- Quer que eu fique? - Pergunto surpreso e ela maneia a cabeça afirmando.
-Por favor. -Vejo seus olhos me encararem em súplica. - Não vou conseguir dormir se estiver sozinha, confio em você.
Depois de ouvir aquelas palavras jamais negaria deitar ao seu lado.
- Só vou tirar o terno e os sapatos. -Afirmo começando a tirar o terno e o colete, desabotoando alguns botões da camisa social e jogo meus sapatos ao lado da cama junto com minhas meias.
Jessye observa todos os meus movimentos atentamente e de certa forma sinto-me constrangido e incomodado, mas jamais conseguiria deixá-la depois de ver tamanho desespero.
Sabendo que ela estava nua opto por deitar na parte de cima do edredom deixando que ela fique embaixo. Ela continua deitada de barriga para cima encarando o teto mais do que deveria.
Me deito de lado para observá-la melhor e acabo rindo ao ver suas bochechas vermelhas.
-Se fosse ficar tão constrangida não deveria ter cogitado a ideia de me chamar para deitar ao seu lado.
Seus olhos arregalados se voltam para mim e ela desce um pouco o edredom deixando seus lábios à mostra.
-Por favor não me deixe sozinha. É sufocante demais e tudo parece apertado, minha mente não consegue focar no que deve e quando vejo o desespero já tomou meu peito, a sensação ruim vai passar, só espere um pouco. -Sussurra envergonha.
- Não irei sair do seu lado, não se preocupe. -Sinto vontade de tocar seu rosto e seus cabelos, mas contenho meus movimentos.
Um constrangedor silêncio recai sobre nós e permaneço deitado ao seu lado vendo o edredom subir e descer com sua respiração pesada.
-Por que tem medo de lugares fechados Jessye? - Pergunto o que estava me incomodando e ela se encolhe.
Depois de longos minutos pensativa volta sua atenção para mim se deitando de lado para me observar melhor.
- Meu pai nunca me bateu quando fazia algo de errado, fugia, mentia ou tentava algo que ia contra suas regras. Minha punição era ficar trancada em um cubículo de um por um sem janela, luz ou ventilação. - Seu corpo todo estremece com as lembranças. - Eu não sei bem quando a fobia começou, mas se vejo que estou trancada sem poder sair, entro em desespero. É uma sensação horrível, desesperadora, parece que as paredes vão se aproximando e me reprendendo, o ar começa a faltar e não sei explicar é simplesmente sufocante. -Sussurra e vejo algumas lágrimas escorrer por seu rosto. -Desculpa.
-Você não deve pedir desculpas. -Quando vejo puxo seu delicado corpo em direção ao meu peito e ela chora baixinho enquanto acaricio seu cabelo. - Já passou, você está comigo agora, jamais trancarei você como seu pai fazia, também tenho traumas e medos Jessye, é normal e a certas feridas que só o tempo pode curar.
Encosto meus lábios em sua cabeça e o instinto de proteção se aflora em meu peito. Sei que Edgar pode não ser tão ruim quanto Donatel em alguns aspectos, mas também sei que ele é igualmente frio e não mede esforços para atingir seus objetivos.
-Se ele souber que te contei, minha mãe irá me bater muito. -Estremece em meus braços.
- Sua mãe não pode te machucar mais Jessye. Você é uma Voyaller e ninguém levanta a mão para um Voyaller. -Retiro alguns fios de cabelos loiros grudados de seu rosto para poder ver melhor sua face, mas ela esconde o rosto em meu peito.
Controlo a vontade de acertar o rosto de Edgar com um belo soco. Sei que é errado cogitar a possibilidade de dar uma dose de tortura para sua mãe, pois somos contra machucar mulheres, mas tenho certeza que se contasse a Eva o ocorrido ela não se importaria em dar uns tapas na mulher.
-Essa foi a educação que recebeu para ser esposa de um chefe? -Questiono sentindo toda a minha paciência se esvair aos poucos.
