Onde estão? O que sabe? Qual sua ligação?
Colocou as mãos nos ouvidos, bloqueando as perguntas consecutivas.
Eu não sei! — repetiu — Kosnir me mandou para a cidade! — gritou assustada, sentindo uma agulha fina em seu braço. Seus olhos pesaram novamente.
13 de agosto de 2020
Acordou com o próprio grito abafado pelas mãos que estavam em seu rosto. Começou a forçar sua memória para recordar onde estava e se lembrou de que há dias estava sendo mantida em um quarto, com pessoas fazendo perguntas que não sabia responder. Flashes de acontecimentos iam e vinham, mas não conseguia distinguir o que era realidade do que era sonho. Respirou fundo, tentou se mover, mas desistiu, sentindo um estalo na cabeça.
Colocou as mãos na cabeça e olhou para a janela semiaberta do quarto simples. Ela não estava no mesmo quarto onde havia permanecido nos últimos dias. Encostou-se no travesseiro. Em seguida, uma mulher elegante entrou no quarto e seguiu até a mobília. Pegou uma prancheta e fez anotações.
Por favor, onde estou? — perguntou Sarah. A mulher se virou surpresa.
Fique tranquila! — pediu.
Em seguida, pegou o celular no bolso, discou um número, e começou a falar em uma língua desconhecida.
Sarah tentou se mover, mas se sentiu tonta e com uma forte dor de cabeça. Ela olhou para a porta e avistou uma moça de óculos entrando no quarto. A outra desligou o celular e foi em direção à porta.
Boa tarde, Eveny, meu nome é Epril Estacy — sorriu.
Estou confusa, onde estou? — perguntou.
Você sofreu um acidente na Ponte Sodré, o que lhe causou diversas fraturas em suas pernas e no braço esquerdo.
Que dia é hoje? — perguntou.
Entenda que já passamos por isso — respondeu Epril. Sarah passou as mãos na cabeça.
Não me lembro! — colocou as mãos no rosto — Recordo-me de vultos me fazendo perguntas que não sabia responder.
Você está traumatizada! — Epril sorriu — Você perdeu o controle da direção e bateu em uma moto — continuou.
Ela apoiou as mãos trêmulas sobre a barriga e sentiu o ar escapar de seus pulmões ao sentir o volume.
Você estava grávida quando sofreu o acidente. É um milagre continuar grávida após o acontecimento — Epril explicou.
Ela se sentiu paralisada, processando a informação em um turbilhão de emoções. Não podia estar gravida, porque se estivesse gravida, estaria daquele homem. Colocou as mãos no rosto.
Eu quero ir para casa, agora! Não me lembro exatamente do acidente — falou perturbada — Mas está ocorrendo um equívoco, eu não sou Eveny, sei quem sou.
Sentiu um estalo em sua cabeça ao se recordar do momento do acidente,
Eveny. Você está em casa! — Epril falou. O nome veio como um relâmpago.
Eu não me chamo Eveny!
Sarah se recordou de que estava presa em um quarto escuro e era interrogada por pessoas que usavam máscaras durante o dia.
É normal essa confusão na sua cabeça. Você está traumatizada! — alegou Epril.
Sarah sentiu um alerta, indicando que estava correndo perigo.
Há quanto tempo estou nesse quarto?
Talvez fosse o mesmo local dos interrogatórios.
A porta se abriu. Uma mulher surgiu, tirando o sobretudo. Com um belo sorriso, veio até a beira da cama e segurou nas mãos de Sarah.
Minha filha! — falou aos prantos. Epril sorriu.
Essa é sua mãe, Meg Connad — anunciou. A mulher percebeu que algo estava errado.
Ela não se lembra? — Meg ficou apavorada.
Ela sofreu um grave acidente — Epril respondeu. — Não é novidade, já que está internada há muito tempo.
Eu sei que minha filha sofreu um grave acidente. Você sabe há quantos meses eu estava sendo impedida de visitá-la? — Meg perguntou exaltada.
Sarah olhou para as duas mulheres, processando a informação que estava presa naquele quarto havia algum tempo e que Meg realmente acreditava ser sua mãe.
Está tudo bem, querida, eu vou cuidar de você! — Meg falou, segurando as mãos de Sarah, com os olhos lacrimejando.
De repente, um médico mulato, alto, de olhos castanhos entrou no quarto e cumprimentou Epril, que sorriu carinhosamente em retribuição.
Sarah o reconheceu de imediato. Pedro Caio havia recepcionado o Sr. Herk para procedimentos padrões quando ela o levara até o hospital Loana. Ao vê-lo, recordou dos momentos na casa da Dra. Anna.
A expressão do médico mudou, tornou-se vazia ao ser confrontado com Meg, que o questionava sobre a memória da filha.
Por que não fui informada de que ela havia recebido alta? Por que não fui informada de que ela havia perdido a memória? — Meg cruzou os braços, batendo com o pé esquerdo no chão — E por que não recebi autorização para visitá-la nos últimos meses?
Ela acaba de receber alta — o Dr. Pedro respondeu.
Já sei. Você é o médico responsável pela saúde dela? — Meg perguntou.
Epril! — ele se virou para a médica, ignorando Meg.
Epril puxou o braço do médico, afastando-o de Meg e falou baixo, quase num sussurro. Ela ficou corada quando ele pediu para repetir, olhando em seus olhos.
Sarah percebeu que a médica o achava muito bonito, algo que ela também concordaria em outra situação, e fez um bico tentando buscar uma explicação para os acontecimentos.
Meg atendeu o celular e começou a falar alto, informando as boas- novas para alguém.
Sarah se sentia impaciente com sua situação.
Por favor, está ocorrendo algum equívoco. Eu sou Sarah Gadrel! — avisou a eles novamente.
O Dr. Pedro olhou para Sarah e virou-se novamente para Epril.
Tudo bem, não quero problemas com ele! — saiu do quarto a passos largos.
Epril ficou parada com uma expressão muito irritada, observando-o fechar a porta. Sarah fingiu estar sonolenta, bocejou e começou a fechar os olhos.
Eu sei que está cansada, Eveny. Vou deixá-la descansar — Epril saiu do quarto.
Meg carinhosamente acariciou a cabeça de Sarah.
