Acordo perdido ao ouvir meu celular tocar em um canto do quarto, passo as mãos nos olhos e minha vista demora a focar no teto do quarto.
Depois de longos minutos olhando para o nada percebo que Jessye dorme agarrada ao meu corpo como se eu fosse um travesseiro.
Seu braço está estendido sobre o meu peito e sua perna jogada sobre as minhas sem contar o fato de que ela está nua.
Completamente nua agarrada a mim.
Esfrego os olhos com uma mão e apoio à outra em sua cintura tentando me desvencilhar de seus braços, mas ela geme baixinho esfregando o rosto em meu peito.
Foco Jack, foco.
Repito aquelas palavras para mim mesmo e queria saber como ela podia ser tão descarada e maluca a ponto de dormir nua agarrada a mim dessa maneira se mal nos conhecemos.
Ou é muita confiança e inocência ou isso faz parte do seu jogo junto com seus pais para me enlouquecer, afinal isso já está em um nível de confiança acima do que eu poderia imaginar.
Sem contar que ainda era humano porra, difícil não me excitar com seu corpo grudado ao meu dessa maneira, sua pele macia, seus seios pressionados contra meu corpo, sua intimidade em contato com minha perna, mesmo que por cima do tecido da calça social podia sentir seu calor, o cheiro do seu perfume já suave pela noite de sono, aqueles fios de ouro que tanto me chama a atenção jogados sobre meu peito.
Fecho os olhos com força usando toda a minha concentração para retirar minha atenção do seu corpo sobre o meu. E depois de muito tentar percebo que nada adiantaria, eu queria aquela menina mais do que eu gostaria de admitir e nem acredito que isso aconteceu em menos de um mês.
-Jessye... -Chamo com calma e ela parece estar em um sono profundo, até entendo, a muito tempo não durmo tanto quanto hoje.
Não sei se pelo cansaço ou por estar enroscado em seu corpo, isso era algo que eu realmente gostaria de entender.
-Ei Jes, acorde. -Acaricio seus cabelos e sonolenta ela se remexe resmungando.
- Que horas são? -Pergunta perdida.
- Não sei, mas acredito que estamos atrasados. -Afirmo despreocupado e vejo seus olhos se arregalarem ao ver que estava agarrada ao meu corpo.
- Eu... eu... eu.... -Gagueja enquanto o tom vermelho toma toda a sua face me fazendo rir.
-Bom dia. -Pisco e ela se encolhe agarrando o travesseiro para tampar sua nudez.
- Você viu tudo? -Pergunta envergonhada.
-Bem, contando com o fato de que você é minha esposa e poderia presentear seu marido com a bela visão do seu corpo nu, a resposta é não, eu não vi tudo, quase tudo na verdade. -Afirmo e recebo uma travesseirada. -Aí.
-Idiota. -Resmunga mais do que envergonhada.
-Também gostei de dormir com você. -Deixo um beijo em sua testa antes de levantar e ela abaixa o travesseiro deixando somente os olhos de fora.
-Mal nos conhecemos...
-É estranho eu sei, mas algo me diz que tenho que te proteger ou morrerá nas mãos dos malucos dos seus pais. Queria tanto te odiar, mas simplesmente não consigo, então vamos deixar o passado para trás, fingir que nosso casamento não gerou tamanha desconforto para nós dois e seguir em frente. -Afirmo desabotoando a camisa para tomar um banho, afinal acabei pegando no sono junto a ela. -Falando nos seus pais, está mais calma? - Pergunto realmente preocupado, pois ontem ela parecia que entraria em um colapso.
- Sim, obrigada por permanecer ao meu lado e não me deixar sozinha, isso realmente me acalma quando entro em crise por causa da claustrofobia.
-Tudo bem, não sou do tipo de pessoa que ignora os medos dos outros. É importante que você confie em mim e eu em você, então sinta-se à vontade para me pedir ajuda se preciso.
- Obrigada. -Murmura envergonhada.
Caminho em direção ao banheiro e me lembro da viagem, olho o relógio sobre a cama e vejo que temos menos de uma hora e meia para levantar voo.
-Irei tomar um banho rápido, pois estamos atrasados. Ontem eu te avisei que seu pai solicitou nossa presença na Alemanha para me apresentar como herdeiro do seu trono, mas você pegou no sono bem no momento. Faça uma mala pequena, não ficaremos muitos dias, mas não há como fugir como você bem sabe.
-Sei. - Ela suspira pesadamente.
-Desculpe por isso, não é algo que eu queria. -Afirmo com convicção.
-Fico feliz que seja você, pelo menos vejo que se preocupa mais comigo do que com o título que herdará e me alegra, pois achei que você nem mesmo se importaria comigo, agora saia logo que eu quero tomar banho e me trocar. -Sussurra envergonhada e acabo rindo.
-Tome banho primeiro enquanto preparo um lanche para comermos, não vou entrar no banheiro prometo.
Assente sem nada a declarar.
