— Não... Não poderia. O que o senhor deseja?— Preciso saber sobre a denúncia... Se é verdade.— Eu... Vou descer.Embora um pouco receosa, decidi descer. Claro que deixá-lo subir, comigo sozinha ali, não era uma opção.O homem alto, magro, calvo e usando óculos escuros e terno e gravata estava apoiado na grade quando abri a portão. Tinha certa semelhança com o filho, porém era mais simpático.Assim que parei na frente dele, me ofereceu a mão:— Sou Ronaldo Williams.— Merliah Smith. — Apertei a mão dele.— Recebemos a denúncia que você fez contra meu filho... Por tentativa de estupro.— Sim, eu fiz a denúncia.— Por que só agora? Por que aqui? Por que não quando aconteceu?Respirei fundo e respondi:— Eu sei que deveria ter feito antes. Mas tive medo. E acredite, minha vida mudou muito nestes meses. E agora eu simplesmente criei coragem... Não tive mais medo de acharem que eu provoquei o que aconteceu... Ou que o fato de minha família não ser tão correta, vivendo do mundo do sexo fos
— Sim, claro que estou, Chain. Por que não estaria?— Sua respiração... Está acelerada.— Por Deus, como você sabe?— Eu a conheço muito bem, Merliah Archambault Chalamet...— Apenas fiquei um pouco nervosa com tudo isso. Foi rápido demais...— Vai dar tudo certo, meu amor. Não se preocupe.Chain realmente era a única pessoa no mundo que conseguia me acalmar. Preferi lhe contar sobre o pai de Tiago pessoalmente.Na quinta-feira à noite, quando voltava da faculdade, cheguei ao prédio e fui surpreendida por Chain me esperando, sentado na calçada, com o corpo recostado nas grades que cercavam o prédio.Assim que o vi, fiquei imóvel. Meu coração acelerou e quando nossos olhos se encontraram, senti um frio na barriga. Ele levantou e joguei minhas coisas no chão, correndo ao seu encontro, subindo em seu colo.Chain segurou-me com força enquanto comecei a beijá-lo por todo o rosto, descendo pelo pescoço, inebriada no seu cheiro maravilhoso.— Acho que a gente não pode transar aqui na rua...
As mãos de Chain seguravam minha bunda enquanto eu liderava os movimentos, apoiando uma mão na sua nuca e a outra no ombro. Nossos olhos não se moviam, um dentro do outro, saciando algo que ia muito além do corporal. Jamais eu seria capaz de sentir com outro homem o que sentia com ele.— Eu amo você, Chain... — falei, enquanto gemia de forma contida.— Amo você, Merliah! — Os dedos dele afundaram na minha carne. — Eu... Acho que preciso pegar um preservativo...— Tem no bolso?— Não... — Ele enrugou a testa. — Só... Na mala... — Apontou para o chão.— Depois a gente pega...— Mas eu... Não quero arriscar, Liah.— Já vai gozar?— Não? — Ficou confuso.— Espera um pouco, Chain... Só um pouquinho... Não quero sair daqui... — reclamei, dengosa, movendo-me com força, fazendo-o gemer.— Está tomando anticoncepcionais, não é mesmo?Assenti com a cabeça, beijando seu pescoço, lambendo a pele macia e quente.— É que...Parei e encarei-o:— Relaxa, Chain. Eu não parei com os anticoncepcionais.
