VIKTORPuta que pariu. Pai? PAI DE GÊMEOS?Meu coração explode. Caralho, que felicidade. Uma alegria tão imensa que parece que meu peito vai rasgar de dentro pra fora. Minha mulher está grávida dos meus filhos. Meus. Filhos. É surreal.— Muito obrigado, meu amor… Eu tô tão feliz. — minha voz sai embargada, mas firme. — Eu nunca pensei em ser pai um dia. Meus exemplos paternos foram uma completa merda. Mas eu juro, Isabella… juro pela nossa vida, que vou fazer de tudo pra ser o melhor pai que esses bebês poderiam ter. E o melhor marido pra você. Eu te amo. Te amo mais do que tudo.— Eu que te amo, meu amor! — ela chora, rindo ao mesmo tempo. É a cena mais linda que eu já vi.Pego a caixa que deixei no banco, e vamos direto pra loja comprar os brinquedos da Felicity. No caixa, ela me olha com aquele sorrisinho travesso que eu amo e odeio ao mesmo tempo.— Você disse que ia pagar. Por isso enchi o carrinho. Como é mesmo aquela frase? “Todo meu dinheiro é seu”, lembra? Passa meu dinheiro
ISABELLAFaz três dias que Livia me arrasta pelas lojas de noivas atrás dos vestidos perfeitos. Ela até cogitou a ideia maluca da gente casar juntas, como se a gente já não tivesse dividido o útero e os 19 aniversários,agora o casamento também? Nem pensar.Ontem consegui escapar dela pela manhã pra ir ao meu primeiro pré-natal. Nossos gêmeos estão perfeitos. Eu e Viktor combinamos de contar para todos hoje à tarde, com calma, mas… antes disso, claro, Livia me arrastou pra mais uma “prova” de vestidos. Só que dessa vez com um plus: um dia de princesa num spa para noivas. Maquiagem, cabelo, pele, unhas… e depois, o grande momento: o vestido.E que vestido. Branco, brilhante, estilo Cinderela. Era o meu sonho desde menina. Longo, com um véu rendado gigantesco que parecia saído de um conto de fadas. Me senti como uma rainha. Ou melhor, como a noiva de um rei.— Vamos, Isabella! Nosso ensaio de fotos já vai começar! — Livia me chama, empolgada.Ela decidiu que toda essa produção não podia
VIKTOREstamos recebendo os parabéns de todos pelo casamento e pelos nossos gêmeos. E, sinceramente, ainda parece que estou sonhando. Tudo aquilo que um dia achei que não merecia, a vida me deu de presente,através da mulher mais incrível que já conheci. O amor dela, o carinho, os filhos que estamos esperando... tudo.A cerimônia foi exatamente como ela sempre sonhou emocionante, bonita, cheia de significados. Agora estamos na festa, e minha esposa, linda como nunca, está no meio do salão dançando com a irmã... e com o tal Marcello. Ex-soldado dela. Não gosto nem um pouco disso, mas hoje é o dia dela e meu também. Não vou estragar nada por causa do meu ciúmes.De repente, ela me olha com aquele olhar pidão, depois volta a encarar o tal Marcello. Ah não… lá vem.Quando se aproxima, já sei: vai me pedir algo que eu não vou gostar.— Olá, esposa... — digo, puxando-a para um beijo.— Olá, marido... — ela responde com aquele sorriso que desmonta qualquer defesa minha.Ouvir isso, “marido”,d
ISABELLAO esconderijo secreto que Viktor construiu para nós parece saído de um filme de espionagem. A porta de entrada é uma muralha de aço à prova de balas, com uma fechadura eletrônica que só responde ao toque dele ou ao meu. Por dentro, o lugar é de tirar o fôlego: sala e cozinha em conceito aberto, móveis sofisticados, cada detalhe feito para o nosso conforto e segurança.No segundo andar ficam nossos quartos, mas o verdadeiro segredo está no porão. Ali, nossa sala de jogos e cinema esconde uma passagem sob o maior sofá, revelando o coração da fortaleza: um bunker colossal, com espaço e suprimentos para vivermos por dois anos sem precisar sair. É equipado com armamentos de guerra, alimentos , tecnologia e segurança de última geração e até um quarto de criança, com brinquedos e livros esperando por nossos filhos. Viktor pensou em tudo.Na entrada do bunker, um botão vermelho que ativa o protocolo de defesa total: cortinas de aço selam as janelas, grades elétricas energizam todas a
