tive renderam-me claustrofobia. 

Edgar não é tão gentil quando o assunto é desobediência. 

-Suas roupas foram organizadas juntos às minhas no closet, temos apenas um quarto e um banheiro. –Desabotoa a camisa com calma. 

Meus olhos correm rapidamente por seu corpo e constrangida abaixo o olhar. Meu coração bombardeia meu peito e permaneço estática sem saber o que fazer ou falar. 

-Você está bem? –Ele se aproxima e dou um passo para trás assustada. 

Jack recua erguendo as sobrancelhas com um olhar confuso. 

-Bem... eu nunca... –Sinto minhas bochechas queimarem com a vergonha. –Eu nunca fiz nada assim antes, estou nervosa. –Confesso mais do que envergonhada e o vejo arregalar os olhos em espanto. 

-Por de Deus, eu não vou tocar em você. –Eleva o tom. –E eu sei sobre esse fato, a sua virgindade foi algo exigido pelo idiota do meu pai. –Jack passa as mãos nos cabelos e sinto vontade de me jogar pela janela. 

Minhas bochechas estavam tão quentes que acredito que a qualquer momento poderia hiperventilar e entrar em curto circuito ou simplesmente ter uma síncope bem no meio da sala tamanho constrangimento. 

-Desculpe a indelicadeza. –Ele apoia a mão na testa. –Estou tão confuso quanto você Jessye. Não sei como agir, o que falar ou o que esperar, mas pode ficar tranquila, não tocarei em você dessa maneira sem o seu consentimento e acho que não tocarei nem com ele. –Murmura as últimas palavras pensativo. 

Maneio a cabeça em concordância literalmente agradecida e extremamente envergonhada. Naquele momento a única coisa que eu queria era simplesmente sumir.  

-Achei que seria necessário consumar o casamento, essas foram as ordens da minha mãe. –Confesso constrangida. 

-Não sei como as coisas funcionam na Alemanha, mas aqui é diferente. Você está casada comigo, faz parte da minha família e seguirá as nossas e as minhas regras. 

Um grande alívio percorre meu peito e sinto-me mais relaxada diante daquela confissão. Achei que eles seriam piores que meus pais, mas pelo visto estou completamente enganada e bem lá no fundinho gostei um pouquinho dele. 

- Fique tranquila, sei que temos apenas um quarto e uma cama, dormirei no sofá, mas terei que usar o mesmo banheiro que você. –Ele confessa. –Talvez acabe comprando um apartamento maior se isso for um problema. 

-Obrigada, mas eu gosto desse apartamento é aconchegante. –Agradeço. 

-Então é isso, eu acho. –Ele franze o cenho analisando meu corpo. –Esperarei você tomar banho e se trocar para subir e fazer o mesmo, pode ficar tranquila, irei subir somente quando você descer. –Um pequeno sorriso surge em seus lábios. 

-Você é gentil. –Confesso e vejo a surpresa em seus olhos.   

Ele está visivelmente desconcertado com minhas palavras e no automático leva a mão para coçar a nunca permitindo que eu veja parte da tatuagem estampada em seu peito. 

Não consigo visualizar direito, mas sabia que tinha a ver com máfia, eu também levava o brasão da família Squared nas costas, um falcão estampado entre as escápulas, leis a serem seguidas quando se completa dezoito anos. 

-Não confunda gentileza com dever. –Balbucia incomodado. 

Sem saber o que dizer apenas maneio a cabeça em concordância extremamente envergonha, antes que a situação fique ainda mais constrangedora corro para o andar de cima a procura do banheiro, erro a porta entrando no closet e volto minha atenção para o único local que sobrou. 

Respiro profundamente ao trancar a porta e conferir se ela realmente estava trancada e sigo para o centro do banheiro na tentativa de retirar meu vestido. 

Sabia que ele havia prometido não entrar e sei bem que não voltaria atrás de suas palavras, mas prefiro garantir deixando a porta bem trancada. 

Observo-me no espelho e vejo minhas bochechas coradas devido as minhas palavras impensadas, mas de certo modo assusto com a maquiagem já derretida pedindo socorro. 

O batom já não existia mais, os cílios postiços e volumosos do olho esquerdo estava meio torto e o delineado levemente borrado por coçar meus olhos mais do que deveria. 

Meus Deus, isso é realmente vergonhoso, ele me viu assim e nem para fazer um leve gesto indicando a situação caótica. 

Desfoco minha mente daquela situação e parto para a grande luta que seria desamarrar meus cabelos e retirar os três milhões de grampos escondidos entre os fios para segurar o penteado e a coroa. Depois de minutos finalmente consigo desprender meu cabelo e soltar os fios que caem em castas cacheadas e loiras, somente a parte de cima fica parecendo um ninho de pássaros devido à alta quantidade de laquê usado pelo cabeleireiro. 

Suspiro pesadamente observando meu vestido e agradeço a Deus por finalmente poder tirar aquele pano insuportavelmente incomodo do meu corpo.