-Meus pais sabiam que não podiam contar com minhas irmãs para um possível casamento e como sou a mais nova começaram a me tratar de maneira diferente, pois seria a única que poderia fazer parte de um contrato. Minha mãe também foi criada assim e começou a limitar todos os meus movimentos e ações, me revoltei no começo, achava um absurdo tudo aquilo, mas comecei a ver que lutar era pior e aceitar foi a única opção ou então sairia daquela casa dentro de um caixão. -Murmura.
-Ssshh, já entendi. -Encosto os lábios em sua testa. - Não precisa me explicar mais nada. -Sussurro acariciando seus cabelos que sendo sincero amava a cor.
Loiros como fios de ouro.
-Voyaller, posso te fazer uma pergunta? -Questiona e acho engraçado a forma como me chama.
-Voyaller? -Faço uma careta mesmo sabendo que ela não consegue ver. -Isso soa tão Dante que chega a ser estranho. -Torço o nariz. -Me chame apenas de Jack e sim pode perguntar o que quiser.
Sei que deveria soltá-la, mas os tremores em seu corpo me fazem querer abraçá-la cada vez mais forte, afinal se tinha um ponto fraco em mim, era esse, ver alguém tão inocente e pura sofrer pelo peso das sombras que carregamos.
-Antes de nos casarmos você amava alguém? -Agora ela volta seus olhos para os meus analisando minha reação.
-Por que está me perguntando isso? -Questiono intrigado.
-Apenas curiosidade.
- Não, se quer saber se eu tinha uma namorada ou algo do tipo a resposta é não, era livre, não tinha compromissos com ninguém. -Deixo minha resposta clara para tirar ideias bobas de sua cabeça.
Seus olhos desconfiados me analisam com calma, mas ela logo volta a encostar a cabeça em meu peito em silêncio.
-Tem algo te afligindo é visível.
- Não é nada...
-Está mentindo. -A corto e ela se encolhe com meu tom. -Desculpa, não queria assustá-la, só não gosto que minta, tem algo lhe incomodando e eu sei que isso lhe tirará a paz, então vamos evitar discussões futuras e colocar os pingos nos "is" agora.
-Encontrei marcas de maquiagem em uma de suas camisas. -Sussurra. - Eu não estava espiando ou algo do tipo, a camisa apenas estava caída atrás do armário e a peguei do chão para colocar no cesto quando vi as marcas rosadas.
Solto um pesado suspiro fechando os olhos com força.
- Eu não estou te traindo Jessye. -Afirmo com convicção.
-Não estou te acusando. -Se defende. - Eu sei que não nos conhecemos e você mal me deve satisfações....
-Mal te devo? É claro que devo... sou seu marido independe da situação catastrófica em que nos encontramos, a partir do momento em que assinamos os papéis eu lhe devo satisfações de todos os meus atos assim como você dos seus. -Explico. - Eu não sei o que sua mãe enfiou na sua cabeça, mas pare de agir como ela mandou e seja você mesma ok? Você tem livre escolha dos seus atos, você é uma mulher independente e casada agora, pode agir como desejar desde que me respeite como seu marido, afinal lhe respeito como minha esposa e não trairia sua confiança. Sou homem de palavra e honra, nossa vida nos obriga a isso e você sabe disso, nossa palavra vale mais do que um pedaço de papel escrito à mão. Se for necessário matar meus desejos, pois você não quer que eu a toque, então entrarei em celibato, pois não tocarei em outra mulher. Aceitamos um ao outro Jessye, isso é confiança e respeito e eu respeitarei todos os seus desejos... -Arregalo os olhos ao sentir os lábios dela tocarem os meus de forma tímida me calando.
Apoio minha mãe em sua nuca dando intensidade aquele ato e quando vejo dou passagem para nossas línguas se enroscaram em um beijo um pouco desajeitado e inesperado, porém quente.
Um pouco ofegante ela se afasta escondendo o rosto entre as mãos. Não contenho uma risada e apoio meus dedos em seu pulso fazendo ela olhar para mim.
-Me pegou de guarda baixa. -Confesso e acho que seria impossível ela ficar ainda mais vermelha.
- Eu confio em você e quero tentar fazer esse relacionamento dar certo, mas confesso que fui restrita a muitas coisas e às vezes não sei como agir. Isso pode ser um problema e me sinto envergonhada, suas palavras de agora, bom, eu nem sei o que dizer e bem lá no fundo, acho que devo agradecer por ter sido você o escolhido, afinal, você me respeita e está claro que esperará meu tempo para exatamente tudo... -Toco seus lábios com as pontas dos dedos a calando.
