Charlie MacAleese
As primeiras horas até que foram tranquilas, embora mais lenta do que o esperado, pois não pudemos seguir um ritmo mais rápido porque o bebê ficava agitado. Enquanto as mulheres e crianças iam em cima da carroça, os homens iam andando em volta dela. Fizemos duas paradas para comer e em uma delas, Donna caminhou ao meu lado, até que os filhos maiores de Velasques a chamou para continuar a história que tinha começado a contar para eles.
Eu a observava durante o trajeto, ela tinha uma facilidade incrível com as crianças. E quando segurou o bebê durante uma das paradas, vi o quanto ela pode ser maternal.
Algumas vezes nossos olhares se cruzaram, e ela sorria para mim, fazendo meu coração disparar eu me sentir como um adolescente apaixonado.
Em dado momento me questionei se acaso tivéssemos nos conhecido em situação diferente, será que teríamos nos aproximado? Será que haveria algum envolvime
Charlie MacAleese Após ouvir as palavras do homem, ditam num inglês carregado de sotaque. Percebi que Donna começou a oscilar ao me lado e num reflexo rápido, amparei seu corpo quando este perdeu as forças indo de encontro ao chão. —Santa madre de Dios(Santa mãe de Deus) — uma mulher corpulenta, aparentando ter uns setenta anos entrou no estábulo pela mesma porta que o homem tinha vindo minutos antes. —Esta joven necesita un baño caliente y un buen plato de comida(essa jovem precisa de um banho quente e bom prato de comida) — de fato Donna parecia no limite da exaustão. Ao chegar perto, ela olhou para mim. —Y tú también, muchacho. Parece que no duermes en días(e você também rapaz. Parece que não dorme há dias). Ela não estava errada. —Madre... — o homem fala e ela o interrompe. —Dónde están tus modales Hernandes? No escuchaste qu
Charlie MacAleese Ela estava sentada e não dormindo como imaginei. — Achei que estivesse dormindo. Se sente melhor? — digo me sentando ao seu lado, mal cabíamos os dois sentados naquela coisa pequena. — Sim. — Então, por que não dorme um pouco? — Não consigo dormir. Só consigo pensar que amanhã estaremos a caminho de casa. — Não vamos pegar esse barco. Segundo Velasques, tem rebeldes na área e no porto também tem. Mas a algumas milhas daqui tem um barco clandestino, era o que ele ia pegar com a família se o bebê não tivesse nascido antes da hora. — O que você acha? — Acho que é o melhor. — Confio no seu julgamento. — Que bom, porque decidi que vamos nesse. É menos arriscado para você. — Tudo bem. Quanto tempo até chegarmos a esse barco? — Aproximadamente um dia e meio de caminhada. — Depois de tudo o que vivi nos últimos dias, eu já estou acostumada
Donna ReidEsperar era horrível.Abaixada entre a vegetação alta como forma de proteção, eu segurava a arma que Charlie tinha me dado, com as duas mãos. Passei a prestar atenção em cada som à minha volta. Parecia que fazia muito tempo que ele tinha saído, mas eu sabia que tinham sido só alguns minutos.Inquieta em meu esconderijo, eu estava começando a ficar desesperada porque ele não voltava.E se aconteceu alguma coisa?Eu não queria pensar essas coisas, mas era inevitável. E eu comecei a sentir uma agonia dentro de mim. De repente o ar parecia terrivelmente abafado e sufocante. Comecei a chorar e só percebi quando uma lágrima caiu sobre meu braço em frente ao corpo segurando aquela maldita arma.— Charlie, cadê você? — murmurei fechando os olhos. Estava come&cc
Donna Reid A confusão era cada vez maior. Pessoas gritando, outras chorando e chamando por seus conhecidos e parentes. Os segundos pareciam séculos, a chuva não parava, turvando tudo à minha frente e eu continuava gritando e procurando por Charlie, de repente, vi um corpo boiando, emborcado, com o rosto para dentro da água, reconheci uma parte de sua camisa, e se continuasse assim, ele morreria afogado, nadei o mais rápido que pude em meio aos destroços sendo jogados de um lado a outro na água agitada, mas esses obstáculos pelo caminho não me impediriam de chegar até ele. Quando o alcancei, virei seu corpo para cima, o que foi fácil, já que boiava na água. Em meio ao caos total, tratei de nadar para a margem, para longe do barco que dava indicações de que iria afundar de vez a qualquer momento. Graças a Deus não precisei nadar muito, pois, embora fizesse um tempo que estávamos navegando, algumas horas para ser exata, ainda não