Eu realmente não entraria no banheiro contra sua vontade. Só entrei ontem, pois era uma situação realmente complicada que não tinha muito o que ser feito e em minha defesa nem sabia que ela estava nua.
Desço os degraus das escadas tentando ignorar tudo o que aconteceu em menos de vinte e quatro horas.
A proximidade inesperada a aceitação de Jessye sobre nós dois e até a minha possível ideia de cogitar a possibilidade de que esse casamento daria certo. Isso é um absurdo, ao mesmo tempo que aceito os fatos, nego sabendo que me arrependerei no final.
Sei que Jessye não tem culpa de nada, mas porque as coisas tinham que ser assim?
Ela é linda, maravilhosa na realidade, mas Edgar é um verdadeiro cretino, como o infeliz do meu pai.
Disperso os pensamentos de Donatel, pois ele estava morto e muito bem enterrado. Não quero recordar o passado ou aí sim ficaria de mau humor.
Abro a geladeira em busca de algo que possamos comer. Marília é uma ótima funcionária e sempre prepara guloseimas para semana,
E como esperado encontro alguns doces e aperitivos. Abro o potinho e encontro pequenos pães recheados do que parecia ser um patê.
-Serve ou iremos nos atrasar.
Deixo sobre a mesa e pego a jarra de suco. Roubo um pequeno pão comendo-o quando ouço o telefone da sala tocar.
Não costumo receber ligações no telefone fixo. Caminho em direção a sala e atendo depois de alguns toques.
-Jack? -Aquela voz conhecida faz os pelos do meu corpo se eriçarem.
-Nona, aconteceu alguma coisa? -Pergunto preocupado.
-Venha para casa. - Ela limita-se a dizer, pois esse era nosso combinado.
Telefones nunca são confiáveis, ainda mais linhas fixas.
-Nona eu tenho um voo para Alemanha... -Faço uma pausa. -Chegarei em alguns minutos. -Desligo sem esperar resposta e corro para o andar de cima em busca de uma jaqueta de couro.
A preocupação domina cada poro do meu corpo e nem olho para trás quando desço as escadas novamente, mas me lembro de Jessye e sou obrigado a voltar.
-Satisfações, merda. -Praguejo subindo as escadas e torço para não a encontrar nua novamente ou minha sanidade entraria em colapso.
Por sorte ainda ouço o barulho da água e bato na porta suavemente, pois não queria assusta-la.
-Jessye? -Chamo.
- Não terminei ainda.
-Surgiu um compromisso inesperado, vou me ausentar por algumas horas. Prepare sua mala e coma algo, vamos para Alemanha com o voo dos meus irmãos.
-Está tudo bem? -É notável a preocupação em sua voz.
- Sim. -Minto observando o relógio. -Tenho que ir.
Não espero sua resposta, apenas desço as escadas correndo e praguejo a demora do elevador para chegar no subterrâneo.
Saio do estacionamento o mais rápido que posso e contorno as ruas de Pádua em alta velocidade.
Chegamos à Alemanha há pouco menos de duas horas e faz exatamente quarenta muitos que aguardo Jessye terminar de se arrumar para descermos a festa que seu pai organizou exclusivamente para nós.Não que isso me agrade muito, na verdade, não agrada nem um pouco, mas não sou acostumado a me atrasar para qualquer tipo de evento que envolva a máfia, porém Jessye parece não se importar muito quanto a isso.Cogitei a possibilidade de descer sem ela e cheguei a conclusão que seria deselegante da minha parte deixar minha mais nova e irritante esposa para trás.-Está pronta garota? - Pergunto pela terceira vez.- Não. -Recebo a mesma resposta e desisto de permanecer em pé deitando-me na cama de casal à minha frente.- Já perdemos o voo e tivemos que vir com Dante, agora faz mais de quarenta minutos que você está nesse banhe
-Talvez eu queira ficar. -Sussurra voltando sua atenção para mim.Cadê a inocência agora Deus?-Porra Jessye, não me faça odiar ainda mais seu pai. -Fecho os olhos soltando o ar com força.Ela suspira fechando os olhos e recompõea postura passando suavemente as mãos sobre o vestido.-Temos que ir. -Sussurra extremante envergonhada.-Vista uma calcinha por favor. -Peço sabendo que essa seria uma longa noite, mas ela nega com a cabeça.-Ficaria marcada no pano do vestido. -Sussurra tão baixo e constrangida que quase não a escuto.Eu não acredito que estou tendo que passar por isso nessa pequena altura da minha vida.Fecho os punhos com força e concordo totalmente a contragosto.-Quando essa festa acabar eu juro que farei você gozar muito garota. -Afirmo com convicção e sua
