Brandon Miller
Fico abaixado, vendo toda movimentação. Essa garota só pode ser piradinha da cabeça ou não tem medo de morrer. Vejo quando Gelder, o braço direito de Ruan Pablo, líder dos rebeldes, diz que vai levá-la até ele e pelo rádio, combinam de se encontrar no acampamento da fronteira. Por sorte, estava aqui perto quando ouvi por este mesmo rádio, Gelder dizer que tinha encontrado a americana e o homem que estava com ela, deduzi logo que seria MacAleese e sua garota.
Que merda eles estavam fazendo ali, deviam estar na porcaria do barco, a caminho de onde Rocío os esperava, este já tinha sido avisado e está no local combinado desde ontem, com alguns homens, caso haja algum imprevisto.
Afim, de averiguar minhas suspeitas, tratei de dar a desculpa de que ia buscar mais armas para levar para a fronteira e vim atrás deles. Infelizmente não pude fazer nada para que não fossem rendidos, ali tinha um número considerável de homens
Charlie MacAleese Passaram-se algumas horas e eu continuava agitado, não conseguia parar de pensar em Donna. Se ela estava assustada e com medo; se achava que eu estava morto, vi bem o estado em que ela ficou quando pensou que eu havia me afogado. Ela deve estar aterrorizada e isso me mata por dentro. Mas não tive opção a não ser deixar que a levassem para preservar nós dois. Contudo, não pretendia deixar que ficasse sob o julgo deles por mais tempo que o necessário. — Calma aí, amigo. Vamos chegar lá ainda hoje — Brendon fala pela terceira vez pelo fato de me ver acelerar os passos. Desde que começamos a caminhada, vez ou outra ele soltava das suas e eu ignorava o idiota que salvou minha vida. Continuamos nosso caminho, cada um, envolto em seus próprios pensamentos. Demorou mais do que eu gostaria, porque não pudemos usar o carro que ele tinha ido até nós, segundo ele, as estradas estavam com muitos rebeldes. Mas enfim
Momentos antes... Donna Reid Senti o balanço do carro e aquilo estava me deixando enjoada. Fui despertando aos poucos e os acontecimentos iam ficando claro em minha mente. A vila, o naufrágio, o ataque, Charlie... Lágrimas quentes e silenciosas começaram a descer pela lateral do meu rosto. Eu queria voltar para o mundo da inconsciência e não mais pensar naquilo tudo. Mas eu precisava, tinha que pensar numa forma de sair dali, mas como? Não sabia o que seria de mim a partir de agora. Minha mente não tinha condições nenhuma de focar no momento presente e pensar o que viria a seguir. Eu só tinha uma imagem na cabeça: Charlie. Pouco depois o carro parou e aquele homem repugnante me puxou de qualquer jeito para fora do veículo. Então me dei conta de que estava com as mãos amarradas. Ele saiu me puxando e eu deixei meu corpo se mover pelo embalo dos empurrões que ele dava. A sensação de náusea
Donna Reid Ao ouvir sua frase, eu o questionei. Não estava acreditando em meus ouvidos. Agora que estamos perto de sair desse martírio, ele me sai com essa. — Como assim vamos acabar com eles? Não seria melhor ir embora de uma vez? — Não tem como sair daqui sem passar pelo meio do confronto. Todas as fronteiras estão sendo vigiadas por rebeldes. Os militares estão apostos, contam com ajuda militar de outros países e logo a coisa vai ficar feia, pelo menos até a notícia da morte do líder deles se espalhar e eles se renderem. Então, se não quiser sentar e esperar, o único jeito é fazer como MacAleese falou: acabar com os desgraçados e abrir caminho para fora desse inferno — a resposta foi dada por seu amigo, Carlos Rocío. Ainda incerta e com medo, olhei para Charlie. Ele me encarou por alguns instantes, seus olhos parecendo conter fogo líquido. Por um instante imaginei que ele quisesse aquilo, por fim aquela guerra. E qua
