Cristian
Eu sabia que essa hora já estava para chegar, mas quando aconteceu eu congelei.Trícia, que estava na sala, entendeu de imediato o que tinha acontecido e pegou a mochila dela.— Eu dirijo. Vamos no seu carro? — Perguntou Trícia.— Você não! — Escutei Betina falar para Tricia, enquanto se contorcia de dor.— Você é quem sabe Tina, mas eu posso dirigir enquanto o Cristian vai no banco de trás com você. Mas se prefere ir sozinha... — Trícia falou, sem se abalar.Betina apenas concordou com a cabeça enquanto eu a conduzia para o carro. A outra mulher tirou uma toalha da mochila e deu para a gestante sentar-se em cima.Saímos apressadamente para a maternidade. A cada curva ou buraco que o carro passava, eu via Betina ranger os dentes.— Calma, respira devagar. — Eu dizia, enquanto a deixava segurar minha mão, apertando-a.Quando chegamos ao hospital as coisas se desenrolaram muito rapidamente. Logo estBetinaDar à luz é com certeza a experiência mais louca da vida de uma mulher. Enquanto o parto acontecia era como se eu fosse esfaqueada por dentro, não havia nada de bonito e eu apenas não via a hora daquele sofrimento acabar, mas quando o bebê nasceu, chorou e foi colocado ao meu lado, parece que minha memória falhou e eu esqueci do sofrimento anterior. Agora tudo fazia sentido. Eu tinha nascido para ser a mãe do Tobias. Tudo o que eu vivi até ali foi para que eu pudesse dar vida àquela pequena criança.E ter o Cristian ao meu lado, me apoiando e se colocando tão presente, foi importante para que eu me fizesse mais forte, que desse o melhor de mim e não desmaiasse naquela maca porque parecia que era isso que ia acontecer.Agora, já instalada no quarto do hospital com Tobias em seu berço ao meu lado, eu tentava assimilar as palavras daquele homem bonito que segurava minha mão com carinho e me encarava com devoção. Robert nunca me olhou assim, e nunca uso
CristianEu dormi no hospital com minha noiva e meu filho, mas na manhã seguinte fui substituído: minha futura sogra ficaria com Betina de manhã e minha mãe se ofereceu para ficar à tarde. Depois de passar em casa e tomar banho, eu fui para a empresa. Minha vontade era de ficar no Hospital, mas sabia que precisava dar espaço para os familiares também se mostrarem presentes naquele momento. Betina tinha passado meses fora de São Paulo e o tempo com os pais foi curto.Quando cheguei a RCS encontrei meu pai já instalado na minha sala. Eu havia fugido dele no dia anterior e agora o velho não me daria chance de ignorá-lo.— Bom dia, pai. A que devo a honra de sua visita à minha sala tão cedo? — Eu perguntei, depositando a maleta que eu costumava carregar, sobre a mesa.— Soube que meu neto nasceu. Parabéns. Tobias é um nome forte e combina com o sobrenome da nossa família.— Obrigado. — Eu respondi, feliz pelo cumprimento
Cristian — Vou sugar seus seios até formar o bico. Betina ficou perplexa com minha proposta. — Você está zuando comigo ou falando sério? — Estou falando sério. — Tem leite, não vai sentir nojo? — Nada em você me dá nojo. E eu estou hipnotizado pelos seus seios, parece que você colocou silicone, de tão firmes e redondos... — Nossa. — Betina parecia surpresa com tudo o que eu dizia. — Eu estou de resguardo, lembra? Nada de sexo para mim por uns dias. — Eu sei, não se preocupe. Minha intenção é nobre: ajudar o acesso do meu filho ao leite que é dele por direito. Vamos aproveitar que ele está dormindo. Então a peguei pela mão e a levei até o quarto que iríamos compartilhar. Coloquei alguns travesseiros escorados na cabeceira da cama para que se sentasse com mais conforto. — Tire a blusa. — Tem certeza? Minha barriga ainda está enorme. Nem parece que já dei à luz... — N
Betina Eu terminei de banhar o Tobias. No começo eu tinha um medo enorme de deixá-lo escorregar das minhas mãos e Cristian sempre me ajudava. Era noite e a babá já tinha ido embora, então eu estava orgulhosa de mim mesma por ter conseguido dar o banho sozinha. — Está vendo, Tobias? Até que sou uma mãe razoável. — O bebê fez uma carinha meiga. — Não seja severo comigo porque eu nunca lidei com crianças pequenas. O enrolei na toalha e cheirei os seus cabelos. Era um bebê cabeludo e loiro como os pais, pele rosada e olhos espertos. Eu escolhi uma roupinha confortável e o vesti com cuidado. Tobias era lindo assim mesmo, ou era meu amor de mãe que o tornava o bebê mais bonito da humanidade? Aquela casa à noite sem o Cristian era fria e vazia. As empregadas não dormiam no trabalho e agora eu contava apenas com os três seguranças que faziam a ronda e cuidavam do portão. Então me sentei no sofá da enorme sala, deixei apenas uma luz
