O que você faz da vida quando a pessoa que você mais ama e preza no mundo, dorme tão profundamente?
Michael encarava àquela pergunta como um obstáculo. Ele pensava que poderia fazer inúmeras coisas, ao mesmo tempo em que não conseguia conciliar absolutamente nada.
Há duas semanas, no dia 19 de Abril de 2017, Alexander completara seis meses e alguns dias em coma no leito do Hospital North American, após ser acidentado numa rua deserta do Distrito do Queens. Agora, por sua vez, já acordado, o rapaz tentava assimilar como não lembrava-se de nada na semana de 12 de Novembro de 2016. A sombria e angustiosa passagem para seu namorado, Michael, e seus familiares: Matthew e Emma.
Quando obteve alta do Hospital North American, há quase seis dias, o rapaz tentava inutilmente lembrar dos acontecimentos, mas principalmente, do que ocorrera com Brenner, seu grande amor do passado.
Agora, olhando em direção ao loiro que sempre encarava-o da janela do quarto na casa à frente da sua, sentia como se tudo ao redor congelasse e aquele olhar queimante consumisse seus ossos, e de vez em quando, penetrasse sua alma de uma forma avassaladoramente contagiante, causando-o certos calafrios pelo corpo.
Ouviu quando passos calmos adentraram o quarto onde passou a morar, e virando a cadeira de rodas de uma maneira calma e inesperadamente gentil, encarou o irmão com os braços entrelaçados acima dos peitos largos. Não recordara do Matthew vulnerável, ainda menino. O rapaz tornava-se um homem, um alguém de aparência invejável, corpo escultural e poderosamente masculino.
— Por que ele me olha assim, Matt? — perguntou Alexander, referindo-se a Michael. — Sinto como se uma agulha estivesse afincada nos meus olhos, não consigo explicar, é surreal... como se eu o conhecesse.
— Talvez porque conheça — Matthew limitou-se, caminhando rumo ao irmão. — Tantas coisas ocorreram nesse tempo em que você passou em coma, Alex, coisas estas que não tenho capacidade de explicar. Mesmo se quisesse, tu ainda não iria compreender!
— Então acha que silenciar meus pensamentos me farão bem? — o mais velho perguntou, sorrindo de canto. — Não consigo mentalizar o que querem que eu faça da minha vida! Ora você e mamãe enchem meu saco afim de lembrar, ora conseguem esconder momentos talvez valiosos e cruciais para que eu não sinta este vazio.
Matthew seguiu com os lumes, indo ao encontro dos de Michael que continuava paralisado na varanda do quarto e, baixando os olhos, encarou o irmão a semblante triste e camuflando uma inquietude no rosto.
— Michael ajudou nossa família no momento mais sombrio que passávamos — asseverou o mais novo, agachando-se. — Ele pagou teus remédios, tratamentos, sua estadia no hospital Connor Vezenlar e até mesmo quando foi transferido para o North American... pelo menos converse com ele, tente não evitá-lo.
— E por que ele ajudou alguém desconhecido como eu, quando deveria está cuidando dos interesses dele? — indagou Alexander, impaciente. — Nunca tivemos segredos, irmão. Tudo entre nós foi colocado à limpo, como só agora isso está acontecendo? Por que resolveu mentir?
Matthew fechou os olhos e por mais que quisesse contar todos os problemas que aconteceu naquela semana perturbadora para ele, e inesquecível ao irmão, porém tinha prometido para Emma que deixaria que o tempo corresse e se nada houvesse, aí sim contaria tudo.
— Não estou mentindo...
— Está sim, eu te conheço! — apontou Alexander. — Você é péssimo na mentira, Matthew. Eu perguntei de Deniel e tu simplesmente disse que ele tinha ido embora para o Arizona, sendo que o lugar onde o mesmo estaria era — Matthew prestou mais atenção no que o irmão diria a seguir. — Aqui, comigo, nesta hora tão importante. Ele sim nunca mentiu, nunca fez mal à ninguém.
Se Alexander soubesse que estava tão precipitado em relação ao amigo que quase o matou naquela noite, veria os lábios de Matthew quase movendo-se em resposta absoluta, no entanto, não falou nada comprometedor.
