Desculpa, quem? Ouvi Amanda falando.
Não éramos exatamente amigos nos tempos de colégio, tendo trocado pouco mais que algumas frases, mas senti um alívio indescritível em ver aquele rosto. Na verdade, o sentimento de realizar que ele, que começara aquela jornada pelo inferno junto conosco, também conseguiria sobreviver, era mais próximo de esperança.
Também não sabia que ajuda ele poderia nos fornecer, conforme mais zumbis se aproximavam, enquanto tínhamos duas pessoas seriamente feridas, mas para onde quer que ele tivesse a intenção de nos levar, parecia melhor do que onde estávamos.
Cláudio, você consegue caminhar? Minha voz agora parecia mais estável, uma onda de adrenalina estufando minhas veias.
Consigo chegar até lá. Ele respondeu, desvencilhando-se de Amanda.
Ótimo
Assim que saímos daquele beco, nos deparamos com uma rua sem saída a esquerda. Um muro pintado de rosa com desenhos infantis me chocou, porém, foi ver a parte direita da rua, onde um ônibus estava tombado sobre a parte da frente de um caminho, no que parecia ter sido um acidente grotesco. Algumas partes das latarias estavam severamente chamuscadas, mas se houvera fogo, ele foi apagado antes de consumir tudo. Aquele acidente bloqueava quase completamente duas ruas do cruzamento, deixando somente um espaço para que seguíssemos o caminho.Era mais uma rua completamente segura, onde os indícios de que pertenciam ao apocalipse ficavam somente por conta da frequente presença de sangue e do cheiro forte de podridão que parecia ter dominado completamente a cidade. Somente quando busquei por aquilo, encontrei? Dessa vez, havia vários corpos jogados pelo chão, alguns com marcas sérias que poderiam ter si
O sol havia se posto ha quase uma hora e, só então, eu percebi que havia finalmente me acalmado.Era difícil ter certeza sobre o tempo, mas provavelmente ha cerca de 5 horas Amanda saíra do quarto de hóspedes, os braços e a blusa brancas cobertas de sangue, para nos falar que os garotos estavam bem. Carla e Tony foram extremamente gentis com todos nós, convidando-nos para almoçar com eles, mas até então eu trocara somente poucas palavras, e mesmo o cheiro da comida de Carla sendo excelente, não me motivou a dar nem uma garfada. Fiquei quase feliz quando Valentina também pediu desculpas, mas recusou a refeição, porque dessa forma eu não me sentia tão mal educada.Todo o tempo que passamos sentados na sala de estar com os donos da casa pareceram horas intermináveis, dura
Alex veio para cá no mesmo dia. Quando o apocalipse começou, ele estava cuidando sozinho do mercadinho da esquina, onde trabalhava desde que saiu do colégio, há 5 anos. Sua cada era apenas algumas ruas dali, então quando ele conseguiu contato com a mar e o mais velho, combinaram que os dois iriam até onde Alex trabalhava e ficariam lá, onde havia bastante comida, até o caos acalmar. Depois que os celulares pararam de funcionar. Alex esperou por mais cinco dias, pelos quais experienciou um pesadelo interminável, até aceitar que eles não iriam vir.Quem o encontrou, na verdade, foi o Fábio. Buscando por comida, foi até o mercadinho, e para sua surpresa deparou-se com um rosto conhecido ao tentar invadir a loja. Quando informou Tony e Carla que o atendente da mercearia ainda estava vivo, <
O vapor que saia da xícara subia até o céu, perdendo-se entre a imensidão. Aquele chá poderia ter sido banal ha um mês atrás, mas agora tratava-se de um prazer quase irreal. Carla amava chás, então sempre que podiam, Fábio e Alex pegavam caixas de sachês para ela, além dos que ela cultivava na pequena horta (que, após o apocalipse, começavam a se expandir) atrás da casa.O jardim da parte da frente, tão grande quanto o da minha casa e certamente melhor cuidado, também começava a esboçar o começo de uma horta, a qual Tony estava se dedicando. As marcações já estavam feitas. Eu não saberia dizer quanto espaço seria necessário para que uma horta pudesse alimentar completamente uma família de três pessoas, mas parecia de bo
Me desculpas… murmurei, sentindo minhas bochechas esquentando. Eu meio que sabia que não era sua culpa. Eu só estou frustrada.A sua frustração não é motivo para jogar a culpa em mim. Elton disse, seco. De qualquer forma, Alex chamou a minha atenção pigarreando, parecendo um tanto tenso. Virei para ele, notando seu desconforto.Tudo bem? Perguntei, ansiosa para que qualquer coisa nesse mundo me distraísse da discussão com Elton.Estou ótimo e você? Alex sorriu para mim, tentando tornar o clima mais leve. Eu e Elton estávamos conversamos sobre o Anselmo. O senhor da farmácia…Eu, Tony e Carla o conhecíamos… estava contando o que aconteceu com ele, mas se você quiser, conversamos outra hora!Recusei a pro
E… morreu. Alex disse, ao meu lado.Merda! Por impulso, descontei o nervosismo na primeira coisa ao meu alcance. Meu punho foi de encontro ao voltante e uma dor subiu pelo meu braço. Ai!Alex não conteve a risada…Ah, para! Você foi bem! Ele insistiu, batendo amigavelmente no meu ombro. Diferente dos outros dois, aquele carro onde estávamos era muito mais apertado e Alex espremia os seus quase dois metros no banco de carona. Da primeira vez eu não consegui fazer o carro andar meio metro sem ele morrer, você quem praticamente fez tudo com os outros dois!Girei a chave na ignição e sorri para ele, agradecida pelo incentivo.Já fazia três dias desde que começamos a limpar o caminho até o hipermercado. Na primeira tarde, passamos a maior parte do tempo caminhando pela parte segura que Fábio
Menos merda do que eu ontem... repentinamente específico dura ele desviou olhar.O que houve? Perguntei...Não, não é nada... ele virou rosto pra mim novamente, que tá mudado sorriso que não me parecia sincero.Guga,pode me falar...Afastei uma mecha de cabelo do rosto dele. A está altura seus fios já estava bem compridos e um pouco desempregados, por não se encontrarem com escova há algum tempo. Para o meu alívio, a cor já voltara ao rosto dele, finalmente deixando-lhe com um aspecto mais saudável.Sua expressão triste quebrava meu coração...Eu... tô tentando não pensar sobre isso, mas eu ouvi a Amanda falando com a Valentina. Ela acha que nunca vou conseguir me recuperar 100% desse braço. Não consigo conter a expressão surpresa ouvir aquela
Poderiam ter sido dias calmos aqueles que se seguiram, em que passamos juntos a família Rosana e seus dois convidados, como um agradável lapso de paz em meio a constante luta pela vida da nova realidade em que vivíamos. Mas como a sutil promessa da morte, algo sorrateiro rastejava em meio aos possíveis sentimentos tranquilo, a esperança irreal que enfim buscávamos. A cada novo dia, banhando pelo medo ao invés dos raios de sol; a cada esquina que viravamos, quando nos víamos novamente em meio às ruas dominadas pela morte; a casa refeição silenciosa que compartilhavamos com aquelas pessoa com quem cada vez mais criaram-se laços e rejeitavamos a ideia de uma possível separação.Como o meu grupo bem sabia, a fragilidade daquele sonho de paz era notável, e seu declínio, iminente.A cada dia a quantidade de comida em nossos pratos diminuía, e as