- Não acredito que irei falar isso para você. -Coço a testa constrangido. -Sexo é bom Jessye, muito bom por sinal, mas não é a base de tudo. Confiança, convivência, amizade, sinceridade, boas conversas e pequenos momentos marcantes é o que mais aproxima um casal, então fique tranquila, ainda temos muito o que viver, além disso, existem algumas coisas que preciso lhe contar, mas ainda não é o momento, porém não se preocupe e não coloque coisas nessa cabecinha. -Apoio meu dedo em sua testa e uma suave risada ecoa por seus lábios me fazendo sorrir.
Dos poucos momentos que estávamos juntos essa foi a primeira vez que ouvia ela rir e confesso que gostei.
-Durma, pois amanhã será um longo dia, seu pai solicitou minha presença na Alemanha para minha apresentação como herdeiro do seu lugar. -Faço uma careta e quando percebo Jessye já ressonava em meus braços. -Ah, bem, é isso aí. -Toco seus cabelos com calma sentido os fios macios e longos em meus dedos.
Sabia que precisava tomar um banho e me deitar no sofá, mas era tão gostoso e relaxante acariciar aqueles fios que hora outra me pegava brigando com o sono até ele finalmente me vencer.
Acordo perdido ao ouvir meu celular tocar em um canto do quarto, passo as mãos nos olhos e minha vista demora a focar no teto do quarto.Depois de longos minutos olhando para o nada percebo que Jessye dorme agarrada ao meu corpo como se eu fosse um travesseiro.Seu braço está estendido sobre o meu peito e sua perna jogada sobre as minhas sem contar o fato de que ela está nua.Completamente nua agarrada a mim.Esfrego os olhos com uma mão e apoio à outra em sua cintura tentando me desvencilhar de seus braços, mas ela geme baixinho esfregando o rosto em meu peito.Foco Jack, foco.Repito aquelas palavras para mim mesmo e queria saber como ela podia ser tão descarada e maluca a ponto de dormir nua agarrada a mim dessa maneira se mal nos conhecemos.Ou é muita confiança e inocência ou isso faz parte do seu jogo junto com seus pais para me enlouquecer, afinal isso
Chegamos à Alemanha há pouco menos de duas horas e faz exatamente quarenta muitos que aguardo Jessye terminar de se arrumar para descermos a festa que seu pai organizou exclusivamente para nós.Não que isso me agrade muito, na verdade, não agrada nem um pouco, mas não sou acostumado a me atrasar para qualquer tipo de evento que envolva a máfia, porém Jessye parece não se importar muito quanto a isso.Cogitei a possibilidade de descer sem ela e cheguei a conclusão que seria deselegante da minha parte deixar minha mais nova e irritante esposa para trás.-Está pronta garota? - Pergunto pela terceira vez.- Não. -Recebo a mesma resposta e desisto de permanecer em pé deitando-me na cama de casal à minha frente.- Já perdemos o voo e tivemos que vir com Dante, agora faz mais de quarenta minutos que você está nesse banhe
-Talvez eu queira ficar. -Sussurra voltando sua atenção para mim.Cadê a inocência agora Deus?-Porra Jessye, não me faça odiar ainda mais seu pai. -Fecho os olhos soltando o ar com força.Ela suspira fechando os olhos e recompõea postura passando suavemente as mãos sobre o vestido.-Temos que ir. -Sussurra extremante envergonhada.-Vista uma calcinha por favor. -Peço sabendo que essa seria uma longa noite, mas ela nega com a cabeça.-Ficaria marcada no pano do vestido. -Sussurra tão baixo e constrangida que quase não a escuto.Eu não acredito que estou tendo que passar por isso nessa pequena altura da minha vida.Fecho os punhos com força e concordo totalmente a contragosto.-Quando essa festa acabar eu juro que farei você gozar muito garota. -Afirmo com convicção e sua
