Todas nos olhamos e ninguém se retirou. Começamos a rir entre nós. Olhei na direção da minha mesa e Luan levantou as palmas das mãos para cima, confuso e em seguida olhou para Chain, certamente imaginando que pudesse ser ele. Chain, por sua vez, deu um leve sorriso na minha direção, sabendo bem de quem se tratava.Foi então que minha arquirrival Mikaela saiu, deixando o grupo lentamente, me fazendo emputecer de vez.— Quem nunca foi leiloada por dinheiro, retire-se por favor.Ok, boa parte deixou o local. Ficamos eu, as antigas meninas do Bordel e as velhinhas, amigas da casa de repouso.Eu não tinha as visto. Corri na direção delas e as cumprimentei rapidamente, beijando-as com carinho.Minha avó olhou na nossa direção e lançou o próximo desafio:— Quem tem mais de 50 deixe o local, por favor.Nossa, quanta maldade! Ela tirou as vovozinhas do páreo.Agora a luta era árdua: eu, Jadis, Ketlin, Kiara e Davina.— Quem nunca fez um 69, por favor, fora!Senti meu corpo retrair-se um pouco,
— Chain não lhe contou que Merliah foi esposa dele? — Luan deu a resposta.— Não, não foi bem assim... — Tentei explicar-me.— Não sabíamos do parentesco — Chain disse, visivelmente incomodado.— Não mesmo... Ficamos sabendo depois — confirmei.— Na verdade, Chain e Merliah já estavam casados quando souberam que de fato eram parentes — meu pai pareceu querer esclarecer. — E... Bem, tudo foi um grande mal-entendido, desde o início.— Foi? — perguntei, sarcástica.Não, não tinha sido um mal-entendido. Eu e Chain realmente nos amávamos. O erro foi lá do princípio, com toda a mentira inventada.— Foi... Foi tudo errado desde o momento em que meu pai foi falar com Candy... Sem contar a minha mentira... A partida de Candy. A mentira sobre a minha morte... Se eu tivesse acreditado nela, nada teria acontecido da forma como aconteceu... E você não teria passado por tudo isso... Nem Chain. — Ele olhou para o irmão.Ok, teríamos mesmo aquela conversa junto de Luan e Mikaela, depois de tantas opo
— Você gosta dela! Por Deus, você gosta da filha do seu irmão! E isso é muito... Estranho.— Mikaela, eu nunca enganei você. Quando quis arriscar e ficar comigo, sabia que eu gostava de outra pessoa.— Por isso sempre foi tão fechado, Chain. Eu... Jamais imaginei que tudo isso pudesse ter acontecido no seu passado.— Ah, tem tantas coisas. — Olhei para o teto. — E por isso mesmo eu não queria me envolver. Sabia que não estava preparado. E jamais estarei. Porque cada vez que ela aparecer, voltarei a ser o velho Chain... Que não tem olhos para nada e ninguém... A não ser ela.— Mas ela tem um namorado. Talvez não sinta o mesmo por você.— Liah pode ter vários defeitos, mas covarde ela deixou de ser há um bom tempo. Então realmente acredito que sinta algo por ele... Ou ao menos está tentando sentir. E... Só de pensar nos dois juntos na porra do quarto onde dividíamos... Eu tenho vontade de morrer.Mikaela me abraçou e ficou um tempo em silêncio. Depois perguntou:— Quer que eu vá embora,
A porta se abriu e Mikaela entrou no quarto, nos olhando confusa.— Eu... Desci para ver se o café estava pronto... Não quis acordá-lo, Chain... E... — Ela me olhou. — Bom dia, Merliah.— Mentiroso! — foi o que disse ao olhar para ele, saindo e batendo a porta.Quando cheguei na sala vi meus pais sentados. O bebê estava no carrinho, adormecido.— Bom dia!— Não está com cara de que é um bom dia! — minha mãe observou.Sim, ela me conhecia tão bem...Meu pai levantou-se e me deu um beijo:— É tão bom tê-la aqui.Olhei para Candy, que seguia sentada. Sim, ela me conhecia. Mas não conseguia perceber o quanto eu estava enciumada com o fato de ela se preocupar com aquela criança e fingir que eu não existia.Porra, ela foi responsável por destruir meu relacionamento com Chain e agora vivia ali, feliz, como se estivesse acima do bem e do mal, olhando o mundo de forma tranquila enquanto eu estava destruída.Sim, porque eu achei que estava tudo bem. Só até vê-lo novamente. Bastou isso para tud
