Já estava quase na hora de subir para mais uma noite de trabalho. Eu estava em frente ao espelho, passando batom, quando ouvi batidas na porta. Incrivelmente, estavam sempre a bater na minha porta. Geralmente era Cris, mas nos últimos tempos não estávamos nos vendo muito. Então poderia ser... Qualquer pessoa. Por um lampejo de esperança, pensei que pudesse ser Chain, pedindo por mim na recepção. Levantei e abri, vendo Rosela, vestida com brilhos dos pés à cabeça, dentro de um macacão extremamente colado, de onde podia se ver até sua alma.— Estou sem calcinha — ela avisou enquanto descansou o corpo na parede, próximo da penteadeira, com os braços cruzados.Terminei minha boca e observei:— Os bons tempos estão de volta.— Jamais se foram. Só estavam esquecidos.Eu fiz menção de levantar, mas ela segurou meus ombros, fazendo-me permanecer sentada. Pegou uma paleta de sombras e pincel e começou a maquiar meus olhos:— A ideia de Jadis não foi ruim.— Talvez. — Não admiti que sim.,— V
Olhei na direção dele, finalmente e a sensação foi de que meu corpo queimava por dentro, como se o sangue tivesse sido fervido, eletrocutando-me por cada veia que passava.— Ok, se precisarem de alguma coisa, podem me chamar. Fiquem à vontade. Virei as costas e senti a mão dele, forte, me puxando de volta. Não me desvencilhei do toque de seus dedos no meu pulso.— Liah, é possível pagar para ter você comigo, à mesa?Enruguei a testa, confusa. Precisava ser perspicaz no que responder. Ficamos nos olhando por um tempo, até que eu disse:— Não precisa pagar pela minha companhia, Chain. Posso fazer isso, de bom grado, sem ganhar nada em troca.— Agora?— Eu... Agora estou trabalhando.— Por isso eu pago... Estou disposto a pagar, para que ninguém saia no prejuízo.Olhei para Tiago, que se remexeu confortavelmente no sofá, com um meio sorriso irônico na minha direção.— Eu... Acho que posso ficar aqui. Aguarde um minuto.Fui até minha avó, que estava sentada numa mesa com alguns clientes.
Droga, eu precisava da boca dele urgentemente. Se aquilo era um teste de até quando eu aguentaria, logo ele saberia que talvez eu fosse fraca... Muito fraca.— Gosta disso? — a pergunta veio em outro sussurro no meu ouvido.— Sim... Muito — confessei, abrindo as pernas. — Mas eu que deveria lhe dar prazer e não o contrário.— Quero que goze, Liah — ele disse, descansando o queixo no meu ombro enquanto mordia levemente minha orelha, agora colocando dois dedos na minha fenda úmida e aumentando a velocidade.— Chain... Eu... — minha voz quase não saiu.Mordi meus lábios para não gritar na frente de todo mundo o quanto eu estava excitada e a ponto de gozar nos dedos dele. Semicerrei os olhos, deixando o prazer me consumir, retirando todo pensamento que tinha na minha mente.Toquei sua calça e senti o pau duro sob ela. Senti vontade de re
— Mas... Vocês podem encontrar outro lugar, não é mesmo?— O Hotel e Bordel Califórnia sempre foi aqui. — Suspirou. — Vai ser difícil sair... Bem como levar os clientes para o novo lugar. Temos nossas vidas em cada andar... Cuidamos até mesmo de uma criança. Talvez isso não seja tão bem aceito em outra cidade, entende?— Então quer dizer que todos sabem sobre vocês aqui?— Creio que grande parte das pessoas que moram nas redondezas sim. Mas são discretos e nunca nos incomodaram. Os homens próximos não frequentam o Bordel.— Isso é interessante.— Minha avó começou isso aqui. Depois minha mãe tomou conta...— E um dia será seu?Ela riu, balançando a cabeça:— Eis a questão: eu não faço questão desta
