Coral soltou-o e afastou-se, explicando que estava à procura de uma amiga. É estrangeira e disse que estava num clube, mas não especificou qual. Já tinha revistado todos os da sua área sem resultados, mas ainda faltavam os que pertencem ao território dele. No entanto, como são inimigos, não queria ir sozinha. Por isso, foi procurá-lo para que a ajudasse. Ele acenou com a cabeça, dizendo que iriam no carro dele.
—Achas que sou tão ingénua, Gatinho? —recusou-se Coral—. Olha ali o meu carro, aquele com matrícula de turista. Abraça-me para que os teus homens pensem que somos namorados e não te sigam. —Um dia vais pagar-me, Coral. Apanhas-me sempre desprevenido, mas garanto-te que um dia vais pagar por isto —diz ele, frustrado, apesar de acabar por fazer o que ela lhe pede. —Claro…, claro, Gatinho, quando qEle fica a olhar para ela fixamente por alguns instantes, estudando-a com uma mistura de curiosidade e cautela, até que finalmente sai do carro. Coral segue-o, contornando o veículo para lhe entregar as chaves, enquanto pede que o mande para o estacionamento. Ele faz um gesto de intenção para lhe pegar na mão, a fim de manter o "papel," mas Coral esquiva-o com um movimento calculado. —Thea mou —diz com um sorriso. — Tens de te comportar como minha namorada. Por isso, terás de deixar que te toque como tal. —Que tipo de nome é esse? De onde tiraste isso? —pergunta Coral, parando para olhá-lo com intriga. —É grego. Thea significa deusa. Serás minha deusa diante de todos. É uma forma de chamar, na minha cultura, a mulher que realmente amas —explica ele, com uma seriedade palpável na voz. —Achas que pareç
Guido diz isso com ar satisfeito, enquanto a sua risada descontraída contrasta com a preocupação no rosto do seu irmão. Gerónimo sorri ao recordar essas noites loucas de quando frequentavam esses lugares. Mas agora a situação é diferente, assegura. Construíram uma casa com todos os dispositivos necessários para esses momentos privados. Não têm necessidade de voltar a visitar esses clubes, o que os ajudará a manter a imagem de que abandonaram a vida desenfreada. Depois, olha para o irmão com seriedade. —Guido, não te percas nesse mundo. Lembra-te de que só fomos por curiosidade. É verdade que o aproveitámos, mas não creio que seja algo em que devamos passar demasiado tempo. Talvez uma ou duas vezes por mês, nada mais —sugere, ao notar como Guido o olha incrédulo. —Vá lá, irmão, t
Maximiliano olha para Coral, decidida a não deixar que ele a leve para casa, mas ainda está muito pálida, apesar de tentar parecer melhor. O suor na sua testa trai-a, e ele observa como ela passa a mão pelo ventre.—Sabes que compreendes, Gatinho. Não quero que te aconteça nada, ou pior, que me aconteça a mim. Se me virem contigo, vão contar ao meu pai —continua a dizer enquanto se recosta no ombro dele—. Por favor, Gatinho, ouve-me, deixa-me aqui. Vicencio não deve estar longe; ele segue-me sempre para todo o lado. Só espera e vais ver, deixa-me chamá-lo.Mas ela segura a cabeça em agonia; dói-lhe terrivelmente e sente vontade de vomitar. Pelo menos tinha conseguido tirá-lo do clube com o seu desmaio, pensou. Esse era o plano que tinha feito com os seus primos. Ela vigiaria e tentaria tirar Maximiliano do clube se o visse. Apesar disso, sentia-se a morrer; o
Gerónimo não responde ao irmão, parado em frente à mulher que tem diante de si. O seu coração bate desenfreado perante a visão que acaba de descobrir. —Não é ela? —pergunta Guido, que não a consegue ver porque o corpo do irmão a cobre, até que o ouve dizer: —Céus, Guido! É maravilhosa, a minha esposa! Olha para ela, meu irmão, não te minto, é a mulher mais bonita que já vi na minha vida! —exclama emocionado Gerónimo enquanto se desliza para que ele a veja—. Não consigo acreditar que esta beleza seja minha e que finalmente estejamos juntos! Finalmente encontrei-a! Encontrei-a! Guido não consegue evitar sorrir enquanto observa Gerónimo olhar para Cristal com fascinação, como se ainda não acreditasse que era realmente ela, a mesma mulher que tanto p
Depois de o seu irmão se ter ido embora, Gerónimo entra no quarto onde tinha deixado Cristal. Observa-a em silêncio durante algum tempo. Depois procura um pano para lhe limpar o rosto da maquilhagem que tinha, e maravilha-se ainda mais. As bochechas rosadas dela fazem um belo contraste com os seus lábios vermelhos. Ela desperta, lança-se sobre ele, abraça-o e beija-o. —Meu marido, hic… Meu marido, onde estavas? Hic… —pergunta sem o largar. —Deixa-me tirar-te a maquilhagem, céu —pede-lhe Gerónimo, tentando escapar do seu abraço. —Hic… Não vás, hic… Anda, deita-te comigo, hic… —chama-o ela, puxando-o, enquanto ele resiste. —Espera, meu céu, preciso de te dar banho —diz ele, porque não consegue suportar o cheiro de cigarro e álcool que ela carrega, e porque quer
Coral não se afasta de Maximiliano, que a segura firmemente pelas ancas, fazendo com que se encoste mais a ele, e olha-a nos olhos enquanto explica por que o está a fazer. —A mãe sofre com estas dores, e o pai sempre a abraça assim e diz que isso alivia. É verdade? —pergunta ele num murmúrio. —Sim, é verdade, alivia-me. Obrigada, Gatinho —responde Coral, relaxando nos braços dele. E, pela primeira vez, Maximiliano vê-a indefesa, vulnerável e, longe de querer aproveitar-se dela, sente uma grande necessidade de protegê-la. Não sabe por que sente que ela, tal como ele, tem uma vida solitária, triste e escondida. Coral adormece nos braços dele assim, em pé, com a cabeça encostada ao ombro, no meio da sala. Ele pega nela e leva-a até ao quarto, deita-a na cama e fica ao seu lado com a mão pousada na p&eacut
Cristal está muito feliz por ele a ter encontrado; isso quer dizer que ele realmente gosta dela. Ou pelo menos é o que pensa, pela forma como ele a olha, como se quisesse abraçá-la. Talvez ele a tenha procurado para anular o casamento. —Como me encontraste? —arrisca-se a perguntar ao ver que ele não se decide a falar. —Encontrei-te, és minha —responde Gerónimo, enquanto entra na cozinha e começa a servir café em duas chávenas. —Tua? —parece-lhe algo possessivo, mas gosta do que ele disse; vai de acordo com os seus planos. —Desculpa, quero dizer, és minha esposa, tinha que encontrar-te —desculpa-se Gerónimo, pensando que está a avançar demasiado rápido—. Porque foste embora depois de nos casarmos? —Para ser honesta, não sei como fiz isso. Não fa&cce
Gerónimo olha-a com satisfação. A sua longa experiência com mulheres diz-lhe com clareza que quem tem à sua frente é uma inexperiente no amor, apesar de que ia casar-se. A maneira como ela cora e evita o seu olhar deixa-o claro. Além disso, não se lhe atirou como as outras que queriam seduzi-lo com a sua beleza. Para Gerónimo, Cristal parece um anjo encantador, alguém que o está a fazer apaixonar-se a cada minuto que passa. —Não o faço, querida —dá um passo mais perto e, com solenidade, esclarece—. Não gosto de mentir; isso é algo que não fazemos na minha família. A nossa palavra é lei. Estou a dizer-te a verdade: perguntaste-me se seria capaz de casar-me com uma noiva ressentida. —O quê? Ressentida? —Cristal olha-o envergonhada. Não pode acreditar que ela disse isso. És pat&eacut