Eu sei que estava isolada nessa casa desde o dia em que recebeu alta, meses atrás, porque não sou burra de acreditar neles. Não faz sentido!
Eu sou Sarah Gadrel! — falou.
A mulher tampou a boca de Sarah.
Não fale besteiras. Você deve estar cansada, vou deixá-la descansar. Meg pegou o cobertor e cobriu Sarah, que estava coberta apenas com um lençol. Sarah lembrou-se de que estava grávida e arregalou os olhos. A mulher passou a mão no ventre volumoso com um olhar estranho, como se fosse algo inacreditável.
Sarah se sentiu incomodada com as mãos de Meg em seu ventre. Desculpando-se, tirou as mãos da mulher.
Milagre! — Meg falou.
Sarah apertou os olhos, recordando-se de que engravidou de Alec Becker. A intensidade dos encontros com ele corou seu rosto.
Quero ficar sozinha! — ela pediu.
Claro... — Meg se afastou, colocando as mãos no peito e seguindo em direção à porta.
As lembranças do Sr. Battor alertavam-na de que deveria fazer o jogo deles por um tempo, até entender o que estava acontecendo. Sem opção, fechou os olhos, tentando se recordar dos últimos meses. O sono chegou lentamente.
Sarah se assustou ao olhar ao redor, não estava mais no quarto do hospital. Tentou levantar, mas a cabeça estava latejando. Sentiu a labirintite a tomar e o enjoo vir a tona. Encostou-se na cama, tentando manter a calma.
O que está acontecendo?
Os últimos meses não estavam sendo fáceis; preocupou-se com a família distante, recordou-se do conselho de que devia ter permanecido ao lado de sua tia.
Que tia? — Perguntou-se, passando as mãos na cabeça.
Sabia quem era, mas a informção estava falhando. Iam e vinham relampejos de informações, misturados a sensações de angústia e desespero. Olhou para a porta, onde uma mulher entrava com semblante tranquilo e mantinha um nariz empinado de mulher arrogante.
Meg percebeu que Sarah estava acordada ao entrar no quarto. Ao perceber que Sarah se sentiu incomodada com a presença dela no quarto, logo após chamá-la de filha, alegou que queria mostrar fotos, vídeos, documentos, entre outros, para provar que ela era Eveny Connad.
Sarah rodou os olhos. Apesar do desinteresse, pediu que prosseguisse pela demonstração de carinho. Olhou novamente para o quarto, confusa e sem noção do tempo que se passou. Ergueu os olhos para o teto suspirando.
Meg se sentou na beira da cama com uma caixa em seu colo.
Onde estamos, Meg? — perguntou Sarah.
Na casa do seu marido — a mulher pareceu zangada com alguma lembrança ligada ao suposto marido — Eu não sei exatamente o que aconteceu, mas não entendo por que ele não me avisou que você estava em casa — reclamou. — Nos últimos meses, sinto que ele a queria afastada de mim.
Meg sorriu ao olhar para uma foto e entregou para Sarah.
Sarah pegou uma foto, comparando-a com seu reflexo no espelho que Meg havia deixado sobre a cama. Existia muita semelhança entre elas, por causa do cabelo escuro em corte reto.
Você está abatida por causa do acidente — alegou Meg, quando Sarah balançou a cabeça negativamente.
Meu cabelo é ondulado nas pontas — pegou uma mecha, mostrando-a para Meg.
Sarah balançou a cabeça, sentia-se aflita por saber quem era e com a insistência da mulher a sua frente em relação à sua identidade.
Querida, se não fosse Eveny, os exames de sangue diriam o contrário. Meg colocou a foto no peito.
Sarah olhou para ela surpresa, porque havia passado em sua mente que não fizeram exames médicos para comprovar. Ficou boquiaberta, assustada com a hipótese de ter uma informação errônea em sua mente.
Não, eu sei quem sou.
Sarah sorriu concluindo que devia estar dentro de um daqueles filmes em que o protagonista vivia a vida de outra pessoa, ou pior, era realmente outra pessoa.
Ah, não. — Reclamou ao vê-lo.
Repentinamente, Epril e Alec Becker entraram no quarto como se estivessem discutindo. Alec estava revoltado. Sarah soltou a foto que estava segurando ao recordar-se de que havia feito amor com ele naquele quarto. Ficou boquiaberta, aquela casa era de Alec Becker. Ela corou, colocando as mãos no rosto. As recordações foram o inicio da
turbulência de um desespero, vindo com informações que havia se esquecido.
Alec parou na frente da cama, com as mãos no bolso, mantendo um sorriso debochado.
Por quê? — Sarah perguntou. Meg entrou na frente de Alec.
Eu pretendo levá-la para minha casa — anunciou sua decisão. Ele se virou para ela.
Pretensões! Existem muitas coisas que pretendo fazer, Meg, porém não posso — falou debochando — Portanto, preste atenção, muita atenção: minha resposta é definitivamente não! — concluiu.
Ela é minha filha! — alegou Meg.
Ela é minha mulher! — lembrou-lhe.
Sarah olhou boquiaberta para ele e reconheceu a aliança que ainda permanecia no dedo dele. Olhou para a mão dela, buscando a confirmação do que ele afirmava, o anel grosso estava em seu dedo. Puxou um pouco, observando a marca branca de quem já o usava por algum tempo.
Meg, quanto tempo já se passou desde o acidente?
Meg olhou para ela e pediu licença, alegando que precisava respirar. Alec fez sinal para Epril se retirar do quarto, ela virou os olhos e foi em direção à porta. Ele andou tranquilamente até Sarah.
Maldito! — ela gritou — O que você está pretendendo com essa história?
Eveny, onde estão? — perguntou — Já estou cansado do seu joguinho!
Sarah arremessou um travesseiro contra ele, que permaneceu calado, analisando o rosto zangado de Sarah. Olhou para o travesseiro em suas mãos e soltou-o, deixando cair nos pés de Sarah.
Alec afastou alguns passos e sorriu, olhando meio de lado para porta. Fez um sinal com dedo, como se estivesse afirmando algo.
Filho da mãe. Resmungou. Sarah sentiu seus pensamentos relampejarem, em uma explosão de ódio misturado ao desespero.
Ei, Alec, porque esse jogo de ser Eveny? — ela perguntou confusa. Ele cerrou o pulso, e seguiu para porta com um olhar confuso.