ISABELLATiros. Gritos. O cheiro de pólvora no ar.Estou agarrada à minha mãe, chorando desesperada. Meu coração bate tão forte que parece querer rasgar meu peito. Por que isso está acontecendo? Por que querem nos machucar?A porta é arrombada com um estrondo que ecoa por toda a sala. Um homem surge na entrada.— Te achei, sua desgraçada — ele rosna, o sotaque estranho tornando suas palavras ainda mais aterrorizantes.Ele aponta a arma para mim, um sorriso macabro no rosto. O som do disparo explode nos meus ouvidos.— ISABELLA! — O grito da minha mãe é a última coisa que escuto antes da escuridão me engolir.Acordo ofegante.O despertador toca ensurdecedor ao meu lado. Meu coração ainda está disparado, e a sensação horrível do sonho persiste. De novo, esse pesadelo. Se eu contar para minha mãe, ela vai dizer que minha imaginação é fértil demais. Mas por que isso parece tão real?Sacudo a cabeça, tentando afastar os pensamentos. Hoje é o primeiro dia do último a
ISABELLA Entramos no avião. Minha irmã se senta ao meu lado, os olhos fixos em nosso pai, esperando,não exigindo,uma explicação. Quando percebe que ele não diz nada, ela explode: — E então? Vai explicar que merda está acontecendo ou temos que implorar? — Livi nunca teve paciência para rodeios. Nosso pai solta um suspiro pesado. Seu olhar carrega um peso sombrio, como se estivesse prestes a abrir uma ferida que nunca cicatrizou. — Eu vou contar tudo. Vocês merecem saber a verdade. O silêncio que se segue é ensurdecedor. — Há vinte e dois anos, sua mãe fugiu do país onde morava, Rússia.Seu avô… — ele hesita, escolhendo as palavras com cuidado — é um homem cruel e detestável. Ele queria obrigá-la a se casar com um velho de setenta e cinco anos, ainda mais asqueroso que ele. Meu estômago revira. — A única alternativa dela foi fugir. Um soldado infiltrado do meu pai, que é o chefe da máfia nova iorquina, a ajudou a escapar. Trouxeram Melissa para a América, onde ela ficou s
ISABELLA Pousamos no Queens no meio da madrugada. O sono pesava, mas o frio na barriga falava mais alto. No momento em que descemos do avião, carros enormes e blindados já nos esperavam. Meu pai e meu tio saíram cumprimentando aqueles homens com tanta empolgação que até parecia reencontro de novela mexicana. Assim que entro no carro, faço questão de me certificar de que estou em um diferente de dona Melissa. Ainda não estou pronta para falar com ela. E se eu entrar no mesmo carro, vai que ela tenta puxar assunto? Prefiro evitar o risco. Nem percebo o tempo passar, só noto que chegamos quando os carros param. Olho pela janela e me deparo com um condomínio imenso: quatro mansões enormes e várias casas germinadas ao redor. O carro estaciona em frente à maior delas. Parece coisa de filme. Antes mesmo de absorver a grandiosidade do lugar, noto uma movimentação na porta da casa. Uma senhora sorridente surge acompanhada de um senhor elegante. — Vovó! Vovô! — Eu e meus irmãos gritam
ISABELLA Acordo me sentindo mais leve. Depois de uma noite bem dormida em uma cama digna de princesa, boa parte da angústia se dissipou. Ainda estou magoada com minha mãe, mas sei que não posso ficar sem falar com ela para sempre,especialmente agora, com essa guerra contra a família dela prestes a explodir. Me levanto e pego o celular: 15 chamadas perdidas e 50 mensagens não lidas. Josh. Meu melhor amigo desde os seis anos. Conheci ele no primeiro dia de aula, quando o encontrei apanhando de um valentão. Sem pensar, me joguei no meio da briga e gritei o mais alto que pude para chamar a atenção da diretora. Funcionou. Desde então, nunca mais nos desgrudamos. Hoje, ele é o capitão do time de hóquei e conseguiu uma bolsa para estudar engenharia em Nova York. O plano sempre foi irmos juntos,ele engenharia e eu artes,mas parece que a vida tinha outros planos. Sento na cama e ligo para ele antes que o senhor do drama decida sequestrar um helicóptero para me encontrar. — ALÔ,