Depois de passar a manhã inteira conversando com Macla sobre a novidade, fiquei pensando em como contar para Matheus e, principalmente, como dar a notícia para Carlinha. Ela era esperta e muito apegada a mim, mas também tinha um lado sensível que poderia se sentir ameaçado com a chegada de um novo bebê. Resolvi que o momento ideal para conversar com ela seria na volta da escola.Quando o relógio marcou 11h, peguei as chaves do carro e fui buscar minha pequena. O caminho até a escola era curto, mas cheio de pensamentos. Já podia imaginar a reação dela ao descobrir que seria promovida a irmã mais velha.Estacionei em frente ao portão da escola e desci do carro. Logo vi Carlinha saindo com a mochila nas costas e aquele sorriso iluminado que fazia meu coração derreter. Assim que me viu, ela correu até mim, me dando um abraço apertado.— Mamãe, você veio me buscar! — ela disse, animada.— Claro, princesa. Hoje é um dia especial. — Respondi, ajeitando o cabelo dela.— Especial por quê? Acon
Estava exausta, mas ao mesmo tempo empolgada. O dia havia sido uma loucura com Carlinha, minha amiga Macla e a descoberta que ainda mal tinha processado. Agora, à noite, eu estava a caminho da faculdade, com a mochila jogada no banco do carona e a mente a mil.Cheguei no campus e já sentia a energia diferente que sempre rondava aquele lugar. A faculdade era meu escape, meu refúgio. Sabia que estava construindo um futuro ali, mesmo que, às vezes, isso significasse equilibrar minha vida de mãe, companheira e estudante.Entrei na sala e logo vi meus colegas já sentados em círculo, preparados para o debate simulado. O professor Costa, um homem de terno simples e ar sempre atento, comandava as discussões. Era o tipo de professor que sabia tirar o melhor de você, às vezes até à força.— Boa noite, turma! Hoje o caso em debate é sobre um traficante de drogas. Temos aqui dois lados para argumentar: acusação e defesa. Julio ficará responsável pela acusação, enquanto Hannah será a defensora.A
Depois de algum tempo na praia, resolvemos voltar para casa. Matheus dirigia cantando trechos desconexos de rap enquanto batucava no volante. Era uma bagunça, mas eu adorava como ele conseguia fazer qualquer momento parecer leve, mesmo que eu estivesse exausta.Assim que entramos em casa, o som da risada de Clarinha ecoou pela sala. Minha pequena estava sentada no colo de Macla, brincando com um de seus bichinhos de pelúcia. Quando nos viu, seu rosto se iluminou, e ela correu para mim com os braços abertos.— Mamãe! — gritou, se jogando nos meus braços e me apertando com força.Abracei minha filha e dei vários beijinhos em seu rosto, fazendo-a rir.— E o papai? — Matheus perguntou, com as sobrancelhas arqueadas, fingindo indignação enquanto cruzava os braços.Clarinha olhou para ele com um sorriso travesso e respondeu, sem hesitar: — Primeiro sempre a mamãe!Todos caímos na risada, inclusive Matheus, que a pegou no colo e começou a fazer cócegas, arrancando gargalhadas dela.— Isso n
Depois de rebolar até o chão com Macla e Vany, eu já sentia o cansaço bater. Minha energia não era mais a mesma de antes. Resolvi ir pro camarote e descansar um pouco. Assim que subi, Matheus me puxou pelo braço e me jogou direto no colo dele.— Que foi, patroa? Já cansou? — perguntou, com aquele sorrisinho de canto que sempre me tirava do sério. — Cê acha que é fácil segurar o ritmo? Tô morta, amor. — respondi, me ajeitando no colo dele enquanto ele passava os braços pela minha cintura.Do lado, Gigante puxava Macla pro colo dele como se ela fosse um peso de papel. — Vem cá, mulher. Não dá uma de doida que hoje tu é minha! — ele disse, enquanto Macla reclamava, mas no fundo, gostava daquela atenção.Já Vany olhava de rabo de olho para Luizinho, que estava com uma garota aleatória sentada no colo dele, toda cheia de sorrisos falsos. Eu sabia que ia dar problema antes mesmo de ela abrir a boca.— Luizinho! — Vany gritou, se aproximando. A menina tentou puxar papo, mas Vany cortou se