— Isso.— Tem alguém que esta Tessália não “pegou”?Eu ri, limpando as lágrimas:— Talvez ela não tenha pego Milano.— Já tenho minhas dúvidas. Mas afinal, o que tem Tiago?— Ele tentou abusar de mim... Lembro como se fosse hoje... Me pôs com as pernas abertas sobre aquela mesa e... Chegou a abaixar a minha calça.— Meu Deus, Liah. Eu sinto muito.— Chain chegou na hora. E impediu que o pior acontecesse.— Sinto muito! Mas não entendo por que vir aqui e reviver estes traumas.— Acho que é hora de enfrentar os medos e fantasmas.— O que houve com Tiago? Foi preso?— Chain insistiu que eu deveria denunciar. Mas não o fiz... Por medo, insegurança... Eu sinceramente, não sei o que passou pela minha cabeça na época.— Vocês... Não fizeram nada?— Chain deu uma surra nele... E Tiago disse que voltaria para Alpemburg, amedrontado. Achei que isso era suficiente... Ele não voltar mais para Noriah Norte. Mas o vi depois... Com Tessália. E posso apostar que o que houve teve o dedo dela junto.—
— Não, não estou grávida, Chain. E tenho certeza absoluta disto! — vociferei na direção dele.— Pretendem ter filhos? — Ele olhou para Luan.— Nós... Nunca falamos sobre isso — Luan disse, confuso.— E vocês, pretendem ter filhos? — Olhei diretamente para Mikaela.— Não... Discutimos o assunto. — Ela pareceu surpresa com a pergunta.— Acho que precisamos ir, ou a comida vai esfriar! — Milano foi firme, saindo pela porta.Enquanto todos o acompanhavam, minha mãe parou na minha frente.— Um dos motivos que temi você e Chain ficarem juntos é exatamente este: gerarem um filho.— Qual o problema?— Os filhos.— Poderíamos não ter.— Quereria ter um filho dele, mais cedo ou mais tarde.— Você alugou a barriga para um estranho por dinheiro. Poderia alugar para mim.— A barriga não tem a ver com isso... É sobre o sangue, por serem parentes.— Não seríamos os únicos tio e sobrinha a casarmos no mundo e você sabe disto.— Ainda assim... Isso os faria sofrer no futuro.— Mais do que no presente?
Estávamos a alguns centímetros de distância, nossos rostos próximos e uma mesa apenas separando nossos corpos.- Não pensou em me contar sobre ser a escolhida de Satini?- Eu não tinha o seu contato... Juro.- Perguntou por mim alguma vez?- Perguntou por mim? – rebati a pergunta.Chain passou o dedo indicador vagarosamente pelo meu rosto, limpando as lágrimas que escorriam:- Não dá mais... – Afastou-se, passando as mãos pelos cabelos, nervosamente – Não suporto isso...Ele saiu rapidamente e corri atrás dele:- Vai fugir de novo? Continuará sendo um covarde? – gritei.- O que quer que eu faça, porra? – Chain parou e me encarou.- Quero... Que faça parar de doer... Porque eu não aguento mais. – Implorei.- Eu não tenho este poder.- Sim, só você pode fazer parar a dor.Chain virou as costas e foi em direção à casa. Parei no meio do caminho, corajosamente olhando para a mesa, e vendo todos boquiabertos, com olhos arregalados na nossa direção.- Não dá mais... – Falei, tentando fazer c
Não se entendi direito o sentido do “fodam-se” dele. Mas sorri e o abracei com força:- Obrigada, pai. Era tão importante para mim que alguém entendesse o que se passa dentro do meu coração... E que jamais poderei ser feliz sem ele.- Liah, eu já a vi sobre a mesa do meu irmão, de pernas abertas, quando ainda eram casados. Me pego pensando: o que mudou? O fato de eu ser seu pai não muda em nada o passado de vocês. Nem o amor... E eu sou prova do quanto vocês tentaram impedir isso tudo.- “Tentaram” não tanto... – Chain riu – Sua filha tem sido uma pedra no meu sapato desde então, lutando arduamente contra meus valores e princípios.- Não tenho culpa de não ser tão covarde, senhor “Chamalet”. – Debochei.- E... Candy? – Chain perguntou.- Candy tem tido um falso moralismo desde então... Mas vai passar.- Sim, como se ela fosse uma santa... – reclamei – Mas não me importo com a opinião de ninguém – dei outro beijo em meu pai – Vou ali ser feliz, pai... Já volto!Corri para o outro lado