Será que todo mundo vai sair do quarto sempre que preciso de respostas? Babacas! — ela gritou — Eu sou Sarah Gadrel!
Sarah se sentia perturbada por estar grávida de Alec Becker. Mesmo que tentasse forçá-los a deixar partir, para onde iria? Estava perdida, confusa e sem noção do tempo. Fazia dias que não falava com Alec, apenas o via saindo ou chegando, passando pela sala sem cumprimentá-la. Em raras ocasioões, a cumprimentava antes de seguir para algum lugar.
Havia tentado sair da casa diversas vezes, mas os seguranças não permitiam. Sempre que Sarah abordava Meg, pedindo para sair um pouco da casa, Meg evitava o assunto, falando apenas sobre a gravidez.
O tempo havia passado rapidamente, semanas, meses ou um ano, quem respondia sua pergunta?
A passos lentos, andou pelo corredor, chegando à sala com o grande aquário de divisória entre a cozinha e a sala. Recordou-se da noite quando foi à casa pela primeira vez. Sentou-se por alguns minutos no sofá. Depois, andou até a cozinha, observou uma área com basculante e parou em frente de uma porta, com acesso à área da piscina.
Saiu depois de observar a piscina, muito próxima à beira do Canal Itajuru. Ouviu um rosnado de cachorro. Ela se moveu devagar e outro rosnado ecoou. Fechou a porta com as mãos trêmulas. Observou dois enormes cães da raça pitbull olhando para ela, presos em um canil.
Ela retornou para sala e novamente se sentou no sofá, prestando atenção em sua barriga. Sentia-se culpada por trazer uma criança para a vida conturbada que estava vivendo. Colocou as mãos na cabeça, entendendo que estava presa naquele lugar exatamente como Herk. Ela não conseguia lembrar-se de nada do que acontecera antes de chegar a Cabo Frio, mas sabia que estava na cidade a pedido de Kosnir, um homem que não conhecia ou de quem não se lembrava, para investigar algo de que não se recordava no momento.
As recordações de vultos no quarto fazendo perguntas começaram a perturbá-la. Quem era aquelas pessoas e onde estavam?
Olhou para a mesa onde havia deixado a caixa que Meg trouxera com mais provas de quem ela. Sarah se sentou na cadeira para analisar as fotos do casamento. Ligou o DVD e olhou para a tela de cinquenta
polegadas. Concluiu que as pessoas eram as mesmas das fotos espalhadas pela mesa.
Ficou claro que existiam duas mulheres, Eveny Connad Becker e Sarah Gadrel. Lembrou-se repentinamente do Sr. Battor, concluindo que estava em uma situação parecida com a dele.
Sentiu calor e abriu o blusão, seguindo novamente para a porta com acesso à área da piscina. Estava ansiosa por fazer algo. Sorriu ao perceber que a porta do canil estava trancada. Parou em frente à beira do Canal Itajuru, contemplando a paisagem. Concluiu que as casas estavam desertas ao redor, visto que deviam ser casas de veraneio, onde, no mínimo, os caseiros permaneciam mais tempo do que seus proprietários. Respirou fundo. Jogou as sapatilhas de lado e tirou o blusão. O conjunto de lingerie preto aparentava um biquíni. A barriga estava saliente, mas ela não sabia com quantos meses estava. Na verdade, outro detalhe na casa que a atormentava eram as roupas, na sua medida exata, em seu quarto. Incomodava-se por usurpar uma identidade, sem saber o paradeiro da verdadeira Eveny.
Ela mergulhou na piscina, sentindo a água um pouco gélida, e começou a nadar em linha reta. Segurou na beira da piscina para descansar. Sorriu, sentindo as gotas deslizarem pelo seu rosto. Ela sentiu braços fortes puxarem-na para fora da água, colocando-a de pés no chão.
Ai! — reclamou.
Alec estava usando roupa social, provavelmente chegando do hospital ou de algum evento. Ele olhava para ela com uma expressão difícil de identificar.
Não tem uma roupa mais apropriada? — ele perguntou em tom áspero, olhando para a lingerie.
Constrangida, ela tentou se cobrir com as próprias mãos.
Eu não imaginei que pudesse aparecer alguém — respondeu.
Não imaginou? — Alec perguntou cinicamente — Você mora sozinha aqui?
Sarah ficou confusa com o olhar dele para seu corpo. Ela não estava mais com o corpo de quando se conheceram.
Desculpe-me — falou olhando para os próprios pés.
Ela optou por não criar conflitos com aquele homem, afinal, não sabia com quem estava lidando.
Alec colocou as mãos no bolso.
Entre! — ordenou.
Entrou na sala, seguindo em direção ao corredor. Sentiu-se sendo girada e amparada por braços fortes. Ela olhou para ele com um olhar de criança assustada. Sarah tentou se soltar dos braços dele, mas ficou cansada e apenas ergueu a cabeça para encará-lo.
Incrível como grávidas conseguem ser lindas, mesmo carregando uma melancia gigante. Não consigo fechar os braços — ele gargalhou. Sarah se sentiu magoada com a brincadeira.
Ele alinhou o corpo dela ao seu e desprendeu a parte superior da lingerie, deixando-a cair aos pés dela. Sarah corou ao toque das mãos
dele, que buscaram os seios. Ela gemeu ao contato da boca dele, e sentiu-se perder o ar quando ele tomou seus lábios com violência. Ele afastou o rosto ofegante, pegando o celular no bolso. Afastando-se a passos largos, seguiu em direção à porta e Sarah ouviu o nome de Anna.
Ela seguiu para o quarto e se deitou na cama, sentindo um turbilhão de emoções. Desfez-se em lágrimas.
Mais uma vez, o segurança não permitiu que saísse da casa. Assim que Meg chegou, suplicou que ela o convencesse a deixá-la sair um pouco. Após alguns minutos tensos entre o segurança e Meg, chegaram a um acordo. Ele iria acompanhá-la para um rápido passeio de meia hora.
Meg havia informado que em breve iria morar com ela, mas que devia ter paciência. Sabendo que não era Eveny, usaria o pouco tempo ao lado a suposta mãe, para organizar sua vida e retormar sua identidade. Meg estava muito triste porque seu namorado estava internado, e fazia dias que não falava sobre o assunto de ir morar com ela.