Cristian Eu não gostava de ver a Betina preocupada daquele jeito. Apesar de ficar feliz por contar com o seu apoio, achei melhor que ela ficasse em casa com nosso filho. — Peça para alguém ficar em casa com você. Chame a Ana Clara, se quiser, só não fique sozinha. Vou ligar para a equipe de segurança reforçar a vigilância na Mansão. — Você tem certeza de que ficará bem aqui sem mim? — Não se preocupe comigo, fui atingido superficialmente. Logo só restará a cicatriz. Cuida do Tobias. Espero que me dêem alta amanhã cedo. — Certo, eu vou. Quando chegar em casa eu te ligo. — Beijou a ponta do meu nariz — Quem ia te querer mal? Logo você que não tem inimigos. — Deve ter pelo menos um: o que mandou me eliminar. Se o seu amigo Rick não tivesse dado o primeiro tiro, talvez eu estivesse morto agora. — Não gosto nem de pensar nisso. Espero que logo descubram o culpado. Betina se foi e logo eu tive que lidar com um
Betina Os dias passaram e a data da recepção na Mansão Toledo chegou. Eu achava estranho manter o nome da família Toledo na residência, uma vez que não lhes pertencia mais. Agora era a Mansão do Cristian, da Betina e do Tobias. Eu via claramente o esforço de Tricia em não sofrer por terem perdido aquele imóvel maravilhoso e me pegava pensando se no fundo ela não tinha raiva de nós. Com certeza ela era apegada àquele lugar para ter se oferecido tão prontamente para cuidar dele. A festa começou às dezoito horas em ponto. Apesar do local ser lindo por si só, as diversas flores espalhadas pela Mansão deram um charme ainda maior a tudo. Eu vi Rick chegar sozinho na festa, mas logo estava conversando com alguns dos meus primos. Ana Clara falava animadamente com meus pais enquanto meu irmão estava sentado no sofá com outros garotos da mesma idade, jogando no celular. Fiquei triste pelas meninas da loja da Pamela não puderem vir, mas prometeram me vis
Betina Apenas no dia seguinte relatamos os acontecimentos para nossos pais. Todos ficaram alarmados. Até então eles não acreditavam muito que Cristian foi vítima de um atentado, mas com o susto da noite anterior, onde alguém tentou levar o bebê tão descaradamente, eles passaram a entender que estávamos realmente em perigo. Seja lá quem fosse, era alguém que conhecia a casa e por isso tinha se aproveitado dos pontos cegos das câmeras externas.De manhã eu dividi com meu noivo o que Ana Clara me falou: — Tricia sumiu bem nessa hora e ele estava meio sorrateira ontem à noite. — Seu amigo Rick também sumiu e nem por isso ele é suspeito. — Cristian falou. — Mas ela pode ter motivos. Se eu perdesse minha casa talvez tivesse raiva de quem comprou. — Trícia não perdeu, ela vendeu. Estava ansiosa por um comprador. — E tem o fato de que ela não gosta de mim. — Insisti. — Façamos assim: eu vou chamá-la à tarde para
Cristian Eu estava trabalhando em um ritmo muito mais lento ultimamente, principalmente porque meu braço ainda doía um pouco, apesar da boa cicatrização do machucado. A dor, no entanto, servia para me lembrar que eu deveria me manter em constante alerta. Quando finalmente Betina e eu tínhamos aberto o coração um para o outro, quando poderíamos escrever nosso próprio conto de fadas, uma onda de medo e tensão nos cercava. A polícia era lenta em achar os outros participantes do atentado contra minha vida e mesmo com toda a boa vontade do Rick, ele tinha acabado de entrar na corporação paulista e ainda não tinha conexões. Achei que meu pai apelaria para os serviços de investigação do meu primo Augusto, mas acabei surpreendido ao saber que o seu segurança Alejandro tinha ligações com a máfia. Meu pai não deixava de me surpreender. Ainda me lembrava da nossa conversa: — O Alejandro não é um segurança qualquer, a família dele é da máfi