— Se eu fosse você, irmão, tomaria mais cuidado com às palavras da próxima vez — argumentou o mais novo, não em um tom ameaçador, porém alertando-o, erguendo-se e saindo logo depois.
Assim que teve alta do hospital, não tivera um só dia no qual sua paz não houvesse sido violada pelo irmão, ou pela mãe de criação. Emma já evitava conversar com ele, pois assim como Matthew, odiava ter que mentir.
Quando à porta se fechou, Alexander voltou-se para encarar Michael, porém ele já não estava mais lá. O estorvo o atingiu em cheio, pois queria ele conseguir explicar aquele sentimento, no entanto, estava disposto a deixar que o destino e o tempo agisse por conta própria.
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Inevitável Destino
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— É impressão minha ou você está sempre grudado nesta varanda? — Woody apareceu logo atrás do irmão, assustando-o. — Michael? — ele o chamou, calmo e suave — sei que Alexander foi uma pessoa importante para você no passado, porém agora já não é mais. Nem mesmo se lembra do que tiveram juntos, tem que dá um basta nisso e tentar viver tua vida — disse o loiro, visivelmente preocupado com o mais velho.— Ele é o amor da minha vida. Esperei vinte e sete anos para tê-lo em meus braços, esperarei outros vinte e sete se for necessário.— Não seja ridículo, Michael! — irritou-se. — Um dia você vai cansar disso, irá esgotar de ficar apenas desejando que ele se recorde daquela semana. Pensa, irmão: tanto meses se passaram e até agora nada mudou. Você está exausto, isso é notório em sua fisionomia — concluiu Matthew, totalmente farto daquela forma que Michael vinha conduzindo à vida ultimamente.O mais velho deixou à varanda
Era uma habitual e exaustiva caminhada até a sede presidencial da empresa de Michael. Ele subiu pelo elevador juntamente com Emma que, por sua vez, parecia bem no mundo da lua com o que presenciou no sábado à noite em sua casa. A expressão infeliz consumia uma parte de seu rosto perfeitamente rejuvenescido por uma fina camada de maquiagem empolgante que contrastava perfeitamente com seu tom de pele.As unhas pintadas de um vermelho-sangue batiam sem parar sobre uma pasta da mesma cor que trazia nas mãos, o que perturbava os pensamentos eletrizantes de Michael.Quando saíram do elevador no último andar do prédio de mais de sessenta metros de altura, com cem de largura fixa em cada lado, ele parou próximo da escrivaninha onde atrás de um balcão encontrava-se Mary, sua nova secretária.Naquela manhã ela havia exagerado consideravelmente no batom vermelho e na saia justa preta, porém, acessível com um corpete branco super apertado
— Andei pesquisando sobre Shopia Máximo — Isaac dissera ao sair do carro na garagem. — Conhece a advogacia do Adam Brad? — ele perguntou.— Só de vistas — Michael respondeu, começando a caminhar rumo à porta da cozinha. — Descobriu o que sobre ela?Isaac o fez parar.— Muito pouco — falou retirando o blazer, colocando por cima do ombro. — Shopia Máximo é uma das mais importantes advogadas de lá, sugiro que contratemos ela, assim ficará mais seguro e não gerará desconfiança.— Deixo isso com você, Isaac!O rapaz concordou com a cabeça, enfim entrando pela cozinha.Eles depararam-se com Lílian e o restante das empregadas tratando no jantar. Saudaram-as com um boa noite, logo indo para a sala. Woodrow encontrava-se deitado no sofá lendo um livro qualquer quando ouviu a voz do irmão aproximando de seus ouvidos, erguendo-se bruscamente para se arrumar.