 Tento alcançar o zíper atrás das minhas costas e sofro mais do que gostaria na tentativa falha de retirá-lo, tento todos os malabarismos possíveis, mas paro um momento para ofegar e recuperar o fôlego chegando à conclusão que morreria presa ali dentro. 

Recusando a absurda ideia de cogitar a possibilidade de pedir ajuda ao Voyaller do andar de baixo, tenho a certeza que arrancaria aquela coisa do meu corpo nem se fosse na tesoura e depois de quase quebrar o braço finalmente desço o infeliz do zíper completamente cansada. 

Vejo alguns pequenos arranhões e marcas vermelhas em minha cintura, bustos e costas pelo espelho bem a minha frente e sei que foram efeitos dos brilhantes e da renda, mas ignoro finalmente entrando embaixo da água morna que relaxa meu corpo instantaneamente. 

***

Após um longo e demorado banho agradeço pela brilhante ideia da minha mãe de colocar um creme de pentear em minha mala. Jack tinha apenas shampoo e aquilo dificultou um pouco a minha situação, mas com o creme de pentear consegui domar a fera sobre a minha cabeça. 

Termino de me trocar e desço as escadas vendo o Voyaller esparramado sobre o sofá com uma mão atrás da cabeça e a outra sobre o peito nu. 

Mordo os lábios observando seu corpo mais do que deveria e noto sua respiração calma, o abdômen bem trabalhado e cheio de gominhos me surpreende, mas a camisa meio jogada sobre seu corpo tampa exatamente a tatuagem que eu queria ver.

Sempre ouvi muitas histórias sobre os quatro animais e a curiosidade de ver aquela tatuagem era maior do que eu.  Aproximo-me um pouco mais e observo seu rosto sereno enquanto ele ressona calmamente com uma expressão de cansaço. Acredito que da mesma forma que não tenho dormido direito esses últimos dias ele vem passando pela mesma coisa. 

Mordo os lábios mais fortemente ao voltar a analisar seu corpo e meus olhos se demora sobre a mão jogada em cima do abdômen, observo atentamente sua aliança e volto minha atenção para meus dedos soltando um pesado suspiro que faz ele se remexer. 

Tampo a boca com as mãos e prendo a respiração fazendo um silêncio mortal com medo de que ele me pegue analisando minuciosamente seu corpo. 

Jack é lindo, não tem como negar e entendo perfeitamente porque ele e seus irmãos são símbolo de beleza, sejamos sinceros, os homens sabem arrasar e p**a merda o pai deles caprichou.

Aquele rosto esculpido e másculo coberto por uma leve barba marcante e bem aparada tiraria o fôlego de qualquer mulher, sem contar o tom intenso de azul daqueles olhos incríveis. Confesso que o homem não era de se jogar fora, mas eu nem devia estar aqui o analisando com tanto vigor. 

Que merda acho que estou fazendo? 

Para quem odiava o bonitão com unhas e dentes estar aqui toda embasbacada pela beleza dele não ajuda em nada meu estado crítico e lastimável, apesar de que agora ele é meu marido, suposto na verdade, não, de fato ele é meu marido, assinamos papéis e tudo mais, não há como negar, bem isso não vem ao caso, o fato é que posso admirar sua beleza o quanto eu quiser já que isso não fará diferença nenhuma e ele não precisa saber. 

Jack se remexe mais uma vez e sei muito bem que o sono de pessoas como ele, que foi treinado para liderar e ser um dos melhores no que faz é leve. Até mesmo eu que não tenho a funções tão complexas fui treinada, imagino ele que nasceu homem e mesmo sendo o mais novo ainda leva grandes responsabilidades sobre os ombros. 

Conheço bem o seu mundo, também vivo nele e as sobras às vezes não são a melhor opção. Controlar tamanho poder não é fácil e sei que meu casamento com ele lhe trouxe muitos outros problemas que lhe renderão noites sem dormir. 

Tiro pelo meu pai, que apesar de não ser um homem gentil e tão presente, sempre fez o máximo que pode para demonstrar seu amor por mim e minhas irmãs, mas isso não foi o suficiente para salvá-las do caos que as tomaram, talvez por isso o pulso ainda mais firme comigo e tentativa de não deixar que eu me perca em meio ao poder e ódio que nos cercam. 

Respiro profundamente cogitando a possibilidade de acordar o Voyaller a minha frente, penso nos prós e contras, mas ele dormia tão serenamente que opto por não lhe acordar, afinal, mal nos conhecemos e ainda sinto raiva dele. 

Com esses pensamentos sigo para o quarto esparramando-me na grande cama de casal que leva um leve cheiro do seu perfume cítrico e levemente amadeirado. 

Era uma fragrância maravilhosa que combinado com sua pele, deveria ter um cheiro mais marcante e especial, mas o leve cheiro sobre os lençóis indica que ele não vivia muito naquele apartamento o que me deixa com certa curiosidade para saber mais sobre sua vida pessoal, não que ela de fato me interessasse, mas bem lá fundinho eu queria de alguma forma me dar bem com ele, o que acho meio improvável e impossível de se acontecer.

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