E por essa razão, pediu que Sarah fosse com o segurança.
Por que ele me mantém nessa casa? — perguntou — Ele não me ama! — falou.
Meg olhou para a barriga de Sarah, e fez sinal para que ela prestasse atenção nas coisas que falava.
Eveny, por favor, eu estou exausta! — Meg avisou.
O segurança foi muito ríspido ao avisar que seria um passeio rápido, e que ele não havia informado que a estava levando para um passeio, por receio da reação de Alec.
O motorista seguindo para o centro da cidade, precisou fazer um retorno. Contornou à esquerda, saindo na orla da praia do Forte. Sarah avisou que gostaria de caminhar um pouco, e assim que ele estacionou, desceu do carro. Caminhou em direção à rampa, descendo devagar, tirando a sandália e sentindo a areia nos dedos dos pés. O segurança se encostou à parede da rampa e ficou observando-a, com os braços cruzados.
Sarah observava as ondas, que quase quebravam umas sobre as outras, formando um trio de ondas pequenas, enquanto o vento soprava forte bagunçando seus cabelos ondulados. Virou-se à direita, e observou uma senhora idosa, que carregava algo embrulhado em um pano preto. O segurança, ao longe, descia, vindo em direção a elas, como se algo estivesse errado.
Você não devia estar aqui — falou a idosa com olhar esbugalhado, parando à sua frente. Ela começou a desembrulhar o que carregava, ao perceber o olhar curioso de Sarah. A cabeça de um gato ficou à mostra. Sarah gritou, correndo com dificuldade em direção ao segurança, que a amparou nos braços tentando controlá-la. Eles observaram a mulher passar por eles com olhar baixo, cantarolando com o embrulho nos braços.
Ultimamente eles estão seguindo as tradições antigas — ele comentou. — cada um com suas crenças, prefiro ficar na minha.
Ele seguiu ao lado de Sarah e abriu a porta do carro para ela.
Qual o seu nome? — Sarah perguntou.
Arnor — ele falou.
Você se lembra de mim? Eu sou a jovem que você deixou na pousada! — ela o encarou, fazia dias que pretendia fazer aquela pergunta e dias que havia recordado do rosto dele, mas não sentia coragem de perguntar.
Sra. Becker, por favor, entre! — ele pediu sem responder.
Sarah sentiu que precisava de um pouco mais de tempo, e pediu que ele a levasse para o Centro, mas o olhar dele não parecia aprovar sua escolha.
Ele olhou para ela pelo retrovisor, e Sarah sentiu a esperença desaparecer quando ouviu murmurar muito baixo, somente para ele mesmo.
Até parece, tanta mulher que nem lembro a última que ele me aprontou.
Sarah ficou boquiaberta com a informação e o motorista percebeu que havia falado um pouco mais alto que o pretendido.
No Centro, as pessoas nas lojas a cumprimentavam como se a conhecessem, perguntando coisas aleatórias. Elas pareciam fascinadas com a gravidez dela. Quando percebiam o transtorno em seu rosto,
lembravam-se do acidente, e apenas desejavam melhoras, saindo muito constrangidas.
Entrou em uma loja de roupas íntimas, tentando se desviar de um grupo de pessoas que vinha em sua direção para cumprimentá-la. Arnor permaneceu do lado de fora da loja.
Sarah olhou ao redor, e a mulher da praia estava abaixada ao seu lado, olhando para a porta.
Senhora, por favor, o que quer? — Sarah perguntou.
Cale a boca! — ela gritou.
A mulher parecia desesperada. Sentou-se no chão, afastando-se dela. Em seguida, outra senhora se aproximou e pegou a primeira senhora pelo braço, seguindo para dentro da loja. Sarah pegou uma camisola vermelha de seda, com rendas, e começou a olhar para ela, tentando disfarçar.
Eveny, Juliet assustou você? — perguntou a mulher que aparentava ter uns oitenta anos de idade. A mulher reparou nas mãos trêmulas de Sarah.
Juliet chegou da praia aborrecida. Desculpe-me — falou. — Ela queria apenas lhe avisar que ele está na cidade.
Sarah pegou novamente a camisola vermelha num tamanho maior.
Não sei do que esta falando. — Falou sem olhar para ela.
Linda! Perfeita escolha para uma mulher jovem, com um marido lindo e atraente — falou a mulher.
Sarah pendurou a camisola de volta.
Tenho que ir, senhora. Obrigada! — agradeceu.
Meu nome é Sophia — a mulher pegou a mão de Sarah, puxando-a em direção à bancada. Sorriu. Dobrou a camisola, colocando-a em uma caixa. Fechou-a com uma fita vermelha e entregou-a nas mãos de Sarah.
Eu não tenho dinheiro! — Sarah retrucou, devolvendo a caixa para Sophia.
Acerto com seu marido depois! — avisou.
Sarah viu Juliet andar pela loja olhando para ela. Sophia avisou que estava fechando.
O segurança ficou olhando-a com um ar muito tranquilo e ela pediu que a levasse para casa. No carro, ela olhou irritada para ele.
Você me conhece daquela noite, eu sei! — ela o provocou. Ele a olhou com expressão de desconforto.
Às vezes coincidências acontecem para o nosso próprio bem — ele piscou. E abriu a porta do carro, para que Sarah entrasse.
Sarah suspirou fundo, concluindo que devia ter calma.
O carro seguiu em direção à rua principal que dava para a entrada do luxuoso condomínio.
Sarah acariciava sua barriga, deitada na cama, preocupada com o nascimento de seu bebê. Catarolando, sentindo se mais animada após o passeio rápido, e ficou surpresa quando Alec entrou no quarto.
Ela olhou para o relógio na parede, que marcava dezessete horas.
Acabo de receber uma nota da senhora Sophia Joners... — falou com largo sorriso — Cobrando uma camisola que custa trezentos e sessenta.
Sarah se sentou na cama, surpresa, porque não se lembrava de ter perguntado o preço da camisola.
O mais curioso é o preço da calcinha — ele continuou — O que tem de especial em uma que custa noventa e nove? — sorriu maliciosamente.
Sarah olhou para ele sem saber como explicar.
