Donna Reid
Ao ouvir sua frase, eu o questionei. Não estava acreditando em meus ouvidos. Agora que estamos perto de sair desse martírio, ele me sai com essa.
— Como assim vamos acabar com eles? Não seria melhor ir embora de uma vez?
— Não tem como sair daqui sem passar pelo meio do confronto. Todas as fronteiras estão sendo vigiadas por rebeldes. Os militares estão apostos, contam com ajuda militar de outros países e logo a coisa vai ficar feia, pelo menos até a notícia da morte do líder deles se espalhar e eles se renderem. Então, se não quiser sentar e esperar, o único jeito é fazer como MacAleese falou: acabar com os desgraçados e abrir caminho para fora desse inferno — a resposta foi dada por seu amigo, Carlos Rocío.
Ainda incerta e com medo, olhei para Charlie. Ele me encarou por alguns instantes, seus olhos parecendo conter fogo líquido. Por um instante imaginei que ele quisesse aquilo, por fim aquela guerra. E qua
Donna Reid Eu realmente não gostava de esperar. Isso era claro. E quanto mais esperava, mais impaciente eu ficava. — Vai abrir um buraco no chão daqui a pouco... — Brandon fala pela terceira vez. — Por que não se senta um pouco? Ficar andando em círculos não vai fazer o médico vir mais rápido, está exausta, o olhar vidrado... — Eu estou bem — cortei. — Disse a mesma coisa quando lhe ofereci comida. Mais cedo, antes de o senhor Rocío se despedir, eles me chamaram para comer alguma coisa na lanchonete do hospital. Eu me recusei com medo de o médico chamar e não ter ninguém ali, então eles trouxeram um café e um sanduiche para mim, alegando que não poderia ficar a noite toda sem comer e que ia acabar ficando hospitalizada também. Eu comi, igual a uma esfomeada, mas o café não desceu de jeito nenhum e por pouco não coloquei o que tinha comido, para fora, bem ali. Vendo que Brandon ainda esperava uma resposta
Charlie MacAleeseAinda não estava totalmente consciente, mas podia ouvir sua voz baixa e em tom de choro. Queria dizer que não chorasse. Que não se preocupasse. Eu estava bem, embora a dor estivesse me levando à loucura. Talvez por isso eu tenha me deixado levar para o mundo da inconsciência mais uma vez.Acordo mais uma vez, porém, não abro os olhos. Tudo a minha volta é silêncio. Não ouço mais a voz de Donna. Onde será que ela está?Tento me mexer e reteso o corpo ao sentir uma pontada de dor e minha mente é inundada com os fatos dos últimos acontecimentos.Quando vi aquele homem barrando a passagem dela, não pensei duas vezes em ir ao seu encontro. Brandon ia cobrindo minha retaguarda e eu me joguei com tudo para cima dele. Só queria que Brandon a tirasse logo dali e ele atendeu prontamente quando dei a or
Donna Reid Viver com os nervos à flor da pele tem me deixado exausta. E só isso justificaria minha atitude segundos atrás. Como fui estupida ao tratar Charlie daquela forma. Ele tinha acabado de acordar e nem está totalmente recuperado. Meu Deus, por que tenho que ser tão impulsiva? Eu não estava pensando direito e com a cabeça cheia pelo que tinha acabado de ouvir do Kevin, meti os pés pelas mãos. Magoando a única pessoa que não merecia. Idiota! Idiota! Idiota! Atordoada pela forma como deixei Charlie no quarto, não me dei conta de Kevin se aproximando. — Donna, me desculpe. Eu não queria ter dito aquelas coisas... Você conseguiu aflorar o meu pior lado, mas eu a amo... O olhei surpresa, como se ele fosse um extraterrestre e fiquei chocada com sua desfaçatez. Como ele tinha coragem de vir até mim depois de tudo? — Fique longe de mim. — Donna, não faz assim, vamos conversar... Eu
