Eu me escondia na biblioteca, meu rosto coberto por um moletom grande e confortável. Fazia dois dias que não ia às aulas, e quando saía, era apenas nos horários em que não havia ninguém pelos corredores. O peso da transformação e a incerteza sobre o futuro me mantinham afastada. Lucien não aparecera nesses dias, e, estranhamente, eu me sentia grata por isso.Enquanto observava a chuva cair através da grande janela da biblioteca, perdida em meus pensamentos, Adrian se aproximou e se sentou de frente para mim. Ele me olhou com uma expressão de preocupação.“Por que você está se escondendo?” ele perguntou, quebrando o silêncio.Suspirei, a voz baixa e carregada de tristeza. “Eu já me sinto um monstro. Não quero que todo mundo me olhe como se eu fosse mais do que isso.”Adrian me observou por um momento antes de responder. “Cedo ou tarde, você terá que enfrentar o mundo. Se esconder não é uma opção.”Balancei a cabeça, pensando nas palavras dele. “Como você conseguiu enfrentar o mundo com
Finalmente, decidi que era hora de voltar à rotina e ir para as aulas. Acordei me sentindo mais leve, como se as conversas com meu diário tivessem me ajudado a encontrar um pouco de clareza. Vesti-me cuidadosamente, escolhendo um conjunto que me fazia sentir bem, e respirei fundo antes de deixar o quarto.Ao entrar na escola, meu coração disparou. Os corredores estavam cheios, e imediatamente senti os olhares se voltando para mim. Sussurros e risadinhas ecoavam em meu entorno, mas dessa vez, ao contrário de antes, eu estava ao lado dos meus quatro amigos—Raelan, Ravenna, Viviane e Dorian.“Olhem só quem decidiu aparecer!” disse Ravenna, com um sorriso encorajador. “Estamos todos aqui para você.”Sorri, sentindo um calor no coração. A presença deles me fazia sentir mais confiante, apesar dos olhares julgadores que me seguiam. “Obrigada, pessoal. Isso significa muito.”Conforme caminhávamos pelos corredores, senti a intensidade dos olhares. Algumas pessoas me observavam com curiosidade,
---Me acomodei em uma das mesas da biblioteca, cercada por pilhas de livros sobre vampiros e seus hábitos. Estava determinada a entender mais sobre minha nova identidade e o que significava ser uma vampira. Folheando as páginas, li sobre como os vampiros frequentemente misturavam uma dieta de comida humana com sangue—um hábito que os ajudava a manter-se em contato com suas origens e a evitar a fome insaciável.Os livros também mencionavam que, embora muitos vampiros pudessem andar sob a luz do sol, essa exposição causava irritabilidade nos olhos e na pele. Por isso, a maioria deles preferia lugares escuros e úmidos, onde podiam se sentir mais à vontade e protegidos. Me perdi nas palavras, absorvendo cada detalhe, quando de repente, a porta da biblioteca se abriu.Lucien apareceu na entrada, seu olhar hesitante enquanto procurava por mim. Senti meu coração acelerar, mas decidi ignorá-lo, fingindo que não o notei. O que havia acontecido mais cedo ainda me incomodava, e a ideia de encará
---Viktor pediu silêncio a todos no salão, sua voz ressoando com uma autoridade que exigia respeito. “Todos vocês têm consciência do que foi feito,” ele começou, olhando ao redor. “Mas eu nunca demonstrei ser um problema. Pelo contrário, fui criada como uma humana por 17 anos. De repente, minha vida foi revirada, trazida para o mundo sobrenatural, e mesmo assim, sem contestar, comecei a entender melhor sobre esse mundo e sobre como deveria agir.”Fausto, no entanto, não se deixou abalar. “Isso não muda o fato de que, em poucos dias na escola, Kallista se envolveu em uma briga com Morgana Blackthorn,” ele rebateu, a voz cortante. “Os pais de Morgana estão aqui presentes para confirmar tal ato.”Nesse momento, os pais de Morgana se levantaram, indignados. O homem, de expressão severa, olhou para mim com desprezo. “Minha filha não foi a única culpada. O ataque que ela sofreu foi inaceitável!”Não hesitei. “Eu não tenho sangue de barata! Morgana me abordou e me confrontou, jogando insulto