Donna Reid Eu realmente não gostava de esperar. Isso era claro. E quanto mais esperava, mais impaciente eu ficava. — Vai abrir um buraco no chão daqui a pouco... — Brandon fala pela terceira vez. — Por que não se senta um pouco? Ficar andando em círculos não vai fazer o médico vir mais rápido, está exausta, o olhar vidrado... — Eu estou bem — cortei. — Disse a mesma coisa quando lhe ofereci comida. Mais cedo, antes de o senhor Rocío se despedir, eles me chamaram para comer alguma coisa na lanchonete do hospital. Eu me recusei com medo de o médico chamar e não ter ninguém ali, então eles trouxeram um café e um sanduiche para mim, alegando que não poderia ficar a noite toda sem comer e que ia acabar ficando hospitalizada também. Eu comi, igual a uma esfomeada, mas o café não desceu de jeito nenhum e por pouco não coloquei o que tinha comido, para fora, bem ali. Vendo que Brandon ainda esperava uma resposta
Charlie MacAleeseAinda não estava totalmente consciente, mas podia ouvir sua voz baixa e em tom de choro. Queria dizer que não chorasse. Que não se preocupasse. Eu estava bem, embora a dor estivesse me levando à loucura. Talvez por isso eu tenha me deixado levar para o mundo da inconsciência mais uma vez.Acordo mais uma vez, porém, não abro os olhos. Tudo a minha volta é silêncio. Não ouço mais a voz de Donna. Onde será que ela está?Tento me mexer e reteso o corpo ao sentir uma pontada de dor e minha mente é inundada com os fatos dos últimos acontecimentos.Quando vi aquele homem barrando a passagem dela, não pensei duas vezes em ir ao seu encontro. Brandon ia cobrindo minha retaguarda e eu me joguei com tudo para cima dele. Só queria que Brandon a tirasse logo dali e ele atendeu prontamente quando dei a or
Donna Reid Viver com os nervos à flor da pele tem me deixado exausta. E só isso justificaria minha atitude segundos atrás. Como fui estupida ao tratar Charlie daquela forma. Ele tinha acabado de acordar e nem está totalmente recuperado. Meu Deus, por que tenho que ser tão impulsiva? Eu não estava pensando direito e com a cabeça cheia pelo que tinha acabado de ouvir do Kevin, meti os pés pelas mãos. Magoando a única pessoa que não merecia. Idiota! Idiota! Idiota! Atordoada pela forma como deixei Charlie no quarto, não me dei conta de Kevin se aproximando. — Donna, me desculpe. Eu não queria ter dito aquelas coisas... Você conseguiu aflorar o meu pior lado, mas eu a amo... O olhei surpresa, como se ele fosse um extraterrestre e fiquei chocada com sua desfaçatez. Como ele tinha coragem de vir até mim depois de tudo? — Fique longe de mim. — Donna, não faz assim, vamos conversar... Eu
Charlie MacAleese “Bem, eu ... Donna, eu... Não sei de que outra forma posso dizer. Eu me dei conta de que faria qualquer coisa por você. Porque estou apaixonado.” As palavras martelavam em minha cabeça. Apaixonado. Eu era um tremendo imbecil. Isso sim. Todo tempo ela falou que não devia me apaixonar. Nunca pensou em um futuro e nem em um relacionamento em longo prazo. Não posso negar que nisso, ela foi muito honesta comigo. E é claro que uma mulher como ela, teria alguém a esperando aqui. Mas o idiota aqui, inebriado de paixão e louco de tesão, não pensou nessa possibilidade. Eu que sempre fui um cara recluso, evitando qualquer vínculo emocional, fui me deixar cair na besteira de sentimentos. E o tempo todo ela só queria voltar para os braços de outro. Fechos olhos para tentar apagar aquela cena da minha memória. Embora saiba que vai ser impossível, porque dói como o inferno saber que agora el
Dias depois Donna Reid Eu já não tinha lágrimas, havia chorado por horas a fio. Quando Vick esteve aqui em casa na manhã seguinte à minha chegada, me recusei a sair da cama. Ela, muito paciente, me abraçou e acolheu meu choro que saia de forma lamuriosa e foi se acalmando até virar alguns soluços. Ela não disse nada e eu amava isso nela. Não era preciso palavras para ela saber que eu precisava do seu colo, do seu abraço e do seu carinho. Porém, um tempo depois, acabei contando o que vivi com Charlie nos últimos dias. Não omiti um único detalhe. Falei do Kevin e da tolice que cometi por covardia. Em nenhum momento vi julgamento em seu rosto, apenas compreensão. Horas depois de sua partida, tudo o que eu queria era dormir e esquecer. Mas nem que eu me esforçasse muito, eu conseguiria esse feito. Charlie estava entranhado em mim. Sob a minha pele, na minha alma. E o que eu sentia por ele, não tinha volta.