Percebi que Ketlin não esperava pelo que foi dito. Mas engoliu em seco e respondeu:
— Aqui é meu trabalho. Lá fora eu transo por vontade... Com quem realmente quero.
Tiago riu:
— Agora compreendo porque você era tão boa!
— Quer repetir? — ela indagou, sorrindo.
— Não... Nem pensar. Vou testar suas amigas, para ver se são tão boas quanto você.
Dizendo isso meu amigo foi em direção a toda poderosa, disputada, desvirginadora de garotos.
— Como é o nome dela? — perguntei, olhando na direção da mulher maravilhosa.
— Cristal.
— Eu... Sinto muito pelo que Tiago disse.
— Estou acostumada com homens como vocês.
— Não sou como ele.
— Não? — ela riu debochadamente. — Então é da sua natureza achar que
— Como assim? Não nos reuniu para falar que vamos ser despejados da nossa “casa”? O que pode ser pior que isso? — Cris levantou, alterado.— Eu fui roubada — Candy levantou e aproximou-se dele, firme, fazendo com que sentasse apenas com um olhar. — Alguém, da nossa “família”, me levou todo o dinheiro... Uma quantia suficiente para comprar um Hotel.Houve um longo silêncio, com todos se olhando. Minha cabeça fervilhava. Mas não pude deixar de perguntar:— Se tinha dinheiro para comprar o Hotel... Por que não optou por pagar a porra dos impostos?— O governo já tinha tomado a propriedade. E por incrível que pareça, o valor de impostos poderia ser maior do que a compra do imóvel novamente, visto que era um leilão.— Como... Alguém a roubou? O dinheiro... Não estava no Hotel, não é mesmo? — olhei para minha mãe, aturdida.— Sim. Estava — ela abaixou a cabeça.— Onde? — Ketlin perguntou seriamente.— Eu fiz um buraco no colchão. E pus tudo lá dentro. Fechei novamente. Não havia como ningué
— Podemos mandar vasculharem todos os quartos.— Podem ter levado pouco a pouco.— Mas você mexeu no dinheiro para pegar a quantia que me deu da faculdade. Teria sabido se levaram ou não.— Não teria sabido... Só peguei uma das sacolas, retirei o dinheiro e pus de volta no lugar. Sequer percebi se estavam todas ali.— Tem certeza que ninguém sabia sobre a existência do dinheiro?— Merliah, alguém sabia... Porque fui roubada. — Os olhos dela pousaram sobre os meus, completamente tristes.Fui até ela e sentei-me ao seu lado, pegando sua mão, de forma desajeitada. Eu não era Corinne e talvez não pudesse consolar como ela. Mas se Candy soubesse o que eu sentia naquele momento...— Mãe, eu a amo. E nunca vou deixar de amá-la. A admiro por tudo que você é... E a força incrível que existe dentro de você. Independentemente do que acontecer, estarei ao seu lado.Ela abraçou-me intensamente, deixando as lágrimas escorrerem grossas, molhando meus ombros nus. Não falei nada. Não julguei. Sequer p
Candy saiu correndo, tentando apagar o fogo causado pelas meninas em busca de descobrir a traidora criminosa.— A ladra ou “o ladrão” — falei debochadamente para Rambo.— Acha mesmo que eu roubaria Candy? Só se fosse o coração dela. Sabe disso.— Todos são suspeitos.— Até você?— Por que não? — pus minha mão no braço dele, sentindo seus músculos enrijecidos.— Se eu pego você, faço um estrago terrível. Sabe disto, não é mesmo? — falou em tom baixo.— Minha avó ficaria com ciúmes — provoquei.— Não ateie fogo se não tem água suficiente para apagar.— Nos menores frascos estão os melhores perfumes.Ele gargalhou:— Você é hilária. O que tem a ve
— Vocês só perderão o Hotel se eu estiver morta — Rosela falou de uma forma tão séria, como eu nunca havia visto antes.— Eu pensei em tentar alguns contatos... Mas não sei se resolveria muito — Candy disse, sem esperanças.— Tente o que puder. Vou ver o que consigo fazer com meus contatos também. Não é só pelo valor do lugar, apego a lembranças... É muito mais. — Rosela estava com o olhar distante. — Nossa vida inteira está ali. Sabemos que aquela porra não vale nada para ninguém a não nós. E não há para onde ir... O Hotel Califórnia sempre foi o Hotel Califórnia. A rua se chama Califórnia por conta do Hotel e não o contrário, como deveria ser. Aquelas paredes têm histórias...— De sexo? — Arqueei a sobrancelha, não q