— Não tenho nada para dizer. Eu só trabalho. E tento não me envolver...— Com mulheres? — perguntei seriamente.— Com tudo.— Eu... Não vou forçá-lo a falar o que não quer. Tudo bem.Ele pegou a minha mão. Por que eu sentia tantas coisas com o toque dele? Por que tudo era diferente com aquele homem?— Eu... Preciso ir, Chain.— Trabalhar?— Trabalhar — confirmei.Chain pegou a carteira e retirou algumas notas de dinheiro, colocando-as na minha direção:— Pelo seu tempo perdido.— Eu não perdi meu tempo. Vim porque quis.— Sei que todas cobram neste lugar. E você certamente receberia pela noite, mesmo sua mãe ou avó sendo as donas do lugar.— Eu não preciso do seu dinheiro... E não quero. — Comecei a me ofende
— Boa tarde! Sou Janaína Ramirez, viúva de Joel Ramirez, que morreu neste lugar.Minha avó levantou-se, tentando parecer tranquila. Mas percebi o quanto estava nervosa:— Seja bem-vinda, Janaína. Podemos... Ajudá-la em alguma coisa?— Podem, podem sim. Que tal deixarem de existir da face da terra?Rosela arqueou a sobrancelha, demorando a responder:— Você não está sendo muito gentil, senhora Ramirez.— Quem era a vagabunda que estava com meu marido quando ele morreu?Ninguém disse nada. O silêncio foi mortal e ela demorou para recompor-se e continuar, mesmo com dificuldade:— Sei que este lugar é um Bordel. Estou a par das atrocidades que acontecem aqui. Só vim avisar que vou destruir não só este prédio inteiro, mas também todas vocês.— Ninguém teve culpa d
Chain ficou um tempo confuso, parecendo procurar palavras para dizer:— A Construtora Partenon está fechada.— Você... Trabalha aí? — perguntei, mesmo dizendo que nunca mais falaria com ele da última vez que nos vimos.— Não... Não... Claro que não. Eu trabalho aqui perto e... Vim pegar um documento.Olhei-o dos pés à cabeça, vestido de terno e gravata. Os óculos escuros estavam repousando sobre a cabeça. Caralho, como conseguia ser tão lindo naquele traje que cobria completamente seu corpo perfeito?— Sabe dizer se precisamos marcar hora com o dono desta coisa? Aliás, conhece o dono, bonitão? — Minha vó estava bem interessada em resolver as coisas com o proprietário do terreno do Hotel.— Eu... Não o conheço pessoalmente. Mas... Ouvi dizer que ele está numa viagem de negócios.— Que porra do caralho!Suspirei:— Vó, estamos na rua. Menos, por favor.— Mas é uma porra do caralho, Liah. Quando precisamos falar com o dono ele viajar. É ou não falta de sorte?— O que... Vocês precisam do
— Bonitão, faremos um leilão para arrecadar dinheiro.— Dos móveis?— Das mulheres, querido.— Como assim?— Vamos oferecer todas as mulheres do Bordel em forma de leilão. O melhor lance leva a garota por um final de semana inteirinho. Se quiser ir e convidar seu amigo, serão muito bem-vindos, assim como a grana de vocês.Chain me olhou, confuso, mas não disse nada.— Sim, Liah vai participar. — Ela pareceu entender o que se passava na cabeça dele. — Ela precisa ajudar. E o fato de nunca ter se vendido no Bordel fará com que altos lances sejam feitos por ela.— Isso é loucura, Liah! — Ele me olhou novamente, perplexo.— Chain, é a minha vida!— Você não quer esta vida, porra! Me disse isso.— Há coisas que não podemos escolher, Chain.Ele pôs a mão na cabeça, aturdido. Rosela tocou seu rosto e disse, encarando-o:— Eu disse que é a primeira vez dela. Você pode estar lá... E impedir que seja com outra pessoa.Meu Deus! Eu queria dizer que não, que ele não deveria ir. Que não tinha o di