Cristian
Eu não gostava de ver a Betina preocupada daquele jeito. Apesar de ficar feliz por contar com o seu apoio, achei melhor que ela ficasse em casa com nosso filho.— Peça para alguém ficar em casa com você. Chame a Ana Clara, se quiser, só não fique sozinha. Vou ligar para a equipe de segurança reforçar a vigilância na Mansão.— Você tem certeza de que ficará bem aqui sem mim?— Não se preocupe comigo, fui atingido superficialmente. Logo só restará a cicatriz. Cuida do Tobias. Espero que me dêem alta amanhã cedo.— Certo, eu vou. Quando chegar em casa eu te ligo. — Beijou a ponta do meu nariz — Quem ia te querer mal? Logo você que não tem inimigos.— Deve ter pelo menos um: o que mandou me eliminar. Se o seu amigo Rick não tivesse dado o primeiro tiro, talvez eu estivesse morto agora.— Não gosto nem de pensar nisso. Espero que logo descubram o culpado.Betina se foi e logo eu tive que lidar com umBetina Os dias passaram e a data da recepção na Mansão Toledo chegou. Eu achava estranho manter o nome da família Toledo na residência, uma vez que não lhes pertencia mais. Agora era a Mansão do Cristian, da Betina e do Tobias. Eu via claramente o esforço de Tricia em não sofrer por terem perdido aquele imóvel maravilhoso e me pegava pensando se no fundo ela não tinha raiva de nós. Com certeza ela era apegada àquele lugar para ter se oferecido tão prontamente para cuidar dele. A festa começou às dezoito horas em ponto. Apesar do local ser lindo por si só, as diversas flores espalhadas pela Mansão deram um charme ainda maior a tudo. Eu vi Rick chegar sozinho na festa, mas logo estava conversando com alguns dos meus primos. Ana Clara falava animadamente com meus pais enquanto meu irmão estava sentado no sofá com outros garotos da mesma idade, jogando no celular. Fiquei triste pelas meninas da loja da Pamela não puderem vir, mas prometeram me vis
Betina Apenas no dia seguinte relatamos os acontecimentos para nossos pais. Todos ficaram alarmados. Até então eles não acreditavam muito que Cristian foi vítima de um atentado, mas com o susto da noite anterior, onde alguém tentou levar o bebê tão descaradamente, eles passaram a entender que estávamos realmente em perigo. Seja lá quem fosse, era alguém que conhecia a casa e por isso tinha se aproveitado dos pontos cegos das câmeras externas.De manhã eu dividi com meu noivo o que Ana Clara me falou: — Tricia sumiu bem nessa hora e ele estava meio sorrateira ontem à noite. — Seu amigo Rick também sumiu e nem por isso ele é suspeito. — Cristian falou. — Mas ela pode ter motivos. Se eu perdesse minha casa talvez tivesse raiva de quem comprou. — Trícia não perdeu, ela vendeu. Estava ansiosa por um comprador. — E tem o fato de que ela não gosta de mim. — Insisti. — Façamos assim: eu vou chamá-la à tarde para
Cristian Eu estava trabalhando em um ritmo muito mais lento ultimamente, principalmente porque meu braço ainda doía um pouco, apesar da boa cicatrização do machucado. A dor, no entanto, servia para me lembrar que eu deveria me manter em constante alerta. Quando finalmente Betina e eu tínhamos aberto o coração um para o outro, quando poderíamos escrever nosso próprio conto de fadas, uma onda de medo e tensão nos cercava. A polícia era lenta em achar os outros participantes do atentado contra minha vida e mesmo com toda a boa vontade do Rick, ele tinha acabado de entrar na corporação paulista e ainda não tinha conexões. Achei que meu pai apelaria para os serviços de investigação do meu primo Augusto, mas acabei surpreendido ao saber que o seu segurança Alejandro tinha ligações com a máfia. Meu pai não deixava de me surpreender. Ainda me lembrava da nossa conversa: — O Alejandro não é um segurança qualquer, a família dele é da máfi
Betina O apartamento da minha amiga Ana Clara era pequeno, porém confortável e muito bem decorado. Minha mãe insistiu para que eu deixasse o Tobias com ela, já que o bebê tinha finalmente pego no sono e eu pretendia não demorar. — Que bom que veio. Estou tão feliz que você está conhecendo minha casa. Comprei comida mexicana para nós. — Me abraçou e depois passou o braço pelos meus ombros — Vou te mostrar tudo! Sua alegria por aquela conquista era contagiante, Ana Clara tinha terminado a universidade naquele semestre e pode voltar a morar em São Paulo. Além disso, estava empregada numa empresa importante de tecnologia. — Adorei, Clarinha! Eu vim aqui toda desanimada e você me deixou feliz. — Eu contei. Segui-a até o balcão da cozinha americana. — Como assim, desanimada? — Me entregou um copo de suco de uva e se serviu com vinho — Aconteceu algo com o bebê? — O Tobias está bem, apesar do acontecimento de ontem. Amig