Chain não apareceu no Bordel na noite seguinte. E o pior era não ter certeza se achei aquilo bom ou ruim. Mas ainda ecoava na minha mente o que minha mãe havia falado sobre ele querer pagar por mim... Qualquer valor. Por quê?O movimento foi fraco e antes das seis conseguimos fechar e ir descansar. Tomei um longo banho, ainda com o idiota de olhos verdes na minha cabeça.Enxuguei-me e pus uma calcinha e a velha camiseta de dormir. Deitei na cama e finalmente me senti confortável e livre. Aquele era sempre um dos melhores momentos do dia.Olhei pela janela, antes de fechar a cortina blackout que fazia o dia virar noite dentro do meu quarto. Avistei o cemitério, minha visão diária e mais atraente e tentei sentir a presença de meu pai:— Pai, acho que a gente precisa muito de você. Mamãe não suportará perder este Hotel. É tudo que temos. E sair daqui
Rambo soltou-o, vagarosamente. Cristiano, com o rosto completamente vermelho e pingos de suor na testa, arrumou a camiseta, enquanto eu disse, olhando nos seus olhos:— Não sou e nunca fui mulher para você, Cris. Tem um vulcão dentro de mim, em erupção. E você é um copo d’agua tentando apagar um incêndio. Eu não sou vagabunda. Só estou em busca de ser bem comida.Ele não ousou falar nada, pois certamente temia Rambo ao meu lado. Saiu, fazendo questão de deixar a porta aberta.Olhei para Rambo e o abracei, sentindo meu coração desesperado, parecendo querer deixar o peito.— A ofensa vinda dele foi horrível — falei.— Nunca achei que vocês combinassem. — Ele afagou meus cabelos.— Obrigada. — Afastei-me.— Jamais deixarei que ninguém faça nada de mal a nenhuma de
Despertei sentindo dor de cabeça. Olhei no relógio e era cinco da tarde. Levantei da cama, confuso. Como dormi tanto? Certamente o uísque me pegou.Fui para o banho, tentando acabar com a preguiça. Enquanto me enxugava, olhei para todos os lados, imaginando “se” e “onde” estava a câmera dali. Vivíamos sendo observados e isso me deixava bem incomodado algumas vezes.Enrolei a toalha na cintura e fui até o espelho, enquanto penteava os cabelos. Vi os olhos castanhos de Merliah, o rosto claro emoldurado pelos cabelos escuros e lisos. Caralho, o que a mulher estava fazendo ali?— Eu bebi demais! E embora o uísque tivesse gelo, me pegou de jeito.Abri a porta e vi Milano sentado na minha cama. Arqueei a sobrancelha e ele levantou uma xícara na minha direção, enquanto bebia da outra.— Uísque? — perguntei, enquanto pegava uma roupa no armário.— Você beberia uísque em caneca? — Meu irmão riu.— Claro que não.— Então por que acha que eu beberia? É café. Puro e forte.— Acha que preciso? — B
POV MerliahCombinamos que o aniversário de Irma seria às 19 horas, para que eu pudesse participar e voltar para o trabalho antes da meia-noite. Eu estava ansiosa, especialmente pelos pedidos da aniversariante: uma volta de montanha-russa, um bolo e strippers. Vi mulheres tirarem a roupa a vida inteira, mas homens, por mais incrível que pareça, não.Parque de vestido, impossível. Optei por um short em jeans preto, customizei uma camiseta branca com pérolas, retirando as mangas, deixando-a mais fresca. E nós pés, botas de cano curto. Sim, eu era a louca das botas. Não importa a temperatura, elas estavam sempre nos meus pés. Se estavam na moda? Nem sempre. Mas eu gostava de fazer minhas próprias tendências e que elas intencionalmente me diferenciassem dos demais. A vida era uma só e passava rápido como um sopro para se vestir como todo o mundo.Claro que fiz um vestido para Irma. Foi o presente de aniversário dela. Usei linho bege, produzindo algo fresco e confortável, ao mesmo tempo el