Matheus (MT)A vista do camarote era um espetáculo. O baile pulsava lá embaixo, um mar de gente vibrando na batida, mas o que realmente me prendia os olhos era Halu. Minha mulher. Minha rainha. Que está grávida . Só de pensar, eu sentia o peito inflar de orgulho. Eu ia ser pai outra vez, mas agora com ela, a mulher que mudou minha vida.Luizinho se aproximou com aquele jeito dele, segurando uma latinha de cerveja e já soltando as gracinhas de sempre. — E aí, MT? Tá todo bobo só porque vai ser pai de novo? Olhei pra ele, já rindo. — Porra, moleque, tu não tem noção. Da primeira vez, com a Maria Luiza, eu não tava nessa vibe, tá ligado? Era mais moleque, inconsequente. Não tava pronto, tá ligado? Hoje, é diferente. Agora é com a Halu. A mulher que eu amo. É outra fita, mané. Luizinho deu uma golada na cerveja, rindo. — Tu tá todo sentimental, hein? Tá até parecendo o Gigante quando fica bêbado.Falando no Gigante, ele apareceu do nada, tirando um baseado do bolso e acendendo ali me
Hannah Luiza (Halu)O sol já estava alto quando abri os olhos e ouvi os passarinhos cantando do lado de fora. Não era só o barulho deles, mas também as vozes de Matheus e Gigante no quintal, preparando o churrasco. O cheiro de carvão aceso invadia a casa, trazendo a promessa de um dia cheio de risadas, comida boa e muita bagunça.Levantei-me devagar, ainda sentindo a leveza do momento de ontem à noite. A festa no baile tinha sido incrível, e, apesar da pequena confusão com um grupo rival, tudo acabou bem. Matheus, como sempre, liderou o bonde com sabedoria, e eu não podia estar mais orgulhosa do homem que estava ao meu lado. Ele não era perfeito, mas quem é? O mais importante é que ele estava tentando, por mim e pelo nosso bebê.Depois de tomar um banho rápido, fui para a cozinha preparar uma salada para acompanhar o churrasco. Comida saudável nunca era prioridade para o bonde, mas eu estava grávida, e alguém precisava pensar em coisas além de carne, cerveja e maconha.Logo, Carlinha
Luiz Carlos (Luizinho)Acordei com a cabeça latejando, mas nem era ressaca, era essa porra de ansiedade que sempre me pega quando sei que vou estar no mesmo espaço que a Vany. A casa da Halu tava cheia de gente, a fumaça do churrasco já tomava conta e o som de pagode rolava solto. Me enfiei no quintal, de olho na movimentação, e claro, de olho nela.Lá estava a Vany, toda bonita, rindo com Halu e Macla. Parecia até que não tinha acontecido nada entre a gente ontem à noite. Mas eu lembrava de cada detalhe. Aquele cabelo bagunçado, a pele quente, o jeito como ela gritava meu nome... Ah, irmão, aquela mulher é do caralho. Só que hoje ela tava toda cheia de si, fingindo que eu não existo.— Aí, Luizinho, tá babando por quê? — Matheus chegou do nada, me dando um tapa nas costas.— Nada, mano. Só olhando o movimento.Ele deu uma risada daquelas, debochada.— Movimento? Tu tá olhando é pra Vany, porra. Já entendi qual é a tua.— Ah, para de graça, MT. Vany é tipo eu: cachorra sem dono.— Cac
Hannah Luiza (Halu)Acordei naquele pique de aniversário, sabe? Carlinha tava tão animada que mal tinha dormido. Eu já tinha deixado tudo pronto no salão do jeitinho que ela queria: muita cor, brinquedos espalhados, mesa de doces linda, bolo temático... Tudo perfeito pra minha princesa. Não era só um aniversário, era o dia dela brilhar.Quando os convidados começaram a chegar, a festa pegou fogo. As crianças correndo, pulando nos brinquedos, os adultos dançando os funks infantis que Carlinha adora. Tava tudo fluindo bem. Ela tava radiante, com aquele sorriso que ilumina o mundo.Mas, como sempre, parece que a felicidade atrai problema, né?Eu tava na mesa dos salgados organizando umas bandejas quando a confusão começou. A mãe da Macla e da Vany chegou. E não foi numa boa, não. Ela tava completamente drogada, gritando como se fosse dona do pedaço.— Cadê a minha neta? Eu quero ver minha neta! Eu sou a avó dela e tenho esse direito, porra! — ela berrou.O salão inteiro parou. As criança