Estava entediada! Resolvi sair para passear, entrei na loja para me descontrair e ela me ofereceu a camisola. Falei que não queria, mas ela foi muito insistente — respirou fundo — Eu vou devolvê-la amanhã!
falou rápido, quase perdendo a voz.
Temos um problema! Ela não aceita devoluções de roupas íntimas
abriu um sorriso — Vamos resolver isso agora... Vista a camisola para mim! — ordenou.
Ela não esperava por aquele pedido, e ele, percebendo sua reação, deixou a nota cair sobre a cama.
Acha justo eu pagar por algo que não vi?
Não — Sarah falou, cruzando os braços — Eu vou pagar! Ele estendeu a mão, esperando que ela entregasse o dinheiro.
Não tenho dinheiro agora! — ela falou.
Então, agora não é um pedido.
Sarah pegou a caixa na bancada da cabeceira da cama e seguiu para o banheiro. Com um suspiro, despiu-se e vestiu a camisola, que ficou um
pouco apertada. Ela entrou no quarto com um olhar triste, sentindo-se enorme dentro do vestido apertado. Ele tirou a camisa branca e a puxou para frente do espelho.
Ainda não estou certo se vale tudo isso — ele falou. Começou suspendendo a camisola devagar, beijando o pescoço dela — Estou curioso! Será que essa calcinha é especial? — perguntou.
Ele tomou os lábios dela, carinhosamente, percorrendo dos lábios até o pescoço. Sarah fechou os olhos e se sentiu ser carregada para a cama, sentindo os lábios dele nos seus. Tremeu quando ele tentou tomá-la.
Não! — seus olhos suplicavam para ele se afastar dela.
Preocupada porque não estou usando preservativo? — ele piscou. Sarah choramingou, empurrando o tórax dele, pedindo para que ele se afastasse dela. Ele sorriu, tocando o rosto dela com carinho, entendendo que era por causa da gravidez.
Gosto de grávidas! Sempre excitadas e rechonchudas. Não se preocupe com seu filhote, porque não posso machucá-lo fazendo amor com a mamãe — sorriu.
Sarah sentiu as forças abandonarem seu corpo ao ser tomada por Alec. Num impulso, enfiou as unhas nas costas dele. Alec reclamou e prendeu as mãos dela no alto da cabeça. Sarah fechou os olhos, desfalecendo nos braços dele, enquanto se sentia ser puxada pelos braços fortes.
Ele acariciou os cabelos dela, afagando o rosto em sua cabeça e ela fechou os olhos, sentindo-se sonolenta.
Sarah se sentia em estado catatônico nos últimos dias. Havia perdido a noção do tempo que passara trancada no quarto. Meg ainda não tinha chegado para visitá-la, e se sentia tonta ao levantar da cama para ir ao banheiro. Mesmo Meg alegando que não havia problemas em transitar pela casa, ela preferiu se manter isolada no quarto. Andou lentamente até a porta, havia acordado mais cedo que o normal. Não supria esperanças de ser correspondida por Alec, porque sabia que a noite passada era apenas uma das muitas que ele havia passado com qualquer outra mulher. Ela perambulou pela casa, sentindo-se entediada sem saber o que fazer para passar o dia. Olhou pela janela da sala e percebeu que Arnor estava passando mal. Ele ia e vinha do banheiro com os olhos pesados e colocava as mãos no estômago.
Sarah ouviu o telefone e andou até a mesinha.
Alô? — disse.
Ela suspirou quando a ligação caiu. Pensou em ligar para alguém pedindo ajuda ou enviar e-mail pelo computador do escritório, mas enviar para quem? Pedir ajuda para quem? Ela mesma ainda não se recordava do que, exatamente, precisava fazer em Cabo Frio. Suspirou. Olhou novamente para a janela, observando Arnor que seguia para a casa do segurança. Um estalo soou em seus pensamentos, alertando-a de que era sua chance de fugir daquela prisão.
Ela seguiu lentamente em direção ao carro, estacionado ao lado da pequena casa. Abriu a porta do carro, entrou e descobriu que a chave estava na ignição. Aliviada, observou o portão automático se abrindo. Virou o rosto e viu Arnor retornando com as mãos no estômago. Ele
olhou para o carro e começou a andar a passos rápidos. Ela sorriu maliciosamente.
Disparou pela rua em alta velocidade, quase batendo em alguns carros. Seguiu para o prédio de Anna. Estacionou e acenou para o porteiro que conversava distraído. Ela passou por ele, acariciando sua barriga, e sorriu demonstrando felicidade. Ele desviou o olhar, distraído com o jovem à sua frente. Sarah sentiu o coração bater forte quando apertou a campainha. A Sra. Suzana abriu a porta com os olhos arregalados.
Os olhos da Sra. Suzana demonstravam que ela estava em frente de uma pessoa desconhecida. Pediu que ela fosse embora ou iria chamar a polícia. Sarah acertou um soco na Sra. Suzana que cambaleou de lado, tropeçando na beira do degrau. Sarah seguiu pelo corredor e entrou no quarto do homem, que parecia muito distante da realidade.
Ela se ajoelhou ao lado dele e, emocionada, encostou sua cabeça no colo dele.
Por favor, estou desesperada. O que eles querem, Herk? O quê? Ele olhou para ela, segurou seu rosto, tentando reconhecê-la.
O que está acontecendo? — Sarah perguntou.
É uma pena! É tarde para você também, eu posso ver nos seus olhos a mesma prisão em que estou hoje — ele falou.
Temos que ir, senhor Herk — ela avisou.
Ela empurrou a cadeira de rodas pelo corredor a passos largos, mas se deparou com a Sra. Suzana bloqueando a porta da sala. Sarah ouviu passos atrás dela. Virou-se e se deparou com o olhar furioso de Alec
que, sem camisa, descia a escada junto de Anna, que parou na escada, enrolada em uma toalha.
A Sra. Suzana se afastou da porta e o segurança entrou de forma brusca, indo em direção à Sarah. Alec parou na escada com um olhar indecifrável. Sarah começou a gritar quando Arnor a pegou pelos braços conduzindo-a pelo corredor.
Não! Socorro! — ela gritou.
No corredor, alguns vizinhos abriram a porta e a Sra. Suzana avisou que era sua sobrinha que estava tendo uma crise nervosa. Acostumados com as crises do Sr. Battor, fecharam a porta sem reclamar.
Como sabia que eu estava no apartamento da Dra. Anna? — ela bufou.
Uma esposa com ciúmes iria onde o marido estivesse — ele respondeu.
Eu não sou esposa dele! — Sarah colocou as mãos no rosto. Arnor parou o carro no acostamento.
Não continue com sua encenação — ele alertou.
Arnor, eu sou Sarah Gadrel!
A Sra. Suzana colocou as mãos no peito ao ouvi-la gritar o nome, sendo puxada por Arnor, e ele olhou para Sra. Suzana, que balançou a cabeça.
Ao ouvir o celular que estava vibrando.
Não vai ser fácil lidar com ele hoje! — ele avisou, socando a parede do elevador, enquanto Sarah chorava, implorando para ajudá-la.
Arnor pediu educamente que entrasse no carro, seguindo em seguida em alta velocidade, enquanto o celular não parava de tocar.
Sarah respirou fundo, olhando para o portão que se abria. Um som de moto em alta velocidade se fazia ouvir. Sarah ouviu o som da moto cruzando os portões em alta velocidade, apressou o passo, seguindo para o quarto, e fechou a porta, encostando-se nela.
Apertou os olhos, ouvindo passos do lado de fora, sentindo as lágrimas deslizarem pelo seu rosto ao sair do carro.
Sentia se tonta, algo estava errado, o aborrrecimento lhe fez mal. Seguiu até o banheiro da área, olhou para as mãos trêmulas, colocou a mão na parede, e vomitou no vaso sanitário. Seguiu cambaleante para a sala da casa do segurança.
Sentou-se no sofá.
Arnor — gritou.
O segurança entrou com olhar desconfiado, seguindo até ela.
Sra. Becker? — disse Arnor.
Arnor olhou para Sarah que estava pálida, e com sangue na perna.
O segurança a pegou nos braços com dificuldade, seguindo apressado para o carro. Deitou-a no banco de trás. Ao sentar-se no banco do motorista, percebeu que sua blusa estava marcada com sangue.
Ele disparou com o carro pela rua, discando um número. Olhou para Sarah e o sangue no vestido dela. Sarah sabia que estava parada em frente ao hospital, por causa do som de ambulâncias. Ouviu Arnor gritar por ajuda ao sair do carro.
Ela manteve os olhos fechados, sentindo-se ser colocada em uma maca. Ouviu vozes que pediam para as pessoas saírem da frente.
Você vai ficar bem! — reconheceu a voz de Arnor, que segurou nas mãos dela por alguns segundos.
Abriu os olhos e percebeu que estava em uma sala branca, repleta de aparelhos. Sua visão estava turva e sua cabeça continuava rodopiando. Ela tocou o ventre com medo de perder o bebê.
Observou uma médica colocando luvas, e uma enfermeira se aproximou dela com um olhar despreocupado.
Ele está em reunião — avisou a enfermeira.
A médica olhou para ela, pensativa. Terminou de colocar as luvas e puxou a máscara para a boca.
Interrompa imediatamente! Ela está perdendo o bebê! — alertou com a voz abafada pela máscara.
Ela apertou os olhos sentindo uma agulha perfurar seu braço. Abriu os olhos e viu um médico entrar na sala. Ele olhou para a janela de vidro, onde havia um homem com um olhar atormentado observando-a.
O homem de cabelo preto e liso em um corte alto, demonstrava preocupação em seu rosto. De repente, ele entrou na sala. Uma enfermeira pediu para ele sair, mas ele se aproximou da mesa. Alec surgiu, e fez sinal para o médico ordenar que a enfermeira retirasse o homem da sala.
Sarah sentiu uma forte cólica e gritou, desfalecendo em seguida.
Ela acordou em seu quarto na casa de Alec, deparando-se com Meg, que a cobria com um cobertor. Sarah começou a discutir com ela, alegando que queria voltar para casa. Na verdade, queria ir para qualquer lugar, desde que ficasse longe de Alec Becker. Ela estava insistente e determinada a fazer Meg ajudá-la.
Você está grávida! Você é Eveny! E não pode ficar nervosa, sua pressão está muito alterada por causa da gravidez — falou Meg.
Como explica o fato de eu saber onde a Dra. Anna mora? — ela insistiu no assunto.
Eveny, existem coisas sobre você que eu mesma, como sua mãe...
fez uma pausa — Você não foi exatamente um bom exemplo de esposa!
Explique! — pediu Sarah.
Você conheceu Alec muito subitamente, tornaram-se amantes, e, apaixonados, casaram-se em uma semana. Mas você não é o tipo de mulher que se satisfaz sempre com o mesmo homem — Meg corou. Sarah gargalhou e continuou:
Acha mesmo que vou acreditar que Alec Becker aceitaria que sua esposa lhe fosse infiel? — ela sorriu cruzando os braços.
Meg alisou a saia no corpo.
Como você acha que ocorreu o acidente?
Sarah ficou boquiaberta, tentou se recordar, mas sua cabeça começou a doer.
Preste atenção, Meg. Sua filha pode estar em perigo! — Sarah alertou.
Eveny, por favor, eu já lhe mostrei suas fotos, vídeos e pessoas que a conhecem! Acha que estamos usurpando sua identidade? — perguntou — Não seja tola! Temos exames de sangue. — apontou para caixa, onde havia coisas que não analisou.
Herk falou sobre isso! — Sarah apertou os olhos, sentindo tristeza por não poder ajudar Herk Battor.
Herk Battor é um homem doente! Esquizofrênico! Esqueça os problemas dos outros — Meg falou firme — Eveny, você cometeu tantos erros no passado. Eu sinto que sou culpada por tudo o que ocorreu. Agradeço a Deus por ele apagar sua memória. É um recomeço para você! — os olhos de Meg ficaram vermelhos.
Meg, eu não sou sua filha! Tenho impressão que estou passando mais tempo adormecida em uma vida que não é minha, do que já estive acordada vivendo a minha.
Meg se sentou na beira da cama com um olhar tranquilo.
Entende que precisariam ser gêmeas para isso? — Meg cruzou os braços — Quem são seus pais? Onde mora? Diga-me seu endereço e vamos investigar! — descruzou os braços.
Eu não me lembro de nada antes de chegar à cidade. É como se houvesse um borrão nas minhas recordações — Sarah falou.
Não soube explicar o motivo de não falar sobre Kosnir, preferiu omitir a informação.
Você não é Sarah! Meg se virou, seguindo a passos largos para porta.
Eu sou Sarah Gadrel! — repetiu desanimada.
Está doente, ele tem razão. Deveria interná-la. — A mulher virou- se, batendo a porta com força.
Meg ligou avisando que precisava de alguns dias fora da cidade para providenciar o velório de um amigo. Sarah supôs que esse era o motivo que deixara sozinha por mais tempo que o normal, e de Meg permancer irritada nos últimos dias. Seguiu até o segurança, pedindo que a levasse em um passeio rápido, pois estava agitada.
Não pode sair! — Arnor respondeu.
O segurança evitava falar com ela nos últimos dias, de certo, a fuga tirou dele sua confiança em deixá-la mais a vontade.
Por causa de Alec?
Não! São ordens de seu médico. — ele cruzou os braços. Ela virou se para o segurança, acariciando o braço dele.
Ele fez sinal de afirmação com a cabeça, demostrando que já havia a perdoado pela tentiva de fuga, que na verdade foi considerado uma crise de ciúmes dela, ao invadir a casa da amante do marido.
Sarah retornou para dentro da casa, passando agitada pela porta do quarto. Resolveu perambular pela casa, ao contrário de se deitar e dormir novamente. A gravidez estava deixando-a a cada dia mais agitada, não conseguia ficar muito tempo parada.
Na sala, subiu a escada a passos lentos. Entrou no quarto de Alec. Sorriu. Seguiu até a varanda e olhou para uma janela do segundo quarto, muito próxima à varanda.
Retornou para o corredor às pressas, porque não queria o desprazer de se encontrar com ele. Olhou para as outras duas portas no corredor.
Preferiu retornar para a sala. Desceu os degraus lentamente e seguiu para a cozinha para preparar um sanduíche. Ela vestia apenas uma camisola de seda branca, sem lingerie, porque se sentia mais confortável. Preparou dois sanduíches e encheu um copo com suco de laranja. Sorriu satisfeita. Virou-se ansiosa para morder o sanduíche, mas surpreendeu-se com Alec, encostado na geladeira e de braços cruzados, olhando para o prato com os dois sanduíches.
Ele estava sem camisa, usando apenas uma bermuda preta e com os cabelos úmidos.
Está muito tarde para comer — olhou para o relógio no pulso — Sem contar que está ficando enorme — sorriu debochado.
Sarah olhou para o relógio observando que não estava tarde.
Ela fez um bico, aborrecida com o modo insensível de Alec. Baixou os olhos, magoada.
Estou com fome! — reclamou.
Ele pegou um dos sanduíches e o colocou em outro prato.
Um apenas! Porque se continuar a comer desse jeito, vou precisar usar uma britadeira para tirar essa criança — ele gargalhou.
Sarah ameaçou bater nele com o pano de prato.
Monstro!
Alec segurou o pulso dela, puxando-a para seus braços fortes. Ela olhou nos olhos cor de mel, sentindo-se confusa e humilhada com a brincadeira dele. Ele sorriu.
Sempre foi linda! — ele a apertou em seu tórax — Na verdade, são seus exames que não permitem que coma desse jeito.
Ela recordou que havia feito alguns exames de rotina no hospital, um dos poucos motivos que era válido para Arnor a levar a algum lugar desde sua suposta crise de ciúmes.
Alec acariciou o rosto dela com as mãos.
Sempre gostei muito de grávidas! Sempre loucas para dar. Nem é preciso muito trabalho para convencê-las — ele sorriu.
Sarah percebeu que estava acariciando o tórax rígido dele, e envolveu os braços no seu pescoço. Em seguida, prendeu os dedos nos fios de cabelo dele.
Alec encostou os lábios nos dela.
Você me quer? É isso? — perguntou.
Ela ficou nas pontas dos pés, suplicando pelos beijos dele. As mãos dele envolveram sua cintura, e os seus lábios tomaram os dela, exigindo retribuição em cada movimento nos lábios carnudos.
Ele afastou o rosto.
Calma! — olhou para o relógio — Cuido do seu fogo mais tarde! Ansiosa demais para esperá-lo retornar de seu suposto compromisso, ela apertou os dedos nos fios de cabelo dele. Ele reclamou. Repleta de desejo de ser tomada por ele, provocou, descendo as mãos pela barriga rígida, seguindo até a intimidade dele.
Alec afastou o rosto.
Safada! — sorriu.
Alec a sentou na bancada e ficou em pé entre suas pernas. Enroscou seus cabelos na mão, buscando os seios volumosos com os lábios. Ela suplicou pelos lábios dele, puxando de leve seu cabelo. Obediente, ele tomou seus lábios, acariciando suas coxas macias. Sarah sentiu o corpo em chamas com os beijos ardentes de Alec.
O som de palmas cortou o clima, e Sarah observou Epril Estecy parada atrás deles. Alec se afastou de Sarah, colocando-a novamente no chão.
É pecado beijar sua irmã! — Epril avisou.
Sarah olhou boquiaberta para Alec, e ele coçou a cabeça.
Ciúmes? — perguntou para Epril — Acho que precisamos conversar — ele olhou para o relógio de pulso.
Gostaria muito de saber qual seria o desfecho... Assistindo a você beijar sua irmãzinha grávida.
Cale-se! — Alec ordenou — Vamos conversar a sós — ele avisou. Sarah ficou perplexa com uma informação doentia de uma mulher que provavelmente devia ser uma das amantes de Alec, ela desviou o rosto da direção deles.
Epril sorriu, seguindo para a sala acompanhada de Alec.
Sarah pegou o copo de suco e o prato, seguindo rapidamente para o quarto.
Não, não vou falar e não vou fazer nada. Chega, não é meu marido. Passou por eles parados na sala, e viu Epril envolver seus braços no pescoço de Alec.
Sarah apertou os olhos, arremessou o prato na direção deles e seguiu para quarto, entrando com pressa, batendo a porta com toda força que podia.
Não ligo! — falou — Não vou chorar! Gritou, ao ouvir passos do lado de fora.
Bebeu o suco sem pausa. Deitou-se na cama, forçando seus pensamentos a conceber um plano de fuga, antes do nascimento do bebê. Ouviu passos na porta novamente e fechou os olhos, irritada.
De madrugada, às três horas, foi para a cozinha para pegar uma fruta. Muito agitada, ela bufou ao se recordar de que Alec devia estar no segundo andar, acompanhado. Ela olhou para a lixeira.
Existem pessoas passando fome! — reclamou, seguindo para o quarto, aborrecida por Alec ter jogado o outro sanduíche no lixo. Recordou de ter atirado o outro contra ele, junto com prato.
Sarah mordeu a maçã, deixando-a cair ao ouvir um grito vindo do segundo andar. Sarah caminhou até a janela da sala, onde viu Arnor com fones de ouvido transitando de um lado para o outro. Sorriu para o segurança, que acenou mandando ela ir dormir. Ela respondeu com um sinal de que iria obedecer.
Seguiu até a escada e subiu os degraus, acariciando sua barriga.
Alec — ela chamou.
Sarah empurrou a porta do quarto de Alec, mas observou que a cama estava arrumada e a luz do banheiro apagada. Voltou, andou até a
próxima porta de onde ouviu um barulho. Empurrou a porta, entrando a passos leves.
— Alec. Que brincadeira é essa? — perguntou — Alec — chamou-o novamente.
Saiu de novo e entrou na última porta. Pulou para trás, quando algo caiu no chão. Sarah abafou o grito com as mãos, olhando para Epril Estecy ensanguentada e estirada no chão com os olhos arregalados. Sarah se encostou à porta de um armário e ouviu passos no cômodo maior. Ela entrou no armário embutido, permanecendo no fundo. Colocou as mãos trêmulas sobre a boca, horrorizada ao observar a figura de pernas grossas, usando um vestido vermelho, peruca loira e salto alto. Ela observou o queixo quadrado e concluiu que devia ser um homem. Ele virou a cabeça, olhando em volta e deixou cair uma mochila azul com o desenho de uma águia.
Sarah pensou duas vezes se deveria sair do armário ou permanecer escondida. Ouviu o som dos passos dele retornando. Ele carregava um facão e arrastou o corpo para cima de um tapete. Começou a desmembrar as partes do corpo da mulher. Usou outras peças também, que ela não viu. Em seguida, colocou-as em um saco preto. Sarah sentiu que ia desmaiar e segurou com força um cabide vazio, que se soltou fazendo barulho no momento em que o som da campainha fez o homem correr para a porta.
Sarah abriu a porta do armário, seguindo a passos largos até a porta do quarto. Correu tropeçando nos próprios pés, o sangue a fez escorregar.
Olhou ao longo do corredor, andou suavemente sentindo o coração palpitar forte. De repente, olhou para trás e viu o homem vestido de mulher sair do quarto de Alec e começando a correr atrás dela. Sarah gritou, desceu aos pulos, segurando-se no corrimão. Tropeçou no último degrau, rolou, protegendo a barriga.
O homem, usando vestido vermelho, sentou-se nas coxas dela, e começou a estapear o rosto dela. Em seguida, começou a estrangulá-la.
Não! — Sarah suplicou.
1 de setembro de 2020No Hospital Psiquiátrico João Esteves, olhou para a psiquiatra de olhos esbugalhados. Iniciava-se mais uma sessão de terapia.Eveny, como está se sentindo hoje? — perguntou a médica de cabelos castanhos.
Meg aguardava na entrada da casa, e, com carinho, estendeu os braços para receber a criança em seu colo. A emoção da mulher estava estampada em seu sorriso. Assim que ficaram a sós, Meg começou a tagarelar os acontecimentos ocorridos nos últimos meses. O segurança deu a notícia pessoalmente quando cheguei — comentou Meg.
Sentiu-se melhor após o repouso de quarenta minutos, enquanto aguardava os resultados dos exames. A enfermeira a acompanhou até a porta da sala. Sarah entrou, mas quando se deparou com a médica, virou-se para sair. Não seja infantil! — Anna falou, percebendo a reação de Sarah — Não misturo o pessoal com o profissional. Sarah virou se, controlando o impulso ardente que crescia em seu peito. Observ
O que está fazendo aqui? Estava me sentindo mal! — respondeu, sem olhar para ele. Ele pegou sua mão e a puxou em direção ao estacionamento. Depois, acenou para K. Esteves, avisando para ele seguir para casa. Ele abriu a porta do carro para ela. Durante o percurso, ele atendeu ao celular e uma voz fina foi ouvida. Ele sorriu maliciosamente, demonstr
O que está fazendo aqui? Estava me sentindo mal! — respondeu, sem olhar para ele. Ele pegou sua mão e a puxou em direção ao estacionamento. Depois, acenou para K. Esteves, avisando para ele seguir para casa. Ele abriu a porta do carro para ela. Durante o percurso, ele atendeu ao celular e
Sarah se sentou no tapete do quarto de Boo, olhando para Alec, que acariciava a cabeça da menina que afagava o rosto no peito dele. Ele sorriu. Levantou-se e colocou a menina na cama. Sentou-se ao lado de Sarah no chão. Eu gosto de você, Sarah, sinto muito pelo meu comportamento — Alec pegou as mãos de Sarah e ela olhou para ele, surpresa. Sarah encolheu se, desconfiada.
Na frente da entrada da casa, Meg aguardava com Boo ao seu lado. A pequena de cabelos castanhos ondulados veio pulando na direção de Sarah, que se abaixou para abraçá-la, emocionada. Alec subiu os degraus com uma expressão pesada e parou por alguns segundos para observar o relógio que marcava vinte horas. Boo começou a pular de um lado para o outro, animada. Essa menina está mais danada, ela não fica quieta! — Meg reclamou. Sarah observou o homem entrar na sala, vindo da área da piscina, acompanhado pela jovem que
Sarah ligou para Alec para avisar que Boo estava em uma crise de choro havia horas. Meg havia colocado um pouco de calmante no suco para ela dormir, mas Boo gritava ainda mais, ficando com o rosto vermelho. Sarah estava desesperada com os gritos da menina. Ah! Minha filhinha! — Sarah colocou as mãos no peito.