JessyeSei que pode ser cedo para me sentir parte dessa família, mas eles são tão leves e engraçados que automaticamente me sinto àvontade entre eles, sem contar que todos são muito lindos e quando digo lindos, não estou economizando no nível de beleza.-Se comportem meninos, Jessye vai sair correndo dessa maneira. - Eva ri encolhendo os ombros. - Não ligue, eles discutem, mas se amam.-Fale somente por você Eva, não me inclua. -Royal torce o nariz.-Royal, pare de ser turrão, todos nós sabemos que no fundo esse coração de pedra ainda bate. -Jack cutuca o irmão com o cotovelo que lhe lança um olhar atravessado me fazendo rir baixinho.Eles são engraçados não tem como negar.-Falem mais baixo, estão atraindo olhares demais. -Dante resmunga e os três torcem o nariz.<
Não espero a confirmação ou aceitação do homem que ficou para trás, apenas caminho com o falso sorriso nos lábios. Sorriso esse que ensaia e me acompanha por anos e pelo que vejo acompanharia pela eternidade.Cansaço, essa era a palavra que resumia meu estado atual, dor, desespero e sofrimento caminham tão juntos comigo que nem poderiam ser considerados sentimentos e sim parte de mim, mas o cansaço físico, mental e psicológico estava abalando minhas estruturas pelo simplesmente fato de colocar fé em alguém que não deveria.Ele foi gentil e por um curto período de tempo acreditei que as coisas seriam diferentes. Havia me tocado de forma tão íntima e devassa que somente de lembrar meu corpo se aquece e sensações estranhas se formam em meu ventre.O amor jamais chegaria para uma pessoa como eu e chega a ser irônico o fato
Jessye-Você está realmente bem?. - Eva pergunta amparando-me enquanto subíamos as escadas.- Sim. -Afirmo incomodada com sua gentileza, ninguém nunca se preocupou comigo dessa maneira e isso é tão estranho, sem contar que ela é uma Voyaller e a experiência com um deles não está sendo muito boa.-Não minta Jessye, sei que Jack pode ser duro quando quer, acredite, já fui alvo do seu ódio e ele não feriu apenas a mim e sim seu irmão. Ele pode ser uma pessoa extremamente difícil quando quer. - Ela apoia as mãos em meus ombros quando chegamos no topo das escadas e viramos em direção aos quartos.- Estou bem. -Torno a acrescentar.- Eu sei que não confia em mim, sou nova e de uma família diferente, mas acredite, eu quero te ajudar. Se Jack está sendo um babaca é porque ele est&aac
JessyeAcordo no meio da noite perdida e assustada. Abro os olhos e me sento na cama tentando me localizar, depois de alguns segundos minha mente recorda a fatídica e indesejada noite de ontem que tinha tudo para dar certo, mas acabou mal.Passo a mão no rosto e nos olhos não encontrando nada além do quarto vazio.Suspiro alto agradecendo aos céus por não ter que olhar a cara do Voyaller.Pelo menos não por hora.Coloco os pés no chão fitando o banheiro e coço os olhos decepcionada comigo mesma.Chateada com aqueles pensamentos levanto e quando dou o primeiro passo em direção ao banheiro ouço um gemido e tudo acontece rápido demais para minha mente processar.Quando vejo estou no chão depois de pisar, cair e rolar sobre alguém.-Minhas bolas. -Ouço a voz de Jack e levanto o mais rápido q
JackAcordo em um solavanco e praguejo a dor no pescoço e o braço dormente por dormir no chão duro. Surpreendo-me ao ver a coberta sobre meu corpo e faço uma careta ao saber quem foi que a colocou ali.-Jessye não deveria ser tão gentil. -Praguejo por ser o completo oposto e me sentir um grande imbecil por isso.Culpo-me ainda mais por ter sido um verdadeiro cretino e se pudesse voltaria no tempo para concertar minhas palavras, mas de nada adianta, o que estava feito e dito não seria mudado mesmo que eu quisesse.Respiro profundamente olhando o teto e resmungo ao sentir minha coluna reclamar. Na minha casa pelo menos tenho o sofá, aqui era escolher o chão ou implorar para um dos meus irmãos um espaço com eles e meus créditos ultimamente estão abaixo de zero.Apoio a mão entre as pernas e suspiro aliviado ao sentir minhas bolas in