---A madrugada se estendia silenciosa, e eu estava encostada na janela, observando o céu estrelado que se estendia até onde a vista alcançava. As estrelas brilhavam como pequenos faróis de esperança, mas meu coração estava pesado. Uma semana havia se passado desde a reunião tumultuada, e eu me sentia mais sozinha do que nunca. Meus avós vinham me visitar frequentemente, trazendo palavras de encorajamento, mas a solidão ainda me envolvia como um manto.Sentia falta de Alaric, meu amigo que sempre me apoiara, e me perguntava como ele estaria. Será que ele ainda estava no mesmo mundo que eu? As memórias das conversas que tivemos me deixavam nostálgica. Olhei para minha nova escrivaninha e decidi pegar meu diário, um meio de me conectar com meus próprios pensamentos.Comecei a escrever: “Oi, você está por aí?” Esperei um momento, e logo as palavras surgiram na página: “Sim, estou aqui.”Um sorriso iluminou meu rosto ao ver a resposta. “Você nunca dorme?” questionei, curiosa sobre a presen
Era uma noite silenciosa quando me preparei para pular a janela, meu coração acelerado com a ideia de escapar da prisão que se tornara minha vida. Abri a janela com cuidado, tentando fazer o mínimo de barulho possível, mas, de repente, uma cabeleira castanha apareceu diante de mim. Com um susto, dei alguns passos para trás, e meus olhos se encontraram com os olhos castanhos de Lucien.“Você!” exclamei, uma mistura de raiva e alívio percorrendo meu corpo. “O que você está fazendo aqui? Você não devia ter aparecido!”“Não vou embora,” Lucien respondeu, sua voz firme, mas com um toque de vulnerabilidade.Franzi a testa. “Se você não for, vou gritar para os guardas lá fora.”“Um minuto, por favor,” ele pediu, esboçando um sorriso triste. “Me deixe explicar.”Cruzei os braços, desafiadora, enquanto ele falava. “Não pude vir antes porque meus pais me proibiram de ter qualquer contato com você.”Soltei uma risada sem humor, imaginando a situação. “Como se isso importasse! Eles queriam que eu
Na manhã seguinte, eu estava em um misto de emoções, ainda refletindo sobre a noite intensa que tive. Quando Vivi e Ravenna entraram no meu quarto, não puderam conter os gritos de animação ao ouvirem minha notícia em que eu havia perdido a minha virgindade."Uau! Você conseguiu!" Vivi exclamou, enquanto Ravenna pulava de empolgação. "Como você se sente?"Hesitei por um momento, tentando encontrar as palavras certas. "Me sinto… normal, eu acho," respondi, forçando um sorriso. "Na verdade, foi bom, mas eu esperava… mais."Minhas amigas trocaram olhares confusos, a surpresa estampada em seus rostos. "Mais? O que você quer dizer com isso?" Ravenna perguntou, inclinando-se para frente, cheia de curiosidade.Sentindo-me um pouco envergonhada, decidi mudar de assunto. "Ah, esqueçam isso! Olhem o que eu ganhei!" Levantei-me rapidamente e abri o armário, revelando um verdadeiro arsenal de vestidos novos que meus avós me haviam dado."Meu Deus, Kallista! Isso é incrível!" Vivi exclamou, admirand
Eu estava perdida em meus pensamentos, ecoando os fragmentos do sonho inquietante que ainda me deixavam perturbada. De repente, ouvi um estalo de dedos bem na minha frente. Pisquei, voltando à realidade, e encontrei Lucien me observando com uma expressão preocupada."Está tudo bem?" ele perguntou, a preocupação evidente em seu tom. "Você tem estado um tanto dispersa nas últimas noites."Suspirei, tentando afastar os resquícios do sonho que ainda me atormentavam. "Quando você vai me assumir para a sua família?" perguntei de forma direta. "Quando esse joguinho vai acabar?"Lucien hesitou por um momento, olhando nos meus olhos. "Calma, Kallista. Estou esperando os resultados saírem. Assim que comprovar que você é apenas uma híbrida, começarei a trilhar um caminho para que meus pais a aceitem."Soltei uma risada sem humor. "Mesmo sendo híbrida, já seria um caminho difícil, não acha? E se eu fosse… tribida? O que você acharia?"Ele riu, um som que soou leve, mesmo que a tensão no ar fosse p