Charlie MacAleese “Bem, eu ... Donna, eu... Não sei de que outra forma posso dizer. Eu me dei conta de que faria qualquer coisa por você. Porque estou apaixonado.” As palavras martelavam em minha cabeça. Apaixonado. Eu era um tremendo imbecil. Isso sim. Todo tempo ela falou que não devia me apaixonar. Nunca pensou em um futuro e nem em um relacionamento em longo prazo. Não posso negar que nisso, ela foi muito honesta comigo. E é claro que uma mulher como ela, teria alguém a esperando aqui. Mas o idiota aqui, inebriado de paixão e louco de tesão, não pensou nessa possibilidade. Eu que sempre fui um cara recluso, evitando qualquer vínculo emocional, fui me deixar cair na besteira de sentimentos. E o tempo todo ela só queria voltar para os braços de outro. Fechos olhos para tentar apagar aquela cena da minha memória. Embora saiba que vai ser impossível, porque dói como o inferno saber que agora el
Dias depois Donna Reid Eu já não tinha lágrimas, havia chorado por horas a fio. Quando Vick esteve aqui em casa na manhã seguinte à minha chegada, me recusei a sair da cama. Ela, muito paciente, me abraçou e acolheu meu choro que saia de forma lamuriosa e foi se acalmando até virar alguns soluços. Ela não disse nada e eu amava isso nela. Não era preciso palavras para ela saber que eu precisava do seu colo, do seu abraço e do seu carinho. Porém, um tempo depois, acabei contando o que vivi com Charlie nos últimos dias. Não omiti um único detalhe. Falei do Kevin e da tolice que cometi por covardia. Em nenhum momento vi julgamento em seu rosto, apenas compreensão. Horas depois de sua partida, tudo o que eu queria era dormir e esquecer. Mas nem que eu me esforçasse muito, eu conseguiria esse feito. Charlie estava entranhado em mim. Sob a minha pele, na minha alma. E o que eu sentia por ele, não tinha volta.
Charlie MacAleese “A situação na Guatemala continua caótica, sem previsão de resolução. Porém, agora estão sob o comando do governo que foi instituídoprovisoriamente, uma vez que o anterior foi dizimado pelas forças rebeldes. Os danos são muitos, principalmente no fornecimento de gás, o qual vinha tendo grande desenvolvimento no país. Segundo algumas reportagens, a Guatemala quebrou e conta mais do que nunca com ajuda humanitária para conseguir se reerguer. Alguns países tem unido forças nesse sentido.” A voz metálica soava de um rádio que estava em algum lugar, passando as informações caóticas do país. As lembranças me atingiram em cheio. Donna! Tento me mover e sinto uma dor no meu braço esquerdo, puxando para o meu peito e se espalhando pelas minhas costas. — Bem-vindo de volta, meu amigo — Phillipe. Reconheço de imediato sua voz. Ele me olha com a testa franzida, parece preocupa
Donna ReidTodos esses dias haviam sido um suplício. Cheguei à conclusão de que Vick tinha razão, mas aquela garota inconsequente e destemida que fui durante muito tempo, deu lugar a outra completamente insegura.Eu não deixava de pensar nele. Sabia que tinha que esclarecer as coisas, mesmo que ele não me aceitasse mais, eu tinha que contar os motivos que me fizeram ter aquele comportamento. Mas para isso, tinha que ir até ele. Porém, por mais que quisesse ir vê-lo, eu não conseguia dar esse passo.Dois dias depois daquela conversa com minha amiga, tentei falar com Pitter, mas por covardia, acabei desistindo. Hoje acordei disposta a tentar mais uma vez.— Quando Gertrudes disse que você tinha descido para o desjejum, não acreditei... — fui arrancada dos meus devaneios pela voz do meu tio. Como não digo nada, ele continua. &md
Donna Reid Num primeiro momento, não entendo nada, tem muitas caixas em um canto, mas é uma fotografia, em cima de um móvel que chama minha atenção. Nela está minha mãe e meu tio, jovens, abraçados e se olhando de forma apaixonada. — O que é isso? — pergunto me virando. — Vou contar do início, será melhor para você entender. — Eu quero entender que droga é essa aqui... — digo balançando a fotografia em sua frente. — Sente-se, Donna — diz, a pegando de mim. Se eu quiser saber de tudo, me exaltar não vai ajudar. Preciso me manter calma, por isso, aceito sua sugestão e me sento num sofá perto das caixas. Ele começa a andar pelo lugar, pensativo, com a foto nas mãos. — Conheci sua mãe quando eu estava no último ano da faculdade, ela entrando e eu saindo. Nos aproximamos e ficamos amigos, eu estava fascinado por ela, tão espontânea e atrevida. Um tempo depois, viramos namorados, foi um ano incrível e