Cristian Escutava o homem uniformizado com um terno preto falar o nome da pessoa que tinha tentado nos fazer mal e foi como levar um tapa na cara. A primeira coisa que me veio à cabeça foi a decepção que Betina sentiria ao saber que sua amiga mais querida era uma criminosa. — Então é a Ana Clara. Rick e Tricia escutaram a conversa e vieram até nós, curiosos. Alejandro demonstrou certo desconforto ao ver Rick, talvez porque soubesse que ele era policial e o trabalho que fizeram para encontrar os bandidos aconteceu fora dos limites da lei. — Você é o policial? — Alejandro perguntou. — Sim. — Respondeu o outro homem. — Vou fazer vista grossa para o seu trabalho, apenas me diga onde os caras estão que vou acionar outra viatura para efetuar as prisões. — Apenas não complique as coisas para os homens. Eles fizeram um trabalho excelente e encontraram os criminosos rapidamente. — Como eu disse, vou fazer vista grossa, ape
Betina Por que será que de repente minha amiga parecia outra pessoa? Os olhos amáveis estavam arqueados de maneira cruel e dura; os lábios formavam um sorriso cínico que eu não conhecia e o cheiro forte de vinho emanava dela. — Como foi que… — Com isso. — Mostrou o celular em sua mão. — Eu instalei um aplicativo espião no seu celular há muito tempo. Eu consigo acessar tudo do seu aparelho através do meu. Se você não tivesse jogado fora o seu celular quando fugiu, eu teria te encontrado antes do Cristian. — Meu celular sempre teve senha! — Pelo amor de Deus, Betina! Me formei em ciências da computação, saber espionar seu aparelho é tipo o básico do básico. — Riu. — Mas eu gosto da sua ingenuidade. Isso te deixa mais atraente, sabia? — Foi você quem pediu para o Robert me encontrar no restaurante com o Cristian? — Sim. — Confessou. — Sabia que você estava me escondendo que tinha dormido com o Cristian e percebi que
Betina Olhei para Ana Clara e ela olhou para mim por um longo tempo. Então senti sua mão amolecer sobre a arma e depois seu corpo rolou de barriga para cima, ao meu lado. Seus olhos marejaram e ela se contorceu, envolvendo o abdômen com os braços. — Ana Clara? A porta foi arrombada neste momento. Eu não olhei para trás, permanecei ali no chão e me debrucei sobre minha amiga, percebendo que ela foi alvejada pela própria arma. A mulher olhava para mim com os olhos arregalados, mas sem forças para falar. Eu sei que Ana Clara fez tudo errado, mas não pude deixar de sentir compaixão naquele momento. Instantes antes estávamos lutando uma contra a outra, mas a minha única intenção foi arrancar a arma de sua mão e me salvar; não queria feri-la. Que ela fosse presa, sim. Morta não. Braços me envolveram pelas costas. Eu me virei e Cristian estava ao meu lado. Pude sentir seu coração acelerado, a respiração ofegante quando me abraçou.
Cristian Na casa dos Santoro, assim que chegamos da delegacia, fui cercado por nossos familiares, ávidos por notícias. Vi Betina se esgueirando em direção ao quarto do nosso bebê e a deixei em paz. Minha mãe me beijou no rosto de maneira efusiva enquanto reclamava que seus filhos ainda iam fazê-la infartar em breve. Eu contei a todos os pormenores da história e desejei que o Alejandro estivesse ali também, para me ajudar na narrativa. Mas o segurança estava esperto e preferiu ir para a cozinha pegar uma xícara de café com a empregada. Houve as reações mais diversas em relação à morte de Ana Clara; meu pai afirmou que me ajudaria a abafar a verdadeira história para poupar a família da jovem falecida. Quando pensei em procurar a Betina, Rick me puxou de canto. Estávamos perto da copa e ele parecia incrivelmente nervoso. Em nenhuma das situações anteriores ele pareceu se abalar, mas agora eu via suas feições mudadas. — Preciso muito falar uma coisa com você. — Parece nervoso. — E