Charlie MacAleese Faz mais de duas horas que estamos caminhando e eu não sei quanto tempo levaremos até chegar à fronteira. Sem o mapa, fica difícil de se situar, tudo o que tenho são os meus instintos. — Charlie... — paro e percebo que Donna tinha ficado, alguns passos, para trás. Volto, indo até ela. — Podemos parar um pouco? Estou muito cansada. O certo seria continuar e é isso que faremos, não posso correr o risco de sermos visto agora, estamos num lugar que nos deixa vulnerável. — Vamos continuar — afirmo. — Charlie... — ela começa a protestar, mas eu a pego nos braços e recomeço a andar. — Não precisa fazer isso, você também precisa descansar um pouco. — Não temos tempo para isso, agora todo minuto conta contra nós ou a nosso favor — eu continuava andando. O sol havia secado nossas roupas em nossos corpos e a terra havia absorvido toda água da chuva, restando uma relva verde e vibrante sob
Brandon Miller Fico abaixado, vendo toda movimentação. Essa garota só pode ser piradinha da cabeça ou não tem medo de morrer. Vejo quando Gelder, o braço direito de Ruan Pablo, líder dos rebeldes, diz que vai levá-la até ele e pelo rádio, combinam de se encontrar no acampamento da fronteira. Por sorte, estava aqui perto quando ouvi por este mesmo rádio, Gelder dizer que tinha encontrado a americana e o homem que estava com ela, deduzi logo que seria MacAleese e sua garota. Que merda eles estavam fazendo ali, deviam estar na porcaria do barco, a caminho de onde Rocío os esperava, este já tinha sido avisado e está no local combinado desde ontem, com alguns homens, caso haja algum imprevisto. Afim, de averiguar minhas suspeitas, tratei de dar a desculpa de que ia buscar mais armas para levar para a fronteira e vim atrás deles. Infelizmente não pude fazer nada para que não fossem rendidos, ali tinha um número considerável de homens
Charlie MacAleese Passaram-se algumas horas e eu continuava agitado, não conseguia parar de pensar em Donna. Se ela estava assustada e com medo; se achava que eu estava morto, vi bem o estado em que ela ficou quando pensou que eu havia me afogado. Ela deve estar aterrorizada e isso me mata por dentro. Mas não tive opção a não ser deixar que a levassem para preservar nós dois. Contudo, não pretendia deixar que ficasse sob o julgo deles por mais tempo que o necessário. — Calma aí, amigo. Vamos chegar lá ainda hoje — Brendon fala pela terceira vez pelo fato de me ver acelerar os passos. Desde que começamos a caminhada, vez ou outra ele soltava das suas e eu ignorava o idiota que salvou minha vida. Continuamos nosso caminho, cada um, envolto em seus próprios pensamentos. Demorou mais do que eu gostaria, porque não pudemos usar o carro que ele tinha ido até nós, segundo ele, as estradas estavam com muitos rebeldes. Mas enfim
Momentos antes... Donna Reid Senti o balanço do carro e aquilo estava me deixando enjoada. Fui despertando aos poucos e os acontecimentos iam ficando claro em minha mente. A vila, o naufrágio, o ataque, Charlie... Lágrimas quentes e silenciosas começaram a descer pela lateral do meu rosto. Eu queria voltar para o mundo da inconsciência e não mais pensar naquilo tudo. Mas eu precisava, tinha que pensar numa forma de sair dali, mas como? Não sabia o que seria de mim a partir de agora. Minha mente não tinha condições nenhuma de focar no momento presente e pensar o que viria a seguir. Eu só tinha uma imagem na cabeça: Charlie. Pouco depois o carro parou e aquele homem repugnante me puxou de qualquer jeito para fora do veículo. Então me dei conta de que estava com as mãos amarradas. Ele saiu me puxando e eu deixei meu corpo se mover pelo embalo dos empurrões que ele dava. A sensação de náusea