— Vir para Alpemburg foi algo que marcou a minha vida. Foi como conhecer um outro mundo, completamente diferente do meu, onde me senti uma nova mulher, capaz, independente e finalmente longe das superproteções que vivi ao longo dos anos. Mas muitas coisas aconteceram neste meio tempo. Vencer o concurso da rainha sempre foi um objetivo... E acredite, eu me sentia capaz. Acontece que os planos mudaram. A Merliah que se inscreveu no concurso não é mais a mesma que está aqui hoje. Ela tem outros desejos...— E quais são os desejos desta Merliah, desde que não seja ficar longe de mim?Eu sorri e toquei seu rosto, carinhosamente:— Esta Merliah quer ter sua própria loja. E não viver à sombra da rainha. Esta Merliah não quer ser a mais famosa. Ela quer simplesmente ser reconhecida por seu trabalho. Esta Merliah quer fazer o que gosta... Mas também ser remunerada por isso, para que possa se manter financeiramente de forma independente.— Este Chain está muito orgulhoso desta Merliah. — Ele ap
Chegamos na audiência no tempo combinado. Eu havia comentado com Chain sobre o pai de Tiago ter vindo ao meu encontro, querendo me oferecer dinheiro. Claro que ele ficou furioso, tanto quanto eu, mas pedi que não fizesse nada a respeito. A justiça deveria decidir e cabia a nós aceitar, já que havia sido tudo feito de forma tardia da minha parte. Sim, a antiga Liah que não quis denunciar não era mais a mesma que estava ali, naquele momento.Chain segurou minha mão, que estava trêmula:— Está tudo bem, Liah! Fique tranquila.— Bom dia! — Uma mulher veio ao nosso encontro – Senhora Chalamet?— Sim... — confirmei, com a voz fraca.— Gostaria que soubesse que não ficará no mesmo espaço que o senhor Williams, de forma alguma. Ele já veio fazer sua defesa, junto de um advogado. Hoje ouviremos sua testemunha e após o juiz julgará. Mas ambos, embora estejam no mesmo prédio, ao ouvirem a decisão tomada pela Justiça, não se encontrarão.— Obrigada! — O ar pareceu entrar novamente nos meus pulmõe
POV CHAINQuando desembarquei do táxi, com Liah em meus braços, o corpo completamente amolecido, fiquei desesperado. Assim que cheguei com ela na recepção, imediatamente foi levada para dentro da emergência do Hospital.— Preciso de notícias... Urgentemente... — falei para a recepcionista.— Senhor, precisamos dos dados da paciente. Por enquanto não há como dar-lhe notícias. Ela acaba de dar entrada neste hospital. Sequer chegou às mãos de um médico ainda.Sim, ela tinha razão. Não havia dois minutos que larguei Merliah na maca, ainda respirando, com os olhos entreabertos, chamando por meu nome, completamente confusa.Passei as informações pessoais dela e não tinha outra coisa a fazer a não ser aguardar. Peguei meu telefone, sabendo que deveria avisar alguém da família dela. Apesar de tudo, não foi Candy e Milano que vieram à minha mente naquele momento.— Alô?— Rosela?— Chain?— Rosela... Aconteceu uma coisa.— Liah? O que houve com Liah? — ela perguntou, parecendo já saber.— Eu n
— Obrigado, doutor. Será que... Eu poderia vê-la?— Ela pede pelo senhor... Vou deixá-lo vê-la assim que sair da sala de exame.— Obrigado mais uma vez.Voltei para recepção e quarenta minutos depois pude vê-la. Liah estava numa maca, em uma pequena sala.— Em breve ela tem outro exame, senhor. Então, terão que ser breves — avisou a enfermeira quando abriu a porta para eu entrar.Percebi o nervosismo dela só de olhar em seus olhos. imediatamente fui até ela e peguei sua mão, que estava gelada.— Diz para eles que estou bem, Chain.— Não, não vou dizer. Desta vez você vai fazer tudo certo. Ficará aqui até termos uma resposta, senhora Chalamet.— Eu estou bem já... Foi só um desmaio...— Não, Merliah! — Fui firme.— Me diga que não avisou minha família.— Avisei sua avó... Que automaticamente avisou sua mãe, que avisou Milano... Que está vindo para cá.— Porra, Chain, vou matar você.— Já está matando... Do coração. Sou jovem demais para ficar viúvo.— Lembro de ter ouvido que queria ca
— Podemos vê-la, doutor? — meu irmão pediu.— Ela deseja ver o marido. — O médico me olhou.— Desejo vê-la também, doutor — falei.— Você pode entrar, senhor Chalamet. O médico também quer conversar com o senhor. Em seguida, liberarei Merliah. Então ela poderá ver os pais. — Olhou em direção aos dois.Segui pelo corredor, acompanhado de uma enfermeira. Liah estava num consultório, sentada numa cadeira de couro confortável, sendo separada do médico por uma mesa branca.Assim que entrei pela porta, ela sorriu, feliz em me ver. Dei-lhe um beijo no topo da cabeça e sentei, pegando a mão dela.— Este é meu marido — ela falou ao médico.— Chain Archambault Chalamet — apresentei-me, levantando novamente e oferecendo-lhe minha mão.Deveria ter feito aquilo antes de sentar, mas Merliah me deixava sempre um pouco fora de mim.— Merliah falou muito de você, senhor Chalamet. — Ele sorriu.— Espero que de bem... — Olhei na direção dela, que apertou minha mão e alisou meus dedos carinhosamente.— S