Era uma terça-feira. O dia ainda não havia surgido por completo, mas mesmo assim, Michael, já estava fazendo sua corrida que há meses não praticava. Usava um calção esportivo fino, preto, um tênis branco e uma camisa cinzenta com capuz.Já tivera dado diversas voltas entorno de uma praça e agora caminhava tranquilo ouvindo suas músicas nos fones por bluetooth, enquanto o celular estava seguro na barra da sunga e aproximava-se da mansão onde morava.Quando chegou próximo da casa, olhou ao redor na tentativa de encontrar alguém conhecido, porém nem sinal. Entrou na mansão, subindo em direção ao quarto afim de tomar um belo banho e se arrumar para mais um dia de trabalho.Lilian estava na cozinha, fazendo seu trabalho; Woodrow permanecia no quarto, dormindo, enquanto Isaac, da mesma forma, continuava em um sono brando e leve no aposento de hóspedes.O loiro abriu à porta do quarto retirando a ca
Talvez tivessem sido àquelas palavras tão profundas que fizeram o corpo de Woodrow reagir espontaneamente, os lábios rosados abrindo-se em um sorriso singelo, perfeitamente alinhado.— Eu nem sei o que dizer — o rapaz lutou para encontrar uma palavra mais adequada. — Na verdade, estou surpreso.Matthew suspirou fundo, baixando a cabeça e fixando os olhos verdes penetrantes no piso.— Eu vou entender... — começou Matt, ansioso. — Não quero que sinta pena de mim, ou que passe a me odiar, entende?Woodrow balançou a cabeça em sinal de confirmação. Ele caminhou dois passos, ficando centímetros afastado do mais baixo, finalmente segurando àquelas mãos que, por diversas vezes, quis sentir o calor e a sensação delas nas suas. Woodrow beijou cada uma delas, deixando visível sua preocupação com o amigo, finalmente cedendo ao ar denso que tornava-os únicos e inseparáveis.— Eu queria muito que fos
As pernas não paravam de se movimentar por debaixo da mesa. Ele parecia ansioso e, mesmo que estivesse na presença de seu irmão, o que houvera pela manhã teria falado mais alto e tinha sido mais forte que sua reação. Michael encarava Woody, ainda a espera de uma resposta.Ainda dando uma chance para o mais novo se reconciliar com sigo mesmo, seguiu com os olhos azuis penetrante para o salão ainda vazio, ocupado por pouquíssimas pessoas afastadas, naquele horário. Alguns funcionários da Efron & Red, estavam ali, jantando, ou se reencontrando formalmente mesmo após o trabalho longínquo e cansativo.Voltou a fitar o irmão, dessa vez quebrando o silêncio e a ansiedade que brotava pelos poros e eriçavam os pubescentes do corpo dele de uma maneira abrupta, sem descanso.— Vai me contar o que aconteceu, ou irá permanecer nessa turbulência toda, como se o mundo estivesse acabando; a terra ruindo e, acima de tudo, como
O dia para encarar Sophia Máximo, havia finalmente chego. Michael estava na presidência, aguardando para encontrar àquela que poderia ter todas as respostas para suas perguntas caso usasse os métodos que por anos nunca falharam.O rapaz estava lendo alguns contratos quando, de repente, ouviu à porta sendo aberta. Ali, na sua frente, não havia apenas uma advogada renomada em tão pouco tempo de experiência na área, mas Sophia Máximo, uma das jovens mais bela que Michael já vira em toda à sua existência.Ela usava uma roupa padrão preta, que consistia numa saia justa nas pernas iniciando um pouco acima do umbigo e descendo até abaixo das coxas. Uma camisa social da mesma cor, de mangas longas e um pouco larga nos braços.Passara levemente uma maquiagem ao redor dos olhos e uma sombra não muito chamativa. Calçava um tamanco bico fino preto de couro macio, que deixava suas unhas dos pés pintadas de vermelho, visíveis. Nos láb
— Sua casa é muito bonita, Alexander — confessou Cristian, tal qual, ainda continuava olhando para a decoração luxuosa nas paredes e estantes dispersas ao longo do salão com paredes brancas e arranjos de flores em várias partes.O rapaz sorriu.— Obrigado! — falou. — Ainda assim, não tive sequer um dedo nesta majestura toda. Minha mãe cuidou sozinha, na verdade, com ajuda de meu irmão que esforçou-se em decorar com LEDs e artes digitais — contou indicando um sofá para ambos sentarem-se.— Ficou muito bonito — Gabe comentou, sentando-se. — Seu irmão é um gênio. Cristian até tenta, apesar disso, continua o mesmo de sempre — o mais velho sorriu, olhando de esguelha para Alexander, até observar um leve indício de amabilidade nos lábios.Diante da deduração, Cristian e Gabe começaram a trocar farpas e injúrias, civilizadamente, mas Alexander interviu.— Rapazes? — ele chamou os dois. — Vamos ao que