JessyeSei que pode ser cedo para me sentir parte dessa família, mas eles são tão leves e engraçados que automaticamente me sinto àvontade entre eles, sem contar que todos são muito lindos e quando digo lindos, não estou economizando no nível de beleza.-Se comportem meninos, Jessye vai sair correndo dessa maneira. - Eva ri encolhendo os ombros. - Não ligue, eles discutem, mas se amam.-Fale somente por você Eva, não me inclua. -Royal torce o nariz.-Royal, pare de ser turrão, todos nós sabemos que no fundo esse coração de pedra ainda bate. -Jack cutuca o irmão com o cotovelo que lhe lança um olhar atravessado me fazendo rir baixinho.Eles são engraçados não tem como negar.-Falem mais baixo, estão atraindo olhares demais. -Dante resmunga e os três torcem o nariz.<
Não espero a confirmação ou aceitação do homem que ficou para trás, apenas caminho com o falso sorriso nos lábios. Sorriso esse que ensaia e me acompanha por anos e pelo que vejo acompanharia pela eternidade.Cansaço, essa era a palavra que resumia meu estado atual, dor, desespero e sofrimento caminham tão juntos comigo que nem poderiam ser considerados sentimentos e sim parte de mim, mas o cansaço físico, mental e psicológico estava abalando minhas estruturas pelo simplesmente fato de colocar fé em alguém que não deveria.Ele foi gentil e por um curto período de tempo acreditei que as coisas seriam diferentes. Havia me tocado de forma tão íntima e devassa que somente de lembrar meu corpo se aquece e sensações estranhas se formam em meu ventre.O amor jamais chegaria para uma pessoa como eu e chega a ser irônico o fato
Jessye-Você está realmente bem?. - Eva pergunta amparando-me enquanto subíamos as escadas.- Sim. -Afirmo incomodada com sua gentileza, ninguém nunca se preocupou comigo dessa maneira e isso é tão estranho, sem contar que ela é uma Voyaller e a experiência com um deles não está sendo muito boa.-Não minta Jessye, sei que Jack pode ser duro quando quer, acredite, já fui alvo do seu ódio e ele não feriu apenas a mim e sim seu irmão. Ele pode ser uma pessoa extremamente difícil quando quer. - Ela apoia as mãos em meus ombros quando chegamos no topo das escadas e viramos em direção aos quartos.- Estou bem. -Torno a acrescentar.- Eu sei que não confia em mim, sou nova e de uma família diferente, mas acredite, eu quero te ajudar. Se Jack está sendo um babaca é porque ele est&aac
JessyeAcordo no meio da noite perdida e assustada. Abro os olhos e me sento na cama tentando me localizar, depois de alguns segundos minha mente recorda a fatídica e indesejada noite de ontem que tinha tudo para dar certo, mas acabou mal.Passo a mão no rosto e nos olhos não encontrando nada além do quarto vazio.Suspiro alto agradecendo aos céus por não ter que olhar a cara do Voyaller.Pelo menos não por hora.Coloco os pés no chão fitando o banheiro e coço os olhos decepcionada comigo mesma.Chateada com aqueles pensamentos levanto e quando dou o primeiro passo em direção ao banheiro ouço um gemido e tudo acontece rápido demais para minha mente processar.Quando vejo estou no chão depois de pisar, cair e rolar sobre alguém.-Minhas bolas. -Ouço a voz de Jack e levanto o mais rápido q
JackAcordo em um solavanco e praguejo a dor no pescoço e o braço dormente por dormir no chão duro. Surpreendo-me ao ver a coberta sobre meu corpo e faço uma careta ao saber quem foi que a colocou ali.-Jessye não deveria ser tão gentil. -Praguejo por ser o completo oposto e me sentir um grande imbecil por isso.Culpo-me ainda mais por ter sido um verdadeiro cretino e se pudesse voltaria no tempo para concertar minhas palavras, mas de nada adianta, o que estava feito e dito não seria mudado mesmo que eu quisesse.Respiro profundamente olhando o teto e resmungo ao sentir minha coluna reclamar. Na minha casa pelo menos tenho o sofá, aqui era escolher o chão ou implorar para um dos meus irmãos um espaço com eles e meus créditos ultimamente estão abaixo de zero.Apoio a mão entre as pernas e suspiro aliviado ao sentir minhas bolas in
-Certo. -Limito-me a dizer e sinto o aperto em meu ombro.-Nada é fácil no mundo em que vivemos Jack, mas tudo se torna pior quando estamos sozinhos. Ergue a cabeça e siga em frente, podemos ser taxados de monstros sanguinários, podemos ser considerados a escória, mas nunca abandonamos os nossos. Um Voyaller sempre será um Voyaller e terá a proteção da família. -Dante afirma.- Nunca duvidei disso, mas é complicado. Não quero pensar sobre isso no momento, vamos. -Observo o relógio de pulso. - Já são quase sete da manhã, não sei como ninguém veio atrás de nós ainda. -Afirmo desconfiado.-Abaixe a guarda Jack, você está armado até os dentes. -Dante passa por mim caminhando pela sala extensa que levava ao jardim. -Aproveite a casa, a vista e a hospitalidade. - Ele sorri e pisca para mim descontraído o