Por isso foi fácil não hesitar quando abracei a segunda ideia que me apareceu, sentindo genuíno prazer por ter de recorrer a ela. Fechei o meu punho, cravando as unhas em minha pele para ajudar a suportar o ódio. Trouxe o meu braço para trás da melhor maneira que pude disparei-o para frente com força, sentido o contato macio com a sua pele, afundando-a na altura do estômago. Nem batendo em zumbis eu estava usando tanta força.
Uma lufada de ar entrou na minha boca conforme o mesmo ar escapava de seus pulmões. Cláudio fraquejou, finalmente me libertando do peso do seu corpo. Levou suas duas mãos para barriga e curvou o corpo, arfando em choque.Qual é o seu problema?! Vomitei as palavras com desprezo, ainda sem conseguir acreditar plenamente no que acontecerá. Limpei minha boca com as costas do braço, tentando afastar qualquer resquício del
Assim que terminamos de jantar o risoto feito com resto de legumes e vegetais que já começavam a ficar velhos, coloquei-me de pé chamando atenção de todos. Estávamos distribuídos pela mesa de jantar (pequena demais para todos) e os sofás da sala, iluminados pelas fracas luzes de velas, um mormurinho baixo sendo nosso único som. Guga e Cláudio ergueram os olhos para mim, ciente do meu objetivo. Nem ao menos troquei olhares com Cláudio, ainda rancorosa do que aconteceu naquela tarde.Er, oi... iniciei, subitamente sentindo a pressão cai sobre mim. Era um assunto difícil de ser introduzido, embora necessário. Desculpa incomodar, gente, mas tem algo que acho que precisamos conversar. Aqueles que ainda comiam não baixaram seus garfos. Valentina e Mayara já me olhavam, ten
Bom, é claro que ir de carro seria melhor opção, mas também chamaram a atenção, pelo menos dentro das cidades, né? Mudei o rumo da conversa. Não precisamos decidir isso agora, se chegarmos em um consenso de que devemos sair daqui logo. Cláudio, para minha surpresa, continuou falando. Eu sei que é arriscado, mas nós já nos viramos bem nas ruas, pelo menos o suficiente para chegar até aqui. Evitando as partes mais habitadas, nos movendo com cautela, conseguimos pelo menos nos afastar o suficiente da cidade... algum bairro mais afastado, talvez no condomínio... Chegando lá, nos estabelecendo podemos decidir o que fazer. Não que eu quisesse admitir, mas Cláudio parecia estranhamente mais calmo Eu não esperava nenhum pedido de desculpa vindo dele, somente o fato de não se aproximar de mim sendo suficiente para q
Os dias que seguiram passaram-se tão rápido que sem que eu sequer percebesse, já estávamos no que Valentina acreditava ser, o dia 10 de Abril (agora que a bateria do seu celular já havia acabado completamente Estava contando os dias com calendário). Os últimos dias haviam sido agitados graças a preparação para irmos embora. Foi preciso que saíssemos para buscar suprimentos com mais frequência; tanto para que pudéssemos correr comer nesses últimos dias quanto para encontrar o que fosse adequado para levar na viagem.Uma das pessoas designadas para esta tarefa fora, claro, eu. Então depois de muito tempo me envie novamente na linha de frente, com a foice afiada na morte da morte do pescoço. Embora tenham sido viagens rápida pelas casas do quarteirão, a incerteza e o medo sempre caminhavam ao meu lado, lembrando de faze-se
Eu Com certeza não concordava com ele, mas acho que consegui entender seu coração. Eu pareço com um burro de carga para vocês? Aquelas palavras me machucaram, independente de terem sido ditas pelo calor do momento. Era ridículo imaginar que para qualquer pessoa Cláudio fosse algo menor do que o motivo para estarmos vivos por tanto tempo. Sabemos o quanto suas opiniões e seus distintos importavam, só...Bom, de qualquer forma não havia mais motivo para tentar decifrar o acontecido, pois independente das razões, Cláudio demonstrará mais de uma vez que perder a razão. Claro o que seria absurdo qualquer um de nós queremos julgá-lo, cada um carregando suas próprias marcas carimbadas a ferro em nossa pele pelo Apocalipse. Você não pode perder a razão, independente do que há por trás disso.
Balancei a cabeça em sinal de não.Errou. Eu acho que era só uma garota normal. Jogava handebol muito bem. E não estou me gabando não, mas estava sendo cogitada para ser a capitã do time oficial da cidade. Sorrir, vendo sua expressão surpresa. Bom eu era boa na maioria das matérias, mas escrevia redações particularmente legais... pensei por um instante. Quando eu não estava no colégio, eu lia bastante Senhor dos Anéis, Game of Thrones, essas coisas. Também gostava para caramba de HQ, sabe? Super-heróis e tal...Não! Ele atraiu a minha atenção com força de sua negação. Eu não acredito. Ele fingia incredulidade. Rute, você era uma... nerd! Seus olhos estavam completamente arregalados, fixos nos meus.Dessa vez a gargalhada que eu deixei escapar poderia ter sido realmente perigosa, se eu não tiv
Quase meia hora depois daquele primeiro beijo, finalmente nos desvencilhamos de verdade para que cada um voltasse para sua cama, não querendo atrair a atenção dos outros. Era algo não vocalizado, mas não tínhamos um pouco de receio sobre o que poderiam pensar, sobre nossa maturidade em preocuparmos nos começos durante um apocalipse zumbi.Quis pedir desculpa por ter julgado Anny aquela primeira noite mas não havia mais como.Contornei a minha casa com cuidado, evitando fazer barulho que eu pudesse acordar Mel. Minha cachorra, com certeza, não estava nem remotamente satisfeita em ter sido abandonada, trancada em um quarto enquanto eu saia para beijar, e por um instante agradeci por ela no ser humano e não ser capaz de lançar-me molhar de julgamento.Quando eu cheguei até a janela do quarto da minha avó, meu rosto estava virado para tr&aacut
Ai Rute, eu fico com um pouco de inveja de você! Ela disse, quando as lágrimas. O mundo acabando, sabe Deus se existe mais algum sobrevivente além de nós... e você consegue achar um puta partido.Embora eu evitasse pensar a respeito sempre que eu tentava sentia-me incrivelmente mal por conseguir ter pensamentos tão banais enquanto o mundo caminhava para o seu fim, e eu meio que gostava de pensar que mesmo em meio a todo o caos, havia alguém que fazia com que eu me sente-se como uma boa adolescente boboca que eu era antes.A gente só se beijou! Você faz parecer como estamos casados. Cutuquei a cintura dela, fazendo-a se contorcer de casquinha. Mayara gemeu.Casamento? Quando aconteceu eu quero ser a madrinha! Eu pedi primeiro! Ela ignorou completamente o que eu falei, fazendo um novo acesso de risos acontecer.Idiota! Falei, um tom de voz um pouc
Ao acordar e sentir o calor na mão de Mayara em contato com a minha, demorei alguns segundos para lembrar o motivo pelo qual a menina de cabelos loiros tinha dividido a cama comigo aquela noite. Conforme fui vencendo o torpor do sono, lentamente lembrança das conversas que compartilhamos na noite anterior, quase uma espécie de noite do pijama, invadiram a minha mente. Era confortável para mim saber que ainda era possível sentir como um adolescente normal, em meio a uma eterna luta pela sobrevivência. A lembrança de que naquele dia voltaríamos para incerteza das ruas, trouxe-me uma careta de desânimo. Tentei acordar Mayara com cuidado, mas ao meu menor movimento, Mel ergueu as orelhas e abriu os olhos. No segundo seguinte já estava pulando na cama sobre nós, espalhando lambidas meladas de babá. Mayara