Filipo olhou para seu pai, levantando os ombros. Não gostava de falar sobre o que não sabia, mas tinha certeza de que ele não ficaria tranquilo.
— Tudo bem, papai, já mandei investigar — diz Filipo, inclinando-se —. Pelo pouco que entendi, parece que ele era o ex-noivo da Cristal, porque estava gritando que ela era dele. — Olha, a esposa de Gerônimo é uma situação complicada — observa Fabrizio —. Tem certeza de que ela é uma boa mulher? Não está zombando de Gerônimo? — Não sei, papai — responde o filho com sinceridade —. Mas o Guido diz que ela é uma boa e inocente garota. — Ligue para seu primo e diga que ele venha me ver — ordena imediatamente. Ele precisa saber em que se meteram e por que vão à guerra antes de tomar qualquer ação. FilCristal olha para seu irmão alarmada e aos poucos percebe o que significa pertencer a uma família de mafiosos, pelo que começa a se sentir orgulhosa de que temam seu marido nessa organização. Ela se sente protegida, e isso a faz se apegar ainda mais a ele. Embora o perigo pareça espreitar em cada esquina, talvez seja isso que intensifique e torne mais real seu amor. Gerônimo a observa, percebendo a mistura de medo e fascinação em seus olhos. Ele quer protegê-la de todo mal, mas também sabe que não pode prometer a ela uma vida tranquila. Seus dias juntos serão como uma dança perigosa, onde cada passo deve ser calculado e cada olhar, um entendimento tácito da intensa realidade que os rodeia. — Você não precisa se preocupar, meu amor — sussurra Gerônimo, abraçando-a com firmeza —. Estou aqui e prometo ser a barr
Stavri para suas mãos por um momento, observando-o com ternura. Aqueles anos juntos lhe mostraram que, por mais dura que seja a situação, sua maior força sempre foi estarem unidos. Ela se aproxima dele, deixando a cozinha por um instante, e acaricia seu rosto suavemente. — Agapi mu, você sabe que ela está confusa e assustada — diz ela, decidida a convencer o marido a aceitar o Garibaldi como genro —. A pobrezinha acredita que você não a quer ao seu lado. Agora, ela não se sente segura aqui nesta casa e foi com seu irmão, que é em quem ela mais confia. Ela nem acredita que eu possa protegê-la, sendo sua mãe. Yiorgo suspira, tomando as mãos da esposa e buscando consolo naquele contato. Em sua mente, começa a refletir sobre todos os seus erros. — Eu causei um terrível dano à minha menina. Eu a quero proteger tant
Cristal observa a dinâmica entre os dois com um sorriso, percebendo o vai e vem que talvez seja a faísca de algo mais profundo. Maximiliano, sempre reservado, parece baixar suas barreiras diante da presença de Coral. —Não, mas você é meu Gatinho, goste você ou não —respondeu Coral com firmeza. —Ei, deixem isso para quando estiverem sozinhos! —os interrompe Cristal—. O que você está fazendo aqui, Coral? Cristal sente uma conexão instantânea com Coral; de alguma forma, ambas estão unidas pelos laços de amor que transcendem o complicado mundo em que vivem. Enquanto Maximiliano protesta pelo apelido de "Gatinho", ela começa a imaginar um futuro onde as inimizades se dissipem e novas amizades surjam. —Ah sim, eu me esqueci para que vim, Gatinho! —diz ela e se vira para Maximiliano—. Voc&ec
Cristal sentia como se cada palavra de Coral limpasse um pouco mais a névoa que havia coberto sua vida durante tanto tempo. Ao seu redor, a máfia italiana estava cheia de intrigas e rivalidades que ela não entendia. Sua única preocupação era seguir com seu verdadeiro amor. —Você quer dizer que ainda estou legalmente casada com meu Gerônimo? —perguntou, com o semblante realmente feliz, como se o que acabara de dizer a prima de seu marido fosse a informação que salvava sua vida. Maximiliano a olhou, agitada, e balançou a cabeça negativamente. Não podia negar que sua irmãzinha estava realmente apaixonada por Gerônimo, embora doesse admitir, e temia que ele a fizesse sofrer. —Bem, teriam que registrar o casamento aqui —esclareceu Coral ao ver sua alegria. —Já está registrado, meu marido fez isso!
Gerônimo olhou para seu tio, ainda surpreso por ele não ter o repreendido por tudo que havia acontecido e, muito menos, por ele não ter se irritado por ter se casado com a filha de um dos inimigos da família. —Sim, tio —respondeu com um sorriso—. Minha Agapy é filha do Greco, que foi dada como morta quando era criança. —Dada como morta? —Fabrizio olhou para ele sem entender e se sentou atrás de sua mesa—. Comece do começo. Eu lembro que haviam assassinado a filha deles, até um funeral fizeram. —Você se lembra de Domenico Vitale, o cara que queria que a tia Bianca fosse sua mulher? —perguntou Gerônimo, tentando trazer essa lembrança à memória de seu tio. —Claro que me lembro daquele degenerado! —exclamou Fabrizio de imediato—. O que ele tem a ver com sua esposa? Fabrizio franziu a testa, intrigado pela reviravolta surpreendente dos acontecimentos. A história que começava a se desenrolar diante dele era mais complexa do que ele havia imaginado. Gerônimo se levantou com determi
Gerônimo, sabendo que havia conquistado mais do que a aprovação de seu tio, sentiu-se renovado e pronto para enfrentar qualquer desafio que surgisse em seu caminho. Por isso, respirou fundo e respondeu: —Como eu te contei, ela tinha um nome falso na América, com o qual nos casamos, e seus pais a reinscreveram com seu nome verdadeiro. Devemos nos casar com esse agora —explicou, com a esperança de que ele o ajudasse a fazer isso. —Entendo —disse Fabrizio, sentando-se em frente ao sobrinho—. Qual é o papel de Luciano em tudo isso? —Ele é filho do melhor amigo do Greco; eles estavam prometidos desde crianças e agora quer obrigá-la a se casar com ele —explicou, mudando imediatamente para uma expressão furiosa—. Mas primeiro eu o mato, tio! Cielo é minha, minha esposa! O gesto decidido de Gerônimo não passou despercebido para Fabrizio, que observou a paixão ardente nos olhos do sobrinho. A situação no mundo mafioso era complexa, e os corações nem sempre seguiam o caminho mais fácil.
O burburinho em frente ao luxuoso hotel dividia-se entre murmúrios, risos e exclamações, mas nada, absolutamente nada, podia competir com a imagem de uma mulher vestida de noiva a correr descalça, com as saias do seu vestido enroladas nas mãos. O seu longo véu voava no ar enquanto ela virava a cabeça para trás para ver se estava a ser perseguida, enquanto a sua mente lhe repetia uma e outra vez que devia escapar, devia fugir agora ou não iria conseguir! —Pára, amor! Pára…! Vou contigo, amor, vou contigo…! —gritou com todas as suas forças. As suas palavras cortaram o ar como um impacto direto no peito de qualquer pessoa que a ouvisse. Era um grito de socorro, um apelo que parecia conter toda a força de quem tenta salvar a sua vida ou... recuperar algo que não quer perder. —Não me deixes…! Não me deixes…! Não me casarei com outro que não sejas tu…! —gritou novamente, rompendo a monotonia do lugar—. Amo-te! Amo-te! Espera por mim! A multidão, que a princípio mal prestou atenção,
A claridade da janela faz com que abra os olhos. Está sozinho no hotel que reservaram no dia anterior para a celebração da sua graduação, sem saber como regressaram nem a que horas. —Raios! Por que tive de beber tanto ontem? A minha cabeça está a matar-me —diz, enquanto procura na mala por um analgésico. A ressaca é muito forte, mal se lembra de nada. Após tomar o comprimido, dirige-se à casa de banho e entra no duche, deixando que a água bem fria o ajude a despertar. Passado algum tempo sente-se um pouco melhor. Sai e começa a preparar-se para fazer a barba, quando algo no seu dedo chama a sua atenção. Sim, é um anel de casamento. E as imagens da mulher mais bonita que viu na sua vida a dizer-lhe “Sim, aceito”, numa cerimónia de casamento, chegam à sua mente. —Com quem raio me casei?! —pergunta desesperado, gritando a plenos pulmões enquanto sai a correr da casa de banho. Procura respostas enquanto revira a cama, só para garantir, mas não, não há